Disclaimer: personagens e lugares pertencem a JK Rowling e à Warner Brothers, logo, eu não sou dona de nada –excepto de quaisquer novas personagens. Esta fic foi escrita sem fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias tratam-se de meras coincidências.

Nota: esta fic foi escrita antes da saída do 5º volume "Ordem de Fénix", daí que não existem quaisquer spoilers da nova aventura! Atendam também ao facto de que esta fic tem a classificação de PG-13... não é das mais fortes de toda a Internet, mas mais vale prevenir que remediar!

N/A: voltei!! Bom, antes de mais, queria agradecer muito (como sempre) a todas as pessoas que leram a minha outra fic e que, de qualquer maneira, me apoiaram e me deram forças para regressar a este site! Fiquei muito contente com todo o vosso apoio! Agora regressei com uma história que foge ao estilo dramático da "4 anos depois"... mesmo assim, espero que gostem! Aqui fica o primeiro capítulo –que eu sei que não é grande coisa, mas eu tentei escrever algo melhor nos próximos ; quem gostar é só deixar review, mas já sabem: cuidadinho com aquilo que dizem; uma crítica construtiva é meio passo para alguém melhorar o seu trabalho! Jinhos!!

AS CULPADAS FORAM AS ESTRELAS

«I tried to kill my pain, but only brought more

I lay dying and I'm pouring crimson regret and betrayal

I'm dying praying, bleeding and screaming

Am I too lost to be saved, am I too lost?»

Draco virou mais uma página do livro que lia, ao som da música que tocava na rádio. Uns feiticeiros dos quais ele nunca ouvira falar, mas cuja canção mexia consigo, no seu interior. Ele também tentara matar a dor, estava a morrer lentamente, afogando-se nela sem que alguém o ajudasse. Gritava, esbracejava, tornava a gritar, mas não havia quem o ouvisse e lhe estendesse uma mão. Estaria demasiado perdido para ser salvo?

- Draco, mete essa porcaria mais baixa!- gritou um homem fora do quarto- Maldita a hora em que te comprei essa coisa, agora dás para furar os tímpanos a toda a gente!

O rapaz pousou o olhar na porta firmemente fechada com um feitiço e franziu as sobrancelhas. Ele furava os tímpanos de toda a gente? Lucius passava tanto tempo a berrar que o rádio parecia emitir um murmúrio de rato! E quando não gritava, obrigava quase sempre todo o pessoal na Mansão a andar de boca fechada, instalando em casa um silêncio que falava mais alto do que qualquer outra pessoa na casa. Era muito difícil não ouvir aquele silêncio terrível que não deixava Draco dormir ou descansar! Logo, por que é que o rádio o incomodava?

- Draco!- gritou Lucius de novo- Não te torno a avisar!

Levantou-se da cama e desligou o rádio, ouvindo as últimas palavras da canção ("Return to me salvation"). O pai deve ter ficado contente, uma vez que o ouviu afastar-se da porta do único refúgio do seu filho. Draco puxou algumas madeixas louras do seu cabelo para trás e suspirou. Olhou o espelho a seu lado, rachado a um canto num dia em que o pai tivera outro ataque de loucura, e viu o seu reflexo nele: um rapaz de 20 anos, alto, musculado, de cabelo dourado como o Sol e olhos azuis como o céu, magoados e a pedir por auxílio. Na verdade, não sabia exactamente qual o significado de "mágoa" uma vez que era algo que nunca lhe fora ensinado, mas ouvira os colegas referirem-se a ela e achava que era o mesmo que estava a sentir naquele momento.

- Volta a mim, salvação! Volta...

Há três anos que abandonara Hogwarts, mas achava que lá a vida era muito mais fácil que na Mansão da sua família. Agora tinha de aturar o pai com os seus ataques de fúria diários. Os Malfoys eram comparsas de Voldemort desde que ele estava no poder –sabia bem como o pai fora mentiroso ao dizer que tudo acontecera devido a uma maldição. Por isso, assim que ele regressou, tornaram a ocupar os seus postos de Devoradores da Morte.

O problema residia no facto de que Harry Potter e Dumbledore, juntamente com os seus aliados, haviam tornado-se um grupo forte contra as Trevas. Pouco depois do fim do 7º ano, a escuridão do mal caiu e a luz do bem tornou a reinar para todos. Draco tinha de admitir que, ao menos, deviam estar contentes por não terem ido para Azkaban, apesar de o pai lá ter estado um ano antes de falsificar provas que comprovavam a sua inocência.

Lucius veio da prisão louco, muito mais do que aquilo que era antes de ir para lá! Naquele momento, tinha ataques de fúria louca diversas vezes: gritava com todos, batia na mulher, no filho, nos elfos, partia a casa toda e tinha um dia chegado ao ponto de pegar fogo ao próprio escritório. Voldemort destruíra aquela família, marcada para sofrer muito antes daquele tempo.

