É a minha primeira shortfic sobre Draco e Ginny.

Espero que gostem.


- Que estás a fazer, Weasley?

Os dois estavam numa das salas antigas dos subterrâneos. Com apenas um lavatório e um espelho partido e um quadro preto poeirento era evidente que tinha sido deixada ao abandono.

- Eu é que te devia perguntar isso, Malfoy! Estás com cara de quem viu um Dementor...

A camisa branca de Draco estava coberta de suor e o cabelo despenteado, a cair livremente sobre a pele pálida, dava-lhe um ar desesperado que Ginny não estava habituada a ver nele.

- E saíres, Weasley?

- Por que tenho de ser eu a sair? Já estava cá quando chegaste! Que tal saíres tu?

Draco engoliu em seco e formou punhos, pintando os nós dos dedos de branco.

- SAÍ POBRETANA!

- NÃO! - gritou-lhe Ginny de volta, levantando-se do chão onde estava sentada.

Draco respirou fundo, tentando não bater naquela intrometida.

- Eu sou o Perfeito (Monitor, no Brasil) dos Slytherin. Se não queres apanhar uma detenção, aconselho-te a sair desta sala.

Ginny cruzou os braços sobre o peito e andou até ele com ar desafiador.

- O quê? - riu-se Ginny. - Achas que é mais uma detenção que me vai incomodar? Para além disso, não me parece que me vás dar uma detenção. Tenho a certeza que não queres que eu conte a toda a gente sobre a forma como te vi chegar aqui.

O louro fechou a cara e saiu da sala sem mais palavras, deixando uma Ginny feliz mas pensativa atrás.

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- A sério, Weasley? Que mal fiz eu a Merlin?

Draco entrou na sala, frustrado pela ruiva estar novamente lá.

- Tenho-me perguntado o mesmo desde que te conheci.

Draco olhou-a com superioridade e sentou-se na outra ponta da sala.

A ruiva encontrava-se na mesma posição do dia anterior, deitada de barriga para baixo no chão frio. Draco observou a estranha graciosidade com que os cabelos ruivos caiam sobre o pergaminho onde ela escrevia ferozmente... Tão ferozmente que acabou por partir a pena.

- Boa, coelha Weasley! Fenomenal! - riu-se Draco sarcasticamente, batendo palmas. - Foste a primeira pessoa que eu vi a partir uma pena ao meio enquanto escrevia.

- Cala-te doninha! - virou a mala ao contrário em busca de uma pena nova. Uma busca sem sucesso. - Raios! Vou ter de voltar ao dormitório. Porcaria de trabalho!

Ginny resmungava para si enquanto se levantava e voltava a arrumar o que tinha desejado da sua mala.

Draco acompanhando o seu movimento, chegou-se ao pé dela e entregou-lhe uma pena preta, mais firme e maior do que aquela que ela usara anteriormente.

- Para que quero isto?

- Oh, é claro que não tens maneiras. Do que é que estava a espera? Passo a explicar: talvez fosse cortês, agradeceres e calares-te! - Draco voltou para donde tinha vindo.

Ginny ficou vermelha.

- Não preciso da tua pena!

Draco abanou a cabeça enquanto se formava um ligeiro sorriso nos seus lábios.

- De certeza, Weasley? Estás a acabar um trabalho de Encantamentos, uma aula que, caso não esteja enganado, tens dentro de 10 minutos. Tens a certeza que queres desperdiçar tempo? Já será um milagre se conseguires acabar a tempo sem outros percalços.

Ginny respirou fundo, resignando-se aos factos.

- Ah, e a pena é inquebrável.

Ginny cruzou os braços sobre o peito, inclinando a caeça para o lado.

- E o que é que te interessa se eu consigo ou não acabar o trabalho?

Por segundos, as bochechas de Draco pareceram ligeiramente rosadas.

- Quem sabe? A partir de agora, talvez me dedique a actos de caridade.

- Malfoy, tão arrogante, presunçoso, maquiavélico, idiota...

- Tantos elogios...

- ... rude, frio, mal educado, invejoso...

Ginny parou, olhando Draco com um meio sorriso na cara. Draco retornou o olhar, questionando-se acerca do motivo da paragem. A ruiva parecia procurar algo.

- Será que esta doninha fedorenta à minha frente fez algo de bom? Talvez tenhas um pedaço de bom, no fundo, mesmo lá no fundo.

