SPN Hotel California: A ESTRADA ATÉ AQUI

Dean conhece mesmo tudo sobre rock n' roll?Sam realmente não quer continuar em busca do pai?_Baseado na Primeira temporada de Supernatural (resposta ao desafio SPN Hotel California. Este é meu episódio "secreto" da primeira temporada_ bom, não dava para ser filmado em Vancouver, né? Hahahaah)

N/A: Todas as músicas citadas aqui pertencem a seus respectivos autores. No intuito de facilitar a compreensão da fic, na segunda parte estão somente as traduções das letras, em ordem de aparição. _ Ah, e claro: Dean e Sam Winchester não são criações minhas; o que é uma pena.

Prólogo: Deserto. Começa a amanhecer. A estrada está deserta, os cânions avermelhados se destacam escuros em contraste com o céu rosado.

Um carro surge no horizonte, avançando em alta velocidade. O motorista parece dopado. Seu rosto tem visíveis olheiras, a barba é longa, assim como os cabelos. Ele balbucia coisas sem sentido, em voz baixa. Olha de soslaio para quem está ao seu lado, no banco do passageiro. Parece que a pessoa está dormindo. Um sorriso idiota e louco cresce em seu rosto. Pisa no acelerador. Não demora muito, o carro se descontrola na primeira curva da estrada, e o carro capota violentamente. Dá várias voltas no ar antes de cair com estrondo e continuar capotando por vários metros fora da estrada. Alguns minutos depois, o carro explode.

Um falcão levanta vôo, para longe do carro; e pousando no chão alguns metros distante do acidente. Observa atento o carro ser consumido pelo fogo.

I

Estavam entrando no deserto, e Dean ouvia animado uma de suas fitas cassete do Creedence. Cantava feliz A Fortunate Son. Era uma das músicas preferidas de John, o pai. Sam às vezes levantava o olhar do celular, vigiando como o irmão estava empolgado. Relaxado.

"Some folks inherit star spangled eyes,
Ooh, they send you down to war, lord,
And when you ask them, how much should we give?
Ooh, they only answer more! more! more! yoh,

It aint me, it aint me, I aint no military son, son.
It aint me, it aint me; I aint no fortunate one, one."

_O que foi, Sam? _ o irmão bem humorado perguntou, percebendo seu olhar fixo.

_Nada Dean. Só me perguntava se nós realmente continuarmos esta viagem, você vai me deixar dirigir o Impala e escolher as musicas.

_Eu não fico pedindo para usar seu notebook.

_Você não pede. Mas usa.

_Isto vem do meu direito como irmão mais velho. E você sabe que temos que continuar a viagem.

_Então eu pelo menos poderia escolher as músicas._Sam estava na verdade provocando Dean, aquela velha questão das músicas o divertia. Tinha começado quando Sam, no intuito de conquistar uma garota, tinha começado a ouvir músicas românticas para se inspirar em coisas legais para dizer a ela. Fatidicamente, ele tinha esquecido o CD as vistas do pai e de Dean. Puxa, até John tinha pegado no pé, rindo dele! Um momento que agora ele relembrava até com saudade. Dean tinha razão, precisavam encontrar o pai. Quem sabe pudessem superar todas as diferenças, agora.

Pode ser que eu estivesse errado em algumas coisas, Sam pensava. Mas Dean cutucou seu braço, interrompendo o fluxo de seus pensamentos.

_Olha!_poucos metros adiante, uma garota sentada sobre uma mochila pedia carona com um pedaço de papelão onde se lia Tonopah. Sam viu o que Dean via. Uma garota bonita para ele ficar paquerando parte da noite. Mas também viu que possivelmente teria que alugar um quarto extra para si, se não quisesse dormir dentro do Impala, no estacionamento. Tudo isto antes de Tonopah.

_Desde quando você costuma dar carona, Dean?_Sam provocou o irmão. Dean costumava ser muito cauteloso, normalmente não atendendo seus apelos para dar carona às pessoas. Mas seu irmão mais velho já tinha parado o carro.

A moça sorriu e logo estava no banco de trás, agradecendo efusivamente Dean, e se apresentando.

_Jess Walker. Obrigada, rapazes.

