Quero deixar bem claro que essa história não me pertence, eu adaptei o livro de Michelle Reid, de mesmo nome, aos personagens de Sailor Moon que pertence a Naoko. Espero que gostem.
O lado escuro do desejo.
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RESUMO
Durante dez anos, Serena voltou as costas ao passado, decidindo aceitar a traição de Dare Chiba e começar uma nova vida. Mas agora, nada podia afastá-la do leito de sua mãe; nem sequer para enfrentar Dare de novo... depois de tudo, ele jamais se incomodou em averiguar o que aconteceu a adolescente que fugiu de Thornley, jurando nunca retornar, nem como sobreviveu a garota cujo amor e confiança ele rejeitou com tanta crueldade...
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Capítulo 1
Serena seguia olhando a coluna do jornal estendido na frente dela. Via-se pálida e vulnerável, tanto que parecia que se partiria em dois se alguém a tocasse.
—O que vai fazer? —perguntou Rei com voz rouca. Ainda era de manhã. O trabalho do dia mal começava. Através da porta fechada de seu pequeno escritório, Serena podia ouvir o tradicional barulho de várias máquinas de costura, misturado com a palestra de suas cinco empregadas, discutindo as fofocas cotidianas.
—Não sei —respondeu, sem afastar a vista do jornal onde um anúncio emoldurado a ameaçava, saltando para ela com suas letras escuras que diziam: Pode a senhorita Serena Tsukino, cujo último domicílio conhecido foi na cidade de Thornley, em South Yorkshire, entrar em contato com este número de telefone, o mais rápido possível, já que sua mãe está gravemente doente?
—Não! Não o farei! Não sei como se atrevem a me sugerir isso. Voltou-se de repente, para contemplar pela janela a cinza paisagem invernal, enquanto os gritos agudos da desesperada e assustada adolescente de dezesseis anos ressonavam em seus ouvidos, apesar dos dez anos que transcorreram desde que os emitiu.
Fazia um frio espantoso lá fora, o cruel vento do norte varria a neve, convertendo-a em pó. E uma mulher idosa, lutando por caminhar na rua, carregando sua cesta do supermercado, parecia gelada até os ossos.
Serena permaneceu, com a mente em branco, imóvel, de repente um menino apareceu na esquina pedalando em sua bicicleta, com a cara meio coberta pelo agasalho impermeável. Sorriu por primeira vez desde que Rei deixou o jornal diante dela.
—Serena? Ela é sua mãe —afirmou Rei, ansiosa. —E está doente. Possivelmente tenha pedido para ver-te. Não pode ignorar seu chamado. —O fará, Serena, ou jamais se perdoará por isso...
—Não —murmurou, ausente. —Suponho que não.
—Eu me ofereço para telefonar, se quiser —sugeriu Rei. — Averiguarei quão doente está e se...
—Não —Serena negou com a cabeça e a massa de cabelo castanho escuro se esfregou contra o pescoço de sua jaqueta. Sabia a quem pertencia esse número. Ainda depois de dez longos anos o recordava de cor. Era o número do telefone particular de Thornley Hall. Era o telefone de Dare.
Sua mãe havia lhe dito:
—Dare não te ama, sua estúpida. Só tomou o que você lhe entregou com tão pouca prudência. Como a maioria dos homens, aproveita-se das circunstâncias e você lhe ofereceu isso durante todo este longo verão.
Serena se balançou; a terrível dor que a invadiu dez anos atrás, agora a sacudia com igual crueldade. Não acreditou em sua mãe, como era natural. Pois só tinha dezesseis anos e estava loucamente apaixonada, cegamente apaixonada... e também tinha medo. Devia enfrentar-se à prova que a rasgou para aceitar a evidência. E, a partir desse instante acreditou em cada palavra dura, fria, vergonhosa.
A porta da entrada se fechou e logo se escutou o ruído de uma bicicleta através do estreito corredor; Serena se voltou bem a tempo para ver a cara avermelhada do menino, iluminada por um sorriso, emoldurada pelo gonzo da porta aberta.
—Olá, mamãe! —saudou-a, excitado. —Raios! Já viram o vento que faz? Quase me derruba da bicicleta!
