Disclaimer: Enjoy Minna - R&R domo!
- Saint Seiya não me pertence, mas eu acho que a terapia me ajudou a superar isso.
- Essa fic foi inspirada na música Nada Mais - cantada pela Nalanda. Eu amo essa música desde pequena e não me perguntem porquê. Ainda assim, essa fic não é songfic. Quem quiser a letra completa me peça via email.
- Era pra ser oneshot IkkyHyoga, mas eu vou abusar de mais dois casais em oneshots nos próximos caps, ok?
Tsuki Koorime
Nada Mais
vão dizer que são tolices, que podemos ser felizes
mas tudo o que eu sei não dá pra disfarçar...
dessa vez doeu demais
Ikky fechou a porta atrás de si com força.
Nunca mais – ele repetia pra si mesmo.
Nunca mais.
Do outro lado da porta, um loiro espremia os olhos e chorava em silêncio.
oOo
A boca se desgrudava da pele como se estivessem roubando dele todo o ar. Pausadamente inclinou a cabeça sobre o travesseiro, olhando para os cachos loiros que pendiam sobre os olhos azuis. Ouviu o leve gemido de protesto do outro, recebendo aquele som tão grave e infantil com um suave sorriso.
"Não reclame, loiro. Vamos."
"Não quero."
"Fale isso pro Kamus quando ele vier te buscar pelas orelhas."
Hyoga não pôde evitar um som preso na garganta, entre um riso e outro protesto. Fênix deu-lhe uma olhadela pelo canto dos olhos, enquanto vestia as calças jogadas ao pé da cama.
"Mas é sábado!" – Hyoga se levantou, tentado em vão ajeitar os cabelos com as mãos.
Ikky lhe jogou suas calças marrons de treino, e respondeu:
"E você tem treinamento com o maior 'caxias' do santuário. Não é hoje sua prova de prontidão física?"
Hyoga bufou, vestindo a calça e saltando da cama. "Droga."
Mas não teve tempo de dar um passo, sem que Ikky lhe puxasse pela calça mal-vestida e aberta, jogando o corpo esguio pra cima do seu, tomando aquela boca com possessividade e malícia.
Quando se separaram, Ikky viu o olhar enrubescido que o outro ainda lhe dava, vez ou outra, quando lhe dava esses ímpetos, e riu.
"Boa aula, Pato."
/ no treinamento /
"Preste mais atenção, moleque. Não tenho tempo para brincadeiras!"
Hyoga limpou o sangue da boca, olhando feio para seu novo Mestre.
"Que diabos Kamus! Você não se cansa nunca disso! Não tem nada melhor pra fazer do que ficar batendo em mim num dia de folga!"
Por um instante, o cavaleiro de Cisne pensou ter visto que suas palavras abalaram mais que o inesperado o tão frio cavaleiro de Aquário. Mas tão rápido quanto essa impressão veio, ela se foi, deixando espaço para a usual expressão fria que Kamus tanto ostentava.
"Se não queria treinar, devia ter me avisado e poupado meu tempo. Agora vá."
Hyoga permaneceu no mesmo lugar, parado, olhando para o semblante impassivo do cavaleiro de Ouro. Kamus apenas deu as costas, adentrando ainda mais a 11º casa.
"O que está esperando, moleque? O treino de hoje está encerrado."
Cisne bufou, largando os ombros.
Estava louco para sair correndo dali e encontrar uma certa ave de fogo mas... bem, se havia uma lição que ele não tinha aprendido com seus mestres era de ser insensível em relação aos outros. Infelizmente, talvez, e simplesmente não fazia parte dele. E por isso, mesmo que um pouco contrariado, ele se viu correndo atrás do cavaleiro de Ouro.
Não precisou de muito, já que o outro continuava seu passo sereno e lento.
"Kamus... me desculpe."
"Já não te mandei embora?"
"Eu sinto muito pela minha impaciência. Não quis ser rude."
Foi então que Aquário passou de caminhar, se virando para fitar o pupilo. Havia alguma coisa trêmula naqueles olhos, que parecia naquele momento fazer parte deles mas também, de alguma forma, fazia Hyoga se sentir o mais idiota dos alunos que já existiram na face da Terra, por em tantos meses jamais ter percebido o que havia dentro deles.