_ Eu sou Dean Winchester, e este é Sam, meu irmão._ Dean gastava seu sorriso pelo retrovisor. O nome da garota fez com que Sam ficasse um pouco amuado. Esta Jess não tinha nada a ver com a "sua" Jess; era morena e do tipo rebelde, com longos cabelos negros e olhos cinzentos. Magra e bronzeada, usava um jeans surrado, botas de cowboy e uma camiseta regata preta, deixando algumas tatuagens a mostra. Uma delas era mais chamativa, imagem da cabeça de um falcão, no braço direito.

Dean e ela logo começaram uma conversa animada, Sam manteve-se sabiamente a parte. Falavam sobre ela, que viajava pela costa oeste; como eles, Jess Walker conhecia boa parte do país.

Estava anoitecendo agora, e ela e Dean estavam entrosados. Sam, porém não conseguia relaxar. Havia algo nela... e não era só o nome.

Pararam para abastecer, e todos desceram para esticar um pouco as pernas. Sam foi ao banheiro e ao voltar encontrou os dois em volta do Impala. Dean encontrara a mulher dos seus sonhos, aparentemente: adorava estrada, adorava rock n' roll, adorava o Impala... Bem feito pra ele, pensou Sam. Vai ver como é ter uma Jess e depois perdê-la. Por que mesmo perfeita, Dean, ela não vai aceitar o que você é. Mas... e se aceitar? Foi com esta nova e incômoda pulga atrás da orelha que Sam entrou no carro e continuaram viagem.

_Dean, qual é a coisa que você mais gosta no mundo? _a garota perguntou.

_Ah... Nossa, esta é difícil._ele ria, fazendo charme para responder.

_Será mesmo? _ela provocou, com uma risada maliciosa. _Deve ter algo que você gosta muito.

_Você não pode adivinhar?_Dean por sua vez também investiu na malícia. Sam afundou-se no banco, desgostoso.

_O Impala, por exemplo. Eu sei que você gosta dele.

_Ah, ela? Minha belezinha aqui é meu único amor._Sam nem acreditava que o irmão tinha dito mesmo aquilo.

Jess inclinou-se para frente._Tem certeza? Eu não apostaria que você é um homem de um único amor. Mas se o que você diz é verdade, então quando você morrer, seu único amor terá partido comigo, Dean Winchester.

Dean riu, mas Sam percebeu muito rápido que não era uma piada. Dean parou de rir. _Mas do que diabos você...

_Como diz a música, Dean:

Pleased to meet you
Hope you guess my name
But what's puzzling you
Is the nature of my game

Desculpe, mas não posso evitar. Eu adoro esta música.

II

_Você é a porra de um demônio? Lucifer?_Dean exclamou, incrédulo e indignado de ter caído na bobagem de ter dado carona para ela.

_Não, Dean._Sam falou._Ela é uma esfinge. As tatuagens dela. Eu sabia que reconhecia estes desenhos..._ Sam tinha o fôlego suspenso, por sua vez. Ele bem que estava reconhecendo todos aqueles símbolos gregos e egípcios. Estavam numa enrascada gigantesca, agora. Uma esfinge simplesmente não os abandonaria até ser derrotada no jogo que ela melhor dominava: charadas e enigmas.

Jess Walker, a esfinge, olhou para Sam com orgulho.

_Sim, Sam. Você está certo. Mas foi seu irmão quem me encontrou. Meu assunto é com ele.

E virou-se para Dean, que ainda dirigia:_Então, Dean? Decifra-me.

_E o que acontece se eu me recusar?

_Ao contrário do que dizem, eu não vou estraçalhar você. Mas não conseguiria deixar você em paz, sabe? Mas não vejo que seria desagradável. Você gosta de dirigir, eu gosto de viajar. E eu gosto do Impala. Seriamos felizes. Nós dois. Até o fim._A esfinge olhou para Sam._Ah, sim. Nós três, eventualmente. Se você se recusar a saltar do carro, Sam.

Dean tentava lembrar-se de algo que matasse esfinges. Mas mal conseguia se lembrar de ter ouvido falar que realmente existissem. Só aquele velho enigma do colégio, sobre homens, bengalas, e horas do dia. Começou a suar.

_Sam, dá pra me explicar quais as regras do jogo?

