SINOPSE -
A música soava alta, naquela noite. A mulher de cabelos castanhos estava sentada, com um copo de vinho nas mãos, bebericando de vez em quando. Se o adolescente a quem ela olhava a foto estivesse ali, provavelmente falaria com raiva, para que ela parasse de pensar, parasse de beber... mas ela, naquele momento, não conseguia.
Não conseguia não lembrar, não desejar que o pai de seu filho estivesse ali, que a vida não tivesse sido outra... foi quando escutou um barulho característico. Sem pestanejar, ela deixou o copo que tinha nas maos em uma mesinha, pegando sua varinha. De maneira cautelosa, foi até o local que vinha o barulho.
Seu queixo caiu, quando viu o homem a sua frente, que olhava para ela com a mesma expressão da ultima vez que haviam estado juntos.
- Sabe, eu não disse antes... mas essa cor ficou bem em você.
- Veio até na minha casa para me dizer que a tinta que eu uso, ficou bem em mim?
- Não. Vim te dizer que mesmo que você tivesse ficado careca... Estivesse com o peso de um lutador de sumô... tivesse perdido todos os dentes... Mesmo que você tivesse morrido, eu ainda...
ele hesitou. Como dizer a ela... como faze-la realmente acreditar que ele falava a verdade?
- Você tem dois segundos para sumir de vez da minha vida. E dessa vez... vá de verdade para o inferno.
- Eu já estou no inferno sem você, Beatrice...
CAPITULO 1
Inspire. Expire. Inspire. Expire.
A mulher ordenava-se, enquanto caminhava. Os cabelos que já haviam sido loiros, que agora exibiam uma coloração castanha, tinham alguns fios que haviam escapado do rabo de cavalo, grudavam-se em sua testa.
Inspire. Expire. Inspire. Expire.
A quanto tempo ela caminhava ali? Ela nem pensou em olhar para o relógio. Quando estivesse cansada, ela diminuiria o ritmo, então pegaria sua garrafinha de água...
Inspire. Expire. Inspire. Expire.
Uma das melhores coisas que ela achava que a vida tinha a oferecer, era a comida. Ela gostava de comer. Olhando-se no espelho da academia, um meio sorriso orgulhoso surgiu em seu rosto. Após a gravidez, ela havia conseguido algo, que nem mesmo quando adolescente tivera. Ela finalmente, resolveu que era hora de sair do aparelho de ginástica. Pegou a toalha, secando seu suor, ia caminhando até onde iria reabastecer a garrafinha de àgua. Ela tinha um compromisso apenas a noite, não era nem meio-dia.
Para quem olhava de fora, era apenas uma mulher que logo entraria na meia-idade, que mantinha a forma. Do nada, um arrepio desceu pela sua nuca, por toda sua espinha. Ela virou o rosto, procurado a razão, mas não encontrou nada. Ela tinha certeza de duas coisas. Ela não iria ser vencida por um medo infundado, totalmente sem sentindo. Antecipou o alongamento, coisa que fez o Foi até o vestiário, pegou suas coisas e contrariamente a seus habitos, saiu da academia trouxa a qual ia há muito tempo, da forma que estava.
Utilizou o carro para ir até sua casa, então, colocou a banheira enchendo, enquanto tentava fazer uma ligação. Duvidava muito que conseguisse, desistindo quando a banheira estava pronta. Deixou um recado na secretária, indo tomar banho em seguida. Aquele arrepio não lhe saía da cabeça.
Vestiu-se para o jantar, calças e blusa negra, botas escuras, com um salto baixa. Como única peça de cor, tinha em seu pescoço, em um pingente que havia sido um presente, o brasão da casa que estudara.
Maquiou-se discretamente e foi até o restaurante que havia marcado o jantar. Não demorou muito, para encontrar a pessoa que havia, depois de muito tempo, lhe convidado a jantar.
– Beatrice... como vai? - ele estendeu a mao, que ela apertou quase que imediatamente.
– Muito bem.
– Espero que você não esteja de dieta. Segundo me informaram, esse restaurante tem as melhores sobremesas que...
Ela riu discretamente.
– Professor Dumbledore... O dia que eu deixar de comer um doce, vai ser o dia que o mundo vai deixar de existir!
