Nota: Os personagens aqui contidos pertencem a Masashi Kishimoto, porém o enredo é de minha total autoria.


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Aulas Extra-Curriculares

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Apresentação, Joelhos & Algodão-doce

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O badalar do relógio, atrás da mesa da diretora, era o único som a preencher o aposento. Um raio cruzou o céu obscurecido e Sakura estremeceu em seu assento, encolhendo os ombros. O silêncio, o relógio e aquelas pessoas a oprimiam, coçou o joelho nervosamente. Queria estar lá fora morrendo de frio debaixo daquela chuva do que naquele aposento quente que parecia acusa-la de todos os cantos.

Para onde olhasse algo gritava: Culpada!

Queria virar a cabeça e ver como Sasuke estava lidando, porém lhe faltava coragem para se mexer mais que o devido. A impressão que tinha é que se virasse um centímetro que fosse para o lado seria sentenciada, julgada, condenada e aquela estatua de lesma em cima da mesa riria dela. Mas afinal quem tem uma lesma como objeto decorativo?

Corra, Sakura. Fuja! Essa mulher é bizarra, a lesma é a primeira prova de que no final do inquérito ela vai te dar de jantar para alguma criatura bizarra que ela esconde na sala trancada do quinto andar.

— Senhorita Haruno, estamos aguardando a sua resposta.

Quem diria, não é mesmo? Quem diria que estaria visitando a sala da direção? Quem diria que a sonsa da Sakura (ela era sonsa em aula, não tinha como negar) seria acusada de algo? Ela de um ano atrás com certeza não.

Não era o tipo de garota que acabava sendo acusada de se envolver com professores e funcionários em geral, da escola ou de qualquer outro lugar. Esse tipo de coisa era do feitio de Ino que, a propósito, já tinha ficado com o estagiário de Informática e Educação Física, mas que as estruturas daquela escola não ouvissem isso. Se bem que elas tinham presenciado e o prédio continuava de pé.

Há aproximadamente oito meses ela o tinha visto pela primeira vez. Sasuke entrou na sala do segundo ano e fez com que todos os alunos se silenciassem para analisa-lo. Afinal esperavam o caquético do Sarutobi e no lugar dele surge um jovem, alto e bonito demais para ser professor – de qualquer matéria; mas Física, era demais para ser aceito. Convenhamos que Física só atrai gente estranha.

Mas ele não tinha errado de sala, ou de prédio, ele era o novo professor. Senhor Sarutobi resolveu escutar a sua lombar – e todos agradecemos por isso; e se aposentou. Sasuke Uchiha era seu substituto delicioso. Sem se abalar por estar sendo secado de forma pecaminosa ele fechou a porta, largou sua maleta na mesa e escreveu seu lindo nome no quadro.

— Com tanto que aja respeito não vejo problema em me chamarem de Sasuke. — Dava para sentir o olhar dele queimar em um grupo no meio da sala. Sakura queria ter dito que elas não compreenderiam a indireta, mas a vida segue e ele perceberia.

Como era de costume a primeira aula foi para se apresentar, ela já conhecia todo mundo ali, odiava ter que passar pelo mesmo processo em todas as aulas, mas na dele não seria ruim, não o conhecia e tinha que relevar que ele talvez fosse o único professor a não conhecer ninguém também.

Sasuke falou um pouco de si, coisa que os professores raramente faziam. Era antigo aluno da escola deles, mas não disse aquela frase brega "eu já estive no lugar de vocês", se tivesse dito o encantamento acabava. Ele parecia estar exibindo sua ficha técnica e por ter estudado ali conseguiu um estágio que durou um ano e meio até ser efetivado como substituto e responsável pelos projetos científicos. E agora, para alegria de um colégio inteiro, foi oficializado com a dispensa do caduco.

Obviamente enquanto ele falava Sakura se perguntava como nunca o tinha visto na escola. Não só ela como toda a parte feminina da turma deveria estar se perguntando a mesma coisa, ou que o radar de vadia da Ino nunca tenha apitado ao avistar esse monumento. Ela conhecia quase todos os professores novatos daquela escola, se contratarem alguém na casa dos 20 anos para cuidar do jardim uma vez ao ano posso garantir que a Ino vai conhecer essa pessoa. Como Sasuke voou baixo?