Sam, também extremamente nervoso, titubeou ao falar de uma esfinge, na frente de uma:

_Nós não vamos nos livrar dela até que você aceite jogar um jogo de enigmas com ela. Provavelmente, ficaremos dirigindo para sempre, sem chegar a lugar nenhum. Nós jamais sairemos da estrada, enquanto ela estiver conosco.

_Não tenho nada contigo, Sam Winchester. Você pode partir assim que quiser._ela alertou, provocativa.

Sam e Dean se entreolharam, furiosos com a situação. O problema é que ninguém sabia como matar uma esfinge. Até onde Sam sabia, a pessoa só conseguia livrar-se de uma delas quando as surpreendesse com uma charada para a qual elas não tivessem uma resposta.

_Ok, então. Sam vai descer._Dean saiu da estrada e parou o carro abruptamente, levantando poeira na noite ainda quente.

_Dean!

_A puta que o pariu que eu vou dar o Impala._Dean tinha entrado num dos seus surtos de teimosia burra. Como Sam não queria sair do carro, Dean ameaçou empurrá-lo.

Sam entendeu a jogada e agarrou o irmão, ambos saíram rolando do carro, fingindo uma briga. Mas pararam ao ouvir os aplausos solitários da esfinge.

_Bravo, rapazes, Bravo. Dean desiste do Impala, então. Mas é como eu disse, meninos; eu não posso evitar... Não tem problema, para mim. Podemos ir a pé, Dean. Vai ser bom relembrar os velhos tempos.

Emburrados, os irmãos se levantaram, batendo a poeira das roupas.

_Dean, eu não vou te deixar.

Dean nem respondeu nada. Estava tão furioso que não tinha vontade de falar. Jess Walker chegou perto dele, e falou algo em seu ouvido. Sam não conseguiu captar nada, além dos olhos do irmão se estreitarem, escuros de raiva.

_Ok, ok, sua vadia._ele falou, enfim, num tom baixo e perigoso._Como é que se joga com uma esfinge, afinal?

Ela abriu um sorriso felino, entrou no carro._Sam, você pode dirigir o carro, por favor? Não quero que o Dean tenha a menor distração. E Dean, não se preocupe. Vou te dar a oportunidade de escolher o tema dos enigmas. Eu faço um, você faz outro, o primeiro a perder está fora.

_Vale qualquer coisa?

_Não vale perguntas sobre pontinhos, desculpe.

Sam suspirou aliviado. Dean era mesmo péssimo nestas.

Somente depois que o Impala voltou para a estrada, foi que Dean resmungou:

-Ok. Aqui vai a porra de um enigma:

Theres a lady whos sure
All that glitters is gold
And shes buying a stairway to heaven.
When she gets there she knows
If the stores are all closed
With a word she can get what she came for.
Ooh, ooh, and shes buying a stairway to heaven.

Theres a sign on the wall
But she wants to be sure
cause you know sometimes words have two meanings.
In a tree by the brook
Theres a songbird who sings,
Sometimes all of our thoughts are misgiven.
Ooh, it makes me wonder,
Ooh, it makes me wonder.

Theres a feeling I get
When I look to the west,
And my spirit is crying for leaving.
In my thoughts I have seen
Rings of smoke through the trees,
And the voices of those who standing looking.
Ooh, it makes me wonder,
Ooh, it really makes me wonder.

And its whispered that soon
If we all call the tune
Then the piper will lead us to reason.
And a new day will dawn
For those who stand long
And the forests will echo with laughter.

If theres a bustle in your hedgerow
Dont be alarmed now,
Its just a spring clean for the may queen.
Yes, there are two paths you can go by
But in the long run
Theres still time to change the road youre on.
And it makes me wonder.

Your head is humming and it wont go
In case you dont know,
The pipers calling you to join him,
Dear lady, can you hear the wind blow,
And did you know
Your stairway lies on the whispering wind.

And as we wind on down the road
Our shadows taller than our soul.
There walks a lady we all know
Who shines white light and wants to show
How evrything still turns to gold.
And if you listen very hard
The tune will come to you at last.
When all are one and one is all
To be a rock and not to roll.

