Cá estou eu, com uma fic... Me desculpem por ficar postando essas inutilidades que eu escrevo e ocupar espaço, mas o site taí pra isso, né. Bem, eu pensei no enredo pra essa fic, e pensei, tá, mas vai ser fic de quê?? Aí pensei, YAY, que tal escrever do meu casal favorito de todos os tempos, pra variar? Espero que gostem. Porque EU não resisto a um San/Mir. Ainda mais que tem tão poucos, comparado ao número de Inu/Kag e Ses/Rin...
Enjoy :DD
- Então, acabou. Viu? Sua filha recebeu as cartas e te perdoou. - Um rapaz alto, de mais ou menos dezessete ou dezoito anos, cabelos negros meio bagunçados e uma expressão paciente por trás dos óculos de grau sussurrava do lado de fora de um arranha-céu numa avenida movimentada em Tóquio. Chovia, e por enquanto aquele era seu único abrigo. Para qualquer um que passasse por ali, ele estava falando para o nada. Mas para seus olhos azul-escuros, de pé ao seu lado, um homem, que já parecia estar beirando os sessenta anos, o ouvia com uma expressão aliviada. O jovem continuou. - Você não tem mais nada a fazer aqui. Pode ir. Siga a luz. – O senhor abriu um sorriso e disse, ainda olhando-o:
- Realmente, devo te agradecer. Eu não falava com minha filha há anos, e era tudo o que eu queria fazer antes de morrer. Obrigado. – ele completou a fala com um aperto de mãos. O rapaz estremeceu. Por mais tempo que permanecesse com aquele "dom", nunca se acostumaria com o toque gelado dos fantasmas. – Agora eu posso descansar em paz... Até mais!
O homem começou a andar na direção da rua. Dava o sétimo passo quando desapareceu. Miroku suspirou e começou a andar rapidamente pela calçada, saindo de seu abrigo da chuva, os tênis chapinhando pelas poças. Missão cumprida. Era melhor aproveitar o tempo livre antes que outro fantasma aparecesse e...
- Você que é o tal do medium?
Ele estava tão distraído que não notou quando uma garota, mais ou menos da idade dele, ainda usando um uniforme de colegial com uma mancha de sangue no peito, aparecera na sua frente. Só a simples presença dela já deixava o ambiente (que já não era nada quente graças à chuva) mais frio – um fantasma. Miroku parou bruscamente, esbarrando em algumas pessoas que andavam por ali. Suspirou e pensou consigo mesmo o quanto aqueles malditos espíritos andavam tomando de seu tempo. Encarou a garota, que, ele notou era até bem bonita, com os cabelos castanho-escuros presos num rabo-de-cavalo e olhos também castanhos contrastando na pele branca. Ela lhe devolveu o olhar, levantando uma sobrancelha:
- Então, é ou não? Porque eu sei que consegue me ver e ouvir.
Ele recomeçou a andar pela calçada, e fez um sinal para que a fantasma o seguisse. Ela andava ao seu lado, quando ele perguntou, em voz baixa:
- Deixe-me adivinhar: você morreu por acidente, mas ainda deixou algo a fazer aqui na terra, e não encontrará a paz se não o fizer e precisa de ajuda. - ela abriu a boca para responder, mas Miroku a interrompeu. – E esse "algo a fazer" era se declarar para o garoto pelo qual você era apaixonada, estou correto?
- A garota o fitou para depois responder, ríspida:
- Na verdade, não. Morri assassinada, não acidentada. Não era apaixonada por ninguém, portanto não havia alguém para eu me declarar. – ela parou e pareceu pensar. – Se bem que eu tenho sim algo a fazer aqui, e preciso da ajuda de alguém vivo. E esse alguém é você, segundo me disseram. – a garota tocou-lhe a ponta do nariz de leve com o dedo. Miroku continuou a andar e respondeu, ainda em voz baixa:
- Ah... Sinto muito pelo seu, ahm, assassinato. E me desculpe por tentar adivinhar a razão de você estar aqui. É porque a maioria das garotas adolescentes, erm, mortas, por assim dizer, que me procuram geralmente querem que eu dê um jeito de o cara que elas gostavam saber disso, então...
- Talvez você ande lendo shoujos demais.
- Eu não leio shoujo.
Os dois desceram a escada para a estação de metrô, ainda em passos rápidos. A fantasma resolveu falar.