Algo lhe contraiu o coração, o amor inconquistável de uma mãe por seu único filho; sentiu que se esfriava por dentro e um medo, que não experimentou em dez anos, apertou-lhe a essência de sua alma.
—Mamo —lhe anunciou, em voz baixa, — devo sair por uns dias. Importaria-te muito ficar com a Rei e com o Nick até a minha volta?
—Claro que não! —exclamou ele, entrando no quarto e enchendo-o de um sopro de ar fresco. —O tio Nick me levará para pescar se o peço de bom modo —lhe lançou um sorriso confiante a Rei, que encerrava um encanto fatal... um encanto que sua mãe reconheceu com uma dor distinta. Então o menino franziu o cenho ao voltar-se para ela: —Mas, aonde vai? Não vai procurar tecidos, não é verdade? —suspirou: —Pensei que já tinha organizado tudo para esta primavera.
Serena aproveitou essa sugestão, agradecida de que lhe proporcionasse uma desculpa aceitável.
—Sim —enviou a Rei uma mensagem com os olhos. —Sim, é isso. Li que inauguraram uns teares no Yorkshire e Rei acredita que devo investigar.
—Está bem —se encolheu de ombros, incorporando essa informação a sua mente. Durante toda sua infância sua mãe tinha viajado, deixando-o com a tia Rei e o tio Nick para procurar tecidos, a preços mais baratos, para fabricar seus próprios desenhos. E seus tios gostava que os visitasse, posto que não tinham filhos, nem pensavam adotar um bebê.
—Como está de férias —interveio Rei, em tom alegre, — possivelmente poderíamos ir a um McDonald's e ao cinema uma noite, se quiser.
—Perfeito, tia Rei —de um salto se aproximou da tia postiça e a abraçou. —Quando você vai? —perguntou a sua mãe, fazendo-a sorrir ante sua pressa por livrar-se dela.
—Ainda não sei —o sorriso morreu e Serena teve que voltar-se para que ele não visse a melancolia que a invadia. —Mas possivelmente o faça imediatamente... depois de uns telefonemas...
—Céus, olhe a hora que é! —Exclamou Rei de repente. —As empregadas começarão a gritar se não lhes servimos o chá. Vêem Mamo, me ajude —ordenou ao menino; —planejaremos nossas atividades enquanto sua mãe se encarrega das suas...
Serena o observou afastar-se, comendo-lhe com os olhos. Via o Dare, alto e forte, ao lado de Rei, na forma de seu filho, tão parecido a seu pai que se assombrava de amá-lo com loucura, apesar de que desprezava o homem que o gerou.
Sentou-se diante da escrivaninha, inclinando seu rosto pálido como cera, enquanto as lembranças a assaltavam.
—Maldição! —Sussurrou, desesperada. —Não podem me deixar em paz?
Dez anos antes, Serena conheceu o Dare, enquanto tratava de converter-se em uma mulher, deixando atrás à menina selvagem e caprichosa que tinha sido. Só estava com dezesseis anos e já amava tanto a vida que essa ânsia lhe refletia no rosto, quando Dare chegou para procurá-la naquele verão fatal.
Ele voltava da universidade pela última vez, a ponto de ter o diploma no bolso, impaciente por obter o posto que lhe atribuiriam, à frente do conglomerado comercial avaliado em milhões de libras esterlinas que seu pai dirigia com mão de ferro, desde o Harrogate.
Proprietários de terras desde tempos imemoriais, aos Chiba eram considerados a nata da nata na localidade. Entretanto e apesar das diferenças sociais que os separavam, Dare sempre fez parte da vida de Serena. Dare lhe ensinou a montar, introduzindo-a a uma nova e fascinante maneira de tranqüilizar sua natureza inquieta e rebelde, enquanto galopava através do formoso campo do Yorkshire, montada em um dos cavalos que lhe emprestava. Brindou-lhe a liberdade de escapar das restrições de uma mãe repressiva e de um pai a quem lhe importava mais o cultivo de suas rosas, que sua filha. Segundo Dare, nasceu no lugar e o tempo errados, devendo pertencer a uma tribo de ciganos, em lugar de filha de uma dona-de-casa amargurada e um jardineiro retraído.
