Você era meu bebê, minha pequena Elle.
Sim. Desde o dia que eu pisei em Neopia pela primeira vez e acolhi em meus braços uma minúscula Acara, de pelos azulados e patinhas macias ao toque - seu nome fora escolhido ao aleatório, sendo procedido por uma infinidade de números que outras pessoas não pareciam apreciar. Na ignorância dos meus oito anos, eu era simplesmente alheia à origem francesa do seu nome, o pronunciando à maneira do meu país, aplicando a ênfase erroneamente à última letra. Um erro perdoável, convenhamos.
Facilmente impressionável, eu adorava passear por aquele mundinho estranho com você, ganhando neopontos ao me divertir e desembolsando-os quase imediatamente; não ligava se o mágico pechincheiro dissesse que estava fazendo péssimos negócios caso o item me soasse minimamente interessante ou bonitinho, digno da nossa coleção. Nunca lhe deixei se misturar com outros pets esfarrapados na fila do sopão, pois tampouco me importava em comprar-lhe as mais gostosas guloseimas.
Ah, eu ainda me lembro do nosso primeiro drama! Aquele dia em que você adoeceu - NeoVaríola, se não me engano. A farmácia neopiana não dispunha do antídoto que eu precisava, por mais que eu lhe visitasse de instante em instante, louca para que os 15 minutos até o próximo estoque se transcorressem logo. Foi uma tarde inteira assim, com uma frustração ruim se apoderando de mim gradualmente - à noite, eu parecia à beira das lágrimas, o que me rendeu alguns olhares enviesados por parte do meu pai. Não importava - ele jamais entenderia a dimensão do que acontecia!
Foi quando, numa visita ao país das fadas - nosso favorito -, aquela beldade da fonte resolveu ser caridosa conosco. Um simples banho em suas águas e você estava curada, minha neopet sadia pronta para se divertir comigo novamente. Eu fiquei inteiramente grata à fada, não sabendo, ainda, que ela oferecia o tratamento de graça à todos, ricos ou pobres. Tão bondosa quanto sua irmã da sopa.
Foram o que, três anos?, assim. Logo você ganharia seus irmãozinhos - um xweetok, um bruce e uma wocki -, e eles nos acompanhariam durante nossas pequenas expedições, nos ajudando em jogos, visitando lojas, nos arriscando em rodas que iam da emoção ao azar, especulando sobre meepits do mal, torcendo por darigan durante os torneios de yuyuboll e ajudando-nos a construir nossa neocasinha clássica. Não importava o clima do mundo do meu lado da tela, oh, não - sempre seria feliz e ensolarado brincar com vocês.
Eu cresci, e após algum tempo, nós fomos nos distanciando. Vez ou outra, bate a vontade de digitar aquele endereço na barrinha do meu navegador, sorrir ante a interface amarela e familiar, mas eu sei que não será como antes. Não só estou desatualizada demais quanto as novidades do seu universo, como também não disponho da inocência e do interesse de outrora. Mas saiba que os dias que passei contigo ainda estão lívidos em minha memória - você fez parte do meu desenvolvimento tanto quanto eu fui do seu.
E eu sinceramente não sei para onde todo esse texto está indo, mas eu me sinto bem ao escrevê-lo. É claro que eu tenho a consciência de que sou a única aqui a estar, de fato, sentindo alguma coisa - bichinhos virtuais feitos de pixels não tem um coração real, mas ainda assim, seus rostinhos sorridentes e amistosos foram o bastante para despertar alguma afeição em mim, naquela época. E por algum motivo, isso ainda consegue me enternecer nos dias de hoje, à ponto de me fazer expor todos os meus pensamentos aqui.
Para mim, você sempre existiu, querida Elle, e eu espero que você ainda tenha bons momentos em Neopia - um dia, quem sabe, poderei tornar à me juntar à você.
Sei que não é exatamente uma fanfic, mas umas pessoas amorezinhas me incentivaram a postar há algum tempo atrás e é isso aí. Texto do final de 2012 com algumas alterações mínimas.
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