Dean não cantou realmente a música, mas não resistiu em terminá-la com um falsete na última estrofe:
Uhuuu... And shes buying a stairway to heaven.

Quando terminou, ficou encarando a esfinge pelo retrovisor. Mas Sam sabia que ele estava ansioso; o irmão não parava de remexer o anel em seu dedo.

III

A esfinge ficou quieta por alguns minutos, olhando a paisagem noturna, enquanto Sam guiava o carro. Finalmente ela deu um leve sorriso:

-Todo mundo fala que esta letra tem conotações ocultistas, Dean. Que seria sobre o culto a Lúcifer ou Pã. Mas esta não é a questão que você me fez, não é? Mas a resposta correta é que a dama é a fama.

-Filha de uma..._ Dean resmungou; estava certo que ela deixaria escapar a resposta certa, focando-se nos aspectos ocultistas da música.

Ela esfregou as mãos, satisfeita, inclinando-se para a frente:

_Certo, certo, estou na frente! Agora escute, meu amigo, você escolheu o tema, é bom que entenda mesmo disso. Se você não adivinhar meu enigma, Dean...eu vou ter que matá-lo ou...

_Certo, certo, já estamos combinados._Dean a interrompeu, taciturno. Sam tinha o coração acelerado, só torcia com todas as suas forças para que a esfinge entendesse menos metáforas do rock and roll que Dean.

_Minha charada é Hotel California. Sobre o que eu estou falando?

On a dark desert highway, cool wind in my hair
Warm smell of colitas, rising up through the air
Up ahead in the distance, I saw a shimmering light
My head grew heavy and my sight grew dim
I had to stop for the night
There she stood in the doorway;
I heard the mission bell
And I was thinking to myself,
this could be heaven or this could be hell
Then she lit up a candle and she showed me the way
There were voices down the corridor,
I thought I heard them say...

Welcome to the hotel california
Such a lovely place
Such a lovely face
Plenty of room at the hotel california
Any time of year, you can find it here

Her mind is tiffany-twisted, she got the mercedes bends
She got a lot of pretty, pretty boys, that she calls friends
How they dance in the courtyard, sweet summer sweat.
Some dance to remember, some dance to forget

So I called up the captain,
please bring me my wine
He said, we havent had that spirit here since nineteen sixty nine
And still those voices are calling from far away,
Wake you up in the middle of the night
Just to hear them say...

Welcome to the hotel california
Such a lovely place
Such a lovely face
They livin it up at the hotel california
What a nice surprise, bring your alibis

Mirrors on the ceiling,
The pink champagne on ice
And she said we are all just prisoners here, of our own device
And in the masters chambers,
They gathered for the feast
The stab it with their steely knives,
But they just cant kill the beast

Last thing I remember, I was
Running for the door
I had to find the passage back
To the place I was before
relax, said the night man,
We are programmed to receive.
You can checkout any time you like,
But you can never leave!

Dean franziu a testa, e Sam entendeu isto com preocupação. Um silêncio tomou conta do carro. Sam não tinha certeza se já tinha entendido o significado desta letra. Sempre houve polêmica, falavam que o lugar tinha sido mesmo uma igreja conspurcada por satanistas. Fazia sentido. Pensar que era um hotel mal assombrado, como o Overlook Hotel de O Iluminado, era no mínimo óbvio demais. Será que esta era a pegadinha?

Dean disse, repentinamente, um tanto alto demais:_ A morte.

_Está errado, Dean Winchester._a esfinge foi solene, seus olhos cintilando na semi escuridão do carro. Ele se exaltou:

_Claro que estou certo! Não tente trapacear. Eu sei muito bem que não tem nada de sobrenatural nesta música!

_Não, você não está certo. Eu nunca trapaceio, meu caro._ela falou, e antes que qualquer um dos dois pudesse sequer pensar direito, ela tornou-se um pequeno redemoinho de areia, que forçou entrada pela boca e nariz de Dean. Ele tentou lutar, e Sam não pode fazer nada, porque simplesmente não havia como impedir aquilo de acontecer: Dean foi sufocando, tentado tossir e cuspir e impedi-la de entrar, mas em questão de minutos estava arroxeado e sem respirar. Sam percebeu que ainda gritava olhando para o irmão morrer daquela forma atroz, quando percebeu que a esfinge já estava sentada novamente no banco traseiro, olhando para a frente.

