Clocks
Por Ferfa.
;disclaimer: Se Harry Potter fosse meu, ele e o Draco estariam atrás de uma moitinha nesse instante, fazendo coisas que até Deus duvida. :D Mas o Niue é da Ferfa, e ninguém pega!
;spoilers: primeiro ao quinto livro.
;shipper: Harry Potter e Draco Malfoy.
;classificação: T
;avisos: pós-Hogwarts, slash e mpreg. Continuação de "We wish...".
;capítulos: 01 a 03
;sinopse: Quando a paz e harmonia finalmente volta para a casa de Harry e Draco, Niue vê uma cena que lhe deixa com uma idéia fixa: ter um irmãozinho. O mais rápido possível.
Notas:
1. E Niue ataca novamente. Desculpem, não resisti. o/
2. É, vocês venceram. Está fic contém mpreg. Weeee! Nada muito grave.
3. Pai continua sendo o Draco, papai continua sendo o Harry.
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Capítulo 01 – O Lado B.
Ele abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi um punhado de cabelo preto. Um sorriso tolo e indigno de uma figura como ele se espalhou por seu rosto. Ele não resistia. Aquilo tudo era tão tolo e indigno!
Estava na cama, mas não se lembrava de como tinha chegado até lá. Vinho, Harry e lembranças de sussurros indecentes eram as únicas coisas que povoavam sua mente.
Ele havia se esquecido de como as reconciliações entre ele e Harry eram ótimas. Ainda mais depois de uma briga um pouco mais séria. Deus, perdera a conta de quanto tinha feito em uma noite. Mas só sentia o cansaço agora. Não que importasse muito.
Com preguiça, levantou-se da cama e caminhou nu até o banheiro. O frio estava desgraçado e apressou-se logo em encher a banheira de água quente. Afundou-se lá e deixou-se relaxar.
Esquecera-se de como era bom ter férias. Fazer nada era simplesmente perfeito, ainda mais se isso envolvesse Harry e Niue. Sorriu tolamente de novo, ao pensar no filho. Tudo culpa dele, afinal. E uma carta estúpida para o Papai Noel.
Nada melhor do que esse desfecho para um Natal aparentemente deprimente.
Ele ainda não conseguia entender como resistira duas semanas longe daqueles braços fortes do moreno, os cabelos perfeitamente desarrumados, os olhos verdes e brilhantes, as pernas bem...
"Draco?".
Seu coração disparou e seus pensamentos foram abruptamente interrompidos. Irritou-se um pouco com isso, mas assim que olhou para porta, em direção da voz que o chamara, sua mente ficou instantaneamente vazia.
Ver Harry Potter nu, às sete da manhã, bagunçando seus próprios cabelos (como se precisasse) era mais do que a visão do paraíso.
Ele mordeu o lábio.
"Bom dia, Potter", disse, tentando soar mal-humorado.
Como se conseguisse.
O ar confuso do outro imediatamente sumiu, dando lugar a um sorriso malicioso. Céus. Se alguém lhe contasse, na sua época de Hogwarts, que o praticamente assexuado Potter daria um sorriso daqueles em algum dia da sua vida, ele morreria por falta de ar, de tanto rir.
"Bom dia, querido", respondeu ele, aproximando-se perigosamente da banheira. Draco não fez nem ao menos esforço para evitar que o moreno entrasse.
A água ficou mais quente do que antes.
"Dormiu bem?", perguntou Harry, beijando o pescoço de Draco.
"Sim...".
"Ótimo. Tenho um ou dois planos para hoje", continuou o moreno, descendo para o peito. Draco soltou um gemido.
Amava os planos do seu amante.
Agarrou seus cabelos bagunçados, agora molhados de água. E lá iam eles de novo. Tinham o que compensar. Duas semanas... Oh, merda. Que grande desperdício!
Harry beijava Draco cada vez mais embaixo, voltando para a boca ocasionalmente. O bastardo sabia que aquilo levava o loiro quase ao delírio. Queria aquele idiota dentro de si o mais rápido possível, mas Harry era um torturador e tanto.
"Sabe que ainda não te dei meu presente de Natal...", comentou Harry, casualmente, descendo mais baixo, chegando nas partes baixas do loiro. "Espero que não seja muito tarde".
"Não!", Draco quase gritou. Queria seu presente. Agora!
