A DOR QUE EU NUNCA QUIS
ShiryuForever94
Reedição - 2016
Parte I
Disclaimer: Os Cavaleiros do Zodíaco não me pertencem, são de Masami Kurumada, Toei e Shueisha. Infelizmente, por que se fossem meus o anime seria totalmente inadequado para menores... Não custa avisar de novo: esta fic é sem fins lucrativos apenas para quem curte yaoi e lemon, possui cenas de sexo entre homens e se você não gosta, nem se dê ao trabalho de ler. Não aceito reclamações quanto a isso.
Nota explicativa: o fandom de Saint Seiya no ffnet está basicamente morto. Tudo que não seja Camus e Milo basicamente não existe. No entanto, eu gosto dessa história. Ela é uma das minhas primeiras long fics, e lá se vão dez anos... Fui lendo e reeditando, retirei alguns excessos e reescrevi cenas que julguei muito infantis ou desnecessárias. Se você for ler, por favor se lembre que autores não ganham nada para escrever, ou seja, um comentário seria algo incrível.
Momento atual – Santuário
"Como vamos contar isso a ele? Oh meu Zeus, eles acabaram de ficar juntos, não é justo, não é justo..." Dohko olhava aflito para Saori, que segurava um documento escrito urgente em suas mãos.
Hyoga também fora chamado e estava simplesmente desesperado. Como poderia dar aquela notícia a Shun?
Os olhos da deusa estavam marejados, ela chamara Dohko e Hyoga pois não conseguiria dar sozinha a notícia que suas mãos trêmulas seguravam. Tinha que contar ao Dragão que seu amor, seu Fênix, havia desaparecido numa missão do Santuário. Também teria que dizer a um Cavaleiro de Bronze que seu irmão que tanto o amava não iria voltar.
Alguns dias antes
Mais um dia belíssimo no Santuário. Shiryu acordara de ótimo humor e já estava tomando banho quando sentiu um cosmo quente e forte entrar porta adentro e abrir o box sem nem pedir licença.
"Bom dia!" Ikki sorria feliz, encarando o Dragão com os grandes olhos azuis escuros, estava nu. Entrou no boxe, enlaçou o outro pela cintura empurrando-o suave mas firmemente contra a parede e beijando-o na boca de leve. "Posso? Ou será que ainda é muito cedo?"
Shiryu sorriu de volta, achava intrigante que Ikki fosse tão cuidadoso com ele. A imagem que não apenas ele, mas muitos outros tinham do Cavaleiro de Fênix era de alguém simplesmente "direto ao ponto", cínico e implacável. Só que, para Shiryu, seu namorado o surpreendia pois se mostrava gentil e amoroso consigo, era um bom companheiro, tinha uma cultura bastante variada, conversavam horas sobre vários assuntos e sim, Ikki também sabia ser divertido. Às vezes parecia uma criança brincando com o amante.
"Sim, você pode. Apenas você poderia." O libriano fechou os olhos e deixou-se beijar com volúpia e paixão. Sabia que Ikki adorava fazer amor pela manhã e não raro os dois se amavam no chuveiro, ou logo quando despertavam ou mesmo interrompendo o café da manhã. Esse dia não seria diferente.
"Às vezes acho que estou sonhando." Ikki falava entre os beijos cada vez mais quentes.
"Se for sonho, não me acorde por favor." Respondeu Shiryu sorrindo e abraçando mais forte o moreno de pele quente, erguendo o rosto fitando o azul escuro daquele olhar tão querido. "Nós temos um compromisso com a Deusa daqui a pouco. Será que não devíamos..." Ikki nem deu tempo do Dragão terminar. Beijou-o com ânsia e desejo, suas mãos colocando-se nas nádegas do namorado, erguendo-o com força. Shiryu enlaçou a cintura de Ikki sentindo o membro já ereto latejando, ficava impressionado como seu corpo e seu coração reagiam à presença daquele moreno de olhos azuis... "Ikki, você... ficou... maluco?... Não... temos... tempo..."
"Você não disse que temos que ter prioridades na vida?" Ikki lambia o pescoço do Dragão, sugava os lábios entreabertos, acariciava o corpo do outro e, com uma só mão, apanhou o lubrificante que ficava estrategicamente numa das prateleiras do box, começando a passar com carinho em si e no namorado. "Minha prioridade neste exato momento é matar você de prazer, figurativamente falando, é claro." Ikki começou a penetrar o namorado com calma, gostava de ser sedutor, gostava de ver o corpo em suas mãos tremer, gostava de ver o namorado gemer alto nos seus ouvidos, de sentir cada centímetro de seu pênis se arrastando para dentro do corpo que parecia derreter em suas mãos fortes. Encaixou-se inteiro dentro do outro, vendo os quadris de Shiryu começarem a se mover para cima e para baixo, as fortes pernas do Dragão envolvendo-o com força, numa dança erótica e extasiante.
