Ashford Knowledge Institute – Escola preparatória

Brian Rickson andava pelos corredores da escola com Anu pendurada em seu braço. Por onde quer que fossem, os demais alunos abriam caminho para eles passarem. Eram os deuses daquele lugar e também os veteranos, apesar de que esse último detalhe não era algo exatamente positivo para um lugar como aqueles. No refeitório, um pavilhão separado do restante da escola, encontraram Pietro e Alessia, os ingressantes sob sua tutela com quem almoçavam. No extremo oposto, sentava-se Frank, franzino, com enormes óculos de grau, um lanche simples e um livro de biologia enorme aberto.

O almoço transcorria tranquilamente até um tremor se espalhar pelo local e provocar pânico, alunos corriam para as portas, muitos caíam, pedaços do teto e os lustres desabavam e algumas rachaduras se abriam no chão. Todos conseguiram escapar, menos os cinco citados, para eles, o destino reservara outro fim. O teto perto da porta caiu bloqueando a saída e os cinco ficaram presos tentando fugir, mas um último tremor abriu fendas no chão e eles foram tragados.

Muitos metros abaixo.

Alessia tateava para tentar entender onde havia parado. Al era ingressante no curso preparatório para medicina, era boa em cuidar dos outros e tinha o estômago necessário para cuidar de qualquer caso que aparecesse, mas não era do tipo inteligente, matava-se de estudar e mesmo assim não conseguia decorar tudo o que precisava para passar nos testes. Chegou a uma espécie de câmara parcamente iluminada onde um cachorro estava deitado, ferido e sangrando muito, sem demora começou a cuidar do animal.

Brian estava bastante confuso, andava para todos os lados possíveis tentando encontrar alguma luz. Ele era esportista e só queria saber de ser bom em todos os esportes possíveis, além de bonito, era alto e musculoso, era apenas um de muitos irmãos e não se dava bem com a família além de ser péssimo nos estudos, era um líder nato, apesar de arrogante e mandão. Encontrou uma câmara em que o fogo se alastrava e uma garotinha desmaiada estava em seu centro, sem pensar duas vezes ele pulou no fogo e foi buscar a menina.

Frank seguia o caminho mais provável para a saída. Era assim que o rapaz funcionava, fora criado e educado em casa pelos pais, sempre fora extremamente inteligente e estudava por diversão, queria se formar em biologia, mas para isso ingressou na escola preparatória para poder entender como seriam os testes, como nunca teve contato com outros jovens da mesma idade, ele era isolado e não sabia como falar ou se comportar perto dos colegas. Ele tropeçou e rolou até uma câmara cheia de rochas e plantas que não poderiam estar ali, algumas pedras rolavam e esmagavam o que estivesse pela frente, então ele divisou um cristal, era grande e transparente, delicado e dentro havia algum tipo de inseto, estava para ser esmagado, mas ele correu para proteger o que podia ser um grande achado para a ciência.

Anu não parava de resmungar, havia quebrado uma unha na queda. Típica menina mimada, os pais eram ricos e tudo o que lhe importava era manter as aparências, por isso vivia perto de Brian como se fossem namorados, apesar de nada ter acontecido entre eles, como herdaria a empresa do pai, não se preocupava em estudar e pouco se importava com universidade. Ela chegou a uma câmara onde ventava sem parar, o vento era tão forte que pequenas pedras eram jogadas para todos os lados, no meio, um passarinho caído, com a asa aparentemente quebrada era ameaçado pelas pedras, depois de vacilar um pouco, a garota correu para salvá-lo.

Pietro estava frustrado, escalar o paredão de onde caíra não funcionou. Ele tinha raciocínio rápido, mas nem sempre era o suficiente para chegar onde queria, rapaz bonito, alto e esguio, era atraente e chamava atenção por onde passava e geralmente era seguido por uma corja de admiradoras, queria ser advogado, mas prestar os exames sem estudar não fora uma boa ideia. Desatento, escorregou e caiu sentado de frente a uma câmara alagada, a água subia rápido e ameaçava tampar aquela que era a única saída, do outro lado, um garotinho batalhava contra a correnteza forte que o queria afogar, o rapaz tirou os sapatos e pulou na água para resgatá-lo.