Draco levantou uma uma sobrancelha.

- Enganaste. - disse a voz gelada do louro.

Ginny olhou-o de novo.

- Talvez...

Ao longe o sino duma torre bateu assinalando a hora.

- Estou atrasada!

Ginny arrumou a pena na mala e voou pela sala com a mala e os pergaminhos.

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No dia seguinte, Ginny voltou à sala mas não avistou nada cinzento.

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Doninha peluda,

Encontra-te comigo esta noite na sala.

Quero-te entregar a pena, não te quero ficar a dever nada!

Infeliz por falar contigo,

WG

Enquanto caminhava até ao corujal para entregar a carta, pensava que tinha demorado mais tempo a escrever esta carta do que aquele que gostaria de admitir.

A resposta não tardou.

Querida Ruiva,

As saudades são muitas, pelo que vejo.

Ao contrário de ti, tenho vida pessoal. Só voltou para Hogwarts daqui a duas semana.

Infeliz por te ESCREVER,

DM

Demorou dois dias a responder. Por que esta necessidade de dar resposta? Uma parte sabia que não valia a pena. Aliás, não importava nada. Totalmente indiferente! Mas se é indiferente não fará mal responder, não é?

Louro desbotado,

Óptimo! Realmente notei uma mudança no ar de Hogwarts. O mau cheiro parece ter diminuído!

...

...

As cartas continuaram. Até ao dia em que ele voltou.

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- Hey, Weasley fêmea!

Ginny olhou-o. Draco estava pálido e os seus olhos circundados por um leve tom de negro. Porém estava impecavelmente bem vestido e alinhado, como usual.

- Então, Weasley? Estou a ficar envergonhado. Sei que sou bonito mas excusas de me olhar de boca aberta.

Ginny encarou-o com expressão séria.

- O que aconteceu contigo, Malfoy?

O louro pressionou os lábios um contra o outro e sentou-se ao lado dela.

- O que tanto rabiscas aí? Poções?

- É...

Draco serrou os lábios, tentando não dizer o que acabou por dizer.

- Eu acho que te posso ajudar. Sinceramente, por o que estou a ler, é ridículo entregares um trabalho tão mal feito.

Ginny olhou para ele desconfiada.

- Tens a certeza que és bom em Poções ou tens andado iludido por seres o preferido do Snape?

- Sou bom independentemente do professor. Queres ajuda ou não?

O Sol já espreitava o céu quando o trabalho foi concluído.

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- Oh!

- O que foi Weasley?

- Estás bem?

Draco tinha entrado na sala, fechando a porta atrás de si com um estrondo. Usava um tuxedo desalinhado, com a gravata desapertada a pender do colarinho. Sorria, os olhos brilhavam de negro mas o rebordo escuro em volta dos olhos continuava lá.

- Tive saudades tuas.

Draco aproximou-se a passos largos e agarrou-a pela cintura.

- Wow! Tira as tuas mãos de doninha fedorenta de cima de mim! - Ginny ficou vermelha de raiva, afastando-se num salto. - Mas o que é que te deu? Estás bêbedo?

- Talvez tenha abusado um pouco com o Blaise na festa do Slughorn.

Ginny revirou os olhos.

- Não importa. Preciso de te entregar a pena.

- Mais uma vez...

- Não tenho culpa de que te esqueças sempre de a levar!

Foi a vez de Draco revirar os olhos.

- Weasley, posso-te fazer uma pergunta?

A ruiva pareceu reflectir sobre a questão.

- Ok, mas só se eu te poder fazer uma também.

Draco hesitou mas acabou por conceder.

- Jura! - Ginny ofereceu-lhe o mindinho.

Ele olhou para ela com confusão estampada na cara.

- Jura que vais responder à pergunta.

- Bom, despacha-te antes que eu mude de ideias.

Ela ofereceu-lhe mais uma vez o mindinho. Ele olhou-a confuso mais uma vez.

- O que raio é suposto eu fazer com isso?

- Então... Entrelaças o teu no meu e puxas. - disse ela como se fosse óbvio.

Ele fê-lo. Puxou o mindinho e todo o corpo de Ginny até si, amparando-a na cintura. O coração da ruiva acelerou ao sentir o cheiro suave de after shave que irradiava do pescoço do louro.

- Tu... Tu... Larga-me! - gritou, soltando-se. - Estás maluco?

