Harry estava sentado sob a sombra de uma árvore. Ele mantinha os olhos fechados, mesmo quando um leve cheiro floral invadiu suas narinas. Ele poderia reconhecer o cheiro e sorria a cada lembrança revivida com o mesmo.
- Sabia que bem a sua frente tem um arco-íris lindo? – A voz dela ecoou no silêncio por breves instantes.
Ele abriu os olhos, encarando as poças de água que haviam se formado. Elas cintilavam ao sol. Depois, ele pode ver o interminável arco colorido, que começava e se fundia no horizonte.
- Num desses nós podemos ter muitos sentimentos explanados, sabia? – ela apontou para o horizonte. O moreno olhou para a ponta dos seus dedos, deliciando-se. Ele não sabia o que se sentir diante da reação dela a sua partida. – A vermelha é a paixão. A paixão que em sinto e sempre senti por você. A violeta simboliza a tristeza. O triste caminho pelo qual estamos percorrendo.
Ela fez um breve contato visual com ele. Os nós se formavam no estômago de ambos.
- A laranja nos faz sentir menos deprimido, ajuda-nos a perdoar aqueles que erraram conosco, Harry, lembre-se disso, pois na sua jornada você irá precisar. – Ela pegou a mão dele, entrelaçando-lhe os dedos. – A amarela é o otimismo. O otimismo que há muito está perdido e que merece ser relembrado. A azul nos remete a fidelidade. Nós somos fiéis a você. A anil é a compreensão. Compreensão a qual eu lembro-me todo dia que eu devo ter. A qual eu admito estar perdendo; a qual está me enlouquecendo.
Ela suspirou, pesarosamente, entre seu monólogo, enquanto ele tentava absorver tudo que ela lhe passava. Ginevra nunca foi de falar o que verdadeiramente está sentindo, mas, naquele momento, ele sentiu que ela desmontara todas as suas defesas. Ela apoio a cabeça no ombro dele, ainda segurando a mão na qual ele fazia desenhos abstratos.
- Enfim, a verde. Simboliza a esperança. A esperança que eu tenho de que você volte vivo, de que atinja seu objetivo e de que, no fim, não me esqueça, porque eu não o esqueceria. O menino dos olhos verdes como sapinhos cozidos. – zombou e soltou uma risada nasalada.
Ele soltou uma risada igual. Estava cansado de monólogos, mas estava cansado de falar, explicar-se. Acontece que, às vezes, é imprescindível.
- Ginny... - Ele sibilou, mas ela colocou a mão sobre a boca.
- Não acabe com meu momento, Harry. – Ela levantou o rosto para que os olhos pudessem se encontrar.
- Não dá. – Ele falou, dando um riso nervoso. – Porque, agora, toda vez que eu ver um arco-íris eu vou lembrar que depois da tempestade, vem algo bom. Eu vou olhá-lo e ver o vermelho dos seus cabelos; o amarelo que emana do seu sorriso; o tom laranja que pinta suas palavras; o violeta dos seus olhos; o azul da sua amizade; o anil da sua alma e o verde que reflete em você, vindo de todas e nenhuma direção. Eu descobri que você é meu arco-íris, Ginny, e isso não vai mudar.
E o castanho se perdeu no verde.
