Capítulo 1

Narrado por Edward

Eu estava estressado pra caralho. Há dois meses eu havia recebido este caso de contrabando de narcóticos para solucionar e até agora tudo o que eu havia conseguido era menos que nada. A única coisa que eu sabia era o que eu havia sido informado quando recebi o caso. Toneladas de contra bando entravam em nossa cidade todas as semanas e eram revendidos em boates clandestinas. De inicio eu achava que eles seguiriam sempre as mesmas rotas, as que eu tinha a localização, mas havia um plano, e isso qualquer imbecil com Q.I menor que zero saberia. Eu sempre fui muito profissional e bem sucedido em minhas investigações, o fato de eu gostar de trabalhar sozinho comprovava isso, afinal eu era totalmente contra a teoria de que duas cabeças pensam melhores juntas. Há oito anos atrás, quando eu ainda era um garotão bobo de 18 anos, eu estudava com afinco e me dediquei totalmente em meu treinamento, tanto foi que eu havia passado com louvor, como o primeiro da turma de novos agentes da CIA.

Eu estava em minha sala relendo os relatórios anteriores a procura de algo que pudesse me ajudar. Eu simplesmente tinha que solucionar esse caso. Concentrava-me tanto em um relatório que não reparei que a caixa de entrada de meu e-mail piscava, mas quando resolvi olhar para a tela do computador vi que havia um e-mail de destinatário desconhecido.

Um endereço. Um maldito endereço de onde iria chegar um contrabando de drogas. Levantei-me apressado, na fissura por chegar logo ao local aonde o contrabando chegaria e de quebra eu conseguiria prender alguns filhos da puta que distribuíam a droga pela cidade. Nem me dei ao trabalho de esquentar a cabeça e pensar em quem seria que havia me enviado aquele e-mail, que talvez salvasse meu caso e de quebra o meu emprego. Também não me dei ao trabalho de pegar um dos carros especiais da agencia fui com o meu próprio.

A paixão de todo homem era o seu carro e comigo não era diferente, meus Aston Martin preto, eu não deixava ninguém dirigi-lo além de mim, ninguém podia encostar a mão na pintura, eu não gostavam nem que chegassem perto do meu filho, só Bernie podia entrar nele além de mim, ou quando eu convidava alguém, claro. Desliguei as travas do alarme e vi as luzes piscando de onde meu bebê estava, entrei nele logo arrancando pelo estacionamento e correndo pelas ruas de NY, com toda a potência que aquele motor potente conseguia alcançar. Às vezes era vantajoso ser um agente da CIA, afinal as multas de transito eram ignoradas.

–Porra! –bati com a mão no volante pelo engarrafamento de merda a minha frente. Só havia uma solução.

Engatei a ré e me preparei para sair dali e dar a volta pelas ruas e sair da avenida principal. Não vi quando uma perua combi parou atrás de mim e acabei batendo a traseira do meu precioso naquela lata velha.

–Merda olha o que você fez! –sai furioso do meu carro.

–Olha aqui tio, você que estava dando a ré, não me culpe pela sua burrada. –um moleque com não mais que 20 anos disse.

–Você vai pagar. –rosnei.

–Cada um paga o seu e Deus te abençoe! -foi o fim.

Totalmente descontrolado abri com força a porta daquela lata velha e puxei o garoto de lá, fazendo- o cair.

–Você vai pagar! –rosnei novamente.

–Vai à merda! –o moleque cuspiu em minha direção e o pouco controle que eu tinha se esvaiu e voei em sua direção enchendo-o de socos.

–Pare. –ouvi uma voz gritar e fui puxado para trás com força.

Dois policias estavam ali, um me segurava com as mãos para trás.

–Quem vocês pensam que são? Soltem-me! –rugi.

–O senhor esta indo para a cadeia lá nós conversamos. –o policial que me segurava me algemou.

–Pegue a porra da minha carteira, vocês não sabem com quem estão falando.

–Não interessa quem você é, desacato a autoridade, agressão física e perturbação da ordem pública, é meu caro você está indo em cana. –fui jogado dentro de uma viatura.