Kamus estava cansado.
Do quê? Quando foi que aquela melancolia havia tomado lugar do seu orgulho?
"Mas talvez estivesse certo. Vá aproveitar o sábado com seu namorado."
Hyoga arregalou os olhos, e quando voltou a si o outro cavalheiro já estava adentro um de seus aposentos. Cisne o acompanhou, metodicamente.
"Ele... eu... bem, ele não é..."
Kamus se virou, com alguma coisa parecida com um sorriso nos lábios. Continuou em silêncio, acendendo a lamparina da mesa de sua sala de leitura. Parecia remexer alguns livros, os pondo no lugar. Hyoga ainda estava estacado na porta, sem saber se devia ir embora ou continuar aquela conversa que pela primeira vez, parecia ser franca entre aluno e professor.
Mas ele não teve que tomar essa decisão.
"Sabe, Hyoga, relacionamentos mal resolvidos são sempre os que mais perduram. Talvez, eles não sejam mesmo feitos para serem resolvidos."
O Cavaleiro de Aquário se sentou em sua poltrona, olhando fixo para o aluno ainda petrificado em sua porta.Não queria ser aquela pedra de gelo com ele. Tinha orgulho do menino, apesar de tudo. Não, por causa de tudo.
Só queria fazer dele o melhor cavaleiro que ele pudesse ser. E Kamus tinha certeza de que isso já era muito mais do que o próprio Hyoga poderia imaginar.
"Por que diz isso, Mestre?"
Kamus riu.
"Vou lhe dar um conselho, Hyoga, antes de expulsá-lo daqui pela última vez hoje."
Hyoga sorriu. Sabia que aquilo era o mais perto de um gesto carinhoso que o cavaleiro de gelo poderia se permitir dar.
"Sim, Mestre."
Kamus se levantou novamente, olhando agora para sua janela.
"Nada fica sem solução para sempre, garoto. E se você não resolver, alguém o fará por você."
E Hyoga entendeu o que estava escrito por debaixo dos olhos escuros do cavaleiro de Ouro. Não era tristeza, melancolia. Aquilo tinha um nome.
E era a falta de Miro.
/ enquanto isso... /
Ikky já não se continha de tanta ansiedade.
Que diabos aquele Pato demorava tanto num treino idiota?
Enfiou pela décima vez as mãos nos bolsos, só naquela manhã. Subia as escadas com o andar pesado e falso. Falso sim, porque na verdade não estava zangado com Hyoga.
Como poderia sequer pensar em brigar com aqueles olhos azuis?
Estava mesmo era puto da vida com ele. Como tinha deixado aquilo acontecer? Estava apaixonado. E não podia sequer reclamar! As constantes visitas do loiro ao seu quarto davam cada vez mais esperanças que poderia ser muito bem correspondido. Os sons abafados do loiro em seu ouvido a cada vez que o tocava soava tanto com uma declaração muda...
Quis dar um soco em si mesmo, mas se conteve, diante do olhar curioso de Shaka enquanto ele passava por sua casa.
"Fique à vontade, Fênix."
"Hunf". – ele continuou a caminhar, olhando reto para frente com sua típica face mau-encarada.
Shaka pareceu rir, ainda em sua posição de lótus.
"Ele está em Aquário. Pode ir despreocupado, que não há mais nenhum outro cavaleiro além de mim e Kamus nas doze casas."
Ikky virou-se para ele com os olhos apertados, aumentando ainda mais sua cara mau-humorada.
"Por que não cuida da sua vida? Ah, eu esqueci! Um certo ariano não está em casa hoje..."
Shaka abriu os olhos, fitando o sorriso de escárnio que Fênix estampava no rosto.
"Passe bem, Fênix."
O cavaleiro de bronze apenas acenou com a mão, saltando da sexta casa. Mal se viu fora dela, se pôs a correr para Aquário. Se Hyoga não terminava logo aquele maldito treino, ia terminar ele mesmo!
Não demorou até que chegasse ao salão de entrada da décima primeira casa. Estava vazio, o que de imediato pareceu incomodar e muito o cavaleiro de Athena. Continuou a caminhar o mais silenciosamente possível, sentindo os cosmos conhecidos dentro de um dos aposentos internos.