"Adoro... suas... prioridades..." O libriano gemia e apertava-se contra o corpo daquele homem tão forte e tão viril. Não cansava de se impressionar com a capacidade de Fênix de se encaixar nele, preenchendo todos os espaços, fazendo-o enlouquecer a cada estocada. Beijou o namorado com uma paixão interminável, aumentando os movimentos e contraindo o corpo, vendo Ikki gemer cada vez mais alto, sentindo um tanto de desconforto, mas ao mesmo tempo um prazer difícil de descrever, não era masoquista mas aquela mistura o deixava simplesmente alucinado. Não ligava para mais nada, adorava ver o seu homem perdendo devagar o controle, parando de falar e de pensar ao mesmo tempo, agarrando-se ao corpo dele e apenas pensando em como se amavam.
Não demorou muito e os dois deixaram seus corpos explodirem de prazer. Estavam junto havia não muito tempo mas possuíam a intimidade dos que se amam. Terminaram o banho e saíram correndo, haviam sido chamados pela Deusa e acabaram se atrasando um pouco. Correram pelas Doze Casas estranhando que nenhum Cavaleiro de Ouro parecia estar de guarda.
"Que será que houve ? Será que está havendo uma reunião dourada ? Mas então que vamos fazer lá?" Shiryu olhava intrigado para o namorado que corria ao seu lado.
"Só há um jeito de sabermos." Apressaram-se um tanto mais, chegando ao salão justamente quando Saori apareceu.
Todos os Cavaleiros de Ouro se ajoelharam em reverência à Deusa, formando uma imagem belíssima e que os demais Cavaleiros raramente viam. Não tinha havido nenhuma reunião dourada com todos os Cavaleiros já há muito tempo.
"Bom dia Cavaleiros Sagrados de Atena."Pelo tom de sua voz os presentes perceberam que algo havia acontecido, algo que preocupava bastante a Deusa. "Acho que todos sentiram que há uma alteração na harmonia da Terra que tanto amamos e que juramos proteger. Temo que Ares, o Deus da Guerra, também conhecido por Marte em algumas mitologias esteja se preparando para tomar este planeta."
Um silêncio profundo se fez. Haviam se passado alguns anos desde a Batalha de Hades e parecia que finalmente os "Saints" poderiam viver suas vidas com um pouco de tranquilidade. Shion foi o primeiro a falar.
"Acho que todos aqui sabem que, diante das circunstâncias, nenhum Cavaleiro de Ouro poderá deixar o Santuário e mesmo os de Prata que estão em suas cidades de origem estão sendo chamados para preparar uma eventual resistência e planejar nossa estratégia." Shion estava cansado, havia passado a noite recebendo notícias alarmantes de conflitos que se espalhavam rapidamente por toda a Terra, especialmente no Oriente Médio e na Ásia. Havia atrocidades crescentes na China e Dohko já havia sido avisado que Rozan sofrera grandes ataques vindos ninguém sabia de onde. Shunrei e mais toda a população da vila próxima dos Cinco Picos haviam escapado e estavam sendo transportados para lugares seguros.
Na Sibéria, inquietantes notícias de destruição em massa de pequenos vilarejos e principalmente do local de treino de Hyoga, Isaak e Kamus haviam deixado os Cavaleiros do Gelo preocupados. Cisne se oferecera para ir verificar os fatos, mas Shun o havia impedido aos prantos, embora soubesse que o amor deles não podia suplantar seus deveres de protetores da Deusa e da Terra.
Por uma inexplicável coincidência, os locais onde mais havia ataques e problemas eram, justamente, as cidades ou países natais dos Cavaleiros de Ouro. Havia relatos de fogo, mortes e doenças epidêmicas desconhecidas na Espanha, o que transparecia no semblante desconsolado de Shura. Notícias ruins da Itália fazendo com que Máscara da Morte mal ocultasse sua fúria. Novidades péssimas do Brasil fazendo com que Aldebaran tentasse contato com seus amigos no Rio de Janeiro, Bahia e outros estados, sem respostas.
Da França não vinham melhores notícias e Kamus mal se continha de ansiedade, juntamente com Misty que fora informado da morte de vários amigos e escondia as lágrimas. Aguardavam confirmação de fatos idênticos em outros países. As novidades haviam chegado de maneira rápida pelos contatos e fontes privilegiadas da Fundação Kido.
