Disclaimer: Esta fanfiction é totalmente sem fins lucrativos, todos os direitos pertencem à J.J Abrams e Damon Lindelof.

Categoria: Suspense/Ação/Drama/Romance/Ficção Científica.

Spoilers: Tudo o que já aconteceu na 1°, 2° e 3° temporadas mas com várias adaptações.

Nota: O J.J continua matando muita gente, mas ninguém está realmente morto na minha fic.

Recapitulando:

Os Outros seqüestraram Sawyer. Jack organizou um grupo de busca junto com Sayid, Locke e outros sobreviventes para encontrá-lo. Ana-Lucia e Kate impuseram suas presenças mesmo grávidas. No caminho, Ana-Lucia deu à luz, o que obrigou o grupo a se dividir facilitando com que Jack, Kate, Ana e o bebê fossem capturados. Nikki conseguiu escapar do esconderijo dos Outros com a ajuda de Alex. Ben separou Ana-Lucia de Sawyer e seu filho e a matou com uma injeção letal. Jack, Kate e Sawyer foram colocados em barcos com destino à outra ilha. A escotilha onde estavam presos foi incinerada. Michael levou um tiro. Locke e Rosseau desapareceram e Sayid ficou à deriva na praia em meio ao incêndio na escotilha.

Episódio 1- O Ser e o Parecer, parte I

Sinopse: Jack, Sawyer e Kate continuam aprisionados pelos Outros em diferentes cativeiros.

Censura: T.

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(Flashback)

- Não importa quem ele é! O que importa é quem você não é!

Seria melhor que ela tivesse lhe dado um tiro ao invés de proferir aquelas terríveis palavras. Jack Shephard sentiu seu coração quebrar por dentro, aquela não era sua esposa e sim uma completa desconhecida. Nem de longe lembrava a mulher por quem tinha se apaixonado.

Observou ela ir embora de mãos dadas com outro homem e não moveu mais um músculo. Ela o havia tirado da cadeia, somente como um favor para seu pai, a quem ele tinha humilhado aquela tarde quando desconfiou que pudesse estar tendo um caso com sua ex-mulher. Sarah deu um último olhar angustiado para Jack antes de partir. O olhar ficou gravado para sempre em sua memória. Olhos que não o amavam mais, só sentiam pena.

(Fim do Flashback)

48 horas após a partida do barco

Jack despertou com uma enorme dor de estômago. Estava encharcado de suor, a roupa colada ao corpo. Piscou os olhos em meio à escuridão tentando se situar. Quando a vista já estava mais familiarizada com o ambiente, observou os próprios pulsos, doloridos e sangrando. Lembrou-se que estivera algemado no barco quando levaram Kate.

- Kate! Kate!- gritou instintivamente, mas parou ao sentir a boca seca.

A dor no estômago aumentou e Jack contorceu-se tentando aplacá-la. Deveria ser fome, não sabia há quanto tempo estava desacordado, poderiam ser horas ou até mesmo dias. Um cheiro acre lhe encheu as narinas e Jack se deu conta de que estava em uma espécie de porão, provavelmente interligado a uma rede de esgotos mal-cuidada. O corpo estava moído mas com esforço ele conseguiu se levantar.

Observou o local. Não era muito grande, quatro paredes claustrofóbicas, sem nenhuma ventilação. Também não havia nenhum móvel, só o chão de cimento frio onde ele acordara.

- Hey, tem alguém aí?- gritou novamente, tirando forças sabe-se lá de onde. – Kate! Kate!

Voltou a sentar-se no chão, a dor de estômago o estava incomodando demais. Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto suado fazendo seus olhos arderem.

- Kate, onde você está?- murmurou.

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Ben não estava de bom humor quando entrou na cozinha e encontrou Juliet tomando café pacientemente. Lançou-lhe um olhar de ódio que não passou desapercebido a ela.

- Nossa, Ben! Por que toda essa agressividade?- ela debochou.

- Você sabe, então não tente dar uma de desentendida pra cima de mim.

- Ah, eu estou dando uma de desentendida?- ela retorquiu. – E quanto a você? Não me diz nada desde que chegamos aqui há dois dias. Jack está trancado em um porão, sem comer, nem beber. Vai acabar morrendo. Então me diga, o que você pretende com ele? Se era para matá-lo porque não o incinerou junto com a Pandora?

- Porque eu não sou um assassino.

- E quanto à Ana-Lucia? Você a "apagou".

- Era preciso!- Ben afirmou, porém sem dar maiores explicações. – E isso não tem nada a ver com você, e aliás, preciso saber, por que entrou em contato com a Karen?

- Ela te disse? Droga, eu pedi a ela que não fizesse isso!- Juliet falou sarcástica.

