Não que significasse realmente alguma coisa. Era bobo até, mas era bom. - J2
J&J
Era bom!
Antes era bom!
Ele ficava com vergonha, claro! Não podia evitar, era seu jeito! Era tímido no mesmo tanto que o outro era descontraído.
Enquanto o outro ria debochado e fazia troça de suas bochechas vermelhas, ele ria pequeno, tentado se esconder abaixando o olhar.
O outro jogava a cabeça pra trás e gargalhava alto, aberto, feliz, solto!
Ele apenas mordia os lábios e curvava a cabeça pra frente, escondendo o rosto, sentindo a cara esquentar, e mordia mais forte os lábios porque sua boca teimava em sorrir e ele ficava meio assim, sem graça, por estar assim, feliz demais.
Antes, quando o outro fazia aquilo de sussurrar maroto alertando-o para o fotografo intrometido e imediatamente segurava sua mão, fingindo que não estava vendo o pipocar dos flashes e caminhava assim com ele, de dedos entrelaçados pelo saguão do aeroporto o carregando meio a reboque, como se fosse normal eles andarem pra baixo e pra cima pelos aeroportos do mundo de mãos dados, como o casal que definitivamente não eram, ele apenas abaixava a cabeça, balançava de um lado para o outro meio contrariado, meio divertido, mas sempre se sentindo tímido e um pouco envergonhado.
Era uma brincadeira boba que o outro gostava de fazer.
Antes...
Não se lembrava direito quando foi que o outro parou, mas se lembrava bem quando notou realmente que tinha parado.
O paparazzi estava escondido atrás de uns cartazes grandes de uma companhia de aviação qualquer, muito mal escondido aliás, e foi ele que viu e alertou o outro, esperando que ele abrisse aquele costumeiro sorriso safado e fizesse alguma das suas extravagâncias de sempre, como passar carinhosamente os dedos pelos seus cabelos, ou enlaçar sua cintura e o puxar para um abraço teatralmente amoroso, ou ainda segurar sua mão e enfiar o rosto na curva de seu pescoço. Esperava qualquer daqueles gestos idiotas que o outro fazia só de sarro, só pra ver as manchetes pegarem fogo no outro dia, mas não veio nada.
Nada além de um resmungo sobre o incomodo que era ter aqueles caras vigiando todos os passos deles vinte e quatro horas por dia.
Nada do sorriso safado, nada da piscadinha marota, nada das mãos grandes buscando suas mãos.
Então, mais uma vez ele abaixou a cabeça e escondeu o rosto, mas desta vez não foi para esconder o rubor das faces e nem o sorriso pequeno.
Abaixou a cabeça e escondeu o rosto para o outro não ver.
Não ver a expectativa no seu olhar se transformar em decepção, e a decepção se transformar em vergonha.
Vergonha porque, nunca admitiu, mas toda vez que o outro fazia aquelas bobagens de pegar na mão ou o abraçar pela cintura, ele tinha que esconder o rosto e morder os lábios com força porque sua boca teimava em sorrir e ele ficava meio assim, sem graça, por ficar assim, feliz demais.
Fim