"Sinto que tenhamos todos que passar por isso, novamente." Saori não escondeu a tristeza. "Já os sacrifiquei tanto e já lutaram com bravura e dedicação mas nada podemos fazer, é nosso destino proteger este mundo para que nele possamos viver não apenas nós mesmos com quem amamos mas todos os demais seres vivos."
Shura pediu a palavra, sua voz soou pesada e triste.
"Atena, somos Cavaleiros, é nosso dever, nossa vocação e fomos arduamente treinados para missões assim. Não podemos esquecer que há várias eras os Cavaleiros se levantam para defender Atena e sua amada Terra." Seu olhar era confiante e firme. "Já cometi vários erros dos quais não me orgulho mas fui trazido à realidade ainda em tempo de poder ajudar a salvar este planeta de algumas ameaças." Olhou para Shiryu e meneou a cabeça como que em agradecimento, suspirou fundo e continuou, numa voz mais baixa. "Infelizmente já fui informado de que grandes maldades estão ocorrendo em meu País mas tenho meus deveres e sei que não poderei ir conferir pessoalmente o que está havendo." Calou-se e fechou os olhos, estava sofrendo.
Milo olhava para Kamus um tanto preocupado. Sabia que o francês tinha grande amor por sua pátria e vê-lo tão mudo e circunspecto deixava o escorpiano indócil por não saber o que fazer. Milo era grego e pelo menos por ali as coisas ainda estavam um tanto calmas, talvez porque o Santuário tivesse sua sede naquele país. Procurou os olhos do francês, que parecia adivinhar seus pensamentos. Olharam-se por vários minutos, num amor que não precisava de palavras. Sabiam que se a previsão de Saori se confirmasse haviam que protegê-la novamente, e o fariam com gosto e dedicação. O coração do escorpiano disparou quando viu Kamus pronunciar sem som um perfeito "Jet'aime" e desviar o olhar. "Típico de Kamus", pensou logo, "e eu o amo justamente por ser do jeito que é."
Mu estava ansioso e inquieto. Sua conhecida impulsividade ariana o fazia querer ir logo para a frente de batalha, mas ao mesmo tempo, tinha medo. Sabia que todos os Cavaleiros haviam sido revividos por Atena após a última Guerra Santa mas a perspectiva de ver morrer novamente seus amigos e seu amor o deixava bastante triste. Além do mais, se Saori fosse vencida, toda a Terra pereceria e eles mesmos, Cavaleiros, não poderiam renascer. Seu coração doeu quando encontrou o olhar de Shaka que o fitava, de olhos abertos e brilhantes.
"Eu te amo Shaka", pensou simplesmente, do fundo de sua alma. Sabia o que poderia acontecer e continuou a pensar no outro. "Não me faça sofrer novamente, não sei se resistirei ver-te partindo mais uma vez." Soltou um gemido baixo e as lágrimas começaram a pingar de seus olhos. Era forte, muito bem preparado, inteligente, coerente e tranquilo mas a hipótese de perder Shaka novamente o descontrolava. "Não deixarei que cheguem até a Casa de Virgem, morrerei mas não permitirei que o alcancem" pensou secando as lágrimas e levantou o rosto, altivo e determinado.
Shaka sentia a grande alteração no cosmo de vários Cavaleiros mas se concentrara em Mu pois havia percebido as lágrimas dele e teve a intuição de que eram por sua causa. Sabia o quanto o ariano havia sofrido com sua morte na Guerra Santa contra Hades e não desejava fazê-lo sofrer tanto novamente mas tinha bastante sabedoria além de não ser ingênuo e tinha a convicção de que nem sempre se pode conseguir o que se quer. Se fosse preciso, lutariam todos novamente, custasse o que custasse, inclusive perder suas vidas. Permaneceu sério e tranquilo, era um Cavaleiro e estava sendo chamado a cumprir seu dever.
Saori retomou a palavra. "Não quero que se preocupem antes de termos mais informações. Não estou certa ainda de que esses problemas todos estejam sendo causados apenas por Ares e mesmo se ele está realmente interessado em nova Guerra. Temos que nos lembrar que os humanos também são grandemente responsáveis por seus males. Apesar de sermos um tanto especiais, temos corpos humanos e sabemos bem que somos frágeis mas capazes de grande destruição. Assim é a índole humana também, cheia de altos e baixos, maldade e bondade. Os humanos são capazes de muito amor..." – virou-se olhando diretamente para Algol de Perseu pois desde a festa disco que estavam praticamente vivendo juntos, para desespero de Tatsumi que achava aquilo uma imoralidade – "mas também são capazes de muito ódio."
