MARU! ASSIM NÃO! - Minha irmã mais nova e meu estimado Mononoke Inu, testavam forças em cima do confortável assento, atraindo a atenção de todos, inclusive a minha.

"-O tempo passara tão rápido desde o nascimento de Hanna. E pensar que eu sinceramente recusei com todas as forças qualquer ligação com o sangue da mãe dela."- Olhei para o lado e suspirei, estava próximo de chegarmos. Ir a uma terra distante me fazia lembrar os momentos que passei com aquele Yokai... Bobeira! Ri diante da minha própria infantilidade, um príncipe apareceu a mim quando mais nova, mas sinceramente... Não tinha certeza se aquilo fora sonho, algo no meu interior dizia que não, mas era difícil, não me restara nada daquela noite. Olhei para Maru que brincava animado, ele era a prova viva daquela noite, graças ao Yokai misterioso, Maru estava vivo e se tornara meu fiel companheiro desde então.

– Comporte-se Hanna. - A ama repreendeu minha irmã, desde cedo tínhamos uma educação rígida, éramos princesas, afinal. Minha irmã se comportava como um moleque, acho que tínhamos isso em comum, me lembro de ser assim também quando mais nova. Desviei minha atenção a janela da carruagem, ultimamente aqueles olhos dourados não saíam da minha cabeça e eu não sabia o porquê.

Iníc io do Flashback.

Emi corria desesperada, queria, precisava, necessitava chegar á algum lugar. Indiferente de onde fosse, mas precisava ser, e precisava ser longe. O kimono branco agora tinha um tom laranja devido ao barro que se impregnara á ele. A Pequena Mononoke socou algumas árvores e por fim se ajoelhou diante a chuva, estava em prantos, estava sem chão e não queria voltar para casa. - Como podem ser tão traíras? HAHA-UE! - A garota berrou ao Deus da chuva como se ele fosse trazer sua mãe de volta. Há dois dias ela estava correndo para longe, para o lado oposto de suas terras, o oeste.
Após a quarta lua s em a imperatriz do leste, os membros do conselho decidiram escolher uma nova femêa para ocupar seu legado, o que foi totalmente negado pela pequena e recente órfã.

Em meio ao cansaço a pequenina se deitou ao pé da árvore e adormeceu. Estava frio, e a árvore não a protegia totalmente da chuva, mas o cansaço falou mais alto e isso foi percebido por um certo Yokai ao longe.

O jovem príncipe do Oeste encarava a criatura com total indiferença e irritação, como ousara invadir suas terras sem sequer se pronunciar?! Ele bufou e assim que iria partir emdireção a femêa sentiu um cheiro familiar, novos intrusos.

"- O que pensam que estão fazendo em minhas terras Gatos malditos!" - Sesshoumarurosnou diante o cheiro e a ousadia dos felinos, ultimamente eles vinham invadindo suas terras, com total falta de amor á vida.

Após algumas horas a chuva cessou e o sol apareceu despertando a femêa. - Aonde estou... - Ela levou a mão ao nariz instintivamente para protegê-lo do cheiro forte. - Quanto sangue... - Emi se levantou um pouco preocupada com aquele cheiro. Decidiu se erguer e seguir rumo ao que parecia ser um massacre.

A grama ao chão estava banhada em sangue e pedaços de carne, Sesshoumaru tinha os cabelos e o Kimono manchados, ele conseguira liquidar todos os invasores, mas estes já haviam liquidado alguns de seus conterrâneos. Em me io ao massacre havia um pequeno filhote, um pequeno mononoke inu, este tinha as orelhas baixas e choramingava chamando a atenção do jovem príncipe. - Vou poupá-lo de uma vida solitária... - Sesshoumaru ergueu as garras em direção ao animal e sentiu um chicote segurar seu braço.

– O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO SEU ASSASSINO! MATANDO SERES DA SUA RAÇA! - Os olhos brilhavam num escarlate marejado. - Deixe-o em paz e lute comigo! - Emi mal terminou sua frase e sentiu o gosto de sangue em seus lábios, suas costelas foram de encontro a um enorme tronco que lhe fez perder a consciência.

– Tsc! - Sesshoumaru caminhou a passos lentos em direção a femêa desacordada. - Mas o que.. - Ela avistou os traços da face da mesma, era uma Yokai nobre, como ele. Não percebera isso quando ela estava deitada embaixo da árvore. - Ela entendeu errado... - Ele murmurou olhando o pequeno Yokai do outro lado da campina. - Foi ela quem decidiu por você infeliz filhote... - O Dai Yokai adentrou a mata fechada e sumiu deixando apenas seu cheiro.

Fim do Flashback.