Dare sempre aparecia quando Serena se metia em problemas. Tirou-a do rio aquela vez em que esteve a ponto de afogar-se e a açoitou com vigor por atrever-se a nadar na correnteza durante os degelos da primavera. Apertou-a contra seu corpo, balançando-a com suavidade quando seu pai morreu de um ataque cardíaco. E também a arrancou, esperneando e gritando, do carro do Drew Furuhata, aquele verão de seus quinze anos em que decidiu que já era hora de que experimentasse o que todas suas amigas da escola sabiam... O que se sentia ao ser beijada por um homem.
—Não basta que lhe considerem ingovernável, agora te propõe que te chamem de indecente? —arreganhou-a, meio puxando-a, meio arrastando-a pelo caminho que conduzia à mansão.
—Só nos beijávamos, Dare —se irritou, mortificada em segredo de que seu amigo a tivesse descoberto nessa situação embaraçosa. —Uma garota tem que aprender alguma vez!
Voltou-se iracundo para ela, já um homem, alto, magro e bonito de morrer. Havia lua cheia nessa noite e brilhava sobre seus cabelos negros, banhando-os de um halo prateado. Mas o que lhe chamou a atenção foi o azul de seus olhos, enquanto a percorriam, condenando-a.
—Te olhe! —ordenou-lhe. —É preciso algo mais que um beijo para te desabotoar a blusa.
Envergonhada, contemplou a imperfeição e comprovou que ele não exagerava.
—Nem sequer usa sutiã! —mofou-se, com desprezo.
—Já ninguém o usa —murmurou, à defensiva, fechando-a blusa com tanta urgência que nem sequer se atreveu a lhe sustentar o olhar.
—Algumas não o usam —a corrigiu e a surpreendeu apanhando-a pela cintura e apertando-a com furor contra seu corpo. —Se queria que lhe dessem umas aulas de amor, Sere, por que não me disse isso? afinal, eu te ensinei quase tudo o que sabe, ou não?
Ainda recordava seu próprio despertar ao Dare, enquanto o contemplava nervosa e captava a irritação que o punha tenso.
—Não, Dare! —protestou apenas, antes que se sumisse em um redemoinho de sensações quando sua boca morna cobriu a dela.
Nada... Nada em sua aventureira vida de quinze anos a preparou para o que aconteceria essa morna noite de lua cheia. Não estava preparada para o beijo, nem para a paixão desconcertante que explodiu entre eles ao sentir suas mãos, cálidas e experientes lhe tocar os seios nus, acariciando-lhe massageando-lhe aproximando-se de uma vida própria que a impactou e a manteve imóvel entre seus braços, saboreando essas novas e excitantes emoções.
Então a afastou, retrocedendo para queimar sua carne com um olhar amargo, enquanto ela se balançava, tão perdida em suas sensações que mal podia respirar.
—Não se aproxime dos rapazes, Sere! —advertiu-lhe, seco. —Está me ouvindo? Não te aproxime desses malditos rapazes! —logo se foi, com pernadas furiosas e, quando ela correu atrás dele, já tinha desaparecido pelas portas do Hall, passando diante a casa do zelador onde ela e sua mãe viviam.
No dia seguinte, retornou à universidade e não voltaram a ver-se em um ano. Mas ao retornar, no verão seguinte, Dare descobriu uma nova Serena: a que se converteu em mulher, emergindo de uma larva de cigana para adquirir uma beleza exótica que o deixou abobalhado.
Encontrou-a perto do rio, sentada sobre uma colcha, absorta na última novela de sexo e crime que se vendia por milhões nas livrarias. Era um dia lindo, quente e úmido e a superfície do rio dançava com o ar morno. Ela usava um short pequeno que deixavam admirar sua pele, já dourada pelo sol.
Não tinha idéia de tempo quanto ele permaneceu de pé, sob a sombra de uma das árvores que rodeava o rio. De repente ela voltou a cabeça e viu seu rosto moreno e suas mãos metidas nos bolsos da calça.
