Fic: A Flor da noite...

(Fanfiction baseada em Valkyrie Profile...xD...)

Capítulo I: Alfa -o início de tudo-

Midgard -???? a.C-

Ninguém sabe ao certo o ano, mas pessoas contam que tal fato se passou muito tempo antes dos humanos deixarem de acreditar nas crenças mitológicas e pararem de crer na fúria divina. Foi numa época antes do Ragnarök, a lendária batalha do fim dos tempos, onde Odin – rei do Panteão nórdico- perderia sua vida para o lobo do gelo, Fenrir.

Há muitos relatos que mencionam que, durante esta época, havia povos místicos, como elfos; e o temível povo das criaturas da noite, liderado por um rei sábio que possuía um inabalável senso de justiça, que não permitia que ele cometesse atrocidades sem um motivo coerente. Este rei era um vampiro...seu nome era dito com temor , pelos humanos; mas, relatos escritos contam que se trata de Brahms, o rei dos vampiros e senhor de todos os mortos-vivos. Dizem que sua força era tão grande, que podia ser comparada com a de Odin, ou seria até superior à deste.

Porém, o início desta história ocorreu muito antes de Brahms se tornar esta criatura tão poderosa. Tudo isso se iniciou, quando ele ainda era "apenas mais um" entre um mundo de criaturas imortais. Quando ainda era humano, Brahms possuía uma vida normal: tinha uma bela mulher, cuja beleza fazia inveja até mesmo em Freiya, a deusa da Fertilidade e da Criação...seu nome era Cecília. Ambos cresceram juntos e acabaram se apaixonando e se casaram. Muitos dizem que até tiveram filhos, mas que foram exterminados quando os outros humanos pensaram que descobriram que se tratava de uma "cria amaldiçoada".

Cecília, a jovem mulher de longos e cacheados cabelos negros de ébano e olhos azuis como o oceano, temia pela segurança de seu esposo; que havia se tornado um ávido guerreiro por batalhas que lhe satisfizessem a sede por lutas. O casal morava em Dipan, um reino próspero, tanto na parte bélica quanto na que dizia respeito às magias e encantamentos; e o rei deste reino, cujo nome se perdeu nas linhas das histórias, tinha um enorme desejo em expandir seus territórios até as terras desconhecidas , no lado oriental do mundo...Um mundo, diga-se, que , em parte, era governado pela noite e pelas temíveis criaturas que tinham sede de sangue e carne humanos.

Durante uma guerra dessas, o exército de Dipan fora obliterado: ninguém retornou, exceto um corpo despedaçado de um soldado que tinha sido trazido por uma harpia. Foi neste episódio, que Brahms se tornou "apenas mais um". Ao receber a notícia terrível, Cecília caíra em prantos e entrou numa tristeza profunda...Todas as noites, a jovem ia até o túmulo de seu marido; mas , sabia ela que nada ali tinha. Em seu interior, a jovem ainda tinha esperanças que seu marido estivesse vivo e que retornaria para seus braços amorosos e acolhedores de boa esposa.

Puro engano...Certa noite, enquanto ela jogava suas preces ao vento, para serem levadas até Brahms, Cecília fora encurralada por um gigantesco bando de mortos-vivos, liderados por um lacaio da rainha do mal e dos Vampiros, Beliza. A jovem nada podia fazer e acabou sendo levada até as terras proibidas, onde encontraria o seu trágico fim: sucumbir ao eterno sono da morte. Só que a jovem não contava com algo que a esperava lá...era seu então desaparecido esposo!

Quando a jovem foi dada, como um presente para Brahms, Cecília não sabia o que fazer...apenas, uma felicidade incomum abateu seu coração. Talvez, naquele momento, a mulher quisesse acolher seu marido em seus braços e fazê-lo esquecer de tudo pelo que ele passou. Da parte de Brahms, bem... um ódio incontestável inundou o guerreiro, que atacou Beliza e seu lacaio sem nenhum dó, provocando uma destruição considerável no covil onde se encontravam.

Daquele lugar, Brahms saíra, levando em seus braços a sua esposa, feito os heróis de contos de fada. Sob o intenso luar daquela noite, os dois trocaram juras de amor e promessas; porém, foram interrompidos pela voz altiva de Beliza, que os encontrara rapidamente nas profundezas da floresta densa...mais exatamente, numa clareira, onde havia uma árvore cujas flores apenas mostravam sua beleza durante algumas horas na noite,em uma determinada época do ano.