Incrivelmente, ainda dirigia, compelido por uma força maior que só podia vir do poder da esfinge sobre o Impala.

Sam olhou Dean novamente, seu irmão jazia inerte numa posição de pavor que seria difícil esquecer.

-Desculpe, Sam Winchester. Agora percebo que você vai sentir muito mais falta dele do que imaginava._ela falou, ao ver as lágrimas de dor, impotência e raiva escorrerem livremente dos olhos rasos de Sam.

_Você não precisava fazer isto.

_Sam, Sam, Sam. Quem respeitaria uma esfinge que não cumpre sua palavra? Agora pode parar o carro. Sua jornada termina aqui.

Sam desacelerou, ainda dominado pelo desespero e sensação de impotência.

-Você tem que revivê-lo.

_E por que eu faria isto?_ela perguntou, surpresa e um pouco debochada.

_Por que você não disse qual era a resposta certa.

-Nunca combinamos que teríamos que revelar a resposta.

_Isto é um truque barato, sua velha má!_Sam gritou, exasperado.

_Não adianta ofender, Sam. _ela baixou o rosto fingindo mágoa._era o combinado e ele perdeu. Foi justo.

-Então... Então me deixe tentar. Devolva o meu irmão._ Sam implorou, num ímpeto de desespero.

_E se você perder? _ela perguntou, curiosa e preocupada.

_Pode me matar também.

_Não gosto de jogar com quem deseja a morte._ela deu de ombros, perdendo o interesse.

_Você tem que me deixar tentar!

Ela ficou em silêncio, Sam continuava na estrada, se querer olhar novamente para o rosto cianótico e meio inchado de Dean. Ele iria tentar e ele iria conseguir, prometeu a si mesmo._Vai ser divertido._ele prometeu.

-Ah, assim é que se fala...!_ela abriu um sorriso, esfregando os cabelos dele como a um menino._Certo, tome o lugar de seu irmão. Responda o enigma do Hotel California. Se você acertar, deixo você lutar por Dean. Até que um de nós erre. As regras então serão as mesmas.

_Mas o que errar terá direito a saber a resposta._ Sam contrapropôs, ousadamente. A esfinge riu, deliciada.

Sam se pôs a pensar. E repentinamente a resposta surgiu em sua cabeça, e era ao simples que ele teve vontade de rir. Só podia ser isto. E se não fosse... Dean estaria perdido para sempre.

_Acho que sei.

_Então fale, Sam Winchester.

-Hotel California na verdade é um hospício.

-Oh, certo, certo! Você é bom!_ela aplaudiu empolgada. Acho que nossa noite vai ser animada, como você prometeu! Agora.

IV

Sam e a esfinge passaram a noite trocando enigmas sobre o velho e bom rock and roll, sempre empatados. Sam podia nunca escolher as músicas, mas prestava atenção nelas. E era bom em decifrar enigmas.

O céu começava a clarear, Sam estava cansado, muito cansado, e tinha acabado de responder qual o enigma de All Along The Watchtower (o comediante é o destino e o ladrão é a morte, disse ele, com os olhos ardendo e a cabeça latejando de cansaço físico e mental), quando pensou que realmente a mente começaria a pregar-lhe peças e ele tinha que encontrar algum modo de surpreender a rainha das charadas com algo que enganasse sua lógica e capacidade de correlação sobrenaturais.

_Certo. Aqui vai a minha: Hair of the Dog, do Nazareth. Conhece?

A esfinge assentiu, e foi ela mesma quem cantarolou a música, conferindo os versos:

Heart breaker, soul shaker
Ive been told about you
Steamroller, midnight stroller
What theyve been saying must be true

Red hot mama
Velvet charmer
Times come to pay your dues

Now youre messin with a
A son of a bitch
Now youre messin with a son of a bitch
Now youre messin with a
A son of a bitch
Now youre messin with a son of a bitch

Talkin jivey, poison ivy
You aint gonna cling to me
Man taker, born faker
I aint so blind I cant see

Pela primeira vez, ele viu a esfinge ligeiramente franzir a sobrancelha. O sorriso foi se contraindo, enquanto ela pensava. E pensava.