- Talvez esteja um pouco... - respondeu, recuando um passo. - Bom, e agora? Que acontece?

- Agora perguntamos.

Draco serrou os olhos.

- Então para que serviu isto do mindinho?

- É algo que se faz quando se jura. Ficas comprometido com essa pessoa e deves-lhe essa jura.

- E o que acontece se a quebrar?

- Essa pessoa deixa de confiar em ti, obviamente. É isso que acontece quando se quebra uma promessa. - Ginny revirou os olhos. - Percebo o que estás a perguntar. Não acontece nada de mágico. É apenas um compromisso que tens com a tua honra e com a confiança da outra pessoa.

- Weasley, eu sou um Slytherin. Honra e confiança são para os da tua laia.

Ginny olhou nos olhos. Os olhos quentes e castanhos dela contra os frios em cinzas dele, fizeram-no arrepender solenemente por ter prometido alguma coisa àquela ruiva.

- Estou a confiar em ti... Podes ser o primeiro a perguntar.

- Por que estás aqui?

- Vim entregar-te a pena.

Draco revirou os olhos e encostou-se à parede.

- Não é isso que eu quero saber... Estou-te a perguntar porque é que passas tempo nesta sala, nos subterrâneos e, devo dizer, relativamente perto da Sala Comum da melhor Casa de Hogwarts. - Ginny riu sarcasticamente e revirou os olhos.

- Preciso de ficar sozinha às vezes e já todos perceberam o meu esconderijo na casa de banho do 2º andar logo tive de mudar de sítio.

Draco surpreendeu-se.

- Porque precisas de ficar sozinha? Eu sei que tens um grupo de amigos chato mas pensei que gostasses.

Ginny deu-lhe um murro no braço e Draco encolheu-se de dor.

- Merda, Weasley! Que violência!

- Então não fales mal dos meus amigos!

- Não sou eu que estou farta deles! - retorquiu Draco enquanto esfregava a ferida. - Poxa, quem é que vos ensina a dar murros? - sussurrou.

Ginny riu discretamente, lembrando-se do episódio do louro com Hermione.

- Eu não estou farta deles. A sério! Porque é que ninguém consegue perceber que eu realmente necessito deste espaço sozinha? Não tem nada a ver com as pessoas com quem ando. Sou eu...

Ela vinha e ia, andava de um lado para o outro, os seus cabelos balançavam e os seus movimentos originavam uma brisa. Uma brisa com cheiro familiar. Quão bêbedo devia estar para só agora reparar que a ruiva tresandava a perfume.

- Raios, Weasley! Mas o que é isto? Tomaste banho com perfume?

O vermelho envolveu Ginny até às orelhas.

- O perfume cheira bem...

- Concordo, a minha mãe usou-o durante anos. Merlin! Não sabes dosear?

- A garrafinha partiu-se, seu idiota! Deixei cair o perfume e perdi-o todo... Tinha acabado de o receber, este natal. - Ginny abanou a cabeça.

Draco encarou-a descrente até ser inundado por compreensão.

- Ooooh, do namorado Potter.

Ginny ficou vermelha de raiva.

- O Harry não é meu namorado.

- Bom, parece que gosta o suficiente de ti para te comprar esse perfume.

Ginny olhou-o perdida.

- O que tem?

- Weasley, és obviamente iletrada, portanto passo a explicar. Esse perfume é caro. Não há qualquer hipótese de a tua família ter dinheiro suficiente para to poder comprar.

Ginny ficou desconfortável.

- É assim tão caro?

- É sim, é caro.

- Oh meu Merlin! - alarmou-se. - Não acredito que parti uma garrafa de perfume tão caro!

- Tem calma, ruiva, pede outro ao Testa Rachada. Não, eu arranjo forma. O Harry nem vai dar por isso. Tenho uma toalha toda encharcada em perfume. Se a puser ao pé da roupa, o cheiro vai entranhar nelas - Ginny sorriu satisfeita consigo própria. - Sou genial!

Draco sorriu num meio sorriso e abanou a cabeça.

- Bem Weasley... Antes do teu pequeno drama estavas a dizer o porquê de estares aqui às noites.

Ginny suspirou.

- Eu gosto de ter tempo para mim própria... Gosto de passar tempo sozinha. Acho que também me ajuda a analisar a vida quotidiana. Preciso deste tempo, para ver o futuro. E o passado... E... Para me esconder de tudo o que se está a passar à nossa volta.