—Olá —a saudou, quase com cautela.
—Olá —replicou, lhe enviando um tímido sorriso.
—Ouvi dizer que tinha voltado para casa —um silêncio estranho se estendeu entre ambos, enquanto se observavam. Depois ele se aproximou, ainda precavido, para sentar-se a seu lado e ler a capa do livro que a garota descartou ao vê-lo.
—Muito vulgar, não acha? —comentou.
—Sim —sorriu, com uma expressão travessa brilhando nas olhos cinzas. Mas algo lhe tirou o fôlego e teve que procurar o que dizer: —A propósito, felicidades —nesse momento recordou que Dare tinha terminado seus estudos universitários. —Acredito que te graduou com honras.
—Agora já posso me considerar um homem —comentou com secura quase cínica. Serena o contemplou com simpatia. Possivelmente lhe custava trabalho maturar sob as restrições que impunham a sua natureza impetuosa; mas ele, como todos os ricos e privilegiados, devia alcançar a altura que seu ambicioso pai determinava.
—Um verão completo em casa... —Suspirou, contente, estirando-se a seu lado, com a cabeça descansando sobre seu braço, enquanto observava a luz do sol filtrar-se por entre os ramos da árvore. —Depois me mandarão para a América por um ano, para que aprenda a administrar uma companhia e não cometa erros na de meu pai.
—Suponho que devemos crescer —replicou Serena e de repente uma suave melancolia obscureceu seus formosos olhos.
—Sim —aceitou Dare, estudando o delicado perfil da jovem. —Embora acredite que você já começou esse processo —com um dedo delineou sua mandíbula. —Te saiu bem durante minha ausência?
—OH, sim —lhe confessou, com olhos lhes picar. —Tão bem como sou capaz, estando muito ocupada para me levar de outro modo desde que minha mãe me arranjou um emprego... ajudar à senhora Lumley três vezes por semana, em sua casa.
—Em sua casa? —Dare se sentou, enquanto sua surpresa se transformava em ira com rapidez. —Não deve trabalhar de faxineira, Serena —advertiu. — Diferente de sua mãe, não nasceu para obedecer a ninguém.
A nota de desdém para a ocupação de sua mãe a fez endireitar as costas, orgulhosa, pronta para defender a sua família.
—Não sou nem melhor nem pior que minha mãe —lhe informou, fria—, e não me envergonha lavar o chão, para ganhar a vida.
—Se tiver que lavar o chão, então preferiria que fosse em Thornley, não com a senhora Lumley.
—Ah, que amável! —sufocou-se, fincando-se para reunir suas coisas antes de sair dali, ao mesmo tempo que a longa cortina de seu cabelo lhe roçava as bochechas. —Em outras palavras, parecer-te-ia bem que lavasse seu chão, mas não o de ninguém mais. Isso é o que se espera da filha de uma criada.
—Não quis te insultar —a atalhou, detendo-a — me referia a... maldição, Sere! —Grunhiu, enquanto ambos se fulminavam com os olhos. —Olivia deve estar fascinada de ter você a sua mercê.
—Não se preocupe com a Olivia. —lhe disse, mas afastou o olhar, pois não podia ocultar que machucava seu orgulho que a mulher a humilhasse.
Olivia tinha dois anos mais que Sere e a mesma posição privilegiada dos Chiba. Entretanto, sempre a enciumou a união especial entre Serena e Dare e agora se vingava da jovem empregada de sua mãe, lhe encomendando as tarefas mais difíceis.
Dare a soltou, mas não tratou de afastar-se de seu lado, perdido em seus próprios pensamentos.
—Ainda não usa sutiã —comentou de repente, fazendo que se ruborizasse e lhe cravasse os olhos no seu rosto.
—Tinha... muito calor —se defendeu, ruborizando-se ainda mais ao ver que ele observava o decote e logo a forma de seus seios que se delineava sob o fino algodão.
—Lindos —murmurou, — muito lindos... —e levantou os olhos para lhe sustentar o olhar. —Nunca pude esquecer a beleza de seus seios, Sere —admitiu, rouco, —desde que os vi à luz da lua.