Draco tinha nojo daquilo tudo! Nojo da vida que era obrigado a viver; nojo da fúria do pai; nojo da protecção excessiva da mãe; nojo da má fama que tinha e não o deixava arranjar um emprego decente; nojo do buraco onde vivia; nojo de si próprio! De que servia dizer que tinha montes de dinheiro se a sua vida se desmoronava a cada segundo que passava? De que servia dizer que tinha todas as mulheres que queria se não havia uma que realmente o fizesse feliz, que não o abandonava quando ele deixava cair a máscara de menino bonito e mostrava a verdadeira face de monstro? Acordava de manhã com uma rapariga nos braços e não conseguia sentir nada por ela, nem mesmo o amor que afirmava sentir na noite anterior! Era assim: o seu coração não sabia o que era amar, gostar verdadeiramente de alguém. Tinha um coração de pedra, não sabia que fazer para mudá-lo!

Abriu o livro que lia há pouco, "As mais potentes poções –versão revisada". Quem lhe dera utilizar uma no seu pai! Virou mais uma página quando ouviu um grito furioso de Lucius e o ruído de loiça a partir-se: novo ataque. Fechou o livro com estrondo e atirou-o para a cama, coberta por uma colcha negra. Não estava para aturar mais uma idiotice do parvalhão a quem era obrigado a chamar de pai!

Vestiu o manto de Inverno, guardou a varinha no bolso após retirar o feitiço da porta e saiu do quarto. Era um pouco perigoso deixar o "refúgio" durante aquele momento, mas não ia aturá-lo desta vez...

- Vais sair, filho?- perguntou Narcisa, aparecendo de repente frente a Draco.

- O que é que acha?

- Podias ajudar-me a controlar o teu pai...

Draco olhou o tecto alto do escuro corredor, tentando controlar-se.

- Eu não vou ajudar em nada, mãe! Pode ser que ele pegue fogo ao sítio onde está, como da outra vez. Mas agora, espero que ele morra, em vez de ficar apenas com uma estúpida queimadura no braço!

- Draco!- repreendeu a mulher, escandalizada.

- Porque é que ele regressou de Azkaban? Não estávamos melhor sem ele?- gritou o rapaz, em resposta á mãe- Faz birras tão idiotas! Estou farto dele, farto desta vida, farto deste mundo,...só quero que tudo isto acabe!

Narcisa chamou-o, mas o filho nem a ouviu. Ele avançou para a rua, ouvindo ainda o pai a partir objectos. Sacana! E depois havia a mãe, toda enjoada, a defender o parvalhão...Nojo, nojo, nojo! Assim que saiu para o ar livre, colocou o capuz do manto para se proteger da neve que caía sem parar e calçou as luvas. O vulto escuro foi-se afastando da mansão, seguindo um trilho desconhecido, esperando apenas afastar os problemas da sua vida no destino que o esperava. Ele apenas queria paz, paz! Será que não a merecia?

***

- Mais um rum com gelo!

O manto negro repousava a seu lado. O jovem loiro agarrou a caneca que o barman lhe passara e bebeu um gole da bebida. Tentava não reparar nos olhares dos outros clientes do Caldeirão Escoante, mas sabia que não era bem-vindo ao local. Afinal, que estaria um Malfoy a fazer num pobre pub que separava feiticeiros dos Muggles? Por ali passavam diariamente dezenas de bruxos nascidos em famílias não-mágicas! Será que queria andar a meter-se com eles? Ainda para mais, com o número exagerado de bebidas que tomara, devia estar já totalmente bêbado! O melhor seria ele sair antes de arranjar qualquer confusão.

- Não acha que já bebeu demasiado?- perguntou o barman, também receoso que o cliente agarrasse na varinha e amaldiçoasse toda a gente, vendo que já bebera metade do seu sexto rum.

- Mas quem é você para determinar aquilo que devo ou não beber? Estou farto de si, seu velho narigudo!

O homem atrás do balcão escondeu a cara e voltou a atender outros clientes. Estava ali há pouco tempo, não queria perder o emprego por causa daquele idiota.

O "idiota" levantou-se do seu lugar depois de acabar a bebida. Pegou no manto, deixou umas moedas no balcão e decidiu ir-se embora. O relógio no seu pulso marcava que já passava da meia-noite e ele saíra de casa por volta das 5 horas. De certeza que a sua mãe já deveria ter enviado umas 300 corujas para St. Mungus! Mas Draco não se ia embora por causa da mãe: estava farto daquele bar, das pessoas que entravam e saíam, do rum, do barman, dos bancos de madeira, das músicas de Natal que enchiam o ambiente, das luzes de fadas verdadeiras que enfeitavam os pinheiros e dos pingentes de gelo que não derretiam. Porque é que as pessoas se tornavam tão piegas quando chegava o Natal? Estavam a uma semana da data e na casa dele não se vivia de modo diferente por causa disso! Porque é que os outros fugiam ao habitual?