Draco sabia ao que ela se referia.

- Parece que toda a gente está a ignorar o que se está a passar. Mas as coisas não estão bem. Há qualquer coisa... Mas temos de continuar, ninguém pode parar.

- Se parares, parece que estás a falhar com o que deves fazer.

Ele permitiu-se a olhá-la durante um tempo.

- Sim, é isso.

Uma pausa.

- Malfoy, por que é que estavas com cara de quem viu um Dementor no primeiro dia? O que aconteceu?

Draco desviou o olhar dela.

- Pergunta outra coisa. Não te posso responder a isso.

- Mas tu prometeste, Malfoy!

Ele levantou-se da mesa a que se tinha encostado. A riuva acompanhou-lhe o movimento com os olhos.

- Não, Weasley! Terás de perguntar outra coisa!

- Não quero saber outra coisa! Quero saber isso. Tu juraste que responderias a qualquer pergunta!

- NÃO! - gritou-lhe de volta.

Ela encarou-o furiosa, com as mãos em punhos e o cabelo ruivo a cair-lhe na cara.

- Tu juraste!

- E depois?

- Eu contei-te o que se passava comigo! Eu cumpri com a minha palavra!

- Ninguém te obrigou.

Ginny ficou a olhar para ele. O louro suportou o olhar da ruiva, contando cada segundo.

- Tens razão. Nem sei porque é que o fiz, porque é que confiei em ti. Ai, que idiota!

- Idiota?

- Estava claro, desde início, que a tua palavra para ti nada significa, toda a gente sabe. Porém eu confiei nela. Eu sou a idiota!

E saiu, deixando na mesa a pena negra.

Draco voltou a sala no dia seguinte e no outro... Mas a ruiva não estava.

Sim, agora ele tinha a certeza que nunca mais a voltaria a ver.

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Um mês passou, Ginny estava sentada na mesa dos Gryffindor. Pensava, distraidamente, se se sentiria suficientemente realizada se fosse uma medibruxa, até que uma coruja euro-asiática pousou ao lado do seu prato, estendendo-lhe a pata e piando.

- Ginny, de quem é essa coruja? - perguntou-lhe Ron.

Ginny olhou para a coruja.

- Não sei... Olá! - acariciou a coruja. - Tens fome?

Ginny tirou um rato morto da mala e deu a coruja que aceitou prontamente.

- Oh Ginny! Qual é a tua? Ratos na mala a sério? - disse Hermione, enojada.

- As corujas comem ratos. E eu ofereci-me para ir alimentar as corujas. Por acaso tenho de fazê-lo ainda antes da primeira aula.

Tirou a carta à coruja e seguiu até ao corujal.

Logo adivinhou que não era uma carta mas sim um objectivo. A pena negra.

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Passou um par de dias para que Ginny voltasse à sala.

- Weasley!

Draco levantou-se no exacto momento em que viu os cabelos vermelhos da rapariga.

- Porque me mandaste a tua pena? Demorei que tempos a devolve-la e agora manda-la de volta?

O louro engoliu em seco.

- Queria ver-te.

Ginny baixou a cabeça, mas rapidamente voltou a encarar o louro.

- Por que?

- Queria desculpar-me.

Ginny franziu a testa.

- Tu?

- Sim, Weasley, eu. Pela atitude que tive durante a ultima vez que nos vimos.

Draco aproximou-se dela.

- Weasley, eu não te posso contar o que se passou naquele dia mas... Acho que...

Ficaram um minuto em silêncio.

- Achas o quê?

Ele voltou-se para trás e andou, lentamente, até ao local de onde veio enquanto dizia:

- Que não devias deixar de vir... Ao teu sítio. Só por causa daquilo.

- Hum, certo. Então agora vou-me embora.

Ela voltou-se para trás pronta a sair mas ele interrompeu-lhe o movimento, agarrando-a e puxando-a o que fez com que ela fosse contra o lavatório presente na sala.

- Ginevra, espera!

Ele apertou as mãos no cabelo, despenteando-o ainda mais.

Depois olhou-a. Ela respirava mais rápido e estava agarrada ao lavatório só a olhar para ele.

- Desculpa. Ás vezes uso mais força do que aquela que devia. Aleijei-te?

- Não.

Ginny apalpou, instintivamente, a parte baixa das costas.