- Você não tinha esse direito, o Projeto 2342 é meu!- ele esbravejou batendo com o punho na mesa.

- Pode até ser, mas pelo jeito, Karen não confia 100 porcento em você para deixar que tome conta do projeto completamente. São anos de investimento. E de repente você decide iniciar a fase 2 do Projeto em proveito próprio e acha que a Karen vai fechar os olhos pra isso? Sei o que está fazendo Ben e desaprovo completamente. È muito arriscado! – Por que ela?

- Porque eu precisava de uma mente seriamente perturbada para esse experimento, não podia ser qualquer pessoa.

Juliet balançou a cabeça negativamente:

- Não sei não, desconfio que existem outras razões por trás disso.

- Ora sua intrometida! Você não sabe de nada!

- Ben, Ben, Ben! Acostume-se com isso, você vai desenvolver o Projeto, mas eu estarei supervisionando-o para Karen.

Ben não estava acreditando, sentia-se traído por Karen Degroot. Era um dos líderes do Projeto Dharma e ter que prestar contas a Juliet o fazia sentir-se humilhado.

- Você está fazendo isso apenas para se vingar de mim porque o Projeto Pandora foi fechado?

- Sim.- ela admitiu com orgulho. – E agora me sinto muito bem vingada. Nunca mais, Ben! Nunca mais me deixe para trás ou irá se arrepender!

- Devo mesmo interpretar isso como uma ameaça, Julie?

- Interprete como quiser. Eu vou ver o Jack agora, ele precisa de cuidados. Com licença!- ela disse e saiu da sala batendo a porta.

- Vadia!- exclamou Ben assim que se viu sozinho. Não importava o que Karen pensava, Juliet não interferiria nos seus planos.

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- Kate, preciso tirar sangue!- disse Bea entrando no pequeno quarto onde Kate era mantida presa desde que desembarcaram na praia há dois dias atrás.

Ela estava encolhida em uma poltrona, abraçando os próprios joelhos. O rosto inchado de chorar. Vestia somente uma camisola branca de algodão folgada, os cabelos desalinhados.

- É a terceira vez que você me diz isso ou já estou começando a ficar louca?- Kate indagou a Bea, completamente atordoada.

- Não, você não está louca. Vou coletar seu sangue pela terceira vez porque estamos fazendo testes importantes.

- Que tipo de testes?

Bea se aproximou dela e pegou seu braço, amarrando um fio encardido de borracha nele. Passou álcool na parte que seria furada e apalpou a veia, inserindo a agulha. Kate não ofereceu nenhuma resistência, só mordeu os lábios ao sentir a agulha perfurando sua pele.

Assim que Bea terminou, recolhendo o sangue dela em uma ampola, Kate indagou com voz de choro:

- Quando é que eu vou ver o Jack? Tenho feito tudo o que você me pede sem contestar porque me prometeu que eu o veria logo.

- Eu sei que te prometi, mas por ora não será possível. Me desculpe!

Ela virou as costas e já ia deixando o quarto quando Kate gritou, histérica:

- Você é uma mentirosa! Todos vocês são! Onde estão o Sawyer e a Ana? E o bebê deles, o que vocês fizeram?

- Acalme-se Kate, senão serei obrigada a te aplicar um calmante e você não vai gostar disso!

- Eu quero ver o Jack, por favor!- Kate implorou baixando o tom de voz. – Eu preciso dele, do meu Jack!

Bea ignorou o sofrimento dela e saiu do quarto trancando a porta em seguida. Kate voltou a chorar incontrolavelmente. Caminhou até um espelho que tinha no canto da parede branca do quarto. Suspendeu a camisola e tocou o ventre, uma barriguinha começava a despontar. Ela estava com muito medo, seu filho estava crescendo cada dia mais e ela presa naquele lugar. Não queria tê-lo ali porque tinha medo que o tomassem. As coisas seriam um pouco mais fáceis se ela não estivesse grávida, isso dificultava e muito a sua fuga porque não podia tomar qualquer atitude impensada. Voltou a se encolher no sofá, fechou os olhos e tentou dormir se resignando à própria sorte, pelo menos por enquanto.

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Sawyer abriu os olhos outra vez. Não tinha mais noção de quantas vezes dormira e acordara, nem de quanto tempo isto estava ocorrendo. Mas era sempre assim, num minuto achava que finalmente iria acordar e descobrir onde estava e no outro dormia outra vez. A imagem de Ana-Lucia, seguida de sua voz ecoando sem parar em sua mente, acordado ou dormindo perturbava-o sem parar. "Eu te amo, te amo", era tudo o que ela dizia num sussurro quase inaudível, as palavras mal saindo de seus lábios.

