Crepusculo não me pertence eu apenas peguei emprestado

PRÓLOGO

Meia-noite, 31 de outubro de 1985

Uma pequena bruxa nasceu.

— O nome dela será Bella— Esme disse com firmeza, olhando para a criança deitada no ber ço que acabara de comprar. A sobrinha dela e mãe do bebê, Renné, jamais aceitou o fato de ser uma bruxa. Rejeitou sua origem, dando as costas para tudo aquilo que a mági ca representava. Chegou até a afirmar que não acreditava em nada daquilo. Então, fugiu de casa em uma motocicle ta, gritando para quem quisesse ouvir que as três tias eram loucas e deviam ser internadas em um hospício, pois todos sabiam que bruxas não existiam. Depois, pensando melhor, pediu que as tias não recorressem a feitiço algum para que ela voltasse para casa, pois do contrário, passaria a odiá-las para sempre.

Nove meses depois, Renné teve o bom senso de enviar para as tias a filha recém-nascida, entregue por uma assis tente social com a mensagem de que ela não "tinha nascido para ser mãe".

Esme sempre soube que a criança acabaria sob seus cuidados, pois as estrelas lhe haviam antecipado o fato. Bella era uma criança especial, uma criança do destino. E suas tias estavam ali para que ela crescesse e desenvolvesse todo seu potencial para a magia.

— Bella é o nome perfeito! — Alice bateu palmas sem tirar os olhos do bebê. — Isso nos leva de volta ao nosso clás sico conto de fadas, não é?

— Nossa querida mãe sabia o que estava fazendo quando se inspirou nesse conto e nos deu o nome das três fadas que cuidavam de uma princesinha — Esme observou, fran zindo a testa diante da risada da irmã mais nova. Esse era um assunto sério, uma grande responsabilidade que havia sido entregue a elas três. Mas, olhando para o bebê mais uma vez, até mesmo sua expressão séria se suavizou. — Mamãe tinha de fato o dom da premonição.

— E somos assim também. — Alice sorriu. — Nossa Bella será abençoada com uma abundância de mágica.

— Uma mágica até mais poderosa do que a nossa — Rosalie acrescentou com sua voz tímida e gentil. Inclinou-se sobre o berço e o balançou suavemente. — E um poder de cura incomensurável.

— Oh, sim, isso é verdade — Esme concordou. — Apesar de não tão poderoso quanto aquele que a filha dela terá.

— Apenas se formos bem-sucedidas. — Alice olhou para as duas irmãs e, em seguida, caminhou até a bola de cristal, que refletiu seu rosto e seus cabelos brancos como a neve. — Oh, há tantas condições a serem atendidas! E se falharmos?

— Não falharemos — Esme assegurou à irmã mais nova em um tom de voz bem firme. — Não podemos falhar. Todas nós vimos à profecia ao mesmo tempo. Você na bola de cristal, eu nas estrelas, e Alice nas cartas sagradas do taro. Nossos ancestrais nos confiaram essa responsabilidade irmãs, e não podemos falhar. Isabella vai se tornar a mãe da maior das bruxas que a nossa família já gerou. Mas isso só acontecerá se seguirmos as instruções que recebemos.

— Sim — Alice concordou. Ela estava junto à mesa e pegava seu baralho de taro. Sentia-se um pouco nervosa. — A criança tem de ser filha de Edward Cullen, o filho de Carlisle, da Rua Mulberry. E você tem sorte, pequena Bella. porque o menino vai ser um rapagão. — Riu. Depois, franziu a testa. — Como vamos conseguir isso, não sei dizer. Oh, deusa misericordiosa, os Cullen nem mesmo conhecem os poderes de seus ancestrais, ou o poder que eles próprios pos suem e que seus descendentes perpetuarão. Não praticam nada místico. Vivem como... como pessoas normais.

— Mas não basta que Edward Cullen seja o pai — Rosalie acrescentou. — Ele terá de ser... virgem quando... Bem, vocês sabem a que estou me referindo. — Abaixou os olhos e seu rosto ruborizou.

— Não há como mudar as regras — disse Esme. — Temos de dar um jeito para que tudo aconteça como está planejado.

— Olhou para a janela que havia acima do berço e observou por alguns instantes as estrelas que começavam a brilhar na noite clara. — Decidi que devemos fazer com que tudo acon teça sem que Aurora saiba do nosso plano. — Voltou o olhar para o bebê. — Porque se ela tiver metade da rebeldia de sua mãe... bem, fará exatamente o contrário do que lhe pedirmos.

— Tem razão — Rosalie concordou. — Apesar de ser uma vergonha não podermos contar a ela a verdade sobre seu pró prio destino. Mas eventualmente esclareceremos tudo, não?

Esme assentiu, e a preocupação sumiu do olhar de Rosalie.

— O que quero saber é como poderemos manter o rapaz Cullen sem... — Alice a riu. — Como conseguiremos que o rapaz não dirija sua atenção a alguma outra menina? — Sacudiu a cabeça, e os cachos cor de laranja se agitaram.

— Ora, Alice, ele tem apenas dois anos de idade!— Esme olhou-a com uma expressão crítica.

— Isso é verdade. Mas já olhou com atenção para o garotinho? Ele vai crescer e, com certeza, manterá aqueles olhos verdes e os cabelos ruivos ondulados... Bem, vamos ver o que as car tas dizem. — Virou uma carta. — Cavaleiro das Espadas.

— Oh, Deus! — as outras duas exclamaram juntas.

— Acho que teremos bastante trabalho pela frente, irmãs — disse Rosalie.

Esme suspirou profundamente.

— Não seja ridícula. Mesmo que Edward Cullen se torne a reencarnação de Don Juan, não terá chance alguma contra três bruxas poderosas como nós.

— Então está decidido!— Alice exclamou. — Manteremos Edward sempre puro. — Ela riu. — Ainda que isso acabe por deixar o rapaz meio louco. E faremos tudo isso por Isabella.

As três bruxas sorriram, enquanto o bebê parecia ter franzido a testa em sinal de preocupação.