O Fim, para começar.


Columbus, Ohio. Março de 2005.



- Edward, acorda! Seu imbecil! Como você conseguiu arruinar tudo assim? Sua indicação de candidatura foi descartada pelo partido. Sua carreira política mal começou é já é um fracasso!

O senador Carlisle estava furioso, desde que seu primeiro filho nasceu ele já havia traçado uma meta para a criança: ser seu sucessor, mas Emmett Cullen traçou suas próprias metas. E ao ver o filho mais velho frustrar seus planos, só lhe restava uma opção: Edward.

O senador Carlisle havia se casado há mais de vinte anos com Esme Platt, filha de um importante político do partido Republicano, o casamento foi apenas uma alavanca social.

Seus objetivos sempre foram claros: A Casa Branca e formar um legado de políticos em sua família, ter cada vez mais influência em Ohio, e por conseqüência chegar à Washington D.C.

Emmett era o mais velho dos irmãos, economista e trabalhava para uma ONG que muitas vezes ia contra os interesses políticos de seu pai e irmão. Mas Emmett não se preocupava com isso. Fazia apenas aquilo que aprendera com sua avó materna: não negar seus princípios.

Para Alice tudo e todos tinham um preço. Era a caçula e mimo dos pais. Se pedisse uma rocha lunar Carlisle faria a NASA buscar num foguete rosa para agradar sua filha.

Edward era tudo o que Carlisle sempre planejou. Era advogado formado pela melhor universidade do país em direito: Harvard Law School. Com certeza Edward sim será meu sucessor, era o que ele pensava toda vez que embarcava para a capital do país com o filho do meio; ele fazia questão de introduzir o jovem à alta cúpula, apresentá-lo aos membros de seu partido, e até mesmo aos Democratas, raça de políticos que o Cullen desprezava.

Edward era um fantoche nas mãos de seu pai. Um lindo jovem, sua carreira política estava em ascensão e ao final do ano se casaria com Sarah Eagleton, filha do presidente do partido Republicano; casamento este que beneficiaria as duas famílias, afinal quanto mais poder se tem, mais se quer.

Mas tudo foi arruinado por Edward. O senador acordou furioso ao ler as notícias dos principais jornais do país. Era um escândalo público, sabia que no caso de seu filho seria o fim de um começo, ainda mais nos EUA. Edward era acusado de agressão por uma prostituta de Toledo. Em uma de suas últimas noitadas ele contratou os serviços de algumas garotas de programa com seus amigos e quando uma das garotas se negou a fazer o que ele havia pedido, o jovem esmurrou a face da mulher.

- Edward, acorda! Seu imbecil! Como você conseguiu arruinar tudo assim? Sua candidatura foi descartada pelo partido. Sua carreira política mal começou é já é um fracasso! – o senador disse invadindo o quarto do filho estava vermelho, nervoso. Prestes a ter um enfarto.

- O que é pai? Me deixa dormir. O jatinho só sai daqui a duas horas para o capitólio (capitólio é como a câmara de senadores e deputados aqui no Brasil), ainda posso dormir mais um pouco.

- Levanta agora, antes que eu te mate. Seu desgraçado!

- Calma querido, por favor, acalme-se! Ele é apenas um menino!

- Um menino? Um menino Esme? Meninos não saem com putas! Tampouco batem nelas! Ele é um HOMEM com 24 anos, que não trabalha, não faz nada e nem mesmo para candidato a governador presta!

- Como se você nunca tivesse feito isto papai! – Edward disse ironicamente. Tanto ele quanto o pai sabiam o que acontecia nos bastidores do governo dos EUA.

Edward levantou-se vagarosamente, foi até o banheiro de sua suíte, lavou o rosto, observou a fisionomia cansada e um hematoma próximo a sua boca. Lembrou-se então do soco que recebeu de "Gabriella" se é que aquele era mesmo o nome da sua acompanhante na última noite.

Entendeu o porquê daquela discussão em seu quarto.

Saiu então do banheiro caminhou em direção aos pais.

- Pai, minha indicação foi suspensa? Jornais que jornais você está falando? – o rapaz perguntou nervoso.

- Querido que machucado é este em sua boca?

- Nada demais mãe, não se preocupe. – um machucado era o que menos importava para ele agora.

- Pai? – o rapaz perguntou novamente.

- Veja você mesmo. - Carlisle jogando páginas e mais páginas de jornal em cima do filho. Em todos se via a foto de Edward agredindo uma mulher. As fotos foram tiradas por uma colega da prostituta ainda no quarto com os rapazes. As imagens eram claras.

- Puta merda. – foi só o que ele pode dizer ao ler as notícias.