-Uma chama?

Ela estava incerta, e mais ainda, surpresa com o fato de não ter certeza da resposta.

Sam parou o carro, virou-se para a esfinge, um sorriso vitorioso nos lábios, com o resto de força que tinha:

_Você errou.

Ela não discutiu. Olhou para o Winchester mais jovem com um misto de desconfiança e admiração. Talvez um pouco de raiva. Mas muito pouca.

_E a resposta?

_Son of a bitch. _ele falou, saboreando as palavras, mas também ficando com o rosto um pouco vermelho. Bem ou mal, a esfinge era uma mulher e ele não se sentia muito bem falando palavrões na frente dela. Mesmo que ela merecesse.

Ela franziu o cenho, mas então entendeu.

-Oras...! "Son of a bitch"! Claro!

E com meio riso de surpresa, a esfinge em um átimo já era um falcão e voou pela janela do carro, tomando o céu cor de pêssego da manhã. Sam riu, aliviado. O irmão tossia.

Epílogo

Dean acordou com o sol da tarde batendo em seu rosto. Sam dirigia, um sorriso feliz meio que paralisado, o olhar perdido.

_O que? Onde estamos? Por que eu estou no banco do carona e você está dirigindo?_Dean sacudiu-se todo, sentindo-se estranhamente empoeirado, passou a mão nos cabelos curtos no sentido nuca-testa, como sempre fazia quando nervoso e sem direção.

_Deve ser porque você não tem a habilidade de dirigir enquanto dorme.

-Você é que pensa._o mais velho retrucou de bom humor, sorrindo. Embora tivesse a impressão de que tinha perdido algo importante. –Onde estamos?

_Algumas milhas depois de Tonopah.

_E você está dirigindo desde quando?_Dean perguntou, ciumento do Impala. Sam olhou de soslaio, preocupado que o irmão tivesse esquecido de tudo, mas ao mesmo tempo feliz. Bem, mais ou menos feliz. Ainda não entendia alguns fatos da última noite. O que a esfinge e o irmão teriam cochichado, era um dos enigmas. O outro era o porquê de a esfinge não queira incluí-lo no jogo. Nem ameaçou matá-lo, caso perdesse, quando aceitou deixá-lo participar. E por último, mas não menos importante, que Dean não soubesse que ele, Sam, tinha lutado e conseguido salvar sua vida. Mas... Bem, deixa para lá, ele pensou. O que importa é que Dean está aqui.

Dean estendeu a mão em direção ao toca fitas, mas a mão de Sam cortou seu caminho.

-Eu dirijo. Eu escolho.

Apertou o play.

Now youre messin with a
A son of a bitch
Now youre messin with a son of a bitch
Now youre messin with a
A son of a bitch
Now youre messin with a son of a bitch

Dean só olhou o irmão de soslaio, sem entender o rosto sério e compenetrado, mas o olhar brilhante de Sam.

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Notas:

Hair of the Dog, nome de um clássico do Nazareth gravado em 1975, pode ser pronunciado como Heir of the Dog (herdeiro do cão) = Son of a bitch (filho de uma cadela). O trocadilho está no nome da música, e a resposta ao enigma é nítida no refrão.

Fora esta notória charada do rock n roll, todas as repostas para os enigmas são apenas suposições que rolam por aí e que eu achei mais interessantes e cabíveis. Não tenho certeza de sua veracidade. Qualquer coisa, perguntem aos autores!

Letra de All Along the Watchtower:

There must be some kind of way out of here
Said the joker to the thief
Theres too much confusion
I cant get no relief
Businessman they drink my wine
Plow men dig my earth
None will level on the line
Nobody of it is worth
Hey hey

No reason to get excited
The thief he kindly spoke
There are many here among us
Who feel that life is but a joke but uh
But you and I weve been through that
And this is not our fate
So let us not talk falsely now
The hours getting late
Hey

Hey

All along the watchtower
Princes kept the view
While all the women came and went
Bare-foot servants to, but huh
Outside in the cold distance
A wild cat did growl
Two riders were approachin
And the wind began to howl
Hey
Oh
All along the watchtower
Hear you sing around the watch
Gotta beware gotta beware I will
Yeah
Ooh baby
All along the watchtower