Depois de muito andar, os cinco chegaram ao mesmo tempo a uma câmara gigantesca por caminhos diferentes que se fecharam às suas costas, chamuscados, sujos, encharcados e machucados, cada qual carregava aquilo que salvara. No centro do lugar, cinco pilares de pedra lisa e escura iam do chão ao teto, talhados em um dialeto desconhecido e no meio deles um velho os observava, eles se aproximaram cautelosos, Brian colocou a menina encostada à um dos pilares e tentou falar com o velho.

- Olá? O senhor sabe onde fica a saída?

- Sim, eu sei – o velho respondeu com uma voz retumbante e poderosa que fez os jovens recuarem – Mas isso não lhes será informado até que chegue a hora. Agora, sentem-se.

- Senhor, com todo o respeito, não posso perder tempo aqui, esse animal irá morrer – Al disse alarmada com o pequeno cachorro em seus braços.

- Não há o que temer jovem Alessia, apenas sente-se e me escute.

- Como ele sabe o seu nome, Al? – Pietro perguntou com a voz aguda pelo medo.

- Do mesmo modo que sei o seu jovem Pietro, bem como os dos jovens Brian, Anu e Frank. Vou pedir uma última vez que se sentem para que eu possa explicar o motivo de estarem aqui.

Dessa vez ninguém fez diferente do que foi mandado e escutaram ansiosos e receosos ao que o velho tinha a dizer.

- Muito bem, escutem com atenção meus jovens, pois essa história é muito importante para o futuro do planeta Terra. Muitos guardiões já cuidaram desse planeta com poderes especiais que vieram dos mais variados lugares e tinham diversas fontes, a ciência, os animais, os dinossauros, magia, armas milenares, cristais e a natureza, principalmente. Uma das primeiras civilizações a reinar nessa parte do globo foi a Metria, povo nobre e bom que foi assolado por calamidades que lhes foram jogadas pelo feiticeiro Airon que desejava destruir tudo o que estivesse a sua frente. O rei de Metria era Kessab e ele rogou à natureza por ajuda e dela vieram cinco medalhões, quatro controlavam os elementos e o quinto dava poderes sobre os animais. Dessa forma, cinco guerreiros lutaram contra Airon e o derrotaram, mas era tarde demais para o povo de Metria e mesmo derrotado, o feiticeiro ainda vivia e prometera voltar, assim, os cinco guerreiros criaram uma fortaleza em forma de labirinto e colocaram seu rei para aguardar em segurança pelo retorno de Airon e passar os medalhões para os próximos guardiões. Airon acordou e planeja mais uma vez assolar a humanidade com calamidades. Vocês, meus jovens, foram escolhidos pois tem boa alma e protegeram aqueles que precisavam, mesmo com os riscos que corriam. Eu, rei Kessab, lhes entrego os Medalhões Metrian.

Com um gesto, os cincos pilares começaram a brilhar, os cinco resgatados também brilharam e flutuaram à frente daqueles que os resgataram, os jovens ficaram de pé e assistiram assombrados enquanto as crianças, os animais e o cristal se transformaram em cinco medalhões prateados e voltaram para eles, pousando em suas mãos. Cada sentiu fluir em suas veias o poder que seus medalhões portavam e sem dúvidas, os colocaram. Com outro gesto, o rei abriu uma passagem e voltou a falar.

- Agora que já sabem de seu destino, voltem para o seu lugar, meus jovens e aguardem pelo meu chamado.

- O senhor não vem conosco? – Pietro perguntou.

- Não posso, a fortaleza além de me proteger, também me prende – para provar o que dizia, ele tentou colocar a mão para fora dos pilares, mas foi bloqueado por uma corrente elétrica – Vão, logo terão que lutar, portanto, aproveitem o descanso.

Ainda assombrados pelo o que ouviram e presenciaram cada um partiu pelo caminho que se abriu sem falar qualquer coisa. Era muito para digerir.

- Pois bem, Airon – Kessab disse, sozinho em sua cela - A batalha acaba de ter início e eu já tenho os meus guardiões. Os Power Rangers ressurgem!