Epílogo

1º Parte – Passado

Fazia hoje duas semanas que a namorada do Edward estava naquele estúpido hospital. E o mais estúpido era que ele não saía de lá.

É claro que compreendia a sua dor. Afinal, ele era meu irmão, o meu irmão mais novo. Mas aquilo era demasiado. Tinham ambos tido um acidente, o Edward e a rapariga mas ela iria sair desta, pelo menos o meu irmão tinha conseguido. O Edward estava bem e ela também ficaria. Para quê todas aquelas mariquices?

- Emmett, anda depressa! Parece que houve uma complicação! – gritou a Alice, a minha irmã preferida e a única que tenho.

A Alice era a irmã do "meio", quer dizer, eu dizia que ele era um elfo com problemas de crescimento, tal como nós extremamente branca – mas uma cor límpida, que não causava desconforto à visão, cabelos negros espetados em muitas direcções, ela movia-se como uma bailarina, não andava mas dançava ao som da sua própria música.

Quem a visse pensaria que ela era frágil devido a sua estatura, mas imaginavam o pequeno furacão que ela era.

- Já vou duende – não a ouvi bufar de irritação, estranho, devia ser mesmo grave.

Desci a escadaria com alguma impaciência, embora não estivesse totalmente convencido de que uma verdadeira desgraça tinha acontecido.

Tal foi o meu espanto quando encontrei o pequeno elfo com as lágrimas nos olhos, encostada a uma parece, de forma a não perder por completo as forças e cair no chão. Ok, eu não estava mesmo nada à espera de uma coisa daquelas. O que é que teria acontecido? A Alice nunca para quieta e agora parecia uma estátua ali parada.

Eu sei que dizem que sou inoportuno, é verdade maior parte das vezes, mas naquele momento decidi ficar calado. Cheguei junto a Alice, peguei-a no colo tal e qual como se faz com um bebé e sai de casa. Íamos para o hospital, eu sabia que o problema era lá.

Conduzi ainda mais depressa do que era habitual. Sabia que Alice não gostava de velocidade – naquela altura –, mas, como não disse nada, era cada vez mais evidente que nada estava bem ou, pelo menos, muito pouco.

Fiquei preocupado quando ao Edward, quer dizer, ele continuava a ser o meu irmão mais novo e já tinha sofrido demasiado para alguém com somente 15 anos.

Mal estacionei no parque do hospital a Alice desatou a correr, fui atrás dela.

Eu queria saber o que é que se tinha passado, mas, ao mesmo tempo, tinha receio de fazer demasiadas perguntas e estragar tudo com o meu humor algo estranho, que nenhum deles entendia da maneira mais correcta. Ainda acabariam por pensar que estava a gozar com os dois.

Segui a Alice, quando chegamos à ala onde estava internada a namorada do Edward vimo-lo no chão, num canto, lavado em lágrimas.

- Edward – disse a Alice enquanto corria na sua direcção.

Eu só fui capaz de olhar para Carlisle que também estava lá, ele assentiu com a cabeça.

O meu irmão não merecia aquilo, não era justo ele perder a pessoa que amava tão cedo...e tinha sido culpa dele…

Não lhe queria dizer que aquilo era culpa sua; tinha quase a certeza que ele não gostaria muito e que levaria um murro, se é que ele tinha forças para isso. Talvez ele gostasse de um abraço. Mas e se isso fizesse com que se sentisse ainda mais culpado?

Não sabia o que fazer, estava a entrar em parafuso...oh meu deus, em parafuso, que gay, eu tinha que ser um homem e apoiar o Edward mas não conseguia.

- Anda cá pequenote – disse-me a minha querida mãe Esme, abaixei-me para ser capaz de repousar a minha cabeça nos seus ombros

Só com a Esme é que era capaz de me sentir bem e, numa situação daquelas, não-gay. Era uma boa sensação, algo reconfortante. Mas não era eu que precisava daquele gesto, era Edward. Ele é que precisava de um abraço sem se sentir gay.

