Fanfiction escrita em parceria com a Sammie
para o Challenge Personagens Secundário da FFHP.
Vestir-te o terno,
Tecer-te o tempo.
Proteger-te do relento
Como sempre fez.
Sorrir-te a prosa,
Caçar-te em poesia,
Como quando sorria,
E alegria era coisa nossa.
Tecer-te o eterno,
Vestir-te o vento.
Carregar-te nos braços
Reconstruir abraços
Soprar carinho aos pedaços
De mansinho.
E lembrar.
De
va
ga
ri
nho
Oh, por que despetalou-se assim? É tão formosa quanto qualquer um dos lírios verdes neste campo que te cerca. É tão doce, Petúnia, quanto qualquer outra flor, quando assim deseja. Dizem que flores de plástico não morrem, não obstante, você é flor de carne e osso e nervos à flor da pele, que apenas cobriu-se de plástico como que para se proteger do que não é. Mas aos poucos secará, detrás da proteção artificial que teceu pra si.
Minha querida irmã, não dure apenas esta estação, sabendo que pode e há de viver longínquas terras e amores. Não se desestimule em uma terra seca com suas pétalas descuidadas. Não deixe que grossas lágrimas, que um dia lhe fizeram bela, sejam agora motivos para o desfacelar de seus ramos.
Sua raiz, descoberta em outrem divergente da minha, não seria menor em importância. A naturalidade que tanto lhe faz pomposa, escondeu-se em sua verdadeira natureza. Ainda por sobre os plásticos. Ainda com a fingida proteção e vazio em tuas veias pútridas pela inveja que tanto semeia.
Sei que você sonha, Túnia. Sei também da tua magia, que, ainda que não se faça visível aos olhos seus, bate em descompasso no seu peito. Sei o quanto queria ser lírio, mas é tão melhor assim, sendo quem você é. Não quem se tornou, mas quem verdadeiramente é, debaixo desta carcaça seca que deixou que tomasse conta do seu viver. O resquício de você que reluta para desabrochar e destruir a podridão seca da flor que se tornou.
Não me esqueci de você, como possa pensar. E sua luz-do-sol ainda me alimenta. E talvez seja por isso que tenha secado: renegou a luz que te dei, esqueceu-se da felicidade palpável que outrora nos alimentara. Fez questão de rasgar as lembranças, ou ainda as guarda em algum lugar aí dentro?
Poderia taxar-me em apenas uma hipócrita esperança que seu jardim floresça, assim como deixei que o meu se expandisse entre lírios verdes e vermelhos, e entre as petúnias que sempre irão me acompanhar. Esperando apenas que regresse à felicidade de um jovem vento – ou uma ciranda entre nós duas. Enterre o mal entendido e ainda com suas flores secas, desenterre seus sorrisos. Corte as flores que já murcharam, para dar vazão a uma nova floração.
Que em outras estações esse mesmo vento nos guie pelos jardins secretos de nossa própria irmandade.
Pra não dizer que não falei das flores, escrevo-te esta carta.
Pra não dizer que não falei das flores, grito em alto e bom som: Levar-te-ei sempre comigo, no coração.
