Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens nao me pertencem.
Romance/Pré -Ilha
Censura: M
Sinopse: Um bar na Austrália, um homem bêbado e dois corações solitários. Como a história termina?
Coquetel Bar
Capítulo 1
Sidney, Austrália
Antes do acidente
Ela o observou beber outro gole de vodka direto da garrafa. O fígado dele já deveria estar bem estragado àquela altura considerando a quantidade de álcool que ele vinha consumindo. Isso provavelmente significava que ele já não sentia os efeitos do veneno que o estava matando aos poucos.
Depois de duas semanas na Austrália Ana-Lucia pensava o que ela ainda estava fazendo lá. Parecia uma boa idea no começo, mas agora ela se arrependia. Quando conheceu o charmoso cirurgião no aeroporto internacional de LA, ele ofereceu-lhe a perfeita solução para escapar de seus problemas viajando para a Austrália com ele. Naquele dia, Ana-Lucia só queria fugir de tudo e de todos. Foi muito fácil aceitar a oferta dele de trabalhar como sua guarda-costas e acompanhá -lo até a Austrália. Além de pagar pelas despesas de viagem dela, ele também lhe prometera um excelente pagamento quando eles chegassem ao seu destino. Então por que não ir com ele?
Ela sentiu que não tinha nada a perder. Desde que ela tinha pedido demissão da polícia, Ana se isolara do resto do mundo. Ela não falara com sua própria mãe durante incontáveis semanas. Ela passara os dias sozinha em seu apartamento zapeando os canais de TV.
Quando ela finalmente se permitia dormir, ela tinha pesadelos sobre o assassinato que tinha cometido por vingança. Ana também tinha pesadelos sobre seu filho que nunca nascera. Ela ouvia o bebê chorar e tentava encontrá -lo, mas nunca conseguia. Ana sempre acordava em pânico, suando, com dificuldade de respirar e chorando.
Todo dia era a mesma coisa. A vida dela era vazia e depressiva. Ela se perguntava se ainda tinha uma vida de verdade. No entanto, estar na Austrália com esse homem não era melhor do que ter seus pesadelos sozinha em seu apartamento em Los Angeles. Pelo amor de Deus, ela nem sabia o nome verdadeiro dele! E ele não sabia o nome verdadeiro dela também. Isso era uma loucura. Ela se sentia tão cansada. O dia estava apenas começando novamente em Sidney e Ana não havia dormido ainda. Tom a tinha acordado no meio da noite dizendo que precisava de seus serviços como guarda-costas. Finalmente, seu primeiro dia de trabalho em duas longas semanas.
Ela se perguntava se ele tinha decidido colocá -la para trabalhar depois de ter se comportado como um idiota naquela noite quando ele a agarrou e a beijou no bar do hotel insistindo que eles eram almas gêmeas. Ana-Lucia sentiu-se tão estúpida estando lá com ele. Ela estava enojada com o comportamento de Tom. Tudo o que ele queria fazer era beber até morrer. Ana o tinha deixado sozinho no bar e retornado ao seu quarto mas ele veio bater na sua porta algumas horas depois na mesma noite.
Tom ficou dizendo que ela era sua guarda-costas e que ele precisava que ela estivesse com ele. Mas Ana não pensou que os seus serviços se resumiriam a dirigir um bêbado de volta para a casa todas as noites. Entretanto naquela noite, eles não foram à um bar. Tom deu a Ana o endereço de uma residência nos subúrbios de Sidney. Assim que eles chegaram, Tom foi até a casa e começou a conversar com uma mulher loira que veio atender a porta.
Tom e a mulher de repente começaram a gritar um com o outro no meio da chuva. As coisas estavam ficando feias entre eles e Ana finalmente teve que sair do carro e apartá -los. Ela arrastou Tom de volta para o carro e eles deixaram a vizinhança. Agora Ana apenas dirigia ao redor da cidade. Suas roupas estavam ensopadas por causa da chuva. Ela se sentia desconfortável de tantas maneiras. À medida em que dirigia o carro, Ana observava Tom bebendo mais vodka.
- Precisamos da porra de uma música aqui!- Tom falou. Seus dedos trêmulos ligaram o rádio dentro do carro mas Ana-Lucia não prestou nenhuma atencao à música que estava tocando.
- Quem era ela?- Ana perguntou enquanto tentava entender o que eles foram fazer naquela casa.
