Capítulo 1: O Ato.
Era o dia do noivado de sua melhor amiga. Lily Evans, e os pais do futuro noivo, James Potter, dariam uma grande festa, com direito a vinhos caros, queijos finos e massas quentes... Imagine então como seria o casamento!
Lyra Bellacqua sorriu para sua imagem no espelho: o vestido vermelho realçava sua pele clara e seu busto bem favorecido, o modelo com saia solta terminava nos joelhos; as sandálias de salto 12 vermelhas lhe alongavam a silhueta e valorizavam as pernas; os cabelos louros ondulados estavam presos num elegante coque, de onde algumas mechas escapavam estrategicamente dando um toque despojado no visual; os olhos azul-mar realçados com delineador preto e a boca vermelha completavam o visual.
--E então Darwin? Como estou?—perguntou ela se virando para o basset hound que a encarava com os olhos caídos, abanando o rabo.
Nesse momento, o táxi buzinou em frente à sua casa. Ela pegou a bolsa sobre a cama, abaixou-se para fazer um afago em Darwin, e saiu para o ar fresco da noite.
Cerca de 30 minutos depois ela adentrava o salão de festas da Mansão Potter, com um sorriso doce nos lábios.
Lily veio recebê-la, sorrindo alegremente.
--Lyra querida! Você está fabulosa!
--Imagine! Você é que está perfeita!—O que não deixava de ser verdade. Lily, uma ruiva de olhos verdes maravilhosa, escolhera para a ocasião um vestido de cetim verde esmeralda que combinava perfeitamente com seus olhos. Para muitas mulheres, um vestido de cetim suave como aquele poderia ser a ruína, mas não para o corpo perfeitamente balanceado de Lily Evans.
--Onde está Marlene?—Perguntou Lyra, referindo-se ao terceiro membro do grupo, Marlene Mckinnon.
--Ela não vai poder vir... o pai dela teve outro AVC.—Falou Lily parecendo chateada.
Lyra fechou os olhos. Era o terceiro AVC do Sr. Mckinnon
--Preciso dar uma ligada pra ela... Ver se ela precisa de algo...
--Pobrezinha -- murmurou Lyra — Ei, olhe, meus sogros estão vindo para cá...
Um casal muito elegante dirigia-se até elas. Lyra pôde reparar que James Potter era a imagem cuspida de seu pai.
--Venha-- murmurou Lily lhe tomando pela mão.—Sr. E Sra. Potter, quero lhes apresentar minha dama de honra... Lyra Bellacqua. Lyra, estes são meus sogros, Anthony e Norah Potter.
Lyra cumprimentou o casal Potter.
--Lily, querida!—Exclamou Norah Potter—você não poderia ter escolhido uma dama de honra mais encantadora!
Lyra corou:
--Obrigada Sra. Potter.
--Ah, Meu Deus!—Fez Lily, e correu equilibrando-se nos saltos altos, até a entrada do salão, onde uma senhora de espantosos olhos verdes empurrava a cadeira de rodas de seu marido: os avós de Lily.
Lyra conversou um pouco com a Sr. Potter que era uma pessoa muito agradável.
--E onde está o seu príncipe encantado, Lyra querida?
Lyra deu um suspiro desanimado.
--Ah, Sra. Potter, Creio que ele não exista! Não há homem que eu ature por mais de alguns meses... Acho que sou uma solteirona inveterada.
--Não diga bobagens, querida! Ouça o que esta velha tola tem a lhe dizer... O homem certo para uma mulher, qualquer mulher, não é aquele que lhe causa arrepios ou a faz se sentir desejada. Não, não, isso é muito singelo, efêmero! O homem certo é aquele que consegue ser ao mesmo tempo melhor amigo e amante. Amante, porque a mulher precisa, sim, se sentir desejada, o corpo anseia pelo contato íntimo. Melhor amigo porque, infelizmente, nem tudo na vida são flores, minha querida. Quando vêm os tempos difíceis, e eles vêm para todos nós, o fogo se apaga. É preciso algo além do desejo para manter o casal unido. É preciso que ele lhe faça rir, te escute e te permita chorar no ombro dele nos momentos difíceis. É realmente difícil achar alguém assim. Muitas vezes eles estão em posições totalmente inusitadas em nossas vidas. Um amigo íntimo, professor, balconista do café que você freqüenta... Ou até mesmo o chefe detestado, como no caso de Lily—ela deu uma risadinha.—mas o fato, é que se você estiver usando a mascara da solteirice inveterada, você não vai conseguir perceber-lo nem que ele dance na sua frente. Veja bem, tenho uma tia que só encontrou o amor da vida dela aos 65 anos, e eles eram vizinhos desde que ela tinha 7.—Ela fez uma pausa e olhou para o marido, que vinha lhe trazendo uma taça de vinho—Acredite em mim, querida, quando a velhice chega, é muito bom ter alguém para lhe aquecer os pés.—Ela lhe deu uma piscadela.—Obrigada, Anthony, querido!—ela tirou a taça das mãos do marido e bebericou o vinho.
