FORKS, WASHINGTON
- 2002
JIMMY
O barulho da chuva contra o carro dá vontade de dormir.
- Eu não acredito que você esqueceu a barraca! – diz minha mãe no banco do carona.
- Deu tudo certo no final, querida – responde meu pai.
O frio certamente não ajuda. Se Forks é assim todo ano, vou ter um caso sério de sonolência constante.
- Carlisle Cullen!
- Sim, amor?
Um cochilo não faz mal.
- Você é impossível, sabia?
- Também te amo, Esme – declara meu pai.
Será que ele sempre foge...
- CARLISLE!
CRACK!
Tontura. Dor. Calor, muito calor.
- Jimmy.
Escuridão.
- Que diabos...? – perguntei com o rosto enfiado em um travesseiro.
A primeira pista de problemas foi a cama. Grande demais. Se eu rolasse assim na minha teria batido a cara na parede ou no piso. Cruel experiência de vida.
- Como... tanto?
Os sussurros, a segunda pista. Em casa não rolava sussurros nem vozes desconhecidas. E eles não paravam! A dor de cabeça aumentava, não havia sinais dos meus pais e os desconhecidos falavam o tempo todo. O que eu fiz para merecer isso, Senhor? O que fazer agora? Voltar a dormir ou enfrentar a realidade? Decisões, decisões e decisões.
Abri os olhos e encarei o teto. Minha pulsação estava acelerada e a ânsia de vômito me preocupava. Respirei lentamente pela boca e sentei nas cobertas. Ninguém no quarto. Ótimo. Alguns minutos sozinhos...
- Bosta, quem trocou minhas roupas? – murmurei para o pijama azul.
Tudo bem, Jimmy. A Lei de Murphy não funciona. Inspira e expira, inspira e expira. Uma água seria legal, minha garganta está uma droga, pensei.
Toc! Toc! Toc!
Três batidas, um aviso. Eles sabem que acordei. Como? O lugar não tinha câmaras visíveis e parecia normal.
- Com licença, posso entrar?
- Putz – disse entre os dentes. – Um momento!
Puro desespero corria nas minhas veias. Arrumei os lençóis rapidamente e me encostei nos travesseiros.
- Tudo bem!
Que tipo de sequestrador age assim?
- Olá, meu nome é Carlisle Cullen e sou médico em Forks. Meus filhos te acharam inconsciente, perto daqui. Seu nome é?
Minha voz sumiu e meu cérebro pifou. Eu só conseguia olhar para o rosto mais jovem, mais pálido e sinistramente bonito do meu pai.
Puta...
Escuridão.