Todos assentiram e começaram a se dispersar quando chegou um dos serviçais do Santuário, um tanto esbaforido, com um papel nas mãos e o passou para Shion que após ler, franziu o cenho e o deu a Atena.
"Esperem." A deusa solicitou com voz um pouco alterada. "Recebi um comunicado urgente. Parece que há grandes indícios de fabricação de armas letais químicas e atômicas em alguma ilha do Pacífico Sul e será necessário que mandemos um Cavaleiro para investigar e, se for o caso, impedir que as armas sejam usadas. A urgência se deve a informações de que já há compradores esperando pelas armas. O problema é que sabemos também que há uma grande praga, uma doença desconhecida assolando a região, além de que há indícios de poderes mágicos sendo utilizados."
Saga se aproximou e se ajoelhou. "Deixe comigo senhorita, entregue-me esta missão e a cumprirei com gosto." Kanon ficara visivelmente consternado mas nada falava, sabia que o irmão tinha grande poder e que apenas estava cumprindo seu papel.
"Agradeço, Saga, mas não posso permitir que nenhum Cavaleiro de Ouro saia do Santuário agora, mesmo que Kanon também esteja aqui, você ainda é o Cavaleiro de Gêmeos." Ela olhou para os outros cavaleiros presentes. Os dez Cavaleiros de Bronze estavam lá, assim como vários dos Cavaleiros de Prata. "Sei que vários de vocês se oferecerão para a missão mas acho melhor deixar à sorte a escolha. Todos são fiéis e fortes defensores de Atena e não devem ter problemas para elucidar a questão." Tatsumi apareceu com uma urna e tirou um nome. "Shun".
"Não !" Gritaram ao mesmo tempo Ikki e Hyoga sem conseguirem se conter. O Cisne olhou para o namorado com pavor, sabia que ele teria que ir pois era uma missão designada pela Deusa, não havia opção. Todo o treinamento que Kamus dera ao seu pupilo o fizera se tornar até um tanto frio e enigmático, mas não quanto ao seu coração. Amava Shun desesperadamente e sabia que a missão era perigosa, que havia grandes chances de que nunca mais se vissem... Baixou a cabeça, tonto e perdido. Era um Cavaleiro, tinha que aguentar muitas coisas mas era, era, era...
"Eu vou no lugar dele, afinal isso já aconteceu antes não foi?" Ikki sorria e foi a vez de Shiryu virar-se e fitar Fênix. Conhecia bem o homem ao seu lado e seu amor pelo irmão. Por mais que se amassem, jamais iria se interpor entre os dois Amamya. Deu a mão para o outro, evitava olhar nos seus olhos, preferiu olhar firmemente para a frente, sentindo o cosmo de seu amado tentando confortá-lo. Sentia-se estranhamente calmo. Shun pediu a palavra.
"Agradeço meu irmão mas não sou mais nenhuma criança indefesa que precise de proteção. Fui escolhido e pretendo ir cumprir meu dever".
Ikki de Fênix deu um sorriso enigmático, soltou a mão de Shiryu e avançou na velocidade de luz em cima do irmão, dando-lhe um golpe potente e certeiro, quebrando-lhe várias costelas e um braço. Com outro golpe partiu-lhe o fêmur.
"Por que?" Shun conseguiu sussurrar enquanto Hyoga movia-se rapidamente para ampará-lo. Logo após, Shun caiu desfalecido: Os outros ficaram horrorizados. Hyoga voou em cima de Ikki.
"O que está fazendo seu... seu... maníaco!"
"Protegendo o homem que você ama, seu idiota!" Repeliu o ataque de Hyoga segurando-lhe ambas as mãos, vendo o russo compreender e começar a chorar. Mantendo o sorriso cínico olhou para Atena. "Acho que agora não há opções, a missão não é urgente?" Cruzou os braços, encostou-se a uma pilastra e esperou. Shiryu compreendia o amante e ficou calado. Embora sofresse não iria discordar nem opor resistência.
"Mas, que absurdo, você não... não podia..." Atena desistiu e apenas fez que sim com a cabeça, suspirando. Quando Ikki defendia o irmão tornava-se o sujeito mais insuportável, teimoso e, sim, perigoso de todo o Santuário. "Você parte dentro de três horas."