Beliza, a rainha do mal, deu ao casal duas opções: ou Brahms transformaria Cecília em vampira, ou Cecília seria devorada ante aos olhos do guerreiro, pelos outros mortos-vivos. Sob esta condição, Cecília impôs à rainha uma outra opção...ela, Cecília, ter seu fim nas mãos de seu amado marido! Aquilo tomou de surpresa ambos, Brahms e Beliza. Naquele momento, Cecília dissera que a única coisa que a ligava ao mundo dos vivos era um laço forte...seria o amor dela por seu esposo? Ela não disse o que era, mas o vampiro sabia do que se tratava.

A partir daquele momento, Brahms tomou Cecília em seus braços, não abruptamente, mas de uma forma carinhosa...como ele sempre a tratou, em momentos de intimidade matrimonial. Dos olhos da jovem, as lágrimas caíam como gotas de orvalho sobre a relva...ela sentia medo, medo da morte...medo de fazer seu amado sofrer por uma eternidade a escolha que ela, Cecília, fizera. Suas mãos tremiam, seu coração disparou. Momento de desespero. Porém, a jovem mulher ergueu seu olhar assustado e fitou os vermelhos e ávidos olhos de seu marido. Um sorriso cobriu-lhe os lábios e recostou a cabeça, brevemente, ao tórax musculoso de Brahms. Talvez, a jovem quisesse sentir que tudo aquilo não passava de um terrível pesadelo e que, em breve, acordaria...assustada, mas acordaria e seria acolhida pelo carinho e amor de seu marido. O pesadelo era realidade...uma realidade dura, fria e cruel.

- Me promete – dizia ela- que não vai me deixar sofrer?

- Sofrimento é uma coisa que nos faz ver que estamos vivos...uma coisa que não sinto mais. E, por mais que eu queira chorar agora e tomar o seu sofrimento para mim, eu não consigo...Para dizer a verdade, me perdoe se isto sair cruel, é até...divertido.- falava Brahms, enquanto acariciava e sentia a maciez do rosto de Cecília.

- ...- momento de silêncio- Então, é assim...que termina?

- Quero que guarde as minhas palavras, minha Cecília: Destino é algo que podemos traçar, mas que, por mais que tentemos, nunca poderemos fugir dele.

Enquanto dizia essas últimas palavras, o vampiro abaixou seu rosto até a altura do pescoço da jovem Cecília. Encostou seus lábios na tez macia, como se fosse beija-la, e cravou as longas e aguçadas presas; ávidas por sangue humano. Os olhos de Cecília, que eram de um azul brilhante, tornaram-se opacos, como se estivessem sendo enfeitiçados. A jovem ficara imóvel; seu corpo parecia ter sido inundado por uma magia maléfica, porém, não sentia dor. A jovem não sabia o que estava sentindo, aliás, nem sabia SE estava sentindo alguma coisa; sua fala saía amolecida...sentia apenas uma sensação agradável. Seria isto o torpor da morte? Talvez.

A jovem caía num doce, porém mortal êxtase. A pele rósea tornava-se pálida e seu sangue quente, agora, alimentava a sede de seu esposo. Enquanto Cecília entrava num caminho sem retorno, Brahms se deliciava com o sangue dela. Apertava o corpo dela contra o dele; acariciava sobre os panos do vestido, pela última vez, as delicadas e voluptuosas curvas do corpo de sua mulher. Por algumas vezes, durante essa sessão de horrores vampíricos, Brahms tirava suas presas do ferimento que estas causaram e deixava o sangue escorrer um pouco sobre a delicada pele da jovem; para, depois, lamber aquele líquido vermelho e voltar à cena anterior.

Pouco a pouco, os sentidos de Cecília foram desaparecendo; assim como os movimentos de seu corpo. Ficara inerte, enfim...a morte lhe capturou. A última gota de sangue foi bebida e o vampiro cessou o show de horrores. A dor da perda e o desespero abateram o bravo guerreiro, que segurava, em seus braços, o corpo pálido e frio daquela que ele amara; enquanto gritava para a Lua os seus sentimentos. Beliza e outros mortos-vivos assistiram àquela cena. A rainha do mal se divertia.