O sorriso de Harry provavelmente mostrou-lhe todos os seus dentes, mas antes que ele dissesse qualquer coisa, ou ainda que desse o "presente", ouviram passos no quarto e uma voz vininha e sonolenta chamando:
"Paaaai?".
"Merda!", praguejou Draco, baixinho. (1)
Harry saiu do banheiro com a mesma expressão de desapontamento do outro. Enfiou-se num roupão e jogou outro para Draco, que saía logo atrás dele. Ambos frustrados, foram juntos até o quarto que dividiam, para achar um Niue com expressão perdida sentado na cama.
"Ei, filho", disse Harry, carinhoso, sentando-se ao lado dele.
"Papai!", gritou o menino, feliz. Com seus bracinhos, abraçou fortemente o pescoço de Harry, pulando em volta dele. "Papai, você está aqui!".
"É, parece que sim", retrucou Harry, divertido.
Niue continuou fazendo festa e Draco sorriu de lado. Eram uma família feliz, afinal. A primeira família de verdade que ele tinha. As coisas que mais lhe importavam no mundo.
"Deu certo! Deu certo!", tornou Niue, agora pulando para fora da cama e abraçando as pernas de Draco. "Pai, deu certo! Você e papai estão juntos de novo!".
"O que deu certo?", quis saber Harry, fingindo-se de desentendido e piscando para o loiro. Esse cruzou os braços e revirou os olhos.
"Ah...", Niue soltou as pernas de Draco e balançou levemente o corpo, esperando criar um ar de mistério. "Eu... Eu escrevi para o Papai Noel", ele explicou, num sussurro. Harry teve vontade de rir mas, ao invés disse, arregalou os olhos, como se estivesse surpreso. "Pedi vocês dois comigo de novo. E deu certo!".
Draco suspirou exasperado, enquanto Harry continuava com aquela encenação patética.
"Grande passo, Niue. Agora, vá lá fora por dois minutos enquanto eu e papai nos arrumamos. Talvez possamos sair para esquiar, ou coisa assim. Que tal?".
"Sim!", os olhos do menino brilharam, enquanto ele saía rapidamente do quarto, fechando a porta atrás de si. Ainda dava pulinhos de felicidade. Oh Deus. Aquilo era parte dos genes de Harry, certamente.
Mais um suspiro.
Draco foi até o guarda-roupa, pegando uma roupa qualquer para vestir.
"Não acredito que eu disse para ele que íamos esquiar!", reclamou.
Harry riu, deitando na cama.
"Prometo que vou te ajudar todas as vezes que você cair, Draco".
"Ah, que gentil de sua parte, seu maldito! Agora tome. Se vista logo". Ele estava verdadeiramente mal-humorado. Esquiar não era exatamente sua especialidade, mas Niue adorava.
"Me vestir? Ahn... Eu tenho outros planos", ele se levantou. Abraçou Draco por trás, chegando perto de seu ouvido. "Acho que Niue pode esperar um pouco mais de dois minutos". (2)
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Niue saltitava ao lado de Draco, sua mão firmemente agarrada com a do pai. Usava uns dois mil casacos, gorro e todo o tipo de proteção, mas não parecia se importar. Tudo valia a pena para esquiar, afinal. Ele não parava de falar um minuto.
Harry, um pouco mais distante dos dois, parecia pensativo, chutando a neve com os pés.
Moravam numa área dividida entre trouxas e bruxos, perto de Londres. Era um lugar agradável, cheio de neve. Fazia que, anos após anos, os trouxas montavam uma pista de esqui especial para os turistas e moradores, não muito longe da casa deles.
Fora Harry quem descobrira a pista. Ele nunca havia esquiado antes, mas se saiu bem de primeira. Já Draco... Bom, Draco foi um desastre total. Aquilo havia lhe rendido humilhação por dias.
Mas ele ainda tinha esperanças de melhorar. 'Para ganhar do Potter'.
Era um lugar bem grande e, como era de se esperar, estava lotado. Aqui e ali estava um bruxo conhecido, mas a maioria dos presentes eram trouxas tagarelas. Draco sentiu a cabeça zunir. Maldição. Não deveria ter sugerido aquilo, decididamente.
Niue, ainda pulando, conduziu-o até o caixa, onde alugariam três pares de esqui.
