UMA LUZ NA ESCURIDÃO

Nota da autora: Olá, pessoal! Há quanto tempo, né? Estou feliz por poder colocar mais uma de minhas "invenções" em prática. Eu sei que tem muita gente curiosa pelo desfecho de Meu filho: orgulho ou desonra?, Fortes emoções e Um mundo totalmente novo, mas creio que não voltarei a escrevê-las. Isso ainda não está confirmado. Pode ser que eu me ilumine e volte a escrever (principalmente a segunda).

À princípio não ia dividir esta fic em capítulos (até para não ocorrer o mesmo problema de fics anteriores), mas a história não poderia ser contada em apenas um capítulo, porque ficaria imenso, e as pessoas não teriam vontade de ler.


Apenas uma última observação:

Há partes verídicas nesta fic! Creio que seja apenas o início, mas, por precaução, colocarei em negrito tais partes.

Fic do tipo: U.A. (Universo Alternativo)

Gênero: drama


Capítulo 1

Mágoas de um passado

Aqueles que pensam que suas vidas são carregadas de dificuldades e sofrimento, podem ter certeza de que não sabem o que essa palavra significa de verdade. Não conhecem seu peso, nem a dor que causa ao ser pronunciada. Não sabem o que é olhar para o passado, para o presente e futuro, sem conseguir enxergar qualquer sinal de felicidade. Pode parecer impossível que alguém consiga sobreviver sob a esmagadora sensação de inferioridade e incapacidade de realizar qualquer sonho. Mas não. Eu vivi todos esses anos sem, ao menos, ver uma luz de esperança. Perdão. Engano-me em afirmar tal coisa. Houve um momento, sim, em minha vida na qual tenha sonhado com um algo melhor. Cheguei a sentir a doce e aconchegante sensação da esperança. Mas foi por pouco tempo...

Costumava ouvir palavras de ânimo, principalmente na escola. Mas eu era uma pessoa envergonhada, tímida, e solitária. Tais palavras não surgiam enfeito em mim, ao contrário do que muitos acreditavam.

"Força, Kagome Higurashi!", eles diziam. Força? De onde? Magricela do jeito que era, quase sem energias para se quer voltar para casa... As lágrimas consumiam minhas energias. E consumiam com vontade; como se fossem uma terra ária, desértica, seca e sem vida, lutando por uma única gota d'água. A primeira que se atrevesse a cair no território, seria rapidamente devorada. E assim eu me sentia. Exausta, com olheiras, sem qualquer esperança de vida.

Milhares de possibilidades de ocorrências devem estar passando pela cabeça de cada um de vocês neste exato momento. Não serei cruel em deixá-los curiosos. Mas afirmo que minha infelicidade deve ser um tanto cansativa para alguns... Respeitarei se quiserem se retirar, mas peço, caso seja esta sua vontade, que o façam agora. A narrativa de minha história será um tanto intrigante para alguns, e acredito que irá prendê-los do início ao fim, como ocorreu com outras pessoas, para as quais relatei a mesma história.

Não tardarei mais.

Poderia começar dizendo sobre minha viagem ao sudeste, mas não foi aí, de fato, onde tudo começou. Vamos voltar no tempo, onze anos antes...


Com sete anos de idade eu era uma garota normal. Pobre, mas normal. Vivia com meus pais no Sul do Japão, em uma casinha simples, mas aconchegante o suficiente para abrigar seis pessoas - meus pais, eu e meus três irmãos. Eu era a caçula da família, uma criança amada por todos. Jamais me esquecerei dos dias em que passava nadando no rio, seis quadras depois da casa de meus pais, perto de uma fábrica de vinagre. Muitas pessoas detestam o cheiro de tal produto, mas, para mim, é um aroma delicioso, que traz à minha memória lembranças dos dias mais felizes de minha infância. Mais felizes e, talvez, únicos.

Renkotsu, o irmão do meio, segundo filho de minha mãe, era também o mais distante. Não que não gostasse de mim, ou que fosse uma pessoa fria, mas não tinha aquele jeito de irmão "super protetor", como os outros. Suikotsu, o mais velho dentre todos, era simpático, sorridente, gostava de uma boa piada... Um irmão realmente presente em meu dia-a-dia. Já Bankotsu... Ah, quantas saudades...! O terceiro filho, meu irmão mais chegado. Aquele que adorava fazer os outros rirem, fazia palhaçadas, era muito mais do que um irmão para mim. Era um verdadeiro amigo.

Até agora, tudo parecia normal, feliz... As dificuldades financeiras estavam presentes em nosso cotidiano, mas nem por isso deixávamos de sorrir. Até aquele dia...