–E o meu carro? –perguntei preocupado não querendo deixá-lo ali sozinho.

–Meu parceiro irá levá-lo até a delegacia.

–Ninguém toca em meu carro! –gritei, mas fui ignorado, o policial filho da puta um fechou a porta na minha cara enquanto o filho da puta dois foi para o meu carro e começou a abrir caminho no transito, e o filho da putinha da combi nos seguia, provavelmente para prestar queixa contra mim.

Ótimo. Era tudo o que eu precisava mesmo.

–Edward o que aconteceu? –Emmett entrou na sala de espera que ficava em frente a sala do delegado, ele estava furioso.

–Apenas um desentendido. –dei de ombros não dando muita importância a aquela situação em que me colocaram.

–Um desentendido? –é meu chefe estava furioso por ter sido tirado do escritório em um dia corrido para conseguir me tirar daqui, quando os filhos da puta um e dois viram minha credencial só faltaram melar as calças e me encaminharam logo para o delegado, só era necessario que alguém que fosse responsável por teria que vir assinar minha soltura, então dei o telefone de Emmett já que eu não tinha nenhum parente que pudesse fazer esse papel por mim aqui na cidade. –Você teve sorte de não ser fichado! –meu chefe saiu furioso da sala do delegado.

Quase tive outro colapso de fúria quando vi o estado de meu carro. Contei até dez tentando me acalmar, mas minhas mãos tremiam e evidenciavam a minha fúria.

–Vá para casa hoje e descanse e esteja bem cedo em meu escritório amanha. –Emmett disse antes de entrar no carro.

Droga!

Fiz como Emmett havia me pedido, fui para casa. Tomei um banho tentando relaxar e não pensar em meu carro parcialmente destruído pelo idiota da combi velha. Esquentei no micro-ondas um macarrão pronto e me servi, abrindo uma garrafa de cerveja e me jogando no sofá em frente a televisão. Bernie dormia em sua caminha toda espalhada, depois de ter comido toda a sua ração e de eu a ter levado para passear. Ótimo até minha cachorra não ligava para mim. Assisti a Discovery Chanel, onde passava um documentário sobre pinguins. Era interessante a forma como eles viviam, depois que escolhiam uma parceira era para a vida toda e eles tinham uma relação completamente monogâmica, se um morresse o outro nunca mais teria outro parceiro.

Chateado fiquei olhando para a tela da TV, tomando alguns goles da minha cerveja, já havia algumas garrafas a minha frente. Fiquei pensando em quando eu encontraria a minha pinguim, uma mulher para ter um relacionamento com ela para a vida toda... Mas bêbado é uma desgraça mesmo porra! Olha só o que eu estava pensando. Eu não tinha tempo para relacionamentos em minha vida, só fodas fáceis, e talvez eu nunca tivesse um relacionamento serio com ninguém mesmo.

Dormi ali no sofá mesmo e acordei com o barulho do despertador vindo do meu quarto. Cambaleando em direção ao quarto desliguei o desgraçado do despertador e fui para o banho. Já totalmente desperto fiz um café forte, mesmo sendo meio de semana ainda eu estava com uma tremenda ressaca e não pude deixar de pensar que aquilo poderia me prejudicar em meu trabalho, então peguei duas aspirinas na gaveta de remédios e engoli junto com o café. Completei a água de Bernie, coloquei comida e liguei a TV para ela, que ainda dormia e até roncava em sua caminha.

Peguei minha carteira, celular e chaves e tranquei o apartamento, descendo pelas escadas mesmo, porque o elevador desse prédio pré-histórico era mais lento do que a minha abençoada vozinha.

Quase chorei com a visão danificada da traseira de meu carro.

–Papai vai cuidar de você. –acariciei a lata amassada, prometendo a mim mesmo que o levaria para o concerto antes do fim de semana.

Assim que entrei no prédio da CIA lembrei-me que Emmett havia pedido que eu fosse até a sua sala assim que eu chegasse, sua secretaria me anunciou e entrei em sua sala sem nem ao menos bater.

