Prólogo
A mulher de cabelos escuros e robe branco de tecido macio estava em pé observando a criança que dormia abraçada ao ursinho, sua mãozinha estava segurando um cachinho dos cabelos. Sorriu vendo a filha mexer a boquinha como se estivesse sugando a chupeta que tinha sido tirada a pouco tempo.
O homem parado na porta encostado no portal com os braços cruzados sobre o peito largo. Os cabelos negros bagunçados displicentemente, os olhos azuis brilhando em adoração. Os lábios rosados na proporção certa tinham um pequeno sorriso, os raios dourados chegavam a pele branca coberta pela camisa social e a jeans.
- Estou quase me arrependendo de ter que viajar. – Murmurou com a voz macia de barítono.
A mulher se virou com um sorriso nos lábios cheios, os olhos castanhos se banqueteando no rosto do marido.
- Então fica com a gente. – Pediu com um suspiro. – Não estou com uma sensação boa.
O homem soltou uma risada baixa se aproximando da rainha.
- Não se preocupe. – A tomou pelas mãos as beijando fervorosamente. – Não vai acontecer nada.
- Cristian. – Suspirou. – Como você pode confiar naquele homem.
- Eu não confio, mas se houver uma maneira de resolver essa situação evitando a morte de inocentes eu vou fazer. – Seu olhar ficou mais duro. – Conversamos sobre isso e você concordou.
- Eu não quero ver o meu povo sofrendo. – Se soltou dele voltando-se para a filha. – Mas não posso deixar de reprimir essa sensação ruim.
Cristian ainda sorrindo a abraçou pelas costas apoiando o queixo no ombro da mulher. Passaram alguns minutos observando a filha que dormia tranquila sem saber que o pai estava indo viajar para negociar a trégua entre as duas Costas. Sem saber a aflição que atingia o coração de sua mãe que temia nunca mais ver o seu adorado esposo.
- Eu volto. – Sussurrou no ouvido da mulher. – Para as minhas duas garotas favoritas neste mundo todo.
- Promete? – Pediu fechando os olhos e acariciando os braços que lhe circulavam tão firmemente.
- Eu te prometo Rosalinda. – A beijou na bochecha. – Vou voltar com a trégua.
3:15AM Louisiana
O bipe urgente a tirou do pesadelo em que estava tendo. Sentou-se tentando saber onde se encontrava aos poucos sua visão foi se acostumando com a penumbra do quarto.
Não estava na beira daquele penhasco mais, não estava com a vida de Rosie em suas mãos. Aquilo era passado.
Mais uma vez o bipe lhe chacoalhou só que agora para longe das lembranças. Franziu a sobrancelha, bipe?
- É palhaçada. – Resmungou empurrando as cobertas para longe do corpo, correu para o armário o abrindo.
Procurou a tabua solta até achar o declive e puxa-la para longe, o bipe soava cada vez mais alto. A maleta preta e simples digitou o código que a muito não usava no teclado embutido no couro, com um pequeno barulho as travas se abriram e ela pode ver o conteúdo.
No veludo repousava um relógio que emitia uma luz suave e o barulho do bipe, um canivete, uma pistola e uma carteira preta.
Pegou o relógio e o colocou no pulso, sentiu a picada suave no pulso, era o relógio reconhecendo o DNA.
- Agente Carter Mason. – A voz suave com um toque de sotaque dinamarquês veio pelo relógio que havia parado de brilhar.
- Ex-agente na verdade diretora. – Sua voz grossa pelo sono encobria o seu estado alerta. – Em que posso ajudar?
- Apenas queremos saber como anda a vida? – A voz monótona perdeu a suavidade. – Dando aulas de artes na escola secundaria.
- Minha vida esta como eu quis que ela estivesse.
- Não temos visto movimentação na sua conta bancaria recentemente. – Continuou calma. – Você apenas retira o salario do mês.
- Diretora podemos cortar o papo furado e ir direto ao assunto? – Resmungou.
- Temos um problema. – O tom formal entrou em vigor, era sério e grave. – Preciso que você cuide de uma princesa.
- Não estou mais na ativa. – Respondeu sem se importar em ser rude. – Como a senhora disse sou professora de artes numa escola secundaria.
- Carter, ambas sabemos que você foi uma das nossas melhores agentes dos últimos 10 anos, você superou o seu pai. – Agora o tom era irritado e impaciente. – E eu necessito da minha melhor agente de volta.
- Diretora…
- Carter a pessoa que precisa de ajuda pediu por você. – Ouviu um toque suave na voz moderada era quase como se estivesse deixando escapar um segredo. – Pediu especialmente por você.
Carter franziu as sobrancelhas, só poderia ser uma princesa que já havia resgatado.
- Qual é a princesa?
- Você aceita a missão?
Esfregou a testa fechando os olhos, soltou um suspiro vencido.
- Eu aceito a missão. – Seu maxilar rígido. – Quem é a princesa?
- Helena Montoya Fiore, a Princesa de Costa Luna.
Sentiu seu estomago afundar para algum lugar próximo ao seu calcanhar. Se ela era a princesa de Costa Luna isso só poderia significar que era filha da Rainha de Costa Luna e a rainha de Costa Luna era…
