Disclaimer: Inuyasha e seus personagens não me pertencem. Essa história é uma mera ficção e não pretendo lucrar nada com ela.

AVISOS: essa fanfic pode apresentar conteúdo religioso. Não é uma fanfic religiosa, mas aviso pela menção de "anjos" e "Deus". Algumas pessoas cuja religião é politeísta e/ou não acreditam em anjos podem se sentir ofendidas (ou não?). Estão avisados!

Essa fic eu fiz mais para mim mesma do que para apresentar a vocês. Tentando esvaziar a cabeça, para ver se consigo voltar a escrever O Filho da Lua. É que... sei lá, deu branco o.o parei na metade do caminho do próximo capítulo e não sei como continuar com ele! Hehehe, sorry! E essa fic também serve para eu me acostumar com essa (palavra bem feia aqui) de teclado novo que me arrumaram.

As teclas são muito duras!

Promessa com um Anjo

Prólogo

Acho que todos já acreditaram em alguma coisa que lhe disseram quando eram crianças. Coisas como o Papai Noel, ou o Homem do Saco... ou até mesmo o Bicho-Papão. Mesmo que por um breve espaço de tempo, acreditaram.

Afinal, já foram crianças. E é da natureza das crianças acreditar em tudo que os adultos falam. Bom... deve ser...

No meu caso, ninguém me contou nenhuma história assustadora sobre um homem que anda com um saco cheio de criancinhas. E Papai Noel aparecia todo ano no Shopping. Minha crença de infância...

...foi de um anjo.

Estou falando sério, eu acredito em anjos. E ele está lá no topo da lista, junto do Papai Noel e Coelhinho da Páscoa.

Aconteceu em um dia muito, mas muito estranho. Meu pai não havia voltado para casa naquela semana, minha mãe e avô estavam muito tristes. Ela estava grávida, último trimestre da gravidez. Mas, que eu me lembre, ninguém me falou qual era o problema.

Foi quando me levaram ao cemitério que me explicaram. Bem, vovô explicou, mamãe meio que desabou em lágrimas.

Papai havia morrido, naquela semana, em um acidente de carro. Eles demoraram em me contar porque não sabiam como derrubar essa notícia para mim.

Eu tinha, afinal, seis anos apenas. Não tinha ainda nem perguntado de onde os bebês vinham, imagina como seria pular direto para a aula de para onde eles iam depois de viver?

Mas eu não chorei. Não a princípio. Estava triste, é verdade, mas acho que entrei em estado de choque, ou não tinha processado direito a informação.

Mamãe e vovô saíram para resolver algum problema, me deixando ali mesmo. Eu apenas olhei para o túmulo, sem saber o que fazer. Lembro-me ainda da minha primeira lágrima. Foi o primeiro pensamento coerente que passou pela minha cabeça. Como eu ia cuidar da mamãe?

Para mim, aquele pensamento era o fim do mundo. Não agüentava ver a cara triste da mamãe em situação nenhuma, e saber que não tinha conserto? E foi por isso que chorei.

E chorei muito, que eu me lembre. Chorei até chegar naquele ponto onde você chora e não sabe porque está chorando, então chora porque não consegue lembrar, ou pensa que é por algum motivo bem sério... Chora até soluçar, e a dor no peito é tanta que você só pensa em chorar mais ainda para ver se passa... já aconteceu com vocês? Comigo isso é freqüente...

Foi aí que ele apareceu.

Não teve nenhum tipo de luz especial. Ele não veio direto do céu, descendo em uma nuvem branca, trajando vestes puras e blá blá blá... Bom, pelo menos eu acho. Eu estava ocupada chorando, se já esqueceram.

Ele se fez presente tocando meu ombro. De leve, como se não quisesse me assustar. Levei um susto de qualquer jeito...

Ele não tinha asas, nem auréola. Estava vestido de preto – porque é tradição nos velórios, como disse o vovô – e não com uma túnica branca, como eu teria esperado de um anjo. Seus cabelos eram prateados, e olhos dourados, deixando-o com um rosto angelical. Esse deveria ter sido o primeiro sinal.

"O que aconteceu?" ele perguntou pra mim. Tinha uma voz doce, apesar de ser apenas um menino. Como menina, eu já havia criado esse desgosto natural pelo sexo oposto. Coisa de criança. Mas esse anjo foi diferente.

