N.A.: Short de até mil palavras para o challenge de drabbles do Not at last resort. Tks, Nik!
Tentativa de fic natalina. Estou enferrujada, então reviews são bemvindas. rsrs (E odeio a nova ortografia, mas estou me esforçando na adaptação).
Disclaimers e afins, vide profile.
Presente de Natal
A professora pediu uma tarefa simples naquele dia. As crianças tinham apenas que desenhar o que queriam para o Natal.
O pequeno Harry Potter olhou para o papel em branco, sem saber o que fazer. Olhou ao redor, só para ter certeza de que seus colegas também tinham essa dúvida.
Mas ele ficou decepcionado – não pelos colegas, mas por parecer sempre a exceção à regra. Todos estavam extasiados, desenhando bicicletas, patins, vídeos-game ou outro tipo de brinquedo.
Não que Harry não quisesse um brinquedo. Mas é que...
A verdade é que Harry nunca gostou muito do Natal. Talvez seja porque a primeira lembrança foi uma terrível decepção.
Seus tios e o primo Duda, reunidos em volta da árvore, as meias na lareira – a de Harry era uma meia furada e suja – distribuindo os presentes entre si, ignorando por completo o garoto de óculos com aros redondos e cicatriz estranha na testa.
Quando Harry, muito timidamente, examinou sua meia, viu que estava vazia. Ao comentar que Papai Noel não colocara o presente, sua tia fez uma careta e desviou o olhar, já seu tio, foi bem mais cruel que isso.
— Ora essa, sua meia estava furada, não estava? O presente deve ter caído e se perdeu. Com sorte, caiu dentro da lareira e pegou fogo. – disse, com uma gargalhada que o filho Duda imitou, olhando maldosamente para Harry.
— Pois eu acho que você não ganhou nada – disse o primo – porque não se comportou durante o ano.
Harry quis protestar, dizendo que se fosse assim, Duda não deveria receber tantos presentes, pois sempre tirava proveito dos mais fracos.
Claro que sua atitude só serviu para que o trancassem dentro do armário debaixo da escada sem comer a ceia.
Harry olhou novamente para a folha de papel. Há muito não acreditava em Papai Noel, mas se ele pudesse pedir qualquer coisa, qualquer coisa que o fizesse se sentir mais feliz...
Começou a rabiscar o papel, parando de vez em quando para analisar o que estava desenhando, separar as cores certas da obra de arte.
Porque todo desenho de uma criança de sete anos é uma obra de arte.
Quando a sineta tocou, todos entregaram seus desenhos para a professora, mas Harry estava ainda em fase de finalização, então permaneceu onde estava. A professora se aproximou.
— Ainda não terminou Harry?
— Falta pouco... – ele estava concentrado com o lápis preto, mas por fim largou tudo e entregou o desenho para a professora, com uma expressão satisfeita.
Ela olhou o desenho, estarrecida. Depois, antes que Harry pudesse sair, ela o chamou de volta.
— Harry – ele já estava com a mochila rasgada (afinal, era a mochila velha que Duda usara ano passado) nas costas, a caminho da porta, e tornou a se aproximar da professora.
— É um bonito desenho – a professora sabia que tinha de ser cuidadosa ao lidar com crianças – Por que não me explica o que significa todas essas pessoas?
Ela mostrou o papel onde o menino havia desenhado um casal bem alto: um homem de cabelos espetados e óculos e uma mulher de cabelos vermelhos e olhos verdes. Ao lado, apareciam duas crianças, um menino e uma menina. Ao centro, Harry havia desenhado a si próprio – diferenciado do homem alto pela cicatriz em forma de raio.
— Hm... – o menino parou para pensar no que dizer, não sabia se sua resposta lhe causaria problemas com seus tios – Esse no meio sou eu... Esses grandes são meus pais. – então ele olhou para a professora – Mas sei que não posso tê-los comigo de novo, eles morreram num acidente de carro.
A professora assentiu um pouco comovida.
— E você sente falta deles?
Ele deu de ombros.
— Eu não me lembro deles. Acho que queria lembrar, só isso.
Ela resistiu em dar um abraço no garoto. Não tinha o direito, nem considerava ético para uma professora.
— Sua mãe tinha cabelos vermelhos?
Ele olhou para a imagem que desenhara.
— Não sei. Minha tia nunca contou. Mas não queria, quero dizer... Não acho que ela fosse loira como tia Petúnia. – ele respondeu naturalmente. O fato é que ele não suportaria que sua mãe parecesse com tia Petúnia.
— E esses dois pequenos? Seriam seus irmãos?
Harry coçou a cabeça e arregalou os olhos. A ideia pareceu surpreendê-lo.
— Na verdade... Tinha pensado neles como meus amigos.
A professora piscou.
— Mas e os seus amigos daqui da escola? Com certeza você tem algum, ou pelo menos lá perto da sua casa, não?
O menino não falou nada. Não queria dar motivo para que a turma de Duda viesse atrás dele para machucá-lo de novo. Ninguém tinha coragem de se aproximar dele, desafiando Duda. Os que tinham, pagavam muito caro com surras e se afastavam logo.
— Esses... – ele hesitou um pouco – Esses seriam meus melhores amigos, sabe? Hm... Os que eu tenho hoje não são... Bem, são melhores amigos de outras crianças, mas não meus.
A professora assentiu novamente. Sabia que o menino não falava completamente a verdade, mas não sabia ainda até que ponto poderia incentivá-lo a contar.
— E por que um menino e uma menina?
— Para equilibrar as coisas. – ele deu de ombros – Seria legal ter uma amiga. Uma melhor amiga, quero dizer.
Ela sorriu e o dispensou. Harry parecia aliviado ao sair da sala. A professora sabia que a vida de Harry Potter com a família Dursley não era muito fácil e desejou que ele conseguisse o que queria.
Olhou novamente o desenho e suspirou. Mesmo não conseguindo os pais de volta, ela queria que no futuro, o próprio construísse uma família amorosa e feliz. No fundo – e ela não sabia explicar o motivo – sabia que Harry merecia ser feliz.
Fim
E a todos, um feliz Natal! =^.^=