– Minha indicação pai? – ele indagou mais uma vez.

- Eles estão pensando em expulsar você e filho do deputado Hale.

- O Jazz, também?

- Todos que participaram dessa orgia! Nós somos republicanos, garoto! Você esqueceu?

- Não se preocupe meu filho. O nome de seu avô poderá resolver isso, os Platt são muito respeitados.

- Eles vão esquecer isso mãe! – Edward sentou-se em sua cama, estava prestes a dormir mais uma vez. Não tivera uma boa noite de sono.

- Não vão não! Os democratas vão fazer polêmica sobre isso o tempo todo. Se você tiver a sorte de não ser expulso, pode dizer adeus a qualquer cargo público.

Durante as primeiras semanas após o escândalo Edward não saiu de casa. Dia e noite fotógrafos esperavam em vão por uma notícia sobre o julgamento, sobre a ação ou o valor da indenização que a mulher pedia. Por recomendação de seu pai, Edward não saiu de sua casa até o fim do caso.

Os Cullen foram obrigados a pagar uma quantia milionária a prostituta.

Aos meses que se seguiram após o julgamento ele já não era mais o mesmo.

Não tinha esperanças em nada e em ninguém. O trabalho de uma vida havia se perdido. Sua noiva havia terminado o relacionamento, e ele sabia que merecia coisa pior. Sarah sempre fora tão gentil e dócil. Não era como as outras mulheres que conheceu, tão fúteis e orgulhosas.

Mas por mais que ela fosse boa, jamais sentiu aquela paixão que via nos olhos de seus avôs até o fim de suas vidas. Seu avô sempre dizia que ele encontraria uma razão para viver quando ele quisesse encontrar, quando se permitisse encontrar. Mas Edward não via razão em lugar algum. Tudo que seus olhos viam era a podridão dos homens.

Ele se sentia só. Sem alguém que lhe fizesse companhia, alguém para conversar sem pudores, ou medo. O receio de falar algo e de repente ser uma armadilha... por isso ele aprendeu a se calar. A não dizer muito sobre si, ou sobre sua família.

Deus? Deus não existe. Isso é invenção dos homens para que você tenha medo e não faça aquilo que deseja. È tudo para que os mais comuns possam ser massa de manobra nas mãos erradas. Isso era sempre o que ele respondia quando era perguntado sobre sua fé.

Dias e dias de uma angústia infinita, como uma paz que nunca pode ser alcançada. Sabia que seu dinheiro comprava tudo, menos sua paz de espírito.

Aquele escândalo foi um insight para o rapaz, estava fazendo tudo errado fazia o que seus pais queriam, sem ser por vontade própria. Como uma marionete que tem as falas e ações coordenadas por um artista, frases ditas para os outros.

Às vezes chegava a ter inveja de Emmett por ele ser tão determinado e fazer apenas o que achava certo, por se preocupar com os menos favorecidos... por não ser corrompido pelo dinheiro. Emmett era o referencial que seu pai nunca fora, era honesto.

De repente o convite feito por Emmett pareceu agradável aos seus olhos.

Ar novo era tudo o que precisava.

Emmett havia partido há dois meses, estava mais uma vez a trabalho em uma cidadezinha no interior do estado de Washington.

Edward se lembrou do convite que seu irmão havia feito quando teve viajar.

- Emmett? Eu estou indo.

- Você realmente decidiu vir cara?

- Não tenho nada a perder mesmo. E, além disso, esse povo caipira nem deve saber do que aconteceu comigo.

- Edward quase ninguém mais se lembra disso, tantos meses já se passaram, não é mesmo?

- 7, para ser exato Emmett.

- Então cara, ninguém mais se recorda disso, você precisar relaxar mano!

- Ninguém? E quanto nosso pai? Ele vale por todos.

- Por isso mesmo. Você vai adorar Forks, ele não tem muita influência por aqui. É uma cidade bem calma, não tem muito movimento, quer dizer apenas os protestos contra a instalação de uma indústria de papel.

- Qual indústria?

- Smith & Gibbard.

- Você ta louco? Os donos desta empresa financiam sempre a campanha do nosso pai.

- Edward, você é um brilhante advogado, será muito útil para os Quileutes.

- Pra quem?

- Os Quileutes... são nativos. Você poderá oferecer orientação jurídica a eles, e quem sabe nos ajudar na ação contra a instalação da indústria.

- Emmett, eu estou indo para descansar. Não vou ser um maníaco como você. Ainda mais mexendo em ninho de vespas como você está. Essas pessoas são muito poderosas, toma cuidado.