--Ah! Finalmente! Sempre atrasado!—falou o Sr. Potter sorrindo para um homem jovem, de pele clara, cabelos negros e olhos cinzentos que cruzava o salão com passadas largas em direção a eles. James, que até então estivera conversando com uma senhora velhíssima, também saiu andando em direção ao grupo. O rapaz de olhos cinzentos abraçou o Sr. Potter com empolgação. Nesse momento, James cumprimentou Lyra, que não prestou muita atenção no que ele lhe dizia... Estava ocupada demais observando o Sr. Olhos Cinzentos, que agora pregava um beijo bem dado na bochecha da Sra. Potter, enquanto ela lhe dizia:
--Querido, Você devia ter feito a barba! É uma ocasião formal, sabe?
Lyra discordou intimamente: ele tinha um ar despojado, com a barba azulando o queixo, os cabelos negros e sem corte caindo sobre os olhos (ah, que olhos!) os jeans escuros de marca propositalmente esfarrapados e o paletó preto jogado por cima de uma camisa grafite, fechando tudo isso, coturnos pretos. Uau.
O desconhecido abraçou James com força, rindo e dizendo coisas como: "finalmente você vai se amarrar hein, cara?".
Quando eles se soltaram, a Sra. Potter puxou o Sr. Olhos Cinzentos pelo braço:
--Filho, você conhece a dama de honra de Lily? Lyra Bellacqua?
Lyra deu seu melhor sorriso, tentando parecer sedutora e confiante, mas sentia-se estranhamente tola fazendo aquilo. O Sr. Olhos Cinzentos tomou a mão dela e beijou, dizendo com a voz rouca:
--Prazer, Sirius Black.
Lyra sorriu, sentindo as bochechas esquentarem e se amaldiçoando por ser tão branca. "Tomara que a maquiagem disfarce" pensou ela.
--Ly—falou James—Sirius é meu irmão por opção e padrinho de casamento.
--Muito prazer, Sr. Black—ela falou, com a voz estrangulada.
--É Sirius—corrigiu ele.
Lily apareceu ao lado de James, dando-lhe um beijinho na bochecha e logo após falou algo no ouvido do noivo.
Os dois se retiraram pedindo desculpas.
A Sra. Potter exclamou:
—Veja Anthony! Os Prewett chegaram! Com Licença, crianças...
Ela saiu com o marido. O clima ficou meio chato. Lyra não encontrava um assunto, e também não conseguia uma desculpa como "Ah, meu Deus, os Finnigan!", se Sirius não fizesse nada, eles ficariam ali a noite inteira parados, olhando para lados opostos.
--Agora que estamos à sós—falou a voz rouca se Sirius em seu ouvido—o que acha de atacarmos aqueles queijos, hã?
Lyra piscou duas vezes. Estava completamente arrepiada. Poderia jurar que ele diria: O que acha de darmos uma rapidinha? Afastou esses pensamentos sórdidos da cabeça e sorriu para ele.
--Claro!—Era um convite bem compreensível. Ela mesma estivera morrendo de vontade de atacar a mesa de frios, e só não o fizera antes por falta de oportunidade.
Sirius ofereceu o braço para ela, que fingiu não ver e apenas caminhou ao seu lado até a grande mesa. Ambos se serviram com generosas quantidades de todos os tipos de queijo e pequenas torradas, na verdade, torradas estúpidas de tão pequenas.
Eles se sentaram numa mesa próxima a uma das grandes janelas do salão. Lá fora via-se um vasto gramado aveludado e mais adiante, um lago, que refletia a lua cheia nas águas calmas.
--Uau!—Comentou Lyra—este lugar parece coisa de filme! Olha essa vista!
--Parece mesmo... Cena de romance—ele sorriu para ela.
Lyra corou, mas nesse momento, o garçom apareceu trazendo uma garrafa de vinho, desviando a atenção de Sirius.
--Pode deixar a garrafa aqui, obrigado.—disse Sirius ao homem, que obedeceu silenciosamente e saiu. O moreno serviu o vinho nas taças dele e de Lyra. Ela tentava ao máximo prestar atenção no vai e vem de convidados e não naqueles hipnotizantes olhos azuis.
--Merlot.—disse ele provando o vinho—safra de 1987.
Lyra voltou o olhar para ele tão depressa que seu pescoço estalou.
--Sério? Como você sabe?
--Ta escrito no rótulo.—respondeu ele com um sorriso displicente.