Entretanto, dessa vez, ele conseguiu sair do transe por alguns segundos e com esforço manteve-se acordado. Não queria mais ouvir a voz de Ana, era ela quem o fazia dormir. Em seu íntimo, Sawyer queria dormir porque sentia que se dormisse chegaria até ela sendo guiado pelo som da sua voz rouca. Porém, seu instinto de sobrevivência lutava para que ele não seguisse mais o som daquela voz, que aquela sensação de que a veria de novo se dormisse era falsa porque dormir ali significava morrer. Ana-Lucia estava morta, mas Sawyer não queria morrer também.

Sentou-se e praticamente gritou com o esforço repentino. A cabeça doeu como se ele estivesse sendo acometido por um aneurisma. Continuou de olhos fechados até que a dor lancinante da cabeça se esvaísse e ele pudesse abrir os olhos bem devagar. O ambiente foi se iluminando aos poucos diante de sua visão. Era dia. Ouviu não muito longe o canto inconfundível das aves e definitivamente concluiu que estava acordado, livre do transe.

Percebeu que estava deitado em um chão imundo, coberto de lama. Ele próprio estava muito sujo. Diante de si viu barras de metal outra vez, mas agora estava em um ambiente aberto, diferente de onde estivera antes. Apavorou-se quando entendeu onde realmente estava. Era uma jaula de zoológico, com barras de metal que se estendiam até o teto, impedindo qualquer tentativa de fuga que ele pudesse imaginar. Sentia muita fome e sede. Olhou ao seu redor para ver se encontrava algo que pudesse aplacar isso. A única coisa que encontrou foi um tanque de cimento, cheio com água de chuva misturada com lama. Sawyer apressou-se em bebê-la tal era o seu desespero. Mas logo cuspiu tudo ao sentir o gosto áspero do barro.

- Ei, você está bem?- indagou uma voz insegura, vinda do lado de fora.

Sawyer voltou seus olhos para fora da jaula e se deparou com outra jaula idêntica de frente para a sua onde um adolescente de baixa estatura o encarava curioso.

- Quem é você?- Sawyer perguntou ao estranho na outra jaula.

- Acho que isso não importa mais.- respondeu o garoto tristemente.

- Como assim?- questionou Sawyer.

- Porque é assim. Eu sou descartável, você é descartável como tudo nessa ilha amaldiçoada.

- Que papo é esse garoto?- irritou-se Sawyer. – Você é um "deles" e foi colocado aqui pra me enlouquecer? Já não basta terem me trancado nessa jaula?

- Como é o mundo fora daqui?- o garoto perguntou, ignorando a irritação de Sawyer. – O mundo fora dessa ilha?

- Oras, você nunca esteve lá?- indagou Sawyer, desconfiado.

- Não.- ele respondeu. – Sempre ouvi dizer que não existe mais nada lá, só destruição. Mas você, assim como os outros sobreviventes do seu voo não vieram até aqui porque estavam fugindo mas porque caíram aqui por acaso e isso significa que...

Sawyer o cortou: - Significa o quê? È claro que caímos aqui por acaso ou você acha que escolhemos vivermos presos nesta ilha para sempre?

O garoto ficou em silêncio alguns minutos deixando Sawyer ainda mais irritado.

- Qual é rapaz? Não vai dizer mais nada não ou esse seu papinho filosófico é só pra passar o tempo?

- Como são?

- Como são o que?- perguntou Sawyer, sem entender.

- As pessoas do seu acampamento.

Sawyer revirou os olhos: - São ótimas! Aliás, nesse momento estou morrendo de saudades do meu grande amigo torturador. Seria muito melhor estar sendo torturado por ele agora do que estar preso aqui nessa jaula ou estar sendo chateado pelas lições de moral do Jackass durante umas vinte horas do que estar preso aqui.

- Então você voltaria pra lá?

- Onde você está querendo chegar, rapaz?

O garoto olhou para um lado, depois para o outro e em seguida voltou-se novamente para Sawyer: - Porque talvez eu possa tirar a gente daqui se você prometer que vai levar a mim e a minha namorada pro acampamento de vocês quando sairmos.

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O estrondoso barulho de uma porta enferrujada de metal se abrindo despertou Jack novamente. Ele havia voltado a dormir depois de muito gritar por Kate dentro do porão. A dor no estômago já o estava enlouquecendo e ele acabou dormindo como uma forma de esquecer-se um pouco da dor.

Um pouco de luz entrou no porão quando Juliet entrou e Jack esfregou os olhos que doeram ao contato com a luz.

- Jack? Como você está?- ela indagou se dirigindo a ele sem nenhum cuidado, nem mesmo o aparelho de dar choques estava à mão.