- Você acha que eu nunca fui ameaçado de morte, ou algo assim? Mas não me importo continuo lutando por quem não tem forças para lutar por si.

Eu não quero fazer parte dos opressores Edward.

- Nem eu Emm, eu nunca quis. Eu fui levado com a correnteza e quando vi já estava submerso demais. Agora não tem mais volta.

- Eu estou partindo hoje à noite. Amanhã nos vemos.

A viagem de Columbus até Seattle foi tranqüila, o voo chegara no horário previsto.

Edward já estava no aeroporto há algumas horas, toda vez que tentava falar com seu irmão o celular de Emmett estava fora de área.

Sabia que a cidade para onde iria se chamava Forks, mas não sabia se seguia direto para lá, ou esperava uma resposta do irmão. Decidiu por fim pegar um taxi e ficar em um hotel na cidade, mais tarde tentaria ligar para seu irmão novamente.

O taxista, um senhor de idade, o ajudava a carregar suas malas e colocá-las no porta malas de seu carro, foi quando ouviu alguém chamar por ele.

- Edward?

- Emmett onde você estava? Eu estou aqui como um palhaço esperando você por quase três horas!

- Eu disse que chegava de manhã. O avião pousou às 10. E já passa do meio- dia.

- Deixa de ser uma mulherzinha resmungona e vamos logo porque de carro até Forks demora um pouquinho...

- Obrigado senhor, mas a corrida está cancelada. – Emmett disse pegando as malas do porta malas do taxi.

- Por que você demorou cara? – Edward perguntou realmente nervoso. Se havia algo que ele não tolerava era falta de pontualidade.

- Desculpe, é que hoje é aniversário da filha do reverendo Swan, e ele achou melhor que ela viesse comigo até Seattle. Nós ficamos em uma livraria até agora. Bella comprou uns CDs e alguns livros.

- De ativista social, agora virou babá é Emmett? Que progresso... –

Emmett deu um tapa na cabeça de Edward. Os dois homens agora pareciam duas crianças um correndo atrás do outro no meio do estacionamento do aeroporto. Pararam quando Emmett avistou sua SUV.

- Vem Ed, temos que ir!

O porta-malas foi aberto e Edward colocou sua bagagem ali. De relance viu a cabeça de uma menina e os cabelos castanhos que desciam pelas costas dela.

- Bella, este é meu irmão Edward. Ele passará um tempo comigo em Forks.

Edward fitou a garota e viu um lindo sorriso que era impossível não corresponder. Sua face encheu-se da paz que irradiava dela.

- Sou Isabella Swan. Prazer em conhecê-lo Edward!- a menina disse estendendo sua mão para ele.

Pela primeira vez ele não sabia como agir com uma mulher, ainda mais com uma garota. Bella continuava com a mão estendida sem entender a reação do rapaz.

- Edward, acorda! – gritou Emmett.

- Eee, bem... desculpe. É Isabella, não é isso?

- É isso mesmo, mas pode me chamar de Bella.

As duas mãos se tocaram. Edward pode sentir a delicadeza e a maciez da pele da menina. Os olhos castanhos de Bella o hipnotizaram.

- Edward, acorda! Você precisa de um balde de café hoje?

- Desculpa; Emmett posso ir dirigindo?

- Claro, a gente vai pegar a estrada e eu vou te guiando.

- Demoramos para vir te pegar, foi tudo culpa do meu pai que não me deixou vir sozinha até Seattle! – Bella disse.

- Não se preocupe, está tudo bem.

Frequentemente Edward olhava a menina pelo retrovisor. Parecia que ela estava em outra dimensão com seus livros. Ele a observava sem o mínimo de pudor. Até que ela levantou a face e encontrou os olhos verdes do Cullen. E imediatamente corou.

Aquela reação constrangeu aos dois. Era comum alguma garota ficar constrangida em sua frente, mas não ele. Ela é diferente... foi sua impressão sobre Isabella.

- Qual livro você está lendo Bella? – ele tentou conversar.

- Romeu & Julieta. – a menina respondeu docemente e olhando para ele através do espelho do carro.

- Você gosta de romance? – ele perguntou ironicamente.

- Eu gosto de ler e isso é tudo. – ela respondeu ofendida com a ironia do rapaz voltando seus olhos às páginas de Shakespeare.

A viagem decorreu durante muito tempo sem nenhum outro comentário de ambos, ocasionalmente se olhavam, mas nada além disto. Até que Edward resolveu puxar assunto mais uma vez.

- É seu aniversário hoje?

- Sim.

Quantos anos?

- 18. - ela respondeu sorrindo olhando para ele.

- O que você quer de presente Bella?