Ele aproximou-se.

- Desculpa-me. Dói-te aí?

Àquela questão, Ginny levantou uma sobrancelha e desviou o olhar para trás por uns segundos.

- O que se está a passar contigo? E quem te deu autorização para usares o meu primeiro nome?

Quando voltou a olhar para a frente deparou-se com um Malfoy muito... Demasiado perto dela a espreitar-lhe por cima do ombro na tentativa de ver se a tinha magoado.

Draco voltou os seus olhos cinza para os dela e sorriu.

E que sorriso.

- Tens sardas pequenas no nariz.

Merda!

- Merda! - praguejou Ginny enquanto levava as mãos ao nariz tapando-o.

Draco riu, roucamente.

- Não... - agarrou-lhe nas mãos e afastou-as do nariz. - São lindas. Assentam-te bem.

Ginny olhou para ele, desconfiada.

- O que raio estás a fazer, Malfoy?

Draco aproximou-se devagar, beijando-lhe a bochecha vermelha. Afastou-se milímetros apenas para dizer:

- Estou a tentar.

Devagar, ela virou a cabeça para Draco, roçando os lábios nos dele.

- A tentar?

Não se afastaram, não se mexeram um milímetro com medo de terminar aquilo que haviam começado, com medo da reacção do outro. Draco arriscou roçar mais uma vez os lábios na ruiva. Não se olhavam, apenas fixavam a boca um do outro.

Foi a ruiva quem selou os lábios, devagar e hesitantemente. Draco correspondeu sem nenhum movimento brusco, sem querer assustá-la. Beijaram-se lentamente durante uns minutos. Até que a falta de ar se tornou insuportável. Separaram-se milímetros e olharam-se nos olhos.

Ginny corou automaticamente e a respiração de Draco aumentou drasticamente. Isto era errado. Mas não sentiam como se fosse.

Ginny começou a balbuciar qualquer justificação incompreensível ao ouvinte normal. Estava pronta a afastar-se, Draco percebeu e o seu rosto transbordou de medo.

Não, não, não, não...

Draco prensou-a contra o lavatório. Repetia a palavra "não" freneticamente. Como um doido...

- Não, não, não, não... Não faças isso! Não, não, não...

- Malfoy, Malfoy! - Ginny agarrou-lhe a cara, obrigando-o a encará-la. - DRACO!

Ele baixou a cabeça e olhou-a. O olhar negro e tempestuoso contra o castanho e confortável dela.

- Calma...

Ginny passou a mão pela cara do louro, enviando-lhe um meio sorriso. Draco levantou-a, sentando-a no lavotório, e encostou a testa na dela, descendo até ao seu ombro e depositando um beijo na sua clavícula.

Olharam-se. Os olhos hesitantes dela e os olhos brilhantes dele. Draco agarrou-lhe a cara e beijou-a. Desta vez com força, exigindo-lhe que ficasse.

- Não vás.

Ginny então passou-lhe as mãos por cima dos ombros e agarrou-lhe os cabelos louros, aprofundando mais o beijo. O rapaz em resposta mordeu-lhe o lábio inferior. Um arrepio ascendeu pelas costas da ruiva quando ele a agarrou contra si com mais força.

Ginny rodeou o rapaz com as suas pernas e o seu suspiro foi apanhado pela boca dela.

Ela começou a desapertar os botões da camisa do rapaz. Draco afastou-se ligeiramente, surpreendido com o gesto.

- O que é?

Draco sorriu malicioso e aproximou-se outra vez, beijando-lhe o pescoço com ferocidade, desconcentrando-a da difícil tarefa que era desabotoar os botões daquela camisa estúpida!

- Aaaah, que raiva!

A ruiva puxou, com força, a camisa. Os botões tilintaram desamparados no chão e o louro afastou-se e olhou para ela descrente.

- Pela mãe de Merlin, Ginevra! Tu tens noção que tens um sério problema de agressividade que precisas de controlar?

Ginny sorriu inocentemente e Draco respondeu rindo. Tirou a camisola e aproximou-se novamente da ruiva.

Ele tem uma tatuagem?

A ruiva olhou para o braço esquerdo dele enquanto ele lhe beijava o pescoço.

- Draco... O que é isso?

- Isso o quê?

- Que tens no braço.

Malfoy parou repentinamente de a beijar. E afastou-se muito dela.

