Capítulo 1 – A Moment Like This (Um Momento Como Esse)

(/NA: Música da Kelly Clarkson)


Seth P.O.V.

Um ano já se passou desde o episódio com os Volturi. Todos ficaram extremamente felizes pelo jeito que a história acabou principalmente os Cullen. Nessie estava crescendo, assim como o outro mestiço disse que ela cresceria. Todos estavam acompanhando de perto, para que tudo desse certo, inclusive Jacob.

Jacob acompanhava por livre escolha, pois se a decisão partisse de Edward ou Rosalie, Jake passaria um bom tempo sem vê-la. Jacob, a cada dia, ficava mais hipnotizado por Nessie, e ela, mesmo sendo tão pequena, só tinha olhos para ele, isso o deixava extremamente feliz, e ainda mais bobo por ela.

Eu gostava muito dos Cullen, apesar de serem vampiros, com o passar do tempo acabei me aproximando mais deles, deixando Leah à beira de um surto com a situação.

- Estou saindo. Volto mais tarde. – disse rapidamente me retirando da casa, na qual moravam: eu, Leah e minha mãe.

- Aonde você vai? – perguntou Leah saindo de seu quarto.

- Para a casa dos Cullen. – respondi com um sorriso.

- De novo? – ela fez uma cara de nojo. – Seth, você não acha que está passando tempo demais com eles? Você nem cheira mais do mesmo jeito. Se eu não fosse sua irmã te confundiria com um vampiro... Dos fedidos...

- Leah, por que toda essa implicância com os Cullen? – perguntei sem muita paciência.

- Nada... – bufou – O que ainda está fazendo aqui? Vá logo pra sua família de vampiros. – ela disse rispidamente, voltando para seu quarto.

Sai antes que ela voltasse para dizer mais alguma coisa. Leah não era uma má pessoa, pelo contrário, ela era uma ótima filha e irmã, mas poucos a compreendiam, ela ainda sofre... E o pior de tudo, é que eu não posso ajudar. Entrei no meu carro, um Impala 67, presente de Edward, e dirigi até a casa dos Cullen.

Durante todo o caminho pensei em Leah e Sam, e toda a história da impressão com Emily. Os três sofreram com tudo o que aconteceu, mas Leah foi quem ficou marcada, ela não teve ninguém ao seu lado. Mas de certo modo posso entender Sam, ele não teve escolha, somente aconteceu.

Os lobos que são atingidos pela impressão não agem racionalmente, todas as ações e reações, são instintivas, e eles nem percebem. Vi como a cabeça deles funciona quando acontece uma impressão, é totalmente confusa. Apesar de tudo, eu gostaria de ter uma impressão, eles parecem ser tão felizes e completos. Contudo, esse amor eterno e incondicional à pessoa me assusta.

O caminho para a casa dos Cullen foi rápido. Estacionei na entrada de carros e caminhei até a porta, que foi rapidamente aberta por uma pequena meia-vampira.

- Tio Seth! – Nessie gritou, enquanto se jogava nos meus braços.

- Ele não é seu tio! – escutei Jacob gritando de dentro da casa. Nessie não ligou para o comentário. Nem eu.

- Oi, pequena. Como você está? – eu a segurei em meus braços enquanto ela mexia distraidamente nos meus cabelos, que estavam curtos.

- Estou bem. Cacei com o Jake hoje. Eu fui mais rápida que ele. – ela sorria alegremente. Óbvio que ela foi mais rápida, ela adorava vencer, e Jacob sabia disso. Ele fazia de tudo para agradá-la.

- Parece que ele perdeu o jeito pra coisa... – eu entrei na casa dos Cullen com Nessie em meus braços, e fui para sala. Ela encostou a cabeça no meu ombro e suspirou pesadamente. – O que foi?

Ela encostou a mão no meu rosto e mostrou: Alice e Jasper. Nessie estava um pouco triste. Alice e Jasper haviam viajado há dois meses. Uma 35º lua-de-mel... Ou algo do tipo. Ela estava com saudade deles.

- Mas eles vão voltar em pouco tempo... – disse para ela.

- Eu sei, é que... Tio Jazz me leva no parque pra eu brincar com os humanos. Ele sempre diz que eu tenho um controle perfeito – ela contou orgulhosa de si mesma. – Não me incomoda mais ficar perto dos humanos, eu até gosto. E papai sempre diz que se eu estiver com vontade de mordê-los... Eu devo morder o Jake. – ela sorriu abertamente ao dizer isso.

- Ela aprende rápido... – escutei a voz de Edward entrando na sala. – Olá, Seth.

- Oi, Edward... Onde estão os outros? – perguntei.

- Bella e Jacob estão conversando na biblioteca. E os outros saíram.

Nessie ainda estava triste, deve ser por isso que Edward veio para cá. Ela estava com os olhos fechados e a cabeça encostada no meu ombro. De repente, tive uma idéia. Olhei para Edward, e ele acenou positivamente para mim.

- Não vá perder minha filha. – ele disse brincando ao se retirar da sala.