"Eu não sei o que fazer. Papai foi pro céu, e agora todo mundo tá triste e eu não sei o que fazer pra alegrar a mamãe..." falei entre soluços. Até hoje me admira que ele tenha me entendido naquele dia. "Eu queria pedir pro papai fazer a mamãe sorrir de novo... eu sei que ele não pode voltar, mas pelo menos... arrumar tudo..."

Me lembro como se fosse ontem. Ele ficou pensativo por um tempo, olhando pro céu, pros lados, pra mim. Até que ele abriu um sorriso triunfante. "Sabe escrever? Então, escreve uma carta para ele."

Eu me lembro que eu não tinha papel, e não sabia o endereço de onde meu pai estava. Quero dizer, se fosse simples assim, era só levar a mamãe para ir lá visitá-lo, ela sabia dirigir!

Então, meu anjo de infância apenas sorriu para mim. Ele se ajoelhou, ficando à altura dos meus olhos. Ele devia ser uns poucos anos mais velho do que eu. Ele puxou as mangas e me falou. "Presta bem atenção."

Como em um passe de mágica, ele me mostrou as duas mãos vazias, fez uma volta com elas e: voilá! Fez surgir um lencinho de pano.

Era um lenço comum, devo dizer, mas na época parecia mágico para mim. Afinal, apareceu do nada. Tinha um bordado dourado nas bordas, e as letras IY em um dos cantos. "Você pode escrever aqui o que quiser, e eu prometo que entrego para seu pai."

"Promete mesmo?" perguntei, insegura.

Ele pareceu pensar mais um pouco, mas por fim, abriu um sorriso. "Eu prometo se você sorrir. Eu só vou entregar para ele se você me prometer ser feliz."

Eu me lembro de abrir o maior sorriso que já dei em toda minha vida. Peguei a canetinha que ele me passou (era vermelha, se isso importa) e escrevi uma mensagem para meu pai. Algo sobre ele dar um jeito de fazer a mamãe esquecer dele, para ela ser feliz de novo, e arrumar a família, para todos voltarem ao normal.

Meu anjo pegou o lencinho de pano, dobrou direitinho, e colocou no bolso da calça dele. Ele se levantou, abanou as roupas, e se preparou para sair. Ele viu minha cara triste, ainda toda molhada e inchada com o choro, e disse com uma carranca. "Não se esqueça, ouviu bem? Você prometeu."

Eu sequei meu rosto com a manga suja de terra, e abri um sorriso para ele. "Você entrega mesmo?" ele disse que sim. Foi quando eu perguntei. "Você é um anjo?"

Isso ele não respondeu. Apenas abriu outro sorriso para mim, se virou e saiu correndo.

Foi embora como veio. Sem asas, auréolas, nuvens e efeitos especiais.

Mas ainda acredito que ele tenha sido meu anjo.

Cumpri com a minha parte da promessa, por mais difícil que tenha sido. Cheguei a duvidar, é claro, visto que mamãe continuou deprimida por mais um bom tempo. Mas não desisti.

A confirmação do meu anjo veio cerca de um mês depois. Foi no hospital, vovô tinha levado mamãe para dar a luz ao Souta, e depois ele me levou para conhecer meu irmãozinho.

Deveria ter sido o dia mais miserável da minha vida. Eu deveria ter chorado, esperneado, me sentido excluída da família, substituída pela boneca enrugada que era meu irmão. Mas não.

Meu anjo cumpriu com a parte da promessa dele, pois foi naquele dia...

...que mamãe sorriu.

De verdade. Ela abriu o mais belo sorriso que eu já vi, assim que ela me viu entrar no quarto. Souta estava todo embrulhado numa cobertinha, no colo da mamãe, e ela parecia só ter olhos para nós dois.

Não havia mais nenhum sinal da sombra de meu pai nos olhos dela. Ela nunca mais chorou por ele. Ele nunca mais foi comentado com saudade, ou dor, entre nós.

Tudo voltou ao normal.

E tudo graças ao meu anjo de infância.

Meu Anjo da Guarda.

Continua...

Críticas construtivas, elogios e comentários serão muito agradecidos!