O Sol nascera feliz, radiante, iluminando as ruas e avenidas de minha cidade natal. Acordei cedo. Minhas tias queriam ir a um clube público próximo de casa. Sempre adorei nadar. Piscina, pessoas, crianças jovens como eu... Passar o dia com minhas tias seria um programa super divertido. Animadas, extrovertidas, donas de um ótimo senso de humor, elas sabiam conquistar qualquer um ao redor.

Naquela época, não era "permitido"- uma imposição da sociedade- crianças menores de quinze anos andarem com maquiagem. Nem se quer um batom leve. Eu olhava para as mulheres na rua, talvez próximas à idade de minha mãe, e sonhava com o dia em que poderia andar assim, me vestir daquele jeito. Maquiagem, colares, brincos... Aquilo tudo me fascinava.

Entretanto, naquele dia – não me recordo o porquê- eu estava maquiada. Não exageradamente, mas acredito que tudo fazia parte de uma brincadeira. Eu e uma grande amiga, minha vizinha Sango - consideradas "inseparáveis"- estávamos no meio desta brincadeira. Com ela e minhas tias, fui ao clube próximo de minha casa.

As primeiras horas ali foram as melhores possíveis. Conversávamos com pessoas conhecidas e desconhecidas, fazendo novas amizades. A água estava maravilhosa, na temperatura certa.

Apesar de toda aquela euforia, comecei a me sentir mal. Muito mal. Era um sentimento sufocante, o desespero tomara conta de todas as minhas emoções. Ansiosa, receosa, tomada pela agonia, comecei a chorar. Meu coração estava acelerado, era como se o mundo estivesse acabando. Minhas tias ficaram preocupadíssimas comigo. De tanto desespero, comecei a chamar por minha mãe. Era um desejo incontrolável de vê-la.

"Eu quero a minha mãe! Quero minha mãe!", eu gritava.

O que minhas tias podiam fazer? Não conseguiam entender o motivo de minha aflição e, admito, nem eu mesma sabia! Só não conseguia mais suportar aquele sentimento horrível, aquele aperto em meu interior.

Não agüentando mais o meu escândalo, minhas tias resolveram levar-me de volta à casa de meus pais. Meu rosto estava encharcado de lágrimas, meus olhos continuavam a jorrar gotas e mais gotas carregadas de tristeza.

Chegando à esquina de minha rua, pudemos ver algo que disparou nossos corações: havia um aglomerado de gente em frente à minha casa. Mil coisas começaram a passar por nossas mentes aflitas. Naquele momento, senti a mão de minha tia, que segurava firmemente a minha, tremer. Ela estava tão assustada quanto eu, apesar de não entender o que se passava.

Corremos para ver o que acontecia. Tivemos um pouco de dificuldades para passar no meio de tantas pessoas.

Entramos em casa.

A única coisa de que me recordo firmemente - e que, por sinal, jamais consegui esquecer - era do corpo de minha mãe deitado em sua cama. Antes que eu pudesse entrar em seu quarto para, se quer, entender o que havia acontecido, senti alguém me puxar bruscamente, impedindo que conseguisse ver detalhadamente o que estava no quarto de minha mãe.

Rapidamente, limparam meu rosto de qualquer vestígio de maquiagem e vestiram-me com roupas de luto. Sim, minha mãe estava morta.

Esse episódio de minha vida é um dos mais marcantes. Apesar de ter apenas sete anos, e de ainda não compreender o mundo, eu senti todo o peso e a falta de uma pessoa tão importante numa família: minha mãe. O resto de todo sofrimento que vim a sofrer teve início nesse dia. Um dia que ficou eternamente guardado em minha memória...

A despedida – velório - costumava ser realizada dentro de casa. O corpo de minha mãe foi colocado dentro de um caixão aberto, possibilitando uma última visita àquela pessoa tão carinhosa e atenciosa. Milhares de flores circundavam seu corpo e sua "casinha eterna", onde ali ficaria seu corpo jovem, de trinta e cinco anos. Finalmente as pessoas podem entender o porquê do meu repúdio à cheiro de flores...


Nota da autora: Bem, pessoal... Espero que estejam gostando. Não exatamente "gostando", mas se interessando pela fic. Relembrando: as partes em negrito são verídicas.

Para os mais curiosos, isso aconteceu com minha mãe. Depois de ouvir o relatório dela sobre o dia da morte de sua mãe, resolvi escrever essa fic. Acredito que muitos irão se sensibilizar, e outros acharão interessante a nova trajetória de Kagome Higurashi. Continuarei indicando as partes verídicas.

Não tenho idéia de quando o segundo cap. irá sair, mas avisarei por e-mail, ok? Passarei a responder os reviews igualmente por e-mail.

- método adotado por Kk-chan-

Beijos, pessoal!

No próximo cap. muitas coisas serão contadas e explicadas, ok?

Enviem-me seus comentários, dúvidas e críticas! Todas as reviews serão bem-vindas!

DanyMoon