Nessie abriu os olhos e me encarou. Ela não sabia o que perguntar exatamente.

- O que acha da gente sair para um passeio? – disse com um ar de mistério.

- Para onde? – perguntou já mais animada.

- Isso será uma surpresa. Topa?

- Sim. – ela respondeu alegremente. Pulou do meu colo e saiu correndo em direção à porta.

- Não esqueça de que ela sente frio. – escutei a voz de Bella vindo do além – Leve o casaco dela. E cuidado.

- Pode deixar – respondi à voz do além. Peguei o casaco de Nessie e coloquei nela.

- Tchau, mamãe, papai e Jake. – Nessie respondeu já dentro do carro.

Entrei no carro, Nessie já estava no banco de trás e de cinto, apesar de ter somente um ano, ela aparentava ter 5 ou 6 anos.

- Ainda bem que não tem mais aquela cadeirinha aqui. Nunca gostei dela. – ela fez uma careta ao dizer isso.

- Mas você ficava tão fofa quando estava nela. – disse apertando as bochechas dela. Ela detestava isso.

- Eu não sou fofa. Eu sou feroz! – então ela mordeu um dos meus dedos. Isso doeu, e muito. – Viu?

- Vi... – disse segurando minha mão. – Feroz... Você passa tempo demais com o Emmett.

- Eu sei... – ela deu um largo sorriso.

- Preparada para a surpresa? – disse enquanto dava partida.

- Sim! – Nessie comemorava.

O caminho foi curto e silencioso. Eu prestava atenção na estrada e Nessie não tirava os olhos da janela, acompanhando a paisagem. Chegamos rapidamente e ela logo percebeu qual era a surpresa.

- Parque! – ela soltou o cinto de segurança e pulou para fora do carro.

- Espere! – falei para ela. – Prometi ao seu pai que ia tomar cuidado com você. Então... – me agachei na sua frente. - Se você sentir alguma coisa quando estiver perto das outras crianças... – ela não deixou que eu terminasse a frase.

- Não se preocupe tio Seth... – ela colocou uma mão em meu ombro, como uma grande sábia de um ano de idade. – Eu tenho um controle perfeito. Não se lembra? Vai ficar tudo bem. – ela deu um sorriso e saiu correndo em direção das outras crianças.

- Cuidado! – será que foi uma boa idéia? - Não se preocupe Seth, ela sabe se cuidar melhor do que você. – disse para mim mesmo, tentando me convencer.

Continuei observando-a. Ela estava brincando com mais três meninas. Todas aparentavam ter a mesma idade. Nessie realmente tinha um controle incrível. Ela estava confortável naquela situação. E o mais importante, ela estava feliz.

Estava com uma sensação esquisita, parecia que algo grande iria acontecer. Olhei em volta e reparei que o parque estava cheio. Havia alguns velhinhos jogando dama, casais de mãos dadas, andando.

Naquele momento me senti sozinho. Eu invejei aqueles casais. Também queria ter alguém ao meu lado. Não sei por que... Mas naquele momento, queria ter minha impressão. Queria que ela estivesse ali comigo. Sacudi minha cabeça, tenho que parar com esse tipo de pensamento. Eu a teria. Eu acho... Eu espero... E se ela não aparecer?

- Claro que ela vai... – respondi minha própria pergunta. – Acho melhor eu sentar. - Dei uma olhada à procura de um banco. Encontrei um perto da fonte. Havia uma garota nele.

Ela estava lá, sentada calmamente alheia a tudo e a todos. Tinha um livro na mão e um pequeno sorriso no rosto.

Toda a confusão, que antes eu sentia todo aquele temor, sumiu. Toda a minha atenção era dela. Senti como se alguma força magnética estivesse me levando para ela... Como se eu não pudesse evitar olhá-la, de me aproximar dela. Tudo passou a não importar mais, a não ser ela. Nesse momento eu entendi...

Era ela... Minha vez finalmente chegou.

Continuei observando-a, tomando coragem para me mexer, e tentando tirar aquele sorriso bobo do meu rosto. Ela continuava lendo, mas não sorria mais. Aquilo me angustiou, o que será que aconteceu? De repente, ela fechou o livro e começou a chorar descontroladamente.

Eu continuava parado. O que eu deveria fazer? Minha impressão, eu tinha certeza que era ela, estava ali na minha frente, chorando por alguma coisa, mas eu continuava parado. Tenho que fazer algo.

Corri na direção dela não me importando com as pessoas que estavam no caminho. Devia ter usado uma velocidade mais humana, porém nada agora me importava, somente ela. Ela estava com a cabeça baixa, e continuava chorando. Aproximei-me e sentei ao lado dela.

- Você está bem? – perguntei meio temeroso.

Ela levantou a cabeça rapidamente e me encarou. Ficou me observando por um momento, e de repente, se atirou nos meus braços. Ela encostou a cabeça em meu peito e passou os braços pela minha cintura, ela chorava descontroladamente.