- Eu também sinto muito por ter sido assassinada, mas o caso é que eu tenho que provar que...
- Você pode fazer silêncio até eu chegar em casa? Só até lá. Eu não posso ficar sussurrando pra você, que é supostamente invisível, num trem cheio de gente. As pessoas vão notar. Por favor.
Miroku geralmente pedia isso aos fantasmas que o abordavam na rua. Ajudava-o a pensar melhor, e o fazia se sentir mais "normal". Como se a aparição que o seguia fosse apenas um desconhecido esquisito, e não um morto com quem ele tinha de falar e ajudar.
Tirou o passe do metrô do bolso e passou pela roleta. Era horário de pico, então um vagão parava a cada cinco minutos. Entrou, se segurando em uma das barras presas ao teto. Reparou que, quando a fantasma entrou, a maioria das pessoas pareceu estremecer. Em especial a mulher pela qual a garota atravessou.
A viagem durou dez minutos. Logo Miroku estava subindo as escadas do prédio onde morava. Abriu a porta do apartamento e entrou, seguido de perto pela garota. Fechou a porta e tirou os tênis, deixando-os ao lado dela. Tirou também o casaco, encharcado por causa da chuva, e jogou-o no pequeno sofá de dois lugares que ocupava a sala junto com a TV e duas estantes. Ligou o termostato e foi para a cozinha, ainda acompanhado pela fantasma, e pegou um macarrão instantâneo no armário. Colocou-o no microondas e configurou os três minutos. Sentou-se na bancada enquanto esperava e olhou para a garota através dos óculos ainda molhados.
- Posso falar agora? – ela mirou a cozinha – Ou devo esperar você comer?
- "Até eu chegar em casa", eu disse, não foi? Desembucha. – Foi até sala e voltou segurando um caderninho azul bastante usado e uma caneta. – Nome, sobrenome, data e local de nascimento, data e local de morte, como morreu, residência antes de morrer, familiares e amigos próximos, e, por fim, o que você deixou pra fazer aqui. – Sentou-se novamente na bancada, abriu o caderno e pôs a caneta a postos. A fantasma o mirou com os olhos arregalados. Mas logo começou.
- Yamashita Sango, nasci em Tóquio, dia 16 de outubro de 1988, tinha dezessete anos quando morri. Morei até a morte na rua Tomoeda, nº 35, bairro Furinkan. Meu único familiar vivo era meu irmão menor Kohaku, que morava comigo; amigos próximos, Higurashi Kagome e Taishou InuYasha. – Sango observou Miroku tomar as notas no caderno quando parou de falar. Ele terminou de escrever e a olhou de volta.
- Não disse como morreu nem o que veio fazer aqui. – Levantou uma sobrancelha, encarando-a.
- Já lhe disse, morri assassinada. E acho que antes de lhe responder, você deve fazer uma ligação. – Sango indicou o telefone pregado na parede com um gesto da cabeça.
- Para quem?
- Para minha casa. – Miroku suspirou pegou o fone e discou os números que ela lhe ditou. – Pergunte quem está falando, e depois pergunte pelo meu irmão.
- Ok. – estava chamando. Chamou umas cinco vezes antes de uma voz adulta e fria atender.
- Alô?
- Quem está falando? – Um bipe soou na cozinha. O macarrão havia ficado pronto.
- Sakamoto Naraku. Com quem quer falar?
- É... eu, er, gostaria de falar com o irmão mais novo de Sango, Kohaku.
- Ele não está. – Miroku se virou para Sango. Ela lhe disse "pergunte onde ele está" antes de voltar a escutar a conversa.
- Onde eu posso encontrá-lo?
- Kohaku foi preso ontem. Assassinato.
O sangue de Miroku gelou. Desligou o fone e virou-se para a garota.
- Então quer dizer que foi seu irmão que te matou? – sua expressão era de incredulidade – E quem era esse tal Naraku? Para alguém que fica na sua casa à toa ele devia ser incluído no "amigos próximos", não?
Sango respondeu com uma expressão séria.
- Primeiro- não foi o Kohaku que me matou. Segundo- Naraku não era um amigo próximo meu, e sim dos meus pais. E terceiro- Naraku é o homem que causou minha morte. Acho que agora está claro porque eu ainda estou aqui.