Vestiu o manto e dirigiu-se para a porta dos feiticeiros, quando esta se abriu. Uma rajada de vento penetrou o calor do bar, uns flocos de neve entraram e, junto com eles, uma mulher. Vestia um manto vermelho, cobria a cabeça com um capuz da mesma cor e transportava uma mala na mão. Draco não soube o porquê, mas sentiu algo estranho dentro de si. Talvez devido á bebida, ficou meio aparvalhado, e seguiu a mulher com o olhar. Ela andava por entre as mesas e sentou-se numa ao fundo do bar; era fácil perceber que estava sozinha, pois ocupou a outra cadeira vazia com a pasta, de onde retirou um maço de folhas que espalhou pela mesa. Tirara o manto e Draco conseguiu ver a cascata de caracóis que lhe caía pelas costas.

Ele virou costas e empurrou a porta, mas havia algo que não batia certo! Seria da bebida? Mas ele já bebera demasiado antes e nunca sentira tal coisa! O coração batia tão fortemente contra o seu peito... talvez fosse aquela rapariga, ficara assim desde que ela entrara. Olhou o céu daquela noite e viu uma estranha estrela brilhar com tanta intensidade que mais parecia arder! Mas quem poderia pegar fogo a uma estrela?

Sem saber o que fazer, fechou a porta e permaneceu no bar. Talvez já não precisasse de ir dormir a casa!

Andou por entre as mesas, seguindo o mesmo percurso que a feiticeira fizera há pouco tempo. Conseguia vê-la, não tirava os olhos dela. E se o pai tivesse razão quando lhe dizia que as mulheres eram todas iguais, ela iria sucumbir ao seu charme, iria acreditar que Draco a amava, quando ele apenas a via como uma bóia de salvação para os seus problemas, querendo apenas passar mais uma noite longe de casa. Ele colocou o seu sorriso sem-vergonha na cara e, por fim, alcançou a rapariga que queria.

- A menina está sozinha?

Ela levantou os olhos. Eram pestanudos e castanhos. Draco piscou um olho, como costumava fazer, mas ela não parecia estar com paciência.

- Que quer?- perguntou, continuando a escrever nas folhas de papel.

- Posso sentar-me consigo?

Draco pegou na pasta que ocupava a outra cadeira da mesa, mas a mulher impediu-o. Olhou-o os olhos e abanou a cabeça em sinal de desaprovação.

- Continuas o mesmo de sempre, Malfoy!- suspirou ela, colocando a pasta de novo na cadeira.

- Ah, estou a ver que me conhece!

- Infelizmente...

- Você não sabe o que diz –começou a rir loucamente.

- Bom, o bêbado aqui és tu, logo, não sou eu quem não sabe o que diz!

Draco começou a irritar-se. De onde é que ela o conhecia para lhe falar daquela maneira? A sua cara não lhe era estranha, mas já não conseguia ver nada com clareza.

- Maldita bebida!- resmungou, enquanto puxava uma cadeira.

Ela olhou-o num misto de admiração e fúria. No entanto, não abriu a boca e voltou-se de novo para as suas notas.

- Sabe que é uma mulher bonita?

- O que eu não sabia era que ia chegar o dia em que me ias dizer uma coisa dessas!

Ele tentou colocar um braço em redor dos ombros finos dela, mas não foi bem sucedido.

- Não te estejas a atirar a mim, Malfoy! Metes nojo, sabias? –ela afastou- se do rapaz –E depois, ficas a saber que eu tenho namorado.

- Pois, mas eu sou muito melhor do que ele, de certeza!

A feiticeira não gostou do comentário. Arrumou as folhas na pasta que trazia e tirou umas moedas para pagar a sua cerveja de manteiga (que tinha pedido antes de Malfoy se chegar perto dela). Draco olhou-a, confuso –realmente, ele não estava nada bem naquela noite!

- Espero que não nos voltemos a encontrar, Malfoy!

Levantou-se e afastou-se da mesa, com intenções de abandonar o bar. Os restantes clientes olharam-na, e logo de seguida, os seus olhares caíram no homem loiro que continuava sentado no mesmo sítio. Este franziu as sobrancelhas. Quem era aquela mulher? Com alguma dificuldade, seguiu-a.

- Eh, espere aí!- chamou Draco, já na rua, quando a avisou na neve –Não disse quem você é!

- Estás pior do que eu pensava!- gozou ela, sem se voltar para o homem –Hogwarts, equipa Gryffindor! Será que já te lembras agora?

Malfoy não estava com cabeça para charadas. Mas a cara dela, os cabelos encaracolados, aqueles olhos, a voz... Devido ao seu estado, foi um pouco difícil chegar ao nome dela. Mas ele surgiu!

- Oh, não! –murmurou Draco, levando a mão á nuca.

*Continua...

Nota: a música utilizada no início do capítulo pertence aos Evanescence e trata-se de "Tourniquet".

Próximo capítulo: quem era a rapariga do bar? Que surpresa de Natal terão os Malfoys neste ano?