—Não, Dare...—queria fugir, mas os tremores que corriam sob a superfície de sua pele não o permitiam. Ele lhe tocou um seio erguido e firme, sopesando-o com delicadeza em sua mão, movendo o polegar para atormentar o mamilo, já endurecido. Sentiu que se estremecia, escutou que tomava fôlego e observou que sua suave boca exalava um suspiro, ao contemplá-lo com olhos apaixonados.
—Seios lindos. Linda boca. Tampouco esqueci aquele beijo —murmurou. —E esperei todo um maldito ano para te beijar de novo.
A puxou para que caísse sobre seu corpo e ela se entregou, afundando-se no calor de sua boca, na apaixonada carícia de suas mãos, sob a sombra da árvore e o sol sobre sua pele nua. Ali, Dare rompeu a larva para deixar que a cálida e apaixonada mulher surgisse.
—Estou apaixonado por você, Sere —sussurrou com urgência, quando a garota iniciou uma débil luta para evitar que prosseguisse. —Acredito que sempre te amei.
E ela se afundou na tibieza dessa declaração. Nunca duvidou da honestidade de Dare, jamais pensou que pudesse lhe mentir. Nesse verão foram inseparáveis, roubando momentos de suas ocupações para compartilhá-los, encontrando-se em segredo, alimentando esse novo amor a sós, sem deixar que outros se misturassem. Faziam amor quando podiam... Onde podiam, acoplando-se a tal grau às necessidades do outro, que até um certo sorriso lhes esquentava o sangue das veias.
No final do verão Serena quase morria de tristeza porque ele devia afastar-se para estudar nos Estados Unidos.
—É pelo bem de nós dois —lhe explicou Dare, abraçando-a com força, como se lhe doesse pronunciar essas palavras. —Tenho que provar a meu pai que mereço sua confiança, antes de lhe pedir que me compreenda. E é tão jovem... Mas voltarei, prometo-lhe isso, e nos casaremos. Você e eu, meu amor, contra o mundo —lhe sussurrou, comovido. —Seremos invencíveis.
Ele se foi por um ano e não voltou mais a vê-lo em dez.
Serena emergiu dessa tortuosa viagem ao passado com amargura lhe pesando no coração. Abandonou Yorkshire pouco depois que Dare, com um filho no ventre e os insultos do pai milionário marcados com fogo, em sua alma.
—Ninguém chantageia meu filho para que se case com uma qualquer, jovenzinha. Diz que é o filho é do Dare, mas ele nega. De fato, duvida de sua habilidade para estabelecer a paternidade dessa criatura, posto que se sabe que está disponível para o primeiro que passe —então lhe estendeu um cheque, com o desprezo pintado na cara; um desprezo menor ao que ela sentia por si mesmo. —Se desfaz desse estorvo. Não custa trabalho nestes dias e te dou dinheiro mais que suficiente para que pague o custo. Não quero escândalos em minha família. Meu filho se casará com Olivia, como sempre o dispus e, ou te desfaz do bebê ou você e sua mãe sairão de minha propriedade... e esqueçam de conseguir outro emprego porque me encarregarei de que ninguém mais as empregue por aqui. Quanto a você —continuou com dureza, enquanto ela permanecia de pé, atordoada pelo desdém com que a cobria, —não quero ver-te por aqui. Desaparece de minha vista e da vida de meu filho. Ele não se mistura com mulheres de sua classe.
—Tem que fazer o que o senhor diz, Serena —lhe gritou sua mãe, histérica. —Trabalhei em sua casa durante vinte anos. Sou muito velha para encontrar outro emprego... e tampouco o desejo! Vá, vá e se desfaz do bebê e, pelo amor de Deus, não retorne. Já me envergonhou o bastante... Mais que bastante.
Não retorne...
Serena contemplou o jornal, o ponto onde lhe rogava que atuasse de outra maneira e um sorriso amargo lhe torceu a boca.
Devia ignorar esse pedido... do mesmo jeito que eles ignoraram suas súplicas há dez anos.
Com um desprezo que ia aumentando, levantou o telefone e discou o número de Yorkshire.