"Obrigado, Ikki." Hyoga sussurrou para Ikki enquanto levava Shun nos braços e se deteve para observar Shiryu. "Sinto muito."
Ikki olhou para Shiryu, que permanecia calado e evitava olhar para ele. Sabia que o outro compreenderia. Várias das qualidades de Shiryu eram ser absolutamente leal aos seus amigos, à Atena e ser dotado de uma capacidade de compreensão e perdão impressionantes. Amava o libriano com todas as suas forças, mas não podia deixar o irmão partir numa missão tão difícil. Não que não temesse o pior para si, apenas achava que, como irmão mais velho, tinha a obrigação de proteger Shun, embora o outro já fosse um homem e um guerreiro de talento reconhecido. Não adiantava, jamais deixaria de proteger o irmão caçula.
Desde a festa disco, quando ele e o Dragão expuseram seus sentimentos de uma maneira um tanto melodramática, os outros haviam percebido que formavam um casal bastante harmonioso, pois o libriano controlava os acessos insanos de fúria do leonino, sua impulsividade e mantinha o ego do outro um tanto dentro do normal.
Por sua vez, Ikki fazia com que o Dragão tivesse mais iniciativa e fosse mais aberto e alegre, pois Shiryu sempre fora tão controlado e sério. Era até divertido ver como se completavam. Não eram dados a "agarramentos públicos", mas andavam juntos pelo Santuário, os cosmos em harmonia, dava gosto ver.
Vários Cavaleiros se aproximaram de Ikki para desejar-lhe sorte. Dohko chegou mais perto e sussurrou. "Fale com ele, está sofrendo mas nunca vai admitir." Ikki assentiu.
"Shiryu... precisamos conversar sobre isso." Os outros Cavaleiros que estavam vindo falar com Ikki resolveram deixar para depois.
"Não, Ikki, compreendo perfeitamente, é seu dever. Além disso, é pelo Shun, eu faria o mesmo." Tentou sorrir, olhando com carinho para o outro. "Vamos, temos que arrumar suas coisas."
Shun acordou lentamente, entorpecido pelos analgésicos e todo engessado. Hyoga segurava sua mão e Shaka de Virgem viera vê-lo, estava sentado perto da janela, de olhos fechados, meditando em silêncio, pedindo pela recuperação do amigo. Afrodite estava lá, com sua armadura reluzente, enchera o quarto de arranjos de rosas, sem perfume para não prejudicar o paciente. Kamus e Milo haviam acabado de sair. O aquariano viera mais ver como Hyoga se sentia que visitar Shun e saíra satisfeito com o controle e também com a dedicação do ex-aprendiz.
"Formam um par interessante. Eu escolheria alguém menos emotivo mas..." Kamus comentou.
Milo o mirou meio zangado.
"Ora, seu cubo de gelo, e desde quando eu não sou emotivo? Posso ser letal e agressivo quando necessário, mas acima de tudo tenho sentimentos profundos por você e sempre irei me emocionar se me permite, ou devo ser menos 'emotivo'?" Deixou sua unha escarlate aparecer com um ar belicoso no rosto bonito. Tudo que conseguiu foi fazer Kamus rir. Ou quase isso. Um leve arquear dos lábios do aquariano.
"Tá Milo, tem razão, retiro o que disse e, sim, pode se emocionar sempre que quiser, desde que seja comigo..." Ficou sério e segurou o outro pelos braços. "Estou com medo." Milo o abraçou ali mesmo e, para sua surpresa, Kamus não o repeliu como sempre fazia quando o escorpiano expunha um tanto demais seus sentimentos em público.
"Eu também estou, Kamus. Também estou com medo." Se olharam um pouco e Kamus, contrariando seu controle conhecido e sua discrição sempre comentada, apertou o outro contra si, com força, puxando-o para um beijo terno, apaixonado e urgente.
"Kamus... Você..."
"Surpreso?"
Milo fez que sim com a cabeça.
"Ora, Escorpião, de vez em quando também fico 'emotivo'". E seguiram para a casa de Escorpião, afogando seus temores enquanto se amavam com paixão.
oOoOoOo
"Ikki.." Shun murmurou ainda zonzo.
"Está tudo bem, Shun." Hyoga se apressou em confortá-lo.
"Onde está meu irmão, Hyoga, não o deixe ir, por favor..."
"Ele parte daqui a pouco e, se me permite, é um grande Cavaleiro o seu irmão." Shaka de Virgem falou sem se mexer. "Creio que deveria confiar nele, Shun, e não censurá-lo".