- De quem você tá falando?-Tom indagou enquanto ele bebia outro gole de sua preciosa garrafa.
- Daquela mulher!- Ana respondeu de volta quase gritando sentindo-se impaciente pela resposta.
- Ela... é uma longa história, Sara.- Tom disse finalmente.
Ana-Lucia estava aborrecida. Se ela queria terminar com aquela situação rídicula então ela deveria pelo menos dizer a ele seu nome verdadeiro: - É Ana-Lucia. Meu nome é Ana-Lucia.
Ele olhou para ela e respondeu, teimosamente:
- Bom, eu continuo sendo Tom.- ele estava sendo obstinado, se recusando a dizer à ela a verdade. Ele estava horrível.
- Você é patético! É isso que voce é!- Ana disse, se recusando a continuar jogando aquele jogo com ele.
- Pode apostar seu lindo traseiro que eu sou!- Tom concordou. Era óbvio que ele não se importava com ele mesmo ou com as perguntas que ela lhe fazia.
Ana-Lucia dirigiu para o acostamento de repente e então parou o carro. Ela desligou o motor e deu a ele um olhar muito sério. Ela o olhou nos olhos e perguntou a ele, esperando que ele fosse honesto dessa vez: - Por que estamos aqui?
O rosto de Tom estava triste e pálido quando ele respondeu:
- Estou aqui porque não consigo me desculpar com o meu filho.- ele fez uma pausa e em seguida continuou: - Ele tentou me ajudar...e eu o agradeci colocando-o pra fora da minha vida! Eu o agradeci odiando-o.
Ana refletiu sobre a resposta dele porque ela se sentia da mesma maneira em relação à sua mãe. Teresa tentou ajudá -la, mas Ana rejeitou sua ajuda e a agradeceu colocando-a para fora de sua vida e fugindo para a Austrália com um desconhecido.
- Você veio aqui pela mesma razão que eu, menina. Você fugiu.- Tom continuou. Ana ouviu atentamente. Ele estava certo, mas isso não significava que eles não podiam retornar aos Estados Unidos e tentar consertar as coisas.
Tom reconheceu o local aonde eles tinham parado. Havia um bar que ele já tinha estado do outro lado da rua. O bar se chamava Coquetel. Se o destino estava pregando-lhe uma peça, então era uma brincadeira de muito mal gosto.
- Olha só o que o destino nos reservou.- Tom anunciou de repente.O humor dele mudou de miserável para animado num piscar de olhos. Ana seguiu o olhar dele e olhou pela janela do carro notando o sinal em neon vermelho que dizia Coquetel Bar.
- Vamos!- Tom sugeriu a ela. – Vamos tomar um drinque e ser patéticos juntos. O que você me diz?
Ana-Lucia não pensou duas vezes quando lhe deu sua resposta: - Não!
Ela olhou profundamente nos olhos de Tom com um pequeno sorriso em seus lábios quando ela disse novamente: - Não!
- É sua escolha!- ele disse numa voz resignada enquanto abria a porta do carro e saía. Mas naquele exato momento um homem andava perto da porta do carro e ficou zangado quando Tom abriu a porta e bateu nele.
- Ei, tô andando aqui, ô imbecil!- o homem gritou, mas continuou seu caminho.
Tom finalmente se afastou do carro.
- Espere!- Ana-Lucia gritou em desespero. Ela tinha que tentar impedi-lo de cometer aquele erro. Tom voltou-se paa ouvir o que ela dizia. Ele podia sentir o desespero em sua voz. – Não vai!- ela implorou. – Vamos embora de Sidney! Vamos voltar!
- Eu nunca vou voltar.-Tom respondeu, conformado. Ana pôde sentir o quanto ele se sentia deseperançado. Aquela era sua palavra final.
- Vejo voce por aí, menina.- disse ele antes de caminhar em direção ao bar.
Ana o observou se afastar como se ele estivesse andando em câmera lenta. Uma vez que a porta de entrada do bar se fechou atrás dele, ela suspirou frustrada, ligou o motor do carro e dirigiu de volta para o hotel.
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As coisas não precisavam terminar daquela maneira. Já tinham passado algumas horas desde que ela tinha deixado Tom. Naquele momento ele estariaa se embebando no bar até cair no chão. Desde então Ana tinha tomado banho, trocado de roupa e comido uma refeição leve. Ela tinha pensado em pegar o dinheiro que Tom tinha lhe deixado e ir para o aeroporto. Ela compraria sua passagem de volta e viajaria no próximo voo disponível para LA.
