Caixinha de madeira
Lembrava-se da primeira troca de olhares. Não realmente a primeira, óbvio. Odiavam-se demais naquela época para ter um tipo de troca como aquela que tiveram depois. Mas havia sido... diferente. Diferente por nunca ter olhado daquela maneira para Harry, Dean ou Michael. Ou sequer para alguma outra pessoa. Mas havia sido bom. É, bom. Tá, tá, havia sido legal, e disso não iria passar.
Lembrava-se do primeiro beijo. Não que ela nunca tivesse beijado antes, mas primeiro beijo com ele. Não tinha gosto de menta, chocolate ou morango, como insistiam que beijo deveria ter. Era só... um gosto bom. Gosto de beijo apaixonado.
Não que ela tivesse se descoberto apaixonada logo ali. Não, não. Eram só considerados beijos. Um beijo aqui, outro lá; outro ali, outro acolá. Ok, as salas de aula vazias tinham sido várias. Mas Ginevra Molly Weasley não era garota fácil, não. Seu único erro foi se deixar envolver por aquele loiro.
Deixar-se envolver e não saber como se distanciar. Mas ainda tem mais pela frente.
Com o passar do envolvimento, as coisas se tornaram mais... intensas. Cada um foi se descobrindo apaixonado pelo outro, e cada um lidou de um jeito diferente. Mas eles não contaram para ninguém, muito menos para si mesmos. Admitir estar apaixonado? Isso é para os fracos.
Mas ambos se tornaram cada vez mais fracos, cada vez mais estúpidos. A ponto de quererem usar a palavra com "a". Mas ainda eram estúpidos o bastante para Ron vê-los juntos.
Aí todos ficaram sabendo. E o caso Romeu e Julieta nunca fez tanto jus para outro casal que não Romeu e Julieta. Sem mortes no final, claro.
Os mais novos Capuleto e Montecchio não gostaram muito da decisão dos herdeiros. Não que a futura Ginny Weasley Malfoy – pelo menos em seus pensamentos – ligasse. Ok, ok. Era bem difícil, mas ela agüentava a pressão.
Só ela, também. Por um tempo, até que Draco agüentou. E agüentou bastante, apesar de todas as reviravoltas e estranhezas que estavam acontecendo em sua vida desde então.
Ficou claro como água que o Malfoy filho caiu fora do barco, não? Pois é. E a pobre menina – agora mulher – Ginny ficara sozinha. Quer dizer, nem tão sozinha assim. Mas ela se sentia desse jeito quando abria a caixinha de madeira marrom. Sabe, aquela que continha todas as lembranças de quando ainda era uma garota. Se bem que ela nunca deixou de ser uma.
Sempre que abria a caixinha, encontrava um pequeno pingente escondido entre as outras quinquilharias. Aquele pingente parecia um floquinho de neve, o que a fazia se lembrar de Draco. E, quando isso acontecia, um sentimento estranho tomava conta de seu coração, fazendo com que ele ficasse pequenino e apertado. Harry definia aquilo como saudades.
Apesar de não ter uma importância realmente significante, ele dizia que sentia a mesma coisa quando olhava a foto de seus progenitores. Mas o namorado pensava que ela sentia saudades era do tempo de criança, da inocência daquela época. E também do irmão dela, Fred.
Mesmo lembrando-se de tudo aquilo e muito mais, Ginny não admitia que havia se esquecido de como era sentir o bater de outro coração contra o seu. Não qualquer coração, claro. O coração agora muito frio e distante de Draco contra o molengo e pesado que se tornara o seu.
Mas, fazer o quê. Agora os tempos eram outros. Tempos de paz entre aspas, porque ainda não havia paz o suficiente. Pelo menos não dentro da nossa pequena grande Ginny.
N/A: Tentativa frustrada de mudar um pouco minha escrita de drabbles. E não faço a mínima idéia se está boa ou ruim – tudo que recebi foi um "fofo". Enfim, a fic foi escrita para o projeto Broken Again, do fórum 6V. Beijos para todas as DGs e o DG da seção, HAHAHAHAHA. Beijos também pra fofa da Gabi, da Rapha e da Bah.
