Dialogo (pós The Mistake)
- O que faz aqui?
- Posso entrar?
Antes que ele pudesse barrar a sua visita, foi logo entrando.
-Já entrou.
-Precisamos conversar.
-Não tenho nada pra conversar. Se puder me dar licença estou vendo um jogo.
Ele aponta para o enorme aparelho de televisão.
-Pelo visto já está bêbado.
-Deduziu isso pelas garrafas espalhadas pela casa?
-Não! Pelo seu hálito. Álcool puro.
-Veio aqui pra me dar lição de moral doutora?
-Precisamos conversar. Depois de tudo que aconteceu.
-O que aconteceu doutora?
-A morte do seu pai. O seu erro médico. A suspensão.
-Não preciso conversar com ninguém! (fala quase gritando)
Ela não se afasta. Adentra mais na casa. Encostando-se ao sofá-cama.
-Não foi sua culpa Chase. Todo ser humano está perceptível ao erro.
-Nem liguei para as reclamações dela. Se tivesse por um instante prestado atenção, ela estaria viva.
-Estava abalado pela morte do seu pai.
-Isso não é desculpa. Acho que já falou demais. Melhor ir. Estou ocupado.
Ele vai até a porta e a abre. Fazendo sinal para ela ir.
- Não vou embora. Não vou deixar voltar a beber e se destruir aos poucos! (agora ela que falava quase gritando)
-Ah! Já sei! Veio aqui para repetimos a dose. Não conseguiu ficar longe do meu corpinho! Veio aqui para transarmos!
Ele fecha a porta e vai a sua direção. Retirando a camisa que usava.
-Para com isso. Não tem nada a ver com isso.
-Sei que adorou aquela vez. Veio aqui com essa conversa fiada, porém, seu objetivo é terminamos a noite na minha cama.
-Ah tá! Fizemos sexo, só isso. Não significou nada. E estava muito drogada pra lembrar dos detalhes.
-Os gemidos que produzia. O modo como arranhava minhas costas. Quem está querendo enganar Cameron? As drogas foram só um pretexto. Estava de olho em mim, queria que aquilo acontecesse!
-Acho que o álcool está mexendo com seus neurônios. Você está fantasiando as coisas.
-Fantasiando?
(Ele começa a rir)
-Isso mesmo!
-Se o motivo por ter dormido comigo foi está drogada. O que justifica termos repetido a dose pela manhã?
-Repetimos? Ah tá! Está inventando agora?
-Não estou inventando nada! Vou refrescar sua memória. Pela manhã despertamos, ficamos nos olhando sem nada dizer. Queria muito dizer o quanto fora maravilhoso o momento, porém tive medo da sua reação. Achei melhor ir embora, quando estava sentando na cama pra vestir minhas roupas. Você me puxou e me deu um beijo. Eu retribuí. Muitos outros vieram. E transamos pela segunda vez. Logo depois, adormeceu em meu peito. Fiquei ainda um tempo acariciando seu corpo nu. Depois vesti minhas roupas e voltei para meu apartamento.
-Não lembro.
-Claro. Isso condiz com você. Fingi que esqueceu pra não lidar com as conseqüências.
Ela levanta. E fica encarando-o
-Não vim aqui para discutimos sobre nós. Vim conversar sobre você. Não transforme isso numa DR.
-DR?
-Numa discussão de relação.
-Então está afirmando que temos um relacionamento?
-Trabalhamos juntos. E acabamos ultrapassando os limites de colegas de trabalho no momento que dormimos juntos. É obvio que as coisas entre nós mudaram. Mas, não quero conversar sobre isso agora.
-Então não temos nada pra conversarmos. Melhor ir pra sua casa. E me deixar aqui com minhas bebidas.
-Não vou embora. Por que não se abre comigo?
-Por que não vai encher o saco do seu chefinho querido?
-Não vamos falar no House.
-Achei que fosse seu assunto preferido.
(Ela agora que rir)
-Deixa de criancice.
-Ele deve está furioso pelo Foreman ter assumido o lugar dele. Deve está precisando de você.
-O que está insinuando?
-O que todos sabem. Que dorme com ele. É por causa disso que está na equipe dele.
-Não vai funcionar. Não adianta me ofender. Não vou embora.
-Bem. Falta só dormi com o Foreman. Assim terá passado por toda a equipe de diagnóstico.
-Sabe muito bem que só dormi com uma pessoa daquele hospital.
-Vai embora Cameron!
-Não vou!
-Então fica ai. Sua insistente. Vou pegar outra cerveja.
Ele ia entrando na cozinha quando é impedido.
-Não vai. Vai tomar uma ducha gelada pra curar essa bebedeira.
-Não vou. Quem vai me obrigar? Você?!
-Se quer agir como criança. Vou te tratar como uma.