No entanto, sua consciência não a deixou em paz. Sua consciência dizia à ela que tinha de tentar salvar a vida do pobre Tom mais uma vez antes que ela deixasse a Austrália. Se ela pudesse ao menos descobrir o nome verdadeiro dele poderia contactar seu filho e pedir ajuda mas ela não tinha absolutamente nenhuma informação. Nada!
Ana tentou conseguir alguma informação com o gerente do hotel, mas este reiterou que Tom não revelaria sua verdadeira identidade à ninguém, nem para sua acompanhante. Ela insitiu mas o gerente continuou firme em sua decisão. Ela checou o relógio no criado-mudo ao lado de sua cama no quarto de hotel. Já eram quase duas da manhã.
Ela suspirou. Ela sabia exatamente aonde Tom ainda podia estar. Se ela retornasse aos Estados Unidos sem ter tentado pelo menos uma última vez fazer contato com ele, não se perdoaria. Ela então decidiu voltar ao bar e fazer um último esforço em convencê -lo a voltar para o hotel com ela.
Ana revirou sua bagagem e retirou uma blusa vermelha de mangas compridas com um decote ousado. Ela colocou a blusa e a cobriu com uma jaqueta de couro preta. O clima lá fora estava friozinho devido à chuva que caíra previamente. Ana então foi para a frente do espelho e colocou uma maquiagem leve. Pensou que fazendo isso se sentiria um pouco mais humana. Disfarçou as olheiras de cansaço e aumentou a intensidade de seu olhar com lápis e rímel preto. Por fim colocou um batom cor mocha e aplicou um pouco de blush. Ela completou o visual com uma saia e botas pretas. Finalmente tentou domar alguns cachos escuros de seus cabelos com um spray e os deixou soltos.
Ela se olhou no espelho novamente e riu de si mesma. Se Tom a visse vestida daquele jeito ele provavelmente pensaria que ela estava tentando seduzi-lo. Mas não era nada disso. Ana só queria se sentir melhor consigo mesma pela primeira vez em muito tempo. Ela esperava convencer seu amigo Tom a retornar ao hotel e tomar um café para curar sua bebedeira. Daí eles poderiam conversar sobre retornar para casa juntos e terminar com aquela loucura.
Ana pegou sua bolsa nova que tinha trazido de LA e nunca tinha tido oportunidade de usar até então. Alguns minutos depois ela chegou ao Coquetel Bar. Ela estacionou próximo à entrada. Começou a chover novamente e ela teve que correr para dentro para evitar se molhar.
O bar estava escuro com apenas algumas luzes fracas iluminando o ambiente. Havia um grupo de homens bebendo e falando alto numa mesa no canto. Eles ficaram empoldos quando viram Ana-Lucia entrar no bar. Alguns dos homens começaram a falar bobagens para ela.
- Ei gatinha, por que você não vem sentar com a gente?- um homem gordo e barbudo gritou quando ela passou fazendo um gesto para que ela viesse sentar em seu colo. Ana apenas o ignorou.
- Eu te pago um drinque, gostosa!- Ana ouviu outro homem dizer.- ele era sujo e assustador e a despia com os olhos.
- Olha essa bunda!- disse outro.
Ana revirou os olhos e decidiu apenas ignorar todos eles. Ela só precisava encontrar Tom e dar o fora daquele lugar. Ela só esperava que quando o encontrasse que ele estivesse sóbrio o bastante para se lembrar de quem ela era.
- Ei, ei!- os homens continuavam chamando-a, mas Ana não os ouvia mais. Sua atenção estava focada em encontrar Tom, seu amigo patético. Mas ela não o via em lugar nenhum. Ele não estava bebendo em uma mesa e nem no balcão do bar. Talvez tivesse ido ao banheiro. Talvez alguém no bar o tivesse visto e poderia dizer a ela aonde ele tinha ido.
Ana-Lucia se aproximou do balcão preparada para perguntar ao bartender sobre Tom quando ela ouviu uma voz masculina profunda e sedutora atrás de si falando com um indisfarçável sotaque do sul dos Estados Unidos.
- Tá procurando alguém, lábios quentes?
Continua...