E vieram os risos.
O coração de Fênix parecia ter garras, cravando-as em suas costelas como se só assim ele pudesse continuar no mesmo lugar, e não saltar peito afora.
Eram risos altos, alegres, como se de velhos amigos.
Os pés de Ikky não lhe obedeciam, seguindo lentos e silenciosos para dentro da casa zodiacal, caminhando até a porta entreaberta.
E eram mais que risos, eram gestos, eram olhares.
Olhares que só sabiam ter aqueles olhos azuis.
Os seus olhos azuis.
Hyoga tinha os braços se desvencilhando da cintura de Kamus, levantando o rosto, seus olhos risonhos para os dele, dizendo uma besteira qualquer sobre verdades populares, ditados, uma coisa qualquer que Ikky definitivamente não quis ouvir.
E saiu.
Simples assim.
/ o que aconteceu /
"Nada fica sem solução para sempre, garoto. E se você não resolver, alguém o fará por você."
Kamus fechou os olhos, sentindo-se estranhamente nostálgico. Como era irônico ver seu pupilo numa trama tão parecida com a sua!
Sabia do gênio fogoso de Fênix. De seu orgulho, e de sua paixão pela própria liberdade. Tão parecido com Miro. Alguém que não se pode prender entre as mãos. Nem ao coração.
Quando deu por si, sentiu dois braços lhe circundando a cintura. Abriu os olhos, para ver o seu pupilo lhe dando um abraço.
Sentiu-se desconcertado.
Não estava habituado a abraços.
Manteve os braços na mesma posição rente ao corpo, se deixando apenas abraçar.
"Hyoga?"
"Você tem sido minha única família, Kamus. Obrigado."
Kamus sorriu. Hyoga, mesmo com seus dezessete anos, ainda não passava de um menino com saudades da mãe. E com uma profunda carência de um pai.
Por um instante, o cavaleiro de gelo pensou que ser esse pai não era assim tão ruim.
E riu.
"Acho que isso não pode ser remediado."
Hyoga levantou os olhos, espantado com a atitude de seu sempre ríspido mestre. Riu também, recebendo um afago nos cabelos, e olhou para Kamus com um largo sorriso.
"Não mesmo. É como dizem, Kamus. O que não tem remédio, remediado está..."
"Não se acostume com isso, moleque."
Hyoga deu outra risada, se desvencilhando. Kamus já estava voltando à sua face normal, era melhor não abusar...!
"Bem, é só o que dizem os ditados..."
E então sentiu em sua espinha uma forte corrente elétrica, como se fizesse seu corpo querer cair ao chão. Kamus virou-se para a porta, intrigado. Voltou-se para Hyoga, a face séria de volta ao seu semblante.
"Vá."
Hyoga não precisou ouvir duas vezes, e saiu correndo pela porta.
Kamus continuou a fitar a janela, pensativo. Sabia muito bem de quem era aquele cosmo que entrara despercebido e saíra com tanto alarde.
Fênix certamente era uma ave de gênio fogoso.
/ à noite /
Hyoga parou um instante na porta, temeroso.
Quando saíra da casa de Aquário, mais cedo, não vira mais nenhum sinal de Ikky. Sabia que o melhor a fazer era deixar aquela ave birrenta esfriar a cabeça sozinho. O que era bastante difícil para Cisne. Quer dizer,o que mais uma pessoa apaixonada teria vontade de fazer senão pegar aquela cara amarrada e enchê-la de carinhos tolos até que se desfizesse qualquer marra?
Mas ele sabia que Ikky não era chegado a gestos tolos.
Tivera que se contentar em esperar a noite, roubar o melhor vinho que pudera encontrar na casa de Shura e esperar que ele finalmente abrisse aquela maldita porta...
Bem, talvez ajudasse se ele batesse.
Mas não foi preciso.
"É tarde, Pato."
Hyoga ficou olhando para aquele homem de cabelos azuis e desgrenhados por longos segundos, pensando se aquela frase tinha um quê de subversiva nela. Mas não pôde pensar muito, porque fora arrancado do corredor pelas mãos fortes de Ikky, o puxando pra dentro do quarto com certa brutalidade.
Encostou o jovem na parede, o beijando com vontade.