"Shaka tem razão, Andrômeda". A voz de Afrodite era séria e profunda. "Os Cavaleiros são treinados para as mais difíceis tarefas e tenho a opinião de que seu irmão cumprirá sua missão e voltará para você."
Shun olhou para Hyoga, viu o amor nos olhos do outro e pensou que pela segunda vez Ikki o substituía. Suspirou fundo, apertou mais a mão do Cisne e simplesmente murmurou. "Boa sorte irmão".
oOoOoOo
No quarto de Shiryu, o clima era silencioso. Ele e Ikki haviam mantido seus aposentos e se revezavam entre ambos. Havia coisas de Ikki naquele quarto e vários objetos de Shiryu no quarto próximo. O Dragão ajudava Ikki a fazer uma mochila com algumas roupas e preferia nada dizer pois temia que o que sentia atrapalhasse a forte determinação de Fênix. Ikki já pegara sua armadura e não sabia bem como se despedir do seu namorado. Não era bom nisso e tinha plena consciência a respeito.
"Shi... Eu... não sou bom com palavras, quer dizer, nem sempre e... bem, nunca tive alguém do meu lado quando partia e, bem, às vezes até me despedia do Shun mas com você..." Ikki nem fez caso de que o apelido de Shiryu soava como morte. O significado em japonês do apelido do namorado o deixava um tanto incomodado, mas usava-o mesmo assim.
"Até logo Cavaleiro de Fênix." Shiryu ficou de olhos fechados, de costas para o outro, tentando sem sucesso que as lágrimas não descessem pelo seu rosto, sentindo o corpo tremer sem controle. Era muito difícil.
Ikki largou a caixa da armadura no chão, foi até seu namorado e o virou para si, apertando-o de encontro ao seu peito com força. Lágrimas desciam pelo rosto de semblante fechado do Cavaleiro de Fênix.
"Não, Shiryu, assim não..." Beijou os lábios do outro, passando a língua levemente pelos lábios que se abriam lentamente. Prosseguiu aprofundando o beijo, as línguas começaram a se tocar e rodopiar. Ikki começou a beijar o rosto do seu amor, descendo pelo pescoço e com destreza, já tinha aprendido o jeito, desabotoava a camisa chinesa cinzenta do Dragão e começou a massagear os mamilos com as mãos.
"Não, Ikki, o avião, você vai perder o seu vôo..."
"Arranjo outro vôo." Fênix ia terminando de tirar a camisa do outro e trazendo-o para a cama, fazendo-o deitar-se e logo em seguida deitando-se sobre ele. Como amava aquele homem! Ficava louco de paixão apenas ao tocar-lhe o corpo. Parou para fitar o libriano e percebeu os olhos azul claros ficando tensos de amor. "Eu te amo Shiryu". Prosseguiu retirando o restante da roupa alheia, apreciando o torso desenhado e firme, os braços e ombros largos, a cintura fina, as longas pernas musculosas, o sexo já túrgido bem proporcionado, os longos cabelos negros espalhados sobre a cama.
"Também te amo Ikki." O discípulo de Dohko ia tirando a camisa do outro e enlaçando seu pescoço com ternura. "Faça amor comigo uma vez mais." Sussurrou.
Ikki terminou de retirar sua própria roupa e prosseguiu com as carícias, sentia o perfume agradável e sedutor do homem abaixo de si, beijou e lambeu os lóbulos da orelha, o pescoço, alternando pequenos chupões com leves mordidas. Abocanhou o mamilo esquerdo enquanto massageava o direito com a mão.
Shiryu gemia e chorava ao mesmo tempo, estava emocionado com a partida do seu amante e ao mesmo tempo feliz por terem descoberto um ao outro, mandou seu racionalismo às favas e agarrou o outro de repente.
"Por favor, volte para mim!"
Ikki nada disse, apenas atacou os lábios que haviam sussurrado aquelas palavras e beijou-os com paixão e desejo. Desceu a boca pelo abdômen bonito, circulou com carinho o umbigo exposto e começou a beijar o pênis túrgido, dando pequenos beliscões nas coxas do outro, afastando aquelas pernas que o fascinavam e com jeito foi explorando a entrada do namorado com carinho. Engoliu o falo com prazer enquanto enfiava um dedo no ânus apertado do outro, preparando-o para ser penetrado.
Shiryu delirava de prazer e antecipação do que estava por vir. Ikki começou a fazer movimentos de vai e vem com a boca, sugando cada centímetro e massageando o corpo do outro para lhe dar o máximo de prazer. Não demorou muito e sentiu que devia parar, sua própria ereção já doía muito.
