Corvo
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D'Éon vagou por uma lembrança que não era sua e sentiu o toque de asas negras no imo de sua alma.
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D'Éon ouviu a voz chamar por Lia no silêncio da noite, e no reflexo do espelho ele viu aquela figura de tez pálida, cabelos louro-escuros, olhos azuis e os lábios curvados num sorriso com um quê de mefistofélico a encará-lo. O mesmo homem que há instantes vira ao vagar pela mente de Lia. Ao seu lado o reflexo de sua amada irmã, com o mesmo traje da cor de sangue envelhecida que vestia quando a vira pela última vez. Estava de cabeça baixa e olhos opacos, e trazia em sua face a apatia e a melancolia muda de uma prisioneira. D'Éon sentiu-se observado pela escuridão.
A mão de D'Éon reagiu velozmente ao terror em seu coração e com sua espada despedaçou o espelho. Apenas para ouvir a mesma voz baixa e atraente às suas costas e encontrar aqueles olhos azuis perscrutando e exigindo sua alma (de Lia). O ar escapou de seus pulmões, e D'Éon sentiu falhar suas forças para repelir a aproximação. Ele se aproximou e estendeu as mãos para tocá-lo (um toque frio que fora correspondido pelas batidas vigorosas de seu coração e a secura em sua boca), e D'Éon fraquejou. O fascínio e o horror se apoderaram do cavaleiro. Um grito estrangulado escapou de sua garganta. E tão repentinamente como surgiu a figura desapareceu. As pernas de D'Éon bambearam e seu coração se descompassou. Lia ainda estava nele, mas aquele homem havia marcado seu espírito. Agora D'Éon também lhe pertencia .
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As mãos de Maximilien se fecharam em torno do ar frio da noite. Mais uma vez Lia estava fora de seu alcance. Meditativo, pensou em como aquilo fora extraordinário; sentiu nas estrelas o chamado de Lia e deparou-se com dois corações batendo em compasso - um espírito tão magnífico quanto o dela. Aquele só podia ser D'Éon de Beaumont; Maximilien teve certeza.
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N/A: Esse fandom é meu. Mwa, ha, ha, ha, ha, ha!
Não queria dar esse nome à fic, mas simplesmente não achei nenhum outro mais remotamente adequado. Foi o que menos me desgostou.