"Quinze libras a hora, senhor. Por pessoa", disse a voz entediada de um velho asmático, sem olhar para Draco nos olhos. "Criança paga metade", concluiu, notando Niue pela primeira vez.
Merda. Odiava lidar com aquele dinheiro trouxa. Tirou do bolso um maço de notas, desejando desesperadamente que Harry aparecesse ali para lhe socorrer, mas parecia que o bastardo havia resolvido parar para conversar com uma bruxa bastante bonita, que ele se lembrava levemente de conhecer.
Sua raiva duplicou.
'Imbecil. Eu não devia ter perdoado esse traste! Argh. Pare de sorrir tanto, seu besta. Pra que sorrir? Maldição'.
"Senhor...?".
"Uma hora, por favor", disse Draco, com sua pior voz arrastada, desviando o olhar de Harry. "Três esquis. Um para criança".
Merlin ajudasse com aquelas notas.
Por intervenção divina, Draco pareceu ter dado a quantia certa de dinheiro. Suspirando aliviado, foi junto com Niue até o lugar onde ficavam os esquis. Um homem corpulento lhes entregou três pares.
Niue imediatamente pegou o seu.
"Posso ir pai? Posso? Posso?".
"Espere seu papai, Niue. Sabe que é perigoso ir sozinho. Eu disse para esperar!", ralhou, quando o menino já calçava os esquis. Niue ficou um pouco cabisbaixo, baixando os olhos verdes para o chão e riscando a neve com um dos pés. "Vou tirá-lo da sua agradável conversa, um instante", acrescentou Draco.
Caminhou rapidamente até Harry e a bruxa desconhecida.
Mediu-a com desprezo.
"Harry, Niue está esperando por você", disse simplesmente, não se dando o trabalho de pedir licença ou desculpa por interromper a conversa. Harry pareceu um pouco confuso, mas concordou e se despediu da bruxa. Sorrindo e lhe dando um beijo na bochecha.
O sangue de Draco ferveu.
"Quem era?", perguntou, assim que ficariam três passos distantes da mulher.
"Norah. Trabalha comigo no Ministério", explicou Harry, um sorriso divertido surgindo no seu rosto de repente.
"Nossa vizinha?".
"Mudou-se faz pouco tempo...".
"Não gostei do tipinho dela", desdenhou Draco, empinando o nariz. Haviam chegado onde Niue estava. Jogou um esqui diante de Harry e calçou o seu próprio.
Harry riu.
"Ciúmes?", sussurrou, perto do ouvido do loiro.
"Eu? Nem em sonhos!".
Ora, claro que sentia ciúmes! Sabia o quanto Harry era gostoso, perfeito, a melhor coisa humana já feita no universo (talvez depois dele próprio, claro). E sabia quantas cabeças viravam-se para olhá-lo passar. Ainda mais cabeças de bruxas bonitonas e solteiras. Hunf!
"Vamos Niue, vamos esquiar e deixar seu pai com seu ciúmes...", riu-se Harry, puxando o garoto animado para a ponta da pista. Antes que Draco pudesse retrucar que aquilo era absurdo, os dois escorregaram rampa à baixo.
Emburrado, ele chegou com cuidado na ponta da pista. Não nascera para aquilo. Com cuidado imenso, foi deslizando vagarosamente pela pista, sem notar as outras pessoas ao redor. Mas isso não evitou que, mais cedo ou mais tarde, ele levasse um belo tombo.
'Sorte que aquele Potter idiota não viu!', pensou, levantando-se e tirando a neve da roupa que o protegia. Um dia ele aprenderia aquilo, é claro. Um dia...
Desistiu no décimo quinto tombo. Estava a ponto de jogar aqueles esquis na cabeça de alguém e, para evitar algum desastre, saiu da pista e sentou-se num baquinho ao lado da entrada, deixando os esquis longe de seu alcance. Correu os olhos pela pista até achar Harry e Niue, subindo e descendo com perfeição.
Sorriu sem nem ao menos perceber.
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"Parece que seu pai já desistiu, Niue", disse Harry, divertido, apontando para um banco lá embaixo, onde se encontrava o loiro, de braços cruzados e expressão de tédio.
"É...", concordou o menino, mas parecia distante. Olhava para o lado sem parar, onde uma mulher dava recomendações sobre esquiar para seus dois filhos pequenos.
