Disclaimer: Todas as personagens excepto Morgaine e Cath pertencem (infelizmente) a J.K. Rowling

Prólogo

"Roseira Brava"

A Roseira Brava era uma mansão de dimensões monstruosas, rodeada por hectares e hectares da mais bela paisagem que se podia encontrar em toda a Inglaterra. Os campos eram verdes e luxuosos, com erva tão macia que quase pedia para ser acariciada, e árvores frondosas e imponentes. Toda a casa estava rodeada de belos jardins, mantidos ao pormenor pelos muitos trabalhadores que a família empregava. Mas havia um jardim, situado nas traseiras da mansão, que era o mais especial, mais belo e também o mais misterioso de todos: o Jardim das Rosas.

Este tinha sido o refúgio de Elizabeth Grey, a criadora de Roseira Brava. Eliza, como era afectuosamente tratada pela família, era uma linda jovem, cobiçada por todas as famílias puro-sangue da alta sociedade mágica da sua época que tinham um filho em idade para casar. Mas o felizardo que levou Eliza ao altar foi um jovem herdeiro, de seu nome William Rosier. William fazia de tudo para manter a sua jovem esposa feliz, e quando esta se recusou a viver na mansão que herdara do seu pai, contratou os melhores arquitectos e construtores, e permitiu a Eliza que construísse a mansão dos seus sonhos com total liberdade. E assim nasceu Roseira Brava, a mansão mais luxuosa da altura. O seu nome ficou a dever-se, por um lado, à paixão da sua criadora, e por outro ao seu famoso e peculiar feitio, tão distinto das restantes dóceis e submissas jovens da época.

Mas nem tudo foram rosas, e o frágil casamento de Eliza e William recebeu o seu primeiro golpe: Eliza não era capaz de gerar um herdeiro. O tempo passou, e a juntar-se à dor que sentia pela sua incapacidade de se tornar mãe, Eliza tinha ainda de lidar com as frequentes infidelidades do marido, assunto preferido das senhoras à hora do chá.

Para suportar tudo isto, a fragilizada Eliza dedicou-se à sua paixão e criou um Jardim de Rosas nas traseiras da casa. Os anos passavam, e com o herdeiro ainda por vir, todos os dias Eliza isolava-se no seu jardim e cuidava das suas rosas, pedindo baixinho que estas lhe trouxessem um filho, tal como na história que a sua mãe lhe contava quando era criança, em que uma menina tinha nascido de um botão de rosa graças às súplicas de uma mulher que, tal como ela, era incapaz de ser mãe.

As preces de Eliza foram ouvidas, e num feliz e solarengo dia de Verão, festejou-se a chegada próxima do herdeiro da família Rosier. Os meses passaram-se, e horas depois das suas águas rebentarem, Eliza ainda berrava de dor no seu quarto, onde estava fechada com duas curandeiras. William, sentado numa poltrona no corredor, com a cabeça entre as mãos, desesperava. Apesar de todas as infidelidades, amava a mulher mais que tudo na vida, e se este era o sofrimento pelo qual ela tinha de passar para lhe dar um herdeiro, então William preferia morrer sem deixar descendestes. De repente, os gritos de Eliza cessaram e algo se abateu sobre a casa. Uma tristeza profunda, um sentimento de desespero. William correu para o quarto da mulher, mas antes de alcançar a porta, uma curandeira surgiu com um pequeno embrulho nos seus braços. "É uma menina", disse ela, " e a mãe pediu que se chamasse Clara". Antes de morrer de exaustão e com uma hemorragia incontrolável, Eliza tivera força para baptizar a sua menina. Dava de vontade a vida para que aquela princesa vivesse. William chorou a morte da sua mulher com Clara nos braços, e esta tornou-se o foco da sua vida e a sua maior alegria. Mas a casa nunca recuperou da morte de Eliza, e nunca mais brilhou. Ninguém que entrasse naquela casa saía indiferente à tristeza que nela se fazia sentir.

E assim passaram anos, séculos inteiros, e a casa manteve-se firme, assistindo a nascimentos, mortes, casamentos, amores proibidos e traições. E o Jardim das Rosas de Eliza tornou-se o confidente de todas as mulheres da família.