Uma habilidade ninja desse cara, sem dúvida e agora Sakura estava sendo deliciada e Ino não, já que ela estava na enfermaria recebendo as boas-vindas. Quando as apresentações da turma começaram foi um show de horrores. As garotas só faltavam pular em cima dele para agarra-lo, era cada quebrada de quadril ao se levantar da cadeira que Sakura poderia começar a fazer as apostas sobre quem estaria desconjuntada no final da aula.

Uma chegou a se abaixar, ninguém até agora sabe o porquê, mas Sakura jurava que era para jogar a calcinha nele. Era tão patético que ela estava envergonhada por ter babado um pouco, só que era inevitável, as paredes daquela sala estavam babando, os rapazes estavam babando, a tia da limpeza parada a porta estava babando. Se ela se virasse veria baba em seu ombro deixada pela fiel Hinata que só tinha olhos para o Naruto.

— Coitado, deve estar se arrependendo de ter aceitado o cargo. — Cochichou a amiga no ouvido de Sakura. Ela concordou com um aceno, o observava não se abalar com nenhum comentário ou pergunta infame. No lugar dele já teria percebido que aquilo de "você tem uma pergunta" é uma furada, mas somos humanos e erramos e ele persistiu em fazer isso com cada um de seus alunos.

O que Sakura não conseguia deixar de pensar era como um professor poderia ser tão bonito? Sério. Não existe uma lei que proibisse um homem assim lecionar? Ela teria muita dificuldade em aprender a matéria, Física já não era sua favorita, se tornaria ainda pior observando aquela boca falar de eletricidade, ao menos que ele falasse daquela que ela estava sentindo percorrer o seu corpo.

Ao todo era uma aluna na média, nunca tirava notava baixa, mas era raro que também tivesse um excelente, não por falta de capacidade, mas por falta de vontade mesmo. No ginásio ela só tirava dez, mas vivia para aquilo. Desde o primeiro ano tinha definido outras prioridades, sair um pouco mais, ser livre e não entrar em depressão por um 9,5. A primeira vez que matou aula chega sentiu um comichão.

— E você? Como se chama? — Ajeitou-se na cadeira quando o viu apontar para ela.

— Sakura, Sakura Haruno. — Levantou, poucas pessoas se viraram para fita-la, a maioria se mantinha focado nele que a olhava fixamente. Sakura jurava que aquele olhar tinha uma conexão direta com os seus joelhos tremedores. — Eu tenho 16 anos, pais divorciados, um gato. Quando criança eu taquei um chumaço de algodão no pote de açúcar, achando que era assim que se fazia algodão-doce. — Encolheu os ombros dando uma risadinha. Sasuke concordou com um aceno de cabeça. — Precisei fazer lavagem estomacal, mas a vida segue assim.

— Com toda certeza. Alguma pergunta, senhorita Haruno?

— Por que resolveu se tornar professor? — Sendo tão gostoso. A pergunta pareceu surpreende-lo, mexeu na caneta esferográfica que segurava.

— Eu gosto de Física — tinha certeza que fez uma careta de nojo ao ouvir tal frase, mas Sasuke pareceu não se importar — e não vejo problema nenhuma em contagiar outras pessoas com o meu conhecimento. — Alguma besteira foi dita no miolo das garotas com relação a palavra contagiar e Sakura voltou a se sentar para então Hinata começar sua apresentação.

Ele não tinha se impressionado por era uma pergunta impossível, mas porque ela foi a primeira a não querer saber algo pessoal dele ou fazer uma alguma insinuação. Hinata também foi assim e era engraçado como uma pergunta fez toda a diferença.

Um tempo depois Sakura iria descobrir que Sasuke queria trabalhar na Universidade, mas precisava de experiência acadêmica antes. Pois é, eram apenas experiência para o currículo dele, nada a ver com contagiar ou amar lecionar.

Tsunade voltou a pigarrear e Sakura parou de devanear, ajeitando-se na cadeira.

— Não, eu não tenho nenhum envolvimento com o Senhor Uchiha — Outra de muitas mentiras que andava contando por ai.

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Espero que tenham gostado.

Com carinho,

Fleur D'Hiver!

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