"Tudo bem, querido?", perguntou o moreno, carinhoso como sempre, ajoelhando-se ao lado do filho. Estava em seu típico estado de quando quer dizer alguma coisa, mas não sabe como.
"Sim...", ele começou. Ia se calar, mas pareceu mudar de idéia, pois se aproximou de Harry e encostou em seu ouvido. "Papai, aqueles dois ali...", e apontou para os meninos ao lado. "... são irmãos?".
Harry espantou a pergunta. E ainda mais o tom do filho.
"São. Algum problema? Eles fizeram alguma coisa que...".
"Papai", interrompeu Niue. "eu posso ter um irmão?".
Ok, agora Harry estava decididamente em choque. Não esperava por aquilo. Sem saber direito o que dizer, pegou Niue pela mão e foi até um canto mais afastado da pista.
"Você quer um irmão?".
"Quero!", o menino respondeu imediatamente. Seus olhos se iluminaram de repente. "Quero papai. Eu quero um irmão! Agora. Você pode me dar um agora?", ele perguntou.
Harry quase riu da inocência do filho.
Se ele soubesse o quanto fora complicado seu próprio nascimento...
Quando o caso de Harry e Draco evoluiu de "pegação esporádica" para "relacionamento sério", os dois montaram uma casa juntos e passaram a viver como um casal. A questão de filhos foi levantada. Harry sabia que a única hipótese era a adoção, mas Draco falou que havia uma outra saída.
Com uma autorização do Ministério da Magia, que exigia dados complexos e de toda a natureza, poderia ser permitido a compra de uma poção ligeiramente rara. Era cara e difícil de se achar no estoque de algum hospital do mundo, além de levar quase cinco anos para aprontá-la, mas permitia ao homem que a bebesse um período fértil, onde ele poderia engravidar como uma mulher.
Harry tentou achar a poção em todos os cantos do mundo, mas foi Draco que acabou conseguindo-a. Havia usado parte de sua própria herança para comprá-la, e Harry não sabia nem de onde nem de quem. Toda a vez que perguntava, o assunto era devidamente desviado.
O moreno sorriu com a lembrança da gravidez de Draco. Era estranho, quase bizarro. Ver um homem com um barrigão enorme não era algo muito comum. O loiro reclamava de enjôos e dores nas costas. Tudo como tinha que ser.
"Não é tão simples, Niue", ele disse ao garoto, que trazia muita expectativa no olhar. "É um processo complicado, você sabe. E Draco... Bom...".
"Mas papai! Todo mundo tem um irmãozinho! Eu também quero!", retrucou Niue, puxando a veste de Harry com firmeza. Oh Deus. Pegou o filho no colo e lhe sorriu.
"Eu e Draco já cansamos você?", ele disse, em tom de brincadeira.
"Não é a mesma coisa! Vocês são meio bobos. Se agarrando toda hora... Tio Rony disse que era para eu ir me acostumando, mas não sei...".
Harry franziu a testa. "Tio Rony" era decididamente uma má influência.
"Eu quero um irmão", repetiu Niue. "Ou uma irmã", adicionou, pensativo.
Harry suspirou, levando Niue para longe da pista. Tiraram seus esquis e os devolveram. Em seguida, caminharam sem pressa até Draco.
"Ah, finalmente! Pensei que vocês iam...", começou o loiro, irritado.
"Draco", interrompeu o outro, em tom baixo para Niue não ouvir. "Vamos logo para casa, ok? Tenho um assunto meio urgente com você...".
E, sem mais palavras, começaram a andar.
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N/A: olááá de novo :D
É, eu não resisti a uma continuação de "We wish...". Isso é o que dá se apaixonar perdidamente pelo Niue. Eu pensei, pensei no título. Ia ser "We love", mas iria ficar muito tosco, na minha humilde opinião. Foi quando o abençoado Coldplay surgiu na minha mente. Clocks é minha musica preferidas deles, sabe como é. tem um pouco a ver com a fic, eu acho, mas nada muito sério... :D
(1) - huahuahuahuahuahuahuahua. Sim, eu sou má. Sim, eu paro na melhor parte. Sem remorso nenhum. Mas quem sabe um dia eu escreva uma NC-17 completa, porque eu realmente adorei escrever esse trechinho. Pena que teve o Niue para atrapalhar. /sorriso inocente/
(2) – AMO Harry safado. Simplesmente A-M-O!
