Crônicas de Hetalia: o ET, o americano e o banheiro


Disclaimer: Axis Powers Hetalia pertence a Hidekaz Himaruya. Isso não significa, no entanto, que não possamos negociar Roderich Edelstein, Wang Yao, Ludwig e/ou Lovino Vargas.


Capítulo 1: (Quase) Tudo que pode acontecer em uma salinha escura na Itália

- Tony~! Tony...? - Alfred fitou a porta à sua frente. Era pequena e a maçaneta parecia que ia cair no chão a qualquer momento.

- Pare de chamar por esse maldito protótipo de alienígena e me ajude aqui! – Arthur reclamou, enquanto equilibrava com dificuldade seis malas (uma do britânico, as outras cinco do norte-americano).

- Mas eu não posso viajar sem o Tony! - Respondeu Alfred com uma voz infantil enquanto fitava Arthur, quase chorando. - Não posso! Não posso! Não posso! E não posso!

- Alfred...- Arthur fechou os olhos e suspirou profundamente. Era hora de recorrer às velhas e infalíveis táticas britânicas de convencimento. - Prometo que, assim que chegarmos à França, eu comprarei um protótipo de alienígena de pelúcia para você.

- Mas eu quero o Tony! - Exclamou Alfred enquanto algumas de suas lágrimas flutuaram por uns instantes até caírem no chão. Logo que elas o fizeram, Alfred virou-se para a pequena porta e anunciou com uma expressão decidida no rosto: - Vou derrubar essa porcaria e resgatar o Tony, hero style!

- Não vai não, mocinho! - Arthur segurou Alfred pela gola da blusa. - As passagens de avião foram caras e eu não te criei assim. - as sobrancelhas do britânico se uniram, de um jeito assustadoramente irônico.

- Mas você ainda não saiu dessa, velhote? - Disse Alfred como se estivesse com pena. - Ah, e você deveria parar de conviver com o Yao.

- VELHOTE? - a voz de Arthur ressoou. - Quem aqui está choramingando feito um italiano desde que saímos do hotel e fomos para o aeroporto por causa de um bichinho de pelúcia? E tenha mais respeito com Yao-san. - ele se recompôs.

- Ei, ei , ei, ei, ei! Mais respeito com o Tony! Ele não teria desaparecido se você não tivesse me obrigado a vir para a Itália!

- O alienígena de pelúcia é sua responsabilidade, não minha! - ele cruzou os braços, deixando as malas caírem ordenadamente no chão. - Vir para Itália não era uma opção, mas sim uma obrigação! E obrigações devem ser cumpridas!

- Era a sua obrigação cuidar das malas. Você perdeu uma. E agora derrubou todo o resto. E você sabe muito bem que era sua obrigação cuidar do Tony quando eu saísse. Eu saí. Você perdeu o Tony. Agora me deixe procurá-lo! - E novamente Alfred virou-se para encarar a porta.

- Em primeiro lugar, a mala que eu perdi era minha, logo, você não tem do que reclamar. - Arthur falou, em meio a um muxoxo. - E desde quando eu tinha que vigiar o alienígena? - ele se virou para encarar a porta também.

- Desde que eu disse que ia comprar um hambúrguer.

- Alfred, eu entendo que não é do seu feitio se concentrar ou se importar com uma ocasião calamitosa que não envolva o fechamento do McDonalds, mas caso não tenha percebido ainda, essa é uma dessas situações! Então, pare de se preocupar com esse alienígena que já deve estar bem contente em sua casinha em Marte e me ajude a abrir a porta.

- Eles vão fechar o McDonalds? - Perguntou Alfred com a voz esganiçada e uma expressão de dor profunda. Era óbvio que não estava prestando a mínima atenção no que um britânico sem aliens queria dizer naquele momento.

- Eu não sou tão mau assim, sou? - Arthur mirou o teto, inconsolável. - Não posso ter cometido uma maldade tão hedionda para merecer isso...

- Não me diga que já esqueceu daquela vez que roubou o meu sanduíche!

- Era necessário. E eu não considero um cachorro-quente que, ao invés da salsicha, tem incontáveis fatias de bacon boiando em um mar de maionese light, como um sanduíche.

- Era do MacDonalds. Eles chamavam de sanduíche. Logo, I believe!

- Então, se o McDonalds dissesse que eu sou Francis Bonnefoy, você acreditaria? - Arthur tentou falar controlando a indignação na voz.

- Depois que você convidou o Ivan pro G8, eu não duvido mais de nada. - E voltou a encarar a porta.

- Alianças são necessárias hoje, Alfred. Não estamos em condições de escolhê-las do jeito que gostaríamos... - um calafrio percorreu o corpo de Arthur. - De qualquer forma, o que você faria se alguém consideravelmente maior do que você te ameaçasse com um cano enferrujado de meio metro?

- Correria, ora bolas.

- Eu tentei correr...mas ele tem pernas compridas...! - ele se encolheu levemente, a memória atormentando-o.

Um leve tremor tomou conta do corpo de Alfred, que deu um passo em direção à porta de madeira. A última coisa na qual queria pensar era a possibilidade de...