Hyoga retribuiu. E sentiu, enquanto a mão de Ikky segurava sua nuca, que ela boca estava ali apenas lhe dizendo adeus.
Fechou os olhos, afastando aquele pensamento, em vão.
O gosto amargo parecia parte do beijo.
"Vinho? Bom."
Foi tudo que Ikky disse quando terminou o beijo, e sem nem olhar nos olhos do loiro, pegou a garrafa e a levando para sua mesa, procurando em alguma gaveta um abridor.
"Ikky..." - Hyoga sentiu a boca seca, a voz morrendo no fim do nome que engasgava sua garganta.
"Então, Pato, como foi o treino?"
Fênix finalmente havia achado o abridor, não se preocupando em achar um copo antes de beber o líquido rubro direto da garrafa.
Hyoga deu alguns passos em direção ao moreno, com um leve sorriso nos lábios. Ikky estava com ciúmes dele e Kamus? Que tolice!
"Ikky, eu sei que você esteve lá hoje."
Mas o sorriso de Cisne morreu quando viu o olhar maldoso de Fênix, quando esse se virou para ele.
"Ótimo. Isso só torna as coisas mais fáceis."
Não teve tempo de argumentar, e já foi preso pela boca do cavaleiro sobre a sua. Eram mãos famintas, olhos possessos, as coxas se entrelaçando nas suas sobre o lençol amarrotado, tudo numa delicadeza bruta, sentida, ferida, como um animal fazendo carinho ao dono que o machucara...
Ikky soltou um urro forte e se deixou cair na cama, fechando os olhos, sem mais palavra.
Hyoga ainda tinha a respiração afoita, se recuperando, as pernas bambas lentamente se esticavam sobre a cama. Não queria abrir os olhos. Sabia que não devia. O certo era ficar ali, de olhos fechados para sempre, sentindo aquele cheiro de sexo na sua pele, ouvindo aquele grunhir meio sonolento do homem ao seu lado, quietinho, pra sempre e sempre...
Mas ele abriu os olhos.
Fênix havia se levantado e sentado em sua cadeira, pegando um cigarro dentro de uma das gavetas da escrivaninha. Tinha a garrafa de vinho na mão, e olhava fixo para a porta. Hyoga respirou fundo, um pouco confuso. Conhecia muito bem aquele cavaleiro rude e grosso, mas aquilo já era demais. Aquilo não era nem uma sombra do que ele já fora ao seu lado.
Ikky deu uma baforada longa, e com os olhos presos na porta, murmurou alguma coisa que Cisne simplesmente nunca ouviu, e também tinha medo de perguntar.
Levantou-se, vestindo a calça às pressas e se sentou na cama, de frente ao cavaleiro.
"Você vai falar ou eu vou ter que adivinhar?"
Ikky apagou o cigarro ainda pela metade, se virando completamente para o loiro.
"Eu quero dormir sozinho hoje."
"É isso?"
Hyoga perguntou, tentando se aproximar daquele rosto de traços tão duros, mas foi recebido –e recusado - com um riso cínico.
"O que você esperava? Um cartão e flores?"
O russo pediu a si mesmo que não desse um murro na cara de Fênix naquela hora, mas estava difícil. Respirou fundo, não se importando em mostrar sua indignação e falou, em alto e bom som:
"Eu esperava que você estivesse comigo, Fênix."
Ele ouviu uma risada doída, mas na hora ele apenas não sabia se a dor era da voz ou só estava entalada em seus ouvidos.
"Que diabos, Ikky! Estou cansado disso e quero saber!"
"Melhor, Pato, eu estou cansado de transar com você."
Aquela pergunta ensaiada há tantos meses ficou presa entre os dentes do loiro.
Ikky se levantou, não suportando aquele olhar. Que diabos! Ele o traíra e ainda pedia explicações! Queria discutir a relação! Que merda de relação era aquela onde só o idiota da ilha da Rainha da Morte tinha seus sentimentos destruídos, mais uma vez?
Com algum esforço, Hyoga conseguiu reorganizar algum pensamento, e se virou para o cavaleiro recostado à porta.
"O que... que afinal você quer dizer?"