"Vem Ikki, me possua, preciso de você em mim, agora". Sem meias palavras, não era necessário.
Fênix colocou as pernas do outro em torno de sua cintura, flexionando-as levemente, posicionou-se com cuidado e começou a introduzir o membro latejante enquanto beijava com volúpia aquele ser maravilhoso que ele tanto amava. Viu o Dragão fazer uma pequena careta de dor e começou a masturbá-lo com uma das mãos.
"Não posso e nem quero viver sem você, libriano." Murmurou, penetrando-o todo de uma vez, fazendo uma breve pausa para não machucar o corpo daquela alma tão preciosa. Sentiu as pernas do Dragão fecharem-se em suas costas, puxando-o mais para dentro, fazendo movimentos mais e mais rápidos. Shiryu já estava enlouquecendo.
"Ikki, eu não aguento mais, eu acho que vou..." As palavras sumiram, apenas gemidos altos, um corpo em estertores e ambos acabaram por atingir o orgasmo quase juntos.
Abraçaram-se com amor, adoravam um ao outro e sabiam que era possível que essa fosse a última vez que se amavam. Nenhum dos dois falava nada mas sentiam o perigo bem próximo.
"Dragãozinho..." Ikki acariciava o rosto do amante com uma doçura impressionante para alguém com fama de ser tão irascível quanto ele.
"Ikki..." Shiryu sabia que quando Ikki ficava tão sentimental era uma avalanche de sensações.
"Confie em mim, eu vou voltar para você. Jamais quebrei uma promessa." Era verdade, desde que haviam se conhecido, há muitos anos, ainda crianças, Shiryu descobrira que quando o futuro Cavaleiro prometia algo, cumpria invariavelmente.
"Por Zeus, por Atena, espero que continue cumprindo sua palavra porque senão... senão..." O Dragão engoliu em seco e abraçou fortemente o outro. "Está na hora Ikki".
Tomaram banho juntos, pareciam não querer se separar de jeito algum e se dirigiram ao aeroporto. Quando chegaram, bem atrasados, viram no saguão todos os Cavaleiros de Bronze com exceção de Shun, que permanecia na enfermaria.
Dohko e o Grande Mestre também estavam lá, todos em roupas "civis", afinal fora do Santuário não podiam chamar atenção. Milo e Camus também haviam ido se despedir, assim como Aldebaran, Shura, Kanon e Saga. Como não podiam deixar as Doze Casas desprotegidas, haviam feito um sorteio para ver quem permaneceria de guarda. Mu, Shaka, Máscara da Morte, Afrodite, Aiolia e Aioros tinham mandado abraços e desejado sucesso.
"Shun desejou boa sorte e disse que confia em você e, bem, que te ama." Hyoga falou enquanto apertava o amigo e cunhado num abraço. "Faça o favor de voltar porque se magoar o Shun eu... eu te mato Fênix!" Hyoga estava triste e alegre ao mesmo tempo. Entendia o que o irmão Amamya mais velho havia feito, mas também sabia que se algo acontecesse Shun não se perdoaria jamais.
"Não se preocupe 'pato gelado'"
Hyoga olhou para Fênix entre puto e divertido. "Pato gelado é a mãe!"
"Toma conta direitinho do meu irmão viu?" Riram apenas. Um breve momento de descontração.
Seiya, Jabu e Gekki abraçaram Ikki, Seiya contando piadas tentando quebrar o clima de despedida.
"Vê se me arranja umas pérolas negras para eu dar de presente pra June, viu?" Seiya despregou o sorriso do rosto, ficou sério.
"Volta cara, o Shiryu precisa de você..." Seiya podia ter sido um crianção irresponsável algum dia, mas agora era um belo rapaz, guerreiro, determinado e que amava seus amigos, especialmente Shiryu e não queria ver o Dragão sofrer, sabia que ele e Ikki eram muitos apaixonados e que fora muito difícil para os dois se entenderem. Seiya namorava firme com June e pensava seriamente em se casar. Todos no Santuário acharam muito interessante o fato de que June rapidamente esquecera Shun nos braços de Pégaso.
Nachi de Lobo, Ban de Lionet e Ichi de Hydra conversavam animadamente com Ikki, falando de como haviam se conhecido e de tudo por que haviam passado. Shiryu apenas ouvia, rindo-se por vezes ao lembrar de algum fato que haviam passado juntos e lembrando de toda a sua história com Shunrei, que afinal se mostrara muito compreensiva.
