Autor: Dark K.
Título: onze
Capa:
Ship: TomXGinny
Gênero: Angst
Classificação: K+
Observação: Eu acho que a Ginny não PODE ser 100% dentro da casinha e algum dia alguma coisa ia acontecer. He. Pós DH.
Essa fic é da Jeh, pq só ela pra me fazer voltar a escrever TG. Mon fleur, ce fic est à toi. ;***
onze
Eu tenho onze anos e eu tinha um diário.
Eu achei muito bom ter um diário, porque eu poderia escrever nele e eu me sentia tão sozinha.
E eu pus a minha alma no diário, ele estava sempre comigo. Minha alma inteira, cada segredo e cada amor. A vergonha que eu sentia da minha família e das minhas roupas e livros de segunda mão, e a vergonha maior que eu tinha por estar envergonhada.
Coloquei nele meu amor por Harry – meu eterno amor por Harry – e meu diário me entendia.
Tom tinha a minha alma.
De alguma forma eu ainda acho que ele sempre teve. Ou tem. Não sei.
-X-
Cabelos vermelhos, dedos finos, traços leves e caligrafia infantil.
Há um diário negro nas mãos da menina ruiva.
-X-
O Hospital é um lugar macabro. Tanto branco.
Eu não gosto de branco. Gosto de verde, negro e vermelho. Gosto de mim e gosto de Harry.
Eu também gostava de Tom, mas ele tentou me matar, e é errado gostar de alguém tão ruim assim.
Tom me assustava. Ele dá medo, porque ele sempre sabe o que dizer. Harry nunca soube. Harry age, e Tom fala. Harry comove, e Tom encanta.
Harry me salvou e Tom tentou me matar.
E eu realmente deveria gostar mais de Harry por isso.
É o certo a se fazer, sabe?
-X-
Há um som na porta e ela se assusta. Encara com olhos grandes a pessoa que ela pensou que não estivesse ali.
E sorri.
"Não é lindo? É meu diário."
-X-
Harry entra no quarto e me olha com os olhos cheios de lágrimas.
Ele é tão doce. Chorando por mim. Cabelos negros e olhos verdes.
Eu não vejo a cicatriz.
Ele me encara e lágrimas caem, e eu não queria que ele chorasse.
Mas às vezes as pessoas só precisam chorar. É a dor da alma que precisa ser posta pra fora.
Eu sei disso.
Harry também, porque Harry destruiu Tom... algumas vezes.
Eu não lembro quantas.
Sempre teve um basilisco e espadas.
É tudo tão confuso.
-X-
A alma das pessoas se prendem ao que elas escrevem.
Há um diário nas mãos da menina ruiva e há Tom dentro do diário negro.
Harry destruiu Tom tantas vezes, por que trazê-lo de volta agora?
"É para a escola. Para eu não me sentir sozinha."
Sorriso branco de sol com sabor de inocência.
E olhar assustado com o feitiço desconhecido.
É tudo para o seu próprio bem. Mas tudo parece tão errado.
Tão errado.
-X-
A porta se abre de novo e um Harry mais velho me encara e eu fico confusa.
Quem é ele?
Ele tem uma cicatriz. Há mais alguém ao lado dele, e esse alguém me dá as costas.
"James, leve Albus para fora, por favor. Eu preciso falar com a sua mãe."
"Eu não tenho mais mãe."
-X-
Havia sangue no diário negro, exatamente como a tinta vermelha que costumava escrever.
Sempre houve Tom no fundo de sua alma.
A menina ruiva já não tinha mais um diário, porque o diário já não a tinha mais.
Tom já não era mais.
Por que ele não parara de falar em sua cabeça, então?
Era tudo tão confuso.
-X-
A voz de Harry-mais-velho corta como a de Tom cortou na Câmara. Eu não quero que ele fique zangado comigo.
Tom sempre disse que o diário era a nossa alma em conjunto. Minha alma que era dele, e minha vida que lhe pertencia.
Eu só acabei com tudo.
Harry destruiu Tom, eu só não queria deixá-lo voltar.
"Por que, Ginny?", as lágrimas caem e a voz é tão fraca, que quase não escuto, porque Harry chora.
Ele chora por Tom? Por quem?
Talvez seja por mim.
Eu, a 'eu' que eu matei junto com o diário. Cabelos ruivos e pele alva. E um diário negro em suas mãos.
"Nossa Lily, Ginny... Nosso bebê."
Não entendo mais.
Tom diz que Harry não entende nada.
E acho que concordo com Tom, agora.
Uma pena que eu acabei comigo mesma para Tom ir embora e ele não me deixa.
Não me deixa, não me deixa, não me deixa, não me deixa, não me deixa.
Fecho os olhos para dormir e vejo médicos entrando.
Harry apenas sai e me deixa sozinha.
Eles falam em veneno, porque eu merecia misericórdia.
Perturbada, é a palavra que eles falam.
Eu não estou perturbada.
Eu só tenho onze anos e um diário.
E destruí a pequena de cabelos ruivos que tinha a alma negra.
Negro como o manto que me envolve quando a poção é posta em minhas veias.
Ainda bem que a morte é negra.
Eu nunca gostei de branco.
Fim
R E V I E W !