Ikky jogou a garrafa no chão, derramando o vinho que ainda restava dentro dela. Olhou o garoto de cima a baixo, e com um meio sorriso nos lábios, afirmou:
"Que cansei de brincar com você. Não consegue entender isso? Ou você é tão patético a ponto de achar que eu vou continuar aqui bajulando uma criança feito você?" – ele girou a maçaneta, abrindo uma fresta na porta – "Você já se divertiu bastante e eu também. Agora vai embora."
Hyoga abriu a boca para revidar, mas palavra alguma saiu. Pegou sua camisa no chão, e mesmo sem vesti-la, caminhou até a porta.
"Você vai me dar um motivo?"
"Vou."
Cisne manteve o olhar firme, sentindo-se traído por aquela boca que tantas vezes o acariciara.
Fênix sentiu-se tremer, a respiração quase fugindo do seu controle. Podia ver o quanto estava machucando aquele loiro bobo. Mas era inevitável. Era assim que tinha que ser.
Não seria mais um coração partido sem dono.
"Nunca mais vou tocar em você."
E aqueles olhos azuis, lacrimejaram em silêncio, deixando o quarto.
Estava feito.
Não suportaria mais tocar aquele rosto um só dia, sabendo que ele amava outro.
Nunca mais...
Eu te amo, sua ave estúpida.
Amanhã será jamais...
/ no amanhã /
"Eu soube."
Nada. Sentia-se ridículo com aquela garrafa de vinho branco nas mãos, além do cartão e meia dúzia de flores campestres amarelas.
Mas pior mesmo era aquela porta que não se abria nunca.
Não ia insistir. Não era disso.
Sabia que tinha jeito o pior dos erros quando julgou os sentimentos de Hyoga. Kamus havia lhe procurado logo de manhã, quando sue pupilo não apareceu para o treino extra. É claro que o primeiro lugar que o procurou foi no quarto de Ikky. Se Hyoga estivesse lá, levaria uma bronca por ser desleixado, senão, então suas suspeitas estariam certas e ele mesmo iria resolver as coisas.
Se você não resolver, alguém o fará por você.
Ikky passou o dia todo pensando. Embora Kamus tenha lhe dito que estava enganado quanto aos dois, não havia lhe dito nada sobre os sentimentos de Cisne por ele. Poderia muito bem ser que o jovem cavaleiro não gostasse dele da mesma maneira. Talvez fosse um passatempo, nada mais. Um caso para fazer ciúmes em alguém e nada mais. Um amor de verdade, e nada mais.
A quem queria enganar?
Hyoga não ia abrir aquela porta nunca mais.
Ele deixou a garrafa, as flores e o cartão encostadas na porta. Bateu duas vezes e virou de costas, caminhando pelo corredor.
Hyoga abriu a porta, encontrando aquela pedido de desculpas tão típico daquela ave arredia. O gesto mais romântico deixado ali sozinho em sua porta, sem ninguém par receber um berro ou um sorriso. Ele pegou tudo e levou pra dentro, fechando a porta.
Olhou para o cartão, com uma letra garranchada e a simples frase: "Me perdoa."
Só ele sabia como deve ter sido arrancar aquilo do cavaleiro com fama de insensível. Sorriu, mesmo sem querer. Era uma derrota iminente aquela, não era? Olhou no espelho os olhos avermelhados e inchados. Pegou uma caneta e rabiscou alguma coisa no mesmo cartão.
Ia até a sua porta e deixar sua resposta.
Mas nunca saiu do seu corredor. Tinha uma Fênix envergonhada sentada nas escadas, esperando por ele.
Ikky levantou, fitando Hyoga como se nada tivesse acontecendo entre eles. Como se ele não estivesse visivelmente tremendo por dentro.
"Seu cartão."
Ikky pegou o pedaço de papelão entre os dedos de Cisne, e leu.
Quando seus olhos se levantaram novamente, encontraram aquela boca já tão perto do seu rosto, lhe tocando de leve os lábios, dizendo declarações mudas naquele gesto tão tolo.
O cartão escorregou de sua mão, caindo para fora do corredor quando a porta se fechou.
E dizia assim.
"Uma vez alguém me disse que para casos mal resolvidos e eternos, como nós dois, um nunca mais dura mesmo muito pouco..."
owari