Ela sofrera um tanto, mas acabara por preferir a sinceridade do Dragão a uma falsa vida. Por incrível que parecesse, a chinesinha encontrara em Nachi de Lobo mais que um amigo e ambos andavam conversando bastante. Shiryu não achou nada demais, queria que a ex-namorada fosse feliz e achava Nachi um rapaz bastante centrado e interessante.
Dohko olhava para Shiryu. Viu que seu ex-pupilo se controlava para não chorar, embora mantivesse uma expressão um tanto serena e tentasse conversar com os outros Cavaleiros. Olhou para Shion que apenas suspirou.
Aldebaran contava piadas e abraçou Ikki quase partindo suas costelas. Milo ficou ao lado de Shiryu enquanto Kamus ia checar o horário de partida de vôo e despachar as malas.
"Você está sofrendo, libriano. Posso sentir pelo seu cosmo. Não o deixe perceber ou tudo vai ficar muito mais difícil." O escorpiano tinha o porte altivo e olhos azuis muito vivos esquadrinhavam todo o ambiente. Em vigilância, sempre em vigilância.
"Se ele não voltar acho que não sobrevivo. Passamos por tantas coisas e demorei tanto a descobrir que o amava, a ter coragem de mudar toda a minha vida e agora, agora..." Shiryu olhou para Milo com uma sombra nos olhos: Parou de falar pois Kamus voltava com o semblante indecifrável que o caracterizava.
"Está na hora." A voz pausada do francês não transmitia emoção alguma.
Ikki pegou a passagem, se despediu de todos com um aceno e parou em frente ao namorado que olhava para o chão, tentando ocultar seu cosmo repleto de dor e preocupação.
"Olha pra mim, Shiryu." Pediu Ikki numa voz embargada. Shiryu levantou os olhos e se perdeu naquele mar azul escuro, não conseguindo evitar mais nada e deixou algumas lágrimas verterem.
Os outros Cavaleiros sentiram um pequeno aperto nos corações. Era evidente que se amavam e tinham que se separar sem saber se poderiam se ver novamente.
"Ih, caiu um cisco aqui no meu olho..." Aldebaran disfarçava uma lágrima teimosa.
Milo discretamente encostou a mão na de Kamus e engoliu em seco, lutando para não chorar.
Fênix chegou bem perto do namorado, sem desviar o olhar, sentindo o coração cheio de amor e determinação. Estendeu uma das mãos, se despedindo como deviam fazer dois homens, afinal estavam em público, fora do Santuário e o aeroporto estava bem cheio. Os corpos quase se tocavam.
"Amo você e vou voltar, eu prometo!".
"Eu confio em você, vou espera-lo porque o amo demais e tenho fé que irá voltar como prometeu." Shiryu pegou a mão que o outro estendia e apertou com força.
Ouviram o alto falante anunciar a última chamada para o voo de Ikki, que foi se dirigindo ao balcão de embarque. Dohko ficou do lado de Shiryu que chorava abertamente agora.
"Calma, Dragão, ele vai voltar, sei que vai."
Shiryu balançou a cabeça de um lado para o outro, em negativa.
"Tenho um pressentimento, Mestre, algo está me dizendo..." Respirou fundo e saiu correndo até o balcão de embarque, sem ligar para mais nada. Segurou Ikki pelos ombros e virou-o para si.
O Cavaleiro de Bronze de Fênix levantou o outro do chão, num abraço apertado, dando-lhe um beijo apaixonado na boca, fazendo todos em volta olharem horrorizados. Os outros Cavaleiros se apressaram a formar uma barreira em torno do casal, tapando a visão daquela cena da maioria dos passantes.
"Até logo Dragãozinho, amo você, para sempre". Ikki soltou o outro e entrou no acesso às aeronaves, sem olhar para trás, chorava e não queria que o outro visse com medo de pôr tudo a perder e desistir de sua missão. Era um Cavaleiro e sabia o que devia ser feito. Nada nem ninguém poderia evitar que cumprisse com seu dever. Era o que Atena esperava dele e, mais, era o que Shiryu esperava dele.
"Dai-me forças, Atena" Foi o pensamento de um pesaroso Ikki de Fênix.
Continua...
Nota, de novo: Olha, essa fanfic é MUITO velha. Tem mais de dez anos. Estava horrivelmente escrita (eu não tinha prática, me deixem!), o lemon estava horrível e havia erros crassos de português. Eu estou tentando recuperá-la, mas ela é enorme e apenas gostaria que dissessem que gostariam de ler novamente ou se deixo para lá essa maluquice. Obrigada por lerem e, por favor, comentários são meu único vício... Acho... LMAO