- O que é isso, Draco?

- Eu não te posso contar.

- É isso que não me podes contar?

- Weasley, não insistas!

- Não confias em mim?

- Porque deveria?

Ginny olhou para baixo.

- Tens razão.

Começou a arranjar a roupa e preparou-se para sair. Draco postou-se à frente da ruiva.

- Onde vais?

- Vou-me embora, Malfoy.

A voz da ruiva deixou de ser quente e passou a ser mais fria do que era inicialmente. Iria perdê-la outra vez.

- Ginevra, se eu te contar podes ficar numa posição bastante má e nunca mais me vais querer ver.

Ginny parou.

- Tens a Marca Negra, não é?

Draco mostrou-lhe o braço.

- Foi-me incutida uma missão. Uma missão em que terei de fazer uma coisa muito má. Não te posso dizer o que é e já te contei demais.

Ginny sentou-se contra a parede e, quando Draco fez o mesmo, ela encostou a cabeça ao seu peito.

- Sabes que não o tens de o fazer.

Draco riu-se para dentro.

- Tenho sim. Ginevra, não percebes? Se recusar, ele mata-me e a minha família.

Ginny entendeu o desespero que emanava dos seus olhos.

- E se falares com o director, Draco? Ele pode-te ajudar, de certeza.

Draco sorriu sarcasticamente.

- Ninguém me pode ajudar, ruiva.

- Ou então, podemos falar com a Ordem.

Draco riu-se. Ginny levantou a cabeça para o olhar.

- Se fizeres o que ele quer, irá assombrar-te para sempre.

- Se não o fizer, morrerei. A tua preciosa Ordem não me pode ajudar, não têm poder suficiente. Para além disso, nunca o fariam.

A ruiva olhou-o desconcertada.

- O quê? Claro que fariam! Por que dizes isso?

Draco olhou para ela como se a resposta fosse óbvia.

- Sou um Malfoy.

Ginny riu.

- Weasleys e Malfloys não se dão bem. - confirmou a riuva. - Bem, não nos podem criticar. Vocês conseguem ser extremamente irritantes!

Draco riu, agradecido por aquele momento de humor.

- Mas quem sou eu? Pertenço a que família?

Draco olhou-a de cima abaixo.

- Cabelo ruivo, roupas em segunda mão, és com certeza uma Weasley.

Ginny deu-lhe um murro no braço.

- Porra, Weasley, já é o segundo! Tu é que fizeste a pergunta!

- Era para responder com seriedade.

- Foi o que fiz. - sussurrou ele, enquanto massajava a região magoada.

Ginny lançou-lhe um olhar ameaçador.

- E tu és um Malfoy.

- Que observador!

Ginny semicerrou os olhos.

- Weasley, nós somos a excepção à regra. Para além disso, não é como se do dia para a noite tivéssemos começado a gostar um do outro.

Ginny sentou-se no seu colo e pôs os braços por cima dos seus ombros.

- Bom, eu acredito que tu gostas mais ou menos de mim se não, não me terias querido ver outra vez. Também, me parece que estás a tentar ser um idiota menos desprezível, rude, intolerável...

- Ginevra? Esse pensamento tem uma conclusão ou estás apenas a tentar criticar-me?

Ginny riu.

- Nós podemos solucionar o problema. - disse, olhando-o nos olhos. - Eu ajudo-te.

Confia em mim.

- Confia em mim.

Draco abraçou-a, colocando a cabeça contra o seu peito.

Ginny interrompeu o silêncio, momentos depois:

- Bom, é ou não é verdade? Hum? Que gostas de mim?

Ginny beijou-lhe a união entre o pescoço e o seu ombro.

Draco corou ligeiramente e encostou-se à parede, olhando para a frente.

- É difícil dizer não quando estás sentada em cima de mim.

Ginny abanou o cabelo e começou a beijá-lo.

- Hum? Porque? Sentes alguma coisa que não devias sentir? - Ginny roçou-se ligeiramente à parte intima de Draco, começando a sentir uma pressão contra a si.

Draco confirmou com um aceno de cabeça.

- Sim, sinto medo por estares numa posição em que tão facilmente me podes estrangular.

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Bem, eu espero que vocês tenham gostado.

Ah, e estão a ver o botão aí em baixo? Cliquem e deixem uma review!

Eu ficaria muito agradecida!

Beijos Hogwartizanos!