– HIME! - Me assustei ao ouvir a voz de minha ama e a encarei. - ÃNH? - Ela sorriu pra mim de modo gentil e me fez suspirar, ela sabia que quando eu me perdia em pensamentos estava lembrando "dele". - Estamos perto, mas vamos parar para alongarmos as pernas. - Ela falou enquanto minha irmã e Maru saíam desesperados da carruagem. - Hai. - Concordei enquanto descia da mesma e me espreguiçava observando aquele campo degirasóis. Os guardas também aproveitaram a parada para se alimentarem e apreciarem a vista, me sentei ao pé de uma árvore e observei Maru correr, meu pequeno e amado filhote, você havia crescido bastante.

Início do Flashback.

A garota e o pequeno filhote estavam ensopados e felizes. Passar am a tarde brincando em uma cachoeira, e agora apreciavam algumas frutas que apanharam ali perto em uma árvore farta. As horas passaram voando e Emi sequer percebeu que o sol estava se escondendo, sentiu um cheiro estranho tal como um barulho que a fez ficar alerta. - Quem está ai? - Falou enquanto o filhote ao seu lado dormia alienado á tudo.

– Ora Ora... Que belo pedaço de carne encontramos aqui. - Um Yokai com orelhaspontudas e olhos felinos surgiu.- Hahaha...

A garota deu um passo pra trás enquanto rosnava e mostrava as garras e os caninos afiados á ele de modo ofensivo. O Yokai estranho simplesmente riu e atrás dele surgiram mais dois semelhantes. - Dêem um fim no filhote... A garota é minha! - O Yokai deu a ordem e Emi simplesmente se pôs a frente do filhote, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa foi arremessada pelos cabelos a um outro canto da cachoeira. - NÃO! NÃO! - Os olhos da garota de encheram de horror. Eles fincaram uma espada no pequeno Yokai e o arremessaram enquanto ele bat ia num tronco e caía ensanguentado. Os olhos vermelhos da pequena se tornaram brancos e seu corpo de imediato tomou a sua forma real. Quadrúpede, com pêlos longos alvos e vermelhos em seus lombo, um focinho fino e longoscilíos que davam um ar selvagem a face da femêa.

– Uma femêa do Leste... - O Yokai sussurrou enquanto os demais a atacavam sem sucesso. O cão os pegou com facilidade e desmembrou-os sem piedade, manchando seu corpo de tons escarlate. Por fim sobrara o mandante de tudo aquilo, ele correu para a mata mas não se safou, teve seu fim como os outros dois. A femêa se aproximou do corpo desfalecido do pequeno Yokai e lambeu-o na intenção de reanimá-lo, sem sucesso. Os uivos foram altos e a cena tinha um expectador ao longe, os olhos dourados observavam a garota com certa admiração.

Sesshoumaru pensou em dar as costas e seguir seu rumo, mas sabia o peso de perder um ente querido. - " Maldito" - Ele cerrou os punhos ao se lembrar do motivo pelo qual o pai morrera. - O que está fazendo Tenseig a...? - Ele sentiu a espada em sua bainha pulsar e isso fez com que ele pulasse do penhasco e seguisse com passos calmos em direção a garota e o Yokai morto.

De imediato a garota reconheceu-o e se mostrou ofensiva. Os longos cabelos do Yokai se moviam de acordo com o vento gelado, seu olhar fez com que as orelhas já exaustas dafemêa se abaixassem e se mostrasse totalmente submissa á ele. O Yokai ficou surpresa e simplesmente golpeou o pequeno filhote que dentro de alguns minutos moveu as orelhas dando vida aos olhos da garota, que agora voltava a sua forma humana e ensanguentada. - O que você fez...?! - Ela voltou os orbes vermelhos para os olhos dourados que fitaram-na com indiferença. - Espera... Obrigada. Tem minha eterna gratidão... - Ela se curvou á ele por alguns minutos e quando voltou a olhá-lo ele havia desaparecido. - Mas... - O pequenoYokai encostou nela chamando sua atenção e felicidade. - Maru! - Ela abraçou o pequeno e sussurrou enquanto ele parecia sentir-se seguro nos braços dela. - Meu Maru... Eu vou te proteger, nunca mais vou deixar que ninguém te machuque.

Fim do Flashback.

– VAMOS ANEUE! - Me assustei diante do berro de Hanna e os latidos de Maru. - " Meu Maru." - Pensei sorrindo ao observá-lo. Ele deu sentido a minha vida após a morte da minha Hahaue. Eu simplesmente decidi não aceitar nenhuma outra mãe, e aquele homem estranho me deu um motivo pra continuar a viver, esse motivo era o Maru. Indefeso, pequeno e totalmente necessitado de amor, assim como eu estava quando a imperatriz foi tirada de mim. - Estou indo! Vocês são muito barulhentos! - Me aproximei pegando Maru no colo e seguindo com eles de volta a carruagem, em breve chegaríamos as terras do Oeste e por algum estranho motivo e me sentia cada vez mais próxima dos meus sonhos passados.