- O que estão fazendo? - Perguntou uma voz doce e inocente. Arthur e Alfred viraram-se lentamente, coração a mil.

- Eu sabia que devia ter obedecido aos conselhos dos unicórnios e ter ficado em Londres...! - Arthur murmurou, a voz fraca, os olhar fixo na figura parada diante da porta de maçaneta precária.

- Ah... - A pessoa dirigiu-se até as malas que estavam atiradas no chão e as levantou com extrema facilidade. - A reunião já vai começar. - Disse com um sorriso inocente no rosto.

- Meu último pacote de chá para a viagem inteira...! - Arthur disse, apontando para as malas, as mãos tremendo de leve.

- Quer que eu te entregue?

Os finos lábios de Arthur ficaram entreabertos por alguns segundos, até ele conseguir balançar a cabeça de forma negativa e encarar o teto novamente, rezando por sua alma.

- Ah, pensei que quisesse. - Pois neste ponto muitos já devem ter notado que a inocente e doce figura era Ivan e que a sua barra de irritação estava começando a se encher. Para sorte dos aterrorizados britânico e americano, a barrinha estava preguiçosa naquela tarde.

- Não vou querer mais nada que venha dessas malas...- o britânico falou baixo o suficiente para que o russo não o ouvisse.

Ivan apenas encarou-o com uma expressão que perguntava se ele havia dito alguma coisa. Alfred, que já havia escapado para o outro lado da porta há alguns minutos, agora espiava enquanto usava o pequeno projeto de porta como escudo contra um perigo ainda inexistente. Arthur, erguendo a cabeça e tentando não tremer, entrou naquela sala pequena, mal-iluminada e com um estranho cheiro de tomates no que Ivan pudesse seguí-lo, Alfred fechou a porta e a trancou por dentro com uma chave que estava ali.

- Eu juro que depois dessa passo a acreditar na existência de Deus ExMachina. - Disse Alfred, olhando para o céu... Ou pelo menos tentando olhar para ele. Não apenas estava em um ambiente fechado, mas em um ambiente fechado e escuro. Estava preso numa sala escura com Arthur. E do lado de fora estava Ivan, os impedindo de sair. - E também juro que passarei a acreditar em dias ruins. Dias PÉSSIMOS.

- E eu juro que se conseguir te sufocar aqui e agora consigo fugir do Ivan! - Arthur avançou, arregaçando as mangas do uniforme militar e tirando uma varinha de condão dourada do bolso traseiro da calça.

- Socorro, estou trancado com um maluco! Tony, me salve!

- Controle-se! - Arthur berrou, sacudindo a varinha ameaçadoramente contra os óculos de Alfred.

- Não me mate! - Gritou o americano, sentindo-se em uma espécie de filme de terror... Americano.

- Sabe, vocês non ser os únicos trancados aqui. - uma voz falou, seguida de uma risadinha abafada.

- Ahh! Quem vai aparecer agora? O Feliciano?

- Verde, bianco, rosso de tricolore... - Cantava uma voz conhecida em algum lugar da sala escura. Julgando pelo barulho, Feliciano estava brincando com algum pobre cachorro que também ficou preso na sala. Alfred por pouco não rezou para que ele fosse um bom cãozinho e não mordesse.

- Agora só falta o...

- Itália! Você passou as quatro últimas horas cantando essa música que até eu decorei a letra! Tenha consideração às demais nações e aos meus ouvidos e FIQUE QUIETO! – uma voz mais grave do que às anteriores se manifestou no recinto.

- Mas... Mas... Eu adoro essa música... - Logo que ele terminou de dizê-lo, um latido pode ser ouvido. - Viu? O pom-pom concorda comigo!

- Itália, por favor pare de criar nomes para o meu cachorro... - Alguém disse, timidamente, do outro lado da sala escura.

- Eu ainda estou trancado do lado de fora, hehe... - a voz supostamente doce e inocente de Ivan se fez ouvir do outro lado da porta.

- Não! – Alfred apertou a maçaneta com força, se jogando contra a porta. – Se ele entrar eu me atiro da janela!

- Infelizmente, não temos janelas aqui, Alfred. – o dono do forte sotaque francês disse.

- Eu ouvi você... - Disse Ivan no mesmo tom.

- É isto, é o apocalipse! - Exclamou Alfred, segurando a maçaneta com mais força.

Em menos de um minuto, estalidos secos e metálicos, gritos de horror e latidos foram ouvidos na pequena sala e em um raio de doze quilômetros.


N/A: Hey minna-san! Estamos nos divertindo muito escrevendo essa fanfic, bem mais do que o previsto. Ela realmente nasceu de um mini-challenge, cresceu e virou o que vocês acabaram de ler. Mas não preocupem (?), pois temos mais três capítulos dessa história que narra um suposto encontro "normal" do G8. Aceitamos/precisamos de/adoraríamos críticas, logo, clicar no charmoso botãozinho com o escrito "Go" nos faria imensamente felizes (Nos faria felizes mesmo aru~!). Nos vemos no próximo capítulo, se a Reversal Russa não chegar primeiro, é claro.