Heroes é uma criação de Tim Kring.

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"As pessoas não sabem a diferença entre memória e memorial. Agora eu vejo o porquê."


Memórias são produtos subjetivos da nossas falhas percepções e julgamentos. Subjetivas porque nunca são uma verdade absoluta - nunca lembramos de uma coisa como ela realmente é.

Eu tentei memorizá-la, do início ao fim.

Comecei pelo pescoço; "é a parte mais fácil", era o que eu pensava. Mas eu não tinha cogitado sobre as mínimas diferenças, como um pescoço poderia ser uma torre de marfim em segundo e uma pilha de rejeição no próximo.

Meus dedos deslizaram sobre a delicada peça de perfeição, sem muitas surpresas. Era tão constante, o primor. Estava em todos os lugares: era delicada, suave e vaporosa. Uma singular criação, de pele alva, de brancura.

Informações são incompletas, e eu só poderia temer a dramática aparência do corpo humano. Nem a minha mente poderia entender uma fração tão complicada como aquela. Perfeita. Para ser entendida, deveria ser decodificada, simplificada, resumida e idealizada. Eu simplifiquei, eu idealizei. Idealismo é o inimigo, aqui. É o oposto da clareza que todo aquele processo deveria trazer.

É claro, se aquele corpo fosse realmente uma fração de perfeição, eu estaria condenado.

Eu tentei as suas mãos, e me pareceu que obtive sucesso. Em um movimento involuntário, aqueles delicados dedos se entrelaçaram aos meus. Eu decorei aquela mão, seus pequenos espasmos, sua cor, textura, os mais imperceptíveis movimentos. As suas mãos nas minhas.

A voz que me chamava.

Os sons eram mais fáceis. A voz que se aproximava de uma risada angelical, às vezes em um tom de repulsa, que às vezes soava gentil e doce. Doce - Como a fragrância de desejo que cheirava o seu corpo. O olfato era a parte mais difícil: Lembrar de seu cheiro sem uma referência era quase impossível. Foi necessária uma prática religiosa, horas ao seu lado, memorizando cada sensação que o seu corpo exalava. Era sublime. E, ironicamente, era eletrizante: Quando sua pele alva fazia contato com as minhas mãos rudes, uma corrente elétrica saltava de seu corpo e corria por toda a minha existência, atingindo até os pontos mais remotos de meu ser. E toda a minha atenção se convergia para os olhos.

Azul.

Os azuis de Elle sempre foram profundos, nobres, marcantes. Como o azul de um céu antes de um dia de tempestade, o azul que determina o fim. Herético. O azul impiedoso que sempre me atormentaria.

Os Cabalistas falam sobre o mundo ativo, onde as coisas podem ser transformadas, e o mundo passivo, onde elas não podem. Nas palavras de Barkeley, o mundo passivo existe como o produto do que é imaginado na mente de Deus. Estendendo a metáfora, o mundo passivo existe na memória de Deus, o que significa que o mundo que vemos não existe mais.

Funcionou. Memórias cuidadosamente construídas substituíram a realidade. Ou talvez a realidade é quem destruiu o idealismo. Mas de qualquer forma eu tinha uma cópia dela, memorizada até o último fio de cabelo, mesmo que não haja uma forma de construir uma perfeita imagem mental de alguém que você ama.


N/A: Os Ministério da Saúde, da Cultura e da Educação advertem: Nunca consumam bebidas alcoólicas antes ou depois de estudar filosofia. O resultado é um texto sem sentido algum, como esse ai, ó.

Ah, e feliz carnaval para vocês. Não acabem com as suas vidas, e tomem cuidado para não iniciarem outras rs #FAIL#

Desculpa, eu tinha que dizer isso. :D Tchau, galera das drogas.

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