PoV: Gabrielle
Acordei no meio da noite, por acaso, ou talvez eu tenha sentido que havia alguma coisa errada, pois o espaço ao meu lado encontrava-se vazio:
- Xena? – chamei de leve, procurando por ela. Logo, apareceu, sentando-se ao meu lado e pousando uma mão sobre o meu ombro:
- Me desculpe. Eu te acordei? – o modo como ela me encarava, deixava claro que carregava um sentimento amedrontado e que estava relacionado à mim. Ali, tive minha suspeita confirmada de que ela havia sonhado com aquela visão do futuro novamente:
- Não, não foi você. O que aconteceu? – direcionei a mão para o seu rosto, acariciando-o. Ela fechou os olhos por um segundo, absorvendo o meu toque e inalando o cheiro da minha pele, então, pegou minha mão e a beijou:
- Não é nada – suspirou.
- Xena, eu sei o que está acontecendo. Alti também me mostrou o futuro, lembra? E mesmo assim, eu sei que podemos mudá-lo.
- Mas, Gabrielle...o seu cabelo... – passei a outra mão pela minha cabeça, sentindo a ausência dos meus longos fios, ia demorar um pouco para eu me acostumar com isso.
E, de fato, na visão do futuro que Alti nos mostrou, era assim que o meu cabelo estava...
Não podia negar que sentia um pouco de medo, mas Alti era má. Aquilo que nos mostrou podia não passar de uma ilusão, uma maneira de deixar-nos assustadas e fazer com que nos separássemos. Eu não ia sucumbir às imagens mostradas por aquela bruxa:
- Xena. Nada vai acontecer com a gente – sentei-me, abraçando-a e dando um beijo em sua bochecha ao mesmo tempo em que passava a mão pelo seu cabelo:
- Eu só não quero que você morra por minha causa – seu tom foi tão carregado de sentimento que levou o meu coração a acelerar, dividindo sua dor.
- Xena, você se lembra do que aprendemos? Os nossos destinos estão entrelaçados. Sempre estiveram e sempre estarão. Não adianta a gente tentar se separar para você poder me proteger e além do mais... – soltei-me do abraço para poder encarar seus olhos azuis, pousando a mão sobre o seu rosto – Não irei te deixar morrer sozinha.
- Gabrielle... – coloquei o indicador sobre seus lábios.
- Não. Se tiver de acontecer, vamos enfrentar isso juntas, está bem? – ela esboçou um sorriso e abraçou-me de novo:
- Eu te amo – disse, beijando-me a testa. Fechei os olhos, abrindo um sorriso completo.
- Eu também... - depositei meus lábios sobre os dela, levemente – Acha que consegue dormir agora?
- Eu...posso tentar – riu de leve.
- Então, venha – deitei-me, abrindo um braço, esperando que viesse para o meu lado. Ela o fez, aconchegando-se perto de mim. Coloquei a cabeça no vão entre o seu ombro e o peito, ao mesmo tempo em que ela passava um braço por trás do meu pescoço. Contornei sua barriga com uma mão segurando a sua. Não demorou muito para que ambas adormecêssemos.
Nada iria importar. Não enquanto pudéssemos enfrentar tudo juntas.