Sob as flores da noite, Brahms recostou o corpo de Cecília. O rosto da mulher tinha uma expressão serena...a morte não lhe fora cruel e manteve a sua beleza. O vampiro a olhava e, como despedida, a beijou nos lábios. Sabia que não haveria um retorno da parte da dela. Naquele momento, não só o sangue da jovem serviu de alimento ao vampiro, como também a alma da garota ficaria aprisionada a ele.

Brahms tinha medo de que Cecília, contra a vontade dela, se tornasse uma vampira...mesmo com as condições apresentadas. Beliza, ainda assim, se divertia.

- Diga-me, Brahms...- falava, altiva- como se sentiu? Como foi sugar a vida de alguém que você ama? O sangue de uma inocente é bem mais saboroso do que o de um condenado, não é mesmo?

- ...- o silêncio imperava.

- O que foi? Ficou tão maravilhado, que não tem palavras para descrever?

- Devo admitir que, por causa da minha nova natureza, eu me diverti; mas – um ar cruel pairava sobre o guerreiro, enquanto uma energia escarlate emanava de seus poderosos punhos-, o meu lado humano ainda não morreu e sofrerei por ter matado a pessoa que amei. Porém, a morte de Cecília não será em vão, assim como seu sangue...O sangue, a vida de minha esposa me deu novas forças! Posso sentir um poder fora do comum fluindo em meu corpo.

- O quê?!

- Não vou me utilizar de clichês baratos, como dizer que foi o poder do amor. Não foi isso...foi a confiança que Cecília tinha em mim. Ela sabia que eu não a deixaria sofrer.

- O que pretende fazer, agora que tem toda essa força e poder?! – perguntou, com um tom de medo em sua voz, a rainha do mal.

- O que eu pretendo fazer...? O que eu pretendo fazer...boa pergunta. – disse o vampiro, enquanto se virava na direção de Beliza. Os olhos de Brahms brilhavam, como o fogo do Inferno, e seu corpo inteiro, agora, emanava uma potente energia. Parecia um demônio recém saído do fundo do Inferno- Acho que a resposta...você já sabe!

- Maldito!!!! Ousas me desafiar, após a imortalidade que lhe dei!?!? INSOLENTE!!!!

- Vais me desafiar, ó grande vigarista das trevas?! Espero que sim, porque estou louco pra te enviar para Nifleheim.

Uma iminente batalha se iniciou entre os dois. As flores da tal árvore começaram a cair, cobrindo o corpo de Cecília. Não foi uma luta demorada, cujo ponto culminante foi a vitória de Brahms sobre a rainha do mal. Até aquele momento, poucas horas da noite haviam se passado. Muitos mortos-vivos seguiram Beliza até o Inferno; enquanto que outros seguiram piamente Brahms, como seu senhor.

Após isto, o vampiro olhou para a tal árvore e uma das flores caiu em sua direção. Brahms apanhou aquela flor com uma das mãos e ficou olhando-a. Levou-a até Cecília e colocou-a presa a uma das mechas do cabelo negro da jovem morta. Com suas próprias mãos, o vampiro cavou a sepultura da mulher e colocou o corpo inerte dentro da tumba; cobrindo-o com terra, logo em seguida. Não houve lápide ou qualquer outra forma de homenagem à moça, à exceção as flores que caíram em volta da sepultura, como um presente de despedida. Brahms não sabia se a alma de Cecília iria ganhar a paz eterna ou se iria ficar assombrando-o pela eternidade...só sabia que , agora, Cecília não estava mais ali para perguntar-lhe como foi o dia e que coisas interessantes ele fizera; enquanto ela massageava-lhe os ombros, com as delicadas mãos; ou, até mesmo, recebe-lo com beijos amorosos.

- Minha querida esposa...não sei se ganharás a paz eterna, mas eu sei que morarás, para sempre, em meu coração e memória. A sua vida não foi em vão. Seu sangue me deu novas forças e vou ser uma das potências que irá proteger Midgard, mesmo com a burrice e medo ao desconhecido da raça humana. –disse, enquanto colocava uma última flor sobre a fofa terra, recém mexida.

Brahms retornou ao castelo, outrora pertencente a Beliza, e tornou-se, com o tempo, a lenda mais viva existente em Midgard: tornou-se o "Lord of the Undead".

Porém, a jornada de um outro alguém estava apenas começando; em um mundo diferente, onde todos os sentimentos negativos são imperativos...A flor da noite estava apenas entrando em um estado de dormência, até seu pleno florescer. Estava para começar a jornada de Cecília...