Disclaimer: Os personagens dessa fanfic são de propriedade de J., e infelizmente não posso levá-los para a cama e dar-lhes o que comer.

Título: King's Cross

Autor: Pagú

Gênero: Romance/Drama

Classificação: NC16

Spoilers: 7

Observação: Essa é uma fic light. Daquelas que você lê para sentir-se bem, logo aproveitem!


King's Cross

I. Prólogo

"Tell us a story I know you're not boring" Reptilia – The Strokes

Eu o conheci em King's Cross, na plataforma 9 ¾. Ao me despedir de meus pais, recusei a ajuda deles para levar meu baú para o vagão.

"Pai, assim você me deixa envergonhada. Eu já sou grande o suficiente para conseguir levantar meu baú."

Meu pai me deu um beijo e se afastou, com a mão na cintura de minha mãe, que usava uma blusa verde, minha favorita. Era muito estranho deixá-los ali e partir para minha nova vida. Sabia que sentiria falta deles, dos vôos de vassoura com meu pai, dos Contos Mágicos que minha mãe ainda lia para eu dormir. Nossa família era muito unida, eu passava quase todos os dias na casa da vovó, enquanto meus pais trabalhavam. Foi com ela que aprendi tudo o que eu sabia até aquele dia, sábia mulher, mesmo para uma trouxa. Divertia-me com meus primos trouxas, eles sempre me acharam muito interessante devido aos meus talentos especiais.

Acenei na direção de meus pais e me virei para enfrentar meu destino. Eu tentava subir com meu baú no trem, porém eu era teimosa e pequena, e o baú pesado. Meu rosto estava escondido atrás dos meus cabelos, estava irritada por ter recusado a ajuda do papai. Bufei, fazendo as mechas voarem para longe do meu rosto. Foi a primeira vez que o vi. Seu nome: Oliver Wood, segundo-anista da Grifinória, ele ria da minha reação e eu sentia meu rosto corar.

"Como uma menina do seu tamanho consegue ter um baú tão pesado?" Ele soltou entre as risadas.

Ele tinha me visto pela janela do trem e decidiu ir me ajudar. Mesmo depois de ter levado a mala até os corredores ele não quis soltá-la. Eu tive um estranho sentimento de curiosidade e irritação. Quando tentei entrar em um dos compartimentos ele soltou mais uma risada e dessa vez fiquei ainda mais irritada. Qual era o problema com ele?

"Eu não entraria aí se fosse você! Aquele é Brian Kutner, ele tem fama por soltar puns muito fedidos!"

Eu sempre convivi com pessoas mais velhas que eu. Meus primos tinham dezesseis anos e eram as mais novas que já tinha conhecido. O comentário de Oliver mais uma vez me deixou curiosa e irritada. Será que todas as pessoas neste lugar seriam tão infantis? Ele me guiou pelo corredor por mais duas portas e então parou. Virou-se para mim com um grande sorriso no rosto e pediu que eu entrasse.

Percebi que todos no compartimento eram da minha idade. Havia três meninos e uma menina. Eu entrei e sentei-me ao lado da menina, ela era magricela com cabelos muito escuros, assim como os olhos que parecidos com os meus estavam curiosos. Dois dos meninos eram idênticos, ruivos, altos e desde que entrei estavam gargalhando. O outro menino era completamente diferente dos dois primeiros, mas achava graça da mesma maneira. E assim foi como conheci meus amigos, Angelina Johnson, Fred e George Weasley e Lee Jordan.

"Vou deixá-la com estes primeiro-anistas para você ir se enturmando." Ele me disse. "Mais tarde eu volto para conversar com vocês!"

Depois de algumas horas conversando já tinha aprendido quase tudo sobre os irmãos Weasley, eles eram meninos completamente transparentes, estavam o tempo inteiro de alto-astral e aprontando alguma coisa. Entendi o olhar fascinado de Lee ao ouvir-lhes falar sobre a bagunça que era a casa deles, já que tinham mais cinco irmãos. Angelina era falante e amigável. Aquele tipo de menina que depois de um tempo eu vim denominar de Margarida. Lee era tão moleque quanto os gêmeos e logo percebi que eles seriam amigos inseparáveis. Quanto a mim, ouvi tudo e nada falei. Angelina fazia perguntas sobre minha família e eu respondia com o menor número de palavras possíveis.

Começava a anoitecer quando Oliver entrou de novo em nosso compartimento. Ele sorriu ao ver que todos estavam conversando. Sentou-se ao meu lado quando começou a responder as perguntas hilárias que os gêmeos faziam sobre Hogwarts. Oliver ria mais do que conseguia explicar. Ele nos contou sobre as divisões das casas e negou que na Sonserina os castigos eram prender os alunos numa sala cheia de ratos. Todos nós queríamos ir para a mesma casa: Grifinória. Oliver contava sobre tudo e eu prestava atenção sem abrir a boca. Ele me olhava curioso, pois não conseguia decifrar o que eu pensava. Foi quando ele começou a falar sobre o campeonato inter-casas de quadribol que meus olhos brilharam e minha timidez foi parar longe. Meu pai vinha de uma família de jogadores e por isso eu sabia tudo sobre o jogo. Quando o assunto era quadribol, eu não conseguia me conter!

"Descobrimos porque Alicia não fala, deve ter voado tanto de vassoura que já secou as cordas vocais!" George zombou.

Acho que tive muita sorte, na verdade, tenho certeza que tive muita sorte. Quando Oliver nos juntou em um compartimento, nunca pensamos que ficaríamos todos na mesma casa. Eu sempre tive dificuldade em fazer amizades, sempre fui muito só, mas gostava disso. Eu tinha um bloqueio na hora que chegava a algum lugar, mas depois de algum tempo, quando me sentia mais confortável, eu mudava completamente. Pessoas que me conhecem depois de eu estar "desbloqueada" não conseguem acreditar na minha timidez. Então, já conhecer alguns colegas de casa deu-me uma enorme vantagem sobre minha parede particular.