Saint Seiya pertence a Masami Kurumada, etc e tal em letras miúdas.

Esse fanfiction é apenas um fanfiction sem fins lucrativos.

Capítulo - 1

Tatsumi e Saori deixavam o hospital. Saori empurrava uma cadeira de rodas com um rapaz inconsciente sentado nela. Seus olhos estavam visivelmente vermelhos e inchados por causa do choro. Uma ambulância estava do lado de fora e um homem vestindo um jaleco branco a aguardava. Ele toma o lugar dela atrás da cadeira de rodas e a prende num suporte de metal na parta de trás da ambulância. Em seguida sobe na ambulância indo para a parte lateral, e aciona um botão. O suporte de metal começa a erguer a cadeira de rodas lentamente até atingir a altura da porta. O homem de jaleco aciona algumas alavancas que prendiam a cadeira de rodas e a conduz para trás para dentro do veículo. Ele acomoda a cadeira de rodas no fundo da ambulância, prendendo-a novamente em outro suporte.

Em seguida Saori sobe na ambulância e senta-se num banco no fundo, ao lado da cadeira de rodas, e leva a mão sobre a mão do rapaz de cabelos castanhos.

- Senhorita, tem certeza de que não quer que eu vá com a senhora? – perguntou Tatsumi visivelmente preocupado.

- Está tudo bem Tatsumi. - respondeu Saori sem tirar os olhos do rapaz – Eu vou ficar bem.

Tatsumi assentiu com a cabeça e segurou a porta da ambulância. Ele olhou mais uma vez para o interior, para o rapaz na cadeira de rodas. Seu olhar era de grande pesar. Tão frágil, tão vazio, tão diferente do que era. Será que nunca mais ele acordaria? Olhou para Saori, mas o olhar dela estava voltado para o rapaz. Tatsumi virou a cabeça de lado, suspirou profundamente e fechou com força a porta da ambulância.

O homem de jaleco sentou-se do outro lado, perto da porta da ambulância. Estava compenetrado preenchendo dados em uma prancheta.

A viagem levaria uma hora e meia. Ela havia tomado a decisão e não tinha intenção de voltar a trás. Queria um lugar tranqüilo, longe de tudo e de todos, longe do Santuário, onde pudesse tomar conta dele. Onde pudesse agir como ela mesma, e não como Athena.

Sentia-se exausta, é verdade. Não havia dormido bem, havia chorado por um longo tempo, e seu coração não estava em paz. O silêncio e o balançar do veículo lhe davam uma certa sonolência. Um pensamento naquele momento a atormentava.

"Queria que fosse diferente. Queria que nunca tivesse se envolvido nisso, que não estivesse nessa situação. Quem me dera poder mudar isso."

"É isso mesmo que deseja?" – Um outro pensamento pareceu atravessar sua mente, como uma voz oculta.

"Quem?"

Saori levantou a cabeça. Não havia ninguém além do médico. Percebeu que havia cochilado um pouco. Mas o sono ainda a chamava. Sua cabeça tombou, e seus olhos foram se fechando aos poucos.

"Conte-me, como tudo aconteceu? O que levou este rapaz a se tornar um cavaleiro?"

"Meu avô, Mitsumasa Kido, enviou-o para a Grécia para ser treinado como cavaleiro. Não só a ele, como os demais cavaleiros de bronze." – respondeu inconscientemente.

"É mesmo? Mas por que ele fez isso?"

"Meu avô fez isso para me proteger. Por que sabia que o Santuário se levantaria contra o mundo e contra mim. Por isso enviou aqueles jovens para serem treinados como cavaleiros, para que um dia pudessem lutar ao meu lado."

"Mas o que o levou a tomar essa decisão?"

Saori ponderou um pouco. Seu raciocínio estava lento, sua mente pesada de sono, não considerando até aquele momento quem estava fazendo aquelas perguntas.

"Meu avô encontrou certa vez um homem chamado Aioros. Ele estava muito ferido e carregava nos braços um bebê. Esse homem, Aioros, entregou o bebê e a caixa da armadura de ouro ao meu avô e contou-lhe o que acontecia no Santuário. E em seguida morreu."

"Interessante. Mas o que teria acontecido se este homem, Mitsumasa Kido, não tivesse encontrado o homem chamado Aioros?"

"Quem é você? Quem está aí?" – Saori tentava acordar, mas parecia que suas pálpebras não se mexiam.

"O que teria acontecido se eles não tivessem se encontrado?" perguntou mais uma vez a voz.

Saori começou a ter uma visão, de Aioros entregando o bebê a Mitsumasa. Era uma visão bem realista, como se estivesse ali testemunhando o acontecimento. Podia até escutar o choro do bebê.

"O que teria acontecido... – repetia a voz – se ele não tivesse ouvido o seu choro? Se não tivesse ido em sua direção?"

Ela pode ouvir o choro do bebê diminuir aos poucos até silenciar-se.

O homem chamado Mitsumasa Kido caminhava próximo a ruínas na Grécia. Tirava fotos e observava a paisagem. Em seguida se afastou indo em direção a uma construção antiga.

Não muito longe dali, um jovem estava estendido no chão, bastante ferido. Ele respirava com dificuldade, e em seus braços estava um bebê que dormia em silêncio. Ele agonizava. Seus lábios tentavam pronunciar uma palavra, mas esta morreu sem que alguém pudesse ouvi-la. Seus olhos se fecharam e seu corpo parou de se mexer.

Uma sombra se aproximou e olhos curiosos espiaram o homem caído. Olhos cinzentos grandes em um rosto pequeno. A dona daqueles olhos tinha um corpo franzino e cabelos castanhos presos numa trança. Usava um vestidinho branco bem simples. Ela se aproximou do homem caído. Estava assustada, pois nunca havia visto uma pessoa morta. Ela estendeu suas mãos sobre a mão dele. Segurou a mão dele pelos dedos do polegar e indicador e levantou com cuidado. Puxou a mão devagar e a colocou de lado. Em seguida pegou o bebê que estava com ele. Abraçou o bebê olhando seu rosto. Saiu correndo.

N.A.: Existem milhares de possibilidades, eu sei. Estou apenas explorando uma delas.