Ela era pequena, de aparência extremamente frágil, principalmente por estar chorando daquele jeito. Passei os braços pelos seus ombros e acariciei seus cabelos, eles ficavam na altura do ombro e tinham uma cor esquisita, iguais ao da Bella.

- Vai ficar tudo bem. – sussurrei no ouvido dela.

Ela abriu os olhos e se afastou rapidamente, quebrando todo o contato. Ela tinha os olhos azuis como o mar, e eles tinham um brilho lindo, ela não chorava mais. Ela estava assustada, não pareceu ter consciência de quem tinha abraçado.

- Quem é você? – ela me perguntou rapidamente.

- Me desculpe. Não tive chance de me apresentar. Sou Seth Clearwater. – estendi a mão para cumprimentá-la. Ela a encarou, e após alguns segundos pareceu recobrar a consciência.

- Eu te conheço? – ela pareceu não notar que minha mão continuava estendida.

- Não? – disse isso mais parecia uma pergunta do que realmente uma resposta. Olhei para minha mão, ela ainda não tinha reparado que ela continuava estendida.

- Ah, me desculpe. – ela riu docemente – Sou Marie Winchester... - ela estendeu sua mão e então apertou a minha. Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo, e pude sentir que ela estremeceu. Ela não pareceu se importar com a minha temperatura. – Tem certeza que nunca nos vimos antes?

- Eu me lembraria se tivesse te visto antes... – por que eu nunca poderia te esquecer, completei mentalmente.

- Que mão quente – ela sussurrou, pareceu-me mais que ela pensou alto do que realmente quis me dizer isso. Eu apenas sorri para ela.

Nós estávamos com o olhar perdido um no outro, e ainda estávamos segurando a mão um do outro. Ela reparou isso, e puxou sua mão rapidamente, mas continuou me olhando, só que agora ela tinha um olhar divertido.

- Que vergonha... – ela refletiu.

- Do que?

- Nós acabamos de nos conhecer e, mesmo antes disso, você já me viu abrir o berreiro. – nós dois rimos por causa disso.

- Posso saber o porquê você estava chorando? – perguntei um pouco inseguro.

- É um motivo bobo... – ela respondeu corando.

- Duvido...

Ela puxou o livro que estava ao seu lado e me mostrou. "Ponte Para Terabítia" era o título.

- Mudei de idéia... É um motivo bobo... – disse fazendo-a rir.

- Eu te disse. É a quinta vez que leio esse livro, e eu sempre choro nessa parte. Não faço idéia por que eu continuo lendo. – ela me observou por um tempo, eu devia estar com uma cara de idiota apaixonado. – Silêncio estranho esse aqui, não acha?... Eu nunca sei o que dizer nessas horas. – ela disse um pouco nervosa.

- Pode me dizer da onde você é... Percebi que você tem um sotaque diferente. Você não é daqui de Forks, certo?

- Diferente? – ela disse rindo – Pode falar estranho, eu não ligo. E, não, eu não sou de Forks. Sou do Brasil, na verdade.

- Brasil?! – isso é longe. Será que ela vai ficar pouco tempo aqui? Por alguma razão, só pensar que ela poderia ir embora, me desesperei. – Vai ficar muito tempo aqui?

- Eu estou morando aqui, com alguns parentes. – disse ela.

- Isso é maravilhoso! – eu disse sem pensar.

- O que disse? – ela perguntou me olhando. Ela não aparentou ter escutado, parecia distraída olhando as crianças que brincavam nos balanços.

- Nada... – é melhor eu começar a me controlar, ou se não vou acabar falando besteira. – Eu te amo! – me chutei mentalmente, falei demais. De novo!

- O que?! – acho que dessa vez ela me escutou. Ela levantou em um pulo do banco e começou a caminhar. – Você é um tarado?

- Não! – também me levantei e comecei a andar atrás dela. – Espera... Deixe-me explicar.

- Explicar o que?! Você é doido! – ela, agora, corria na direção oposta, eu continuava seguindo-a. Ela parou bruscamente e virou-se para me encarar. – Para de me seguir! – ela parecia assustada.

Ela virou e continuou seu caminho. Eu continuei parado, ainda perto da fonte, perdido em pensamentos. E a pipoca de ouro vai para Seth Clearwater! No mesmo dia conheceu sua impressão e ainda conseguiu assustá-la. Parabéns!

Não pude culpá-la, eu fui um idiota. Não deveria ter dito que a amava. Bem, eu já a amo... Mas poderia ter dito isso outro dia.

Olhei em volta procurando-a, mas não a achei. Mas o que eu esperava? Com certeza ela fugiu correndo daqui. Tenho que ir embora, organizar minha cabeça, procurá-la e tentar não estragar ainda mais as coisas.

Fui até os balanços à procura de Nessie. Olhei em todos os cantos. Pensei que ela estivesse aqui. Continuei procurando. Percebi que começava a chover todas as pessoas já haviam ido embora. Não achei Nessie em lugar nenhum.

Ah, não! Eu perdi a filha do Edward...