--Besta!
Os dois riram. Não havia mais gelo entre eles.
--E então Lyra, o que você faz?
--Sou bióloga. Faço mestrado no museu de Historia Natural de Londres.
--Sério? Sobre o que?
--Evolução das aves. Principalmente questões como em que momento os maniraptores se divergiram, surgimento do vôo, penas, endotermia...
--Parece interessante, embora eu não tenha entendido metade do que isso significa—ele deu um sorriso fraco, que o fazia parecer ainda mais sedutor.
--É muito interessante—respondeu Lyra sorrindo—Mas muito trabalhoso. Requer muito estudo em cima de fósseis e revisões bibliográficas. Mês passado fui até Paris visitar o acervo francês. Ano passado visitei alguns museus americanos. Daqui à seis meses planejo uma viagem à um sítio fossilífero chinês muito promissor.
--Você deve ter um bocado de grana!
--Na verdade não! Tenho bolsa do governo para terminar meu mestrado, então é como se fosse um emprego. Eu tenho um salário e se preciso fazer uma "viagem de negócios" eles pagam. E você? O que faz?
--Bem, a vida acadêmica nunca foi para mim. Sou publicitário. E fotógrafo free lance. É bem útil unir as duas coisas.
--Achei que também trabalhasse na Potter soluções tecnológicas.
--Não... não me dou bem com tecnologia.
--Hum... E porque essa história de filho torto?
Sirius abaixou o rosto, parecendo sem graça. Lyra imediatamente se arrependeu de ter perguntado. Quanta sensibilidade a dela!
--Olha... Desculpe, eu...
--Eu e James estudávamos na mesma escola. Só que eu era bolsista porque, obviamente, eu não tinha grana pra pagar um colégio como aquele. Minha mãe era uma velha esnobe e falida. Já havia sido muito rica, mas agora não podia nem pagar as calças que usava. Como ela nunca perdia pose, afundou-se em dívidas. Quando se endividou, pôs-se a beber. Um dia ela me bateu. Meu irmão fugiu para a casa da vizinha, que chamou a polícia. Minha mãe perdeu a guarda e meu irmão, foi morar com a minha avó que, até então, não existia em nossas vidas. Eu quis ficar com os Potter. James era meu melhor amigo, e eu passava a maioria das tardes na casa dele. A Sra. Potter, muito influente, conseguiu autorização da justiça, e a partir daí, me criou como filho.
Ele deu ombros e olhou para o lado
--Sinto muito...
-Não precisa—interrompeu ele um pouco ríspido, virando o resto do vinho. Lyra o imitou, sem saber o que fazer. Sirius serviu mais vinhos nas taças e, por alguns minutos, os dois apenas beberam. Lyra olhou para aqueles olhos cinzentos, que agora estavam distantes, e teve uma brilhante idéia:
--Quer dançar?
--Supostamente, eu que deveria te tirar para dançar. Eu sou o cavalheiro.
--Sinto muito, nunca tive aulas de etiqueta. E aí, quer dançar ou não?
--Claro que quero!
Sirius tomou a mão dela e a guiou até o outro extremo do salão, onde uma banda tocava antigas baladas dos anos 60. Sirius aproximou-se do vocalista e cochichou alguma coisa com ele. Logo que a música que tocava acabou, a banda puxou uma bem mais animada: Twist and Shout.
Lyra dançou com Sirius até que seus pés, enfiados nos saltos 12, implorassem por clemência.
De volta à mesa, vinho vai, vinho vem, brinde aos noivos, whisky importado, vinho, conversas, risadas, flertes...
**
Sirius empurrou-a porta à dentro com a boca colada na dela, batendo a porta ao passar. Continuou empurrando-a, até sentir que as costas de Lyra bateram na parede oposta. Ele prendeu-a entre seus braços e mudou o foco da boca para o pescoço da garota. Ela ofegou. Ele segurou seus cabelos. Ela enlaçou a cintura dele com a perna. Ele puxou-a para mais perto. Ela arranhou as costas dele sob o paletó. Ele ofegou.
Ela o puxou pela gravata até o seu quarto...
**
Palavrinha com a autora: Sim, Sim, o capítulo é curto, maaas... os outros serão maiores, prometo.
Agradecimentos a Luci E. Potter, que mesmo sem saber, me ajudou com a coragem necessária pra postar, e a Giulia Cavalcanti, que me ajudou com o título e betou a fic pra mim ^^
Agora, sabem o botãozinho ali embaixo?
Então, ele é muito gente boa, não morde, cliquem nele nem que seja para dizer: tire esse lixo do ar pelo amor de Deus!
Próximo capítulo: Positivo.
Espero vocês lá.
Beijinhos,
Mandy Brixx