No entanto, Jack nem se preocupou em certificar-se disso e instintivamente ao ver Juliet entrando no porão e falando com ele pulou em cima dela com fúria, querendo matá-la. Nenhum pensamento coerente em sua mente; naquele momento agia apenas por instinto disposto a acabar com a vida daqueles que o estavam fazendo passar por todo aquele sofrimento, privando-o de sua liberdade, afastando-o de Kate.

Juliet se debateu tentando empurrá-lo, mas Jack estava provido de uma força que ela não imaginou que ele pudesse ter, devido aos dias em que passou na completa inanição. Ben assistia Juliet através dos monitores na sala de Observação. Ria sozinho vendo Jack esganá-la, se ele a matasse, melhor, menos um problema para ele. Pegaria alguém para culpar depois pela morte dela.

- Juliet está morta por uma falha na segurança, eu não posso admitir isso!- disse Ben consigo mesmo, desde já armando o teatrinho para convencer seus companheiros de que a morte dela fora uma fatalidade inevitável.

Tom entrou de repente na sala para perguntar algo a Ben quando viu a cena de Juliet tentando sobreviver às investidas de Jack contra sua vida.

- Oh meu Deus!- exclamou. – Ben, você está vendo isso?

- Mas é claro que eu estou, imbecil! Não me ouviu chamar?- disfarçou Ben. – Anda, chame o Greg e faça alguma coisa antes que o médico a mate!

Tom saiu correndo da sala para impedir que Jack matasse Juliet enquanto Ben fazia cara de frustração. Ele chegou rapidamente com Greg no porão e armados os dois conseguiram conter Jack, tirando Juliet de lá e trancando a porta com Jack lá dentro. Juliet tossia muito, seu pescoço estava vermelho marcado pelas mãos de Jack. Ela respirava com dificuldade e escorou-se em Tom antes de dar uma última ordem:

- Eu quero que ele seja alimentado urgentemente. Está desidratado e emocionalmente desgastado, por isso me atacou.

- Mas Juliet, você está bem?- preocupou-se Greg.

- Sim, eu estou. Agora façam o que eu digo! Vou pro meu quarto, descansar.

Outra vez sozinho no porão e com a dor de estômago ainda pior do que quando começou Jack começou a gritar sem parar, como um animal ferido, dando murros nas paredes de metal. Até que sentiu o sangue escorrer entre seus dedos. Deixou-se cair ao chão e ficou quieto, a fúria dando lugar à tristeza mais uma vez. Já fazia um bom tempo que não sentia tanta raiva assim.

( Flashback)

- Que bom que está aqui, filho!- ela disse ao vê-lo adentrar a sala. Estava de pijamas segurando um copo de vodka e o rosto tomado por lágrimas.

- Sabia que eu não queria vir até aqui, mãe!- disse Jack sentando-se no sofá e encarando a mãe com o semblante triste. – Por que está bebendo?

Ela foi direto ao assunto e respondeu chorando: - Você estava certo, seu pai tem uma amante, eu tenho certeza.

Os olhos de Jack se alargaram: - Não mãe, ele não tem uma amante, esquece aquelas loucuras que eu disse, ele te ama.

- Não Jack, não seja benevolente comigo! Se ele me ama, tem um jeito muito estranho de demonstrar.

Jack apertou os olhos e mordeu os lábios, a mesma dúvida que vinha tendo há semanas voltou a assaltar-lhe o coração e ele jurara para si mesmo que não pensaria mais nisso. Mas aquela revelação de sua mãe mudava tudo.

- Como você descobriu?

- Eu ainda sou a esposa dele, Jack. O conheço melhor do que ninguém. Ele tem bebido cada vez mais desde que vocês brigaram e chega em casa cheirando a perfume de mulher, fica falando no celular pelos cantos. E eu não agüento mais isso. Outro dia o vi pesquisando preços de passagens aéreas na Internet, o que ele pretende Jack?

- Eu não sei mãe!- disse Jack passando as mãos pela cabeça. Ele já estava começando a pensar que o homem com quem Sarah estava não era seu verdadeiro amante, e sim alguém que ela tinha levado à delegacia quando foi soltá-lo, para esconder a verdade. Esconder que estava realmente tendo um caso com seu pai.

- Você precisa fazer alguma coisa, Jack!

- E o que quer que eu faça, mãe?

- Descubra quem ela é. Preciso saber se o seu pai a ama ou é só uma diversão passageira.

- Por que precisa saber disso, mãe? Vai sofrer mais! Se as coisas são assim como diz, deveria se separar do papai.

- Não, Jack! Isso nunca, eu o amo. E você vai descobrir quem ela é, Jack. Vai descobrir pra mim. Promete?

- Sim, eu prometo.- ele respondeu, resignado.

(Fim do Flashback)

Continua...