- Vamos embora – a voz do meu irmão acabou por cortar o ar – Não temos mais nada para fazer aqui – e desde daquele momento ele nunca mais foi o mesmo.

A sua vida dupla começou. Em menos de poucos dias, começou a dedicar a sua vida ao estudo. Era como se não houvesse mais nada na vida.

Era tão, tão gay! Ia para a escola, voltava para casa para ir estudar. Na minha opinião, ele tinha na cabeça mais conhecimento do que cinquenta pessoas normais, ou seja, não-gays.

À noite, a história era outra... Ele parecia um Leopardo na época de acasalamento no seu habitat natural

De dia o rei dos cromos…

De noite o desejo de todos…

Foi nisso que o meu irmão se transformou por causa dela.

2ºParte – Presente

- Não, eu não te vou deixar ir assim para a escola Edward! – gritava a Alice.

Aquilo era a nossa rotina, eu ia leva-los até a escola pois ficava no caminho da minha faculdade – sou o mais velho – e tinha que aturar todos os dias os delírios da Alice relativamente ao vestuário do Edward.

Mas a verdade é que eu não gostava mesmo nada daquilo. Eu odiava a maneira como o meu irmão se vestia durante o dia. Era ridículo.

Ele emanava homossexualidade por todos os poros, assustava-me.

Óculos com lentes grossíssimas – ainda não conseguia saber como é que ele conseguia ver debaixo daquelas coisas –, calças de pano, sapatos de vela, cabelo que parecia ter sido lambido por uma vaca. Ainda não sabia bem ao certo como, mas tinha de acabar com aquela parvoeira. Era a minha prioridade!

E como se não fosse suficiente o meu irmão ainda tinha o descaramento de usar todas essas peças larguíssimas. Se calças de pano são gays, três tamanhos acima do vosso número é...é...um desgosto.

De cada vez que olhava para ele sentia a minha masculinidade em perigo.

Até para quem não era gay era desgostoso. Já pensaram no que os gays da escola pensavam ao olhar para ele? Ainda bem que já andava na faculdade senão teria sido pior

E aquela coisa em que ele se deslocava, aquilo a que ele chamava transporte. Por Amor de deus, era uma bicicleta, que tinha riscas rosa! Rosa! Se não conhecesse o meu irmão à noite diria mesmo que ele tinha um problema, grave.

Isto é, eu sabia que podia ser bem pior. Imaginem lá se ele decidisse parecer-se com uma prostituta, ou algo do género? Se ele o fosse, seria mais complicado manter a sua masculinidade – a única que lhe restava – e não seria assediado por quinhentos RAPAZES da escola.

Ele, no entanto, encolhera ser o oposto disso, o que só podia ser uma espécie de bónus!

Mesmo assim não percebia porque razão ele recusava-se a ir para a escola como ia para os bares, quer dizer, tudo bem que talvez não fosse muito aconselhável pois o meu irmãozinho quando quer consegue honrar o nome de família e bem, deixar todas as raparigas a seus pés, mas porque raio ele não ia assim para a escola?

Ah, lembrei-me, por causa dela...

- Emmett, acorda! – gritava a pequena elfo – Vamos chegar atrasados!

- Mas porque é que não ages como és? Isto é, pequena e insignificante? Deixa-me dormir. Vai ver se o Edward ainda tem o visual de ontem à noite e arrasta-o assim para a escola, em vez de me dares cabo da cabeça logo de manhã.

- Boa ideia Emmett, tu até pensas pah! Ah , já agora, diz à loira que se escusa de esconder na casa de banho – a Alice saiu do quarto enquanto deixava escapar uma pequena risada

- Rose? Estás aí? Não devias estar em casa? Passou-se alguma coisa a noite passada? – gritei para o vazio do quarto.

-Não te lembras? – estava furiosa

É claro que me lembrava, Emmett Cullen nunca se esquece de assuntos "sexuais" muito menos quando estes envolvem Rosalie Hale.