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Especial dia das mães

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Estava em meio a uma tempestade torrencial, seu companheiro dormia em uma caverna após o término de mais uma missão idiota. As gotas caiam como navalhas sobre seu corpo, molhava-o, chagavam a machucá-lo. Mais não se importaria com um detalhe desses.

O céu negro com um leve tom avermelhado chorava por ele.

O vermelho seria seus olhos. O negro seu espírito. Os pingos de água seriam as lágrimas nunca derramadas.

Levantou suas mão à altura de seu rosto e pôs-se a fitá-las.

Cada calo era uma lembrança triste de um treinamento pesado. Treinamento esta usado unicamente para o cumprimento de uma missão que transformara sua vida num inferno.

Piscou.

Sua visão agora estava totalmente vermelha. Os pingos de chuva eram rubros. Sangue. Sangue este que corria pelas suas veias. Sangue de um clã amaldiçoado. Sangue da única pessoa que um dia pode dizer que amou de verdade. Sangue daquela que teve de matar assim como muitos outros para garantir a salvação do mundo shinobi. O sangue dela. Sangue esta que o sujava, escorria por seus olhos e coração, afogava sua alma lenta e dolorosamente. Sufocava-o.

Ele tinha uma grande ferida no peito. Um grande buraco que com o passar do tempo só crescia. A dor aumentava, o sangue escorria, mais a morte não chegava. Não ainda.

Fitou o céu por um instante. O negro intenso misturado ao vermelho lembrava os olhos dela. Olhos assustados que o fitavam aterrorizados.

Nenhuma palavra foi dita. Pois só a faria sofrer ainda mais. E mesmo que quisesse, não podia falar, não conseguiria.

Piscou novamente.

A água da chuva voltou a ser água. E Itachi voltou a ser Itachi.

Torcia para que o dia em que seu irmão viria e acabaria com ele chegasse o mais rápido possível. Ela não estaria no lugar aonde esta passaria o resto da eternidade, sabia disso. Mais tinha a mínima esperança de que no momento em que sua hora chegasse, poderia ter uma ultima visão dos olhos negros e semblante sereno da mulher que lhe dera a vida. Desejava seu toque. Uma chance de abraçá-la e chorar. Chorar como nunca chorou antes. Como um garotinho tolo.

Caiu de Joelhos e uma lágrima escorreu por sua face serena. Logo depois outra e mais outra. Chorara afinal. Um choro contido por anos que agora, queimava sua face por cada lágrima derramada.

E em um sussurro inaudível pediu desculpas. Desculpa a ela. Desculpas a sua mãe.

- Perdoe-me.

Deixou-se envolver pelas trevas e caiu no chão molhado. Seu estado era deprimente e seus olhos doíam cada vez mais.

Antes de desmaiar pediu em silencio que a morte viesse, que a vingança acontecesse e que a dor da maldita ferida cessasse.

Para uma última vez sentir seu toque e fitar seus belos olhos negros... Mãe.

Em seus sonhos pode vê-la sorrindo, abraçando-o e dizendo que o amava, que o perdoara há muito tempo. Então sentiu o último beijo, um beijo que pareceu livrá-lo de um grande peso.

O último beijo que sua mãe lhe dera para então sentir-se perdoado.

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Owari

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