Ela começa a empurrá-lo até o quarto. Ele tenta lutar. Mas, estava fraco devido à bebedeira, além disso, no fundo no fundo estava gostando da situação. Então se deixa ser levado.
Ela o empurra debaixo de uma ducha bem gelada com roupa e tudo.
-Podia pelo menos ter tirado a minha roupa.
-Não vou tirar a roupa de um marmanjão.
-Isso não te impediu da última vez!
-Lá vem você de novo. Termina o banho sozinho. Vou preparar algo pra você tomar.
Ao sair ela fecha a porta. Ele retira as peças de roupa. E senta-se no piso enquanto a água caia fria e forte sobre seu corpo. A bebedeira já estava passando. E a ressaca chegando. Começa a senti fortes pontadas na cabeça.
Levanta-se.
Fica um tempo olhando-se no espelho. Sentia-se envergonhado pela cena que protagonizou há poucos minutos na frente dela.
Se tê-la já estava difícil e quase impossível. Depois de hoje as coisas deveriam ter piorado.
Não estava se reconhecendo na imagem a sua frente.
Lavou bem o rosto. Vestiu uma roupa e foi ao encontro dela na cozinha.
Um aroma delicioso de café tinha preenchido a cozinha. Encontrava-se cabisbaixo na porta observando-a terminar de preparar a bebida.
-Vejo que achou minha cafeteira.
-Está melhor?
-Sim. Desculpa-me pelas coisas que te falei. Não pretendia te ofender.
-Sei. Não esquente com isso. Não era você ali há poucos minutos atrás.
Ela entrega uma xícara de café.
-Argh!!! Que horrível.
-Está sem açúcar. É melhor assim pra curar a bebedeira.
-Podia pelo menos ter avisado.
-Perderia a graça.
Os dois retornam a sala tomando café. Ela volta a sentar-se no "braço" do sofá cama. Enquanto que ele, em uma cadeira.
-Então vai se abrir comigo?
-Por que insiste nisso?
-Por que me preocupo com você.
-Obrigado. Mas, estou bem.
-Não está. Não minta pra si mesmo. Não vai encontrar a solução na bebida. Está apenas se destruindo aos poucos. O Robert Chase que encontrei quando cheguei não é nem um pouco parecido com o Robert Chase que conheço.
-Sabe. Está parecendo comigo uns anos atrás. Quando repetia esse mesmo discurso pra minha mãe.
-Funcionou?
-Se funcionasse ainda estaria viva. Acho que os filhos tendem a repeti os mesmos erros dos pais.
-Não precisa repetir.
-Há anos que tentei demonstrar ao meu pai que posso ser tão bom médico quanto ele. Travamos uma guerra. Ele veio me ver. E não dei a oportunidade de me contar que estava morrendo. Me tornei tudo aquilo que um dia desprezei.
-Ei! Não é assim. É tão bom médico quanto seu pai foi. E ele sabia disso. Tenho certeza que tinha orgulho de ti. Afinal trabalha pra o House. O House jamais lhe colocaria na equipe se não fosse o melhor no que faz.
-Allison! Você é feliz?
-Como assim?
-Eu já estou com 30 anos, você já está quase lá também. Algum dia já se olhou no espelho e teve a impressão que está sozinha no mundo? Que não tem uma família por perto, um companheiro, filhos?
-Todos os dias quando acordo.
-Temos mais em comum do que imaginei.
-Acho que por isso acabamos nos envolvendo.
-Sinto-me tão só às vezes.
-Ei! Tem a mim. Não vou deixar que se sinta assim de novo.
-E o que rolou entre nós?
-Como minha mãe sempre diz: "Vamos deixar o barco navegar pra ver aonde vai nos levar".
-Então devemos esquecer tudo?
-Não falei em esquecer. Apenas não tocamos mais no assunto. E tentamos começar tudo novamente.
-Está pensando em quê finalmente? Seja mais específica.
-Podíamos voltar a sair como fazíamos. Nos divertíamos tanto. Lembra?
-Claro. Como posso esquecer!
-Então. Sair sem compromisso e ver no que vai dar.
-Adorei a idéia. Fechado então.
-Podemos começar amanhã á noite. Estou de folga no dia seguinte.
-Ótimo. Estou afastado mesmo do trabalho.
-Combinado.
Ele sai da cadeira e pega o copo de café das mãos dela, e põe no chão. A abraça forte.
-Obrigado por ter vindo.
-Pode sempre contar comigo. Acho melhor ir embora agora.
-Não vá. Fica mais. Até pelo menos eu adormecer. Por favor!
-Tudo bem.
-Deita aqui comigo no sofá cama?
Ele já havia deitado. Ela faz o mesmo.
Na televisão um filme antigo dos anos 50 passava.
Ele aproxima o seu corpo do dela. Deitando a cabeça no seu ombro.
Ela não liga.
Ele adormece primeiro. Ela em seguida.
The End