–Edward o que aconteceu ontem foi muito serio. –ele disse assim que me sentei a sua frente, sem desviar os olhos de alguns papéis que ele analisava.

–Sem essa Emmett, eu nem fui fichado, seria uma piada até se eu fosse. –dei de ombros.

–Nesses oito anos nos tornamos muito amigos, e não ache que por isso deixará de ser punido como deve. –ele dessa vez olhou para mim, que estava confuso. –O problema de vocês agentes da poderosa CIA. - ele deu uma risadinha. –É que acham que podem passar por cima da lei, esquecendo-se de que nós temos que ser exemplo da lei que vocês tanto desfazem. –disse serio. –Então conversando com os outros diretores te damos algumas opções de punição, e que você servirá de exemplo ao restante de nossos homens.

–Punição?

–Sim. –Emmett que estava com o 'modo' chefe ligado, se ajeitou em sua cadeira de espaldar. –Você tem duas opções, qualquer uma que escolher satisfará o quadro de diretores. Você pode escolher, ser afastado permanentemente de seu cargo, ou então passar por um psicólogo designado por mim para seu tratamento, assim continuando em sua função e diretamente com seu caso.

–E eu lá preciso de tratamento! –eu gritei enfurecido.

–Sua atitude só confirma que sim. –ele deu um sorrisinho de lado. –Edward, agora falando como seu amigo, você tem quase 27 anos, não formou sua família, se importa mais com seu carro do que com a própria vida e você age como se fosse pai da sua cachorra, e ainda age como se fosse um moleque de dezoito anos que sai socando meio mundo a fora.

–Isso o que você esta falando não tem o menor cabimento, sem chances. –olhei para Emmett que tinha uma expressão impassível no rosto. –Eu só estou estressado cara, não tem motivo para todo esse barulho.

–Você quem escolhe tratamento eu será afastado do cargo, e sinceramente não quero perder um dos meus melhores homens.

–Tenho outra escolha? –ele negou. –Tudo bem, mas vocês verão que não tem motivo algum para isso.

–Eu realmente espero que sim. -Emmett disse. -Aqui. -ele pegou um papel na mão. -Aqui está o endereço da psicóloga selecionada pela diretoria, ela é uma das melhores no ramo, amanhã você tem sua primeira consulta. -ele me entregou o papel que continha o endereço do consultório da tal doutora Isabella Swan. Só não entendi o sorrisinho no rosto de Emmett.

Deveria ser uma velha solteirona, e seu consultório devia ser cheio daqueles paninhos que as mulheres gostam de bordar e com quadros com fotos dos seus sete gatos.

–Como você sabia que eu iria aceitar essa condição? -perguntei ainda encarando o papel a minha frente.

–Além de seu chefe sou seu amigo, sei que você nunca iria querer sair daqui. -ele se recostou a sua cadeira sorrindo vitorioso para mim.

Filho da mãe!

Com aperto no coração deixei meu carro na oficina para que fosse consertado e peguei um táxi para poder ir ao consultório da tal psicóloga, a Dra. Swan.

Depois de pagar a corrida ao taxista desci do carro amarelo assumindo uma pose confiante, peguei os meus óculos escuros do colarinho de minha camisa e o coloquei. Observei o prédio do lado de fora, ele tinha uma aparência bem antiga, a construção era feita com aqueles tijolinhos marrons, mas assim que entrei o contraste com o lado de fora não poderia ser maior, o lugar não se parecia com nada do que imaginei era bem amplo e arejado. As paredes eram as mais brancas possíveis e os móveis contrastavam com seus tons escuros, quadros com pinturas de grandes artistas estavam pendurados em todas as paredes.

–Bom dia, sou Edward Cullen. –fui até a mesa da recepcionista, que estava distraída com um livro em mãos intitulado de 50 tons de cinza.

–Bom dia. –a mulher de cabelos pretos fechou o livro rapidamente, completamente constrangida por ser pega lendo um livro de conteúdo sexualmente explicito e duvidável, claro que eu já ouvi falar desse livro, a ultima mulher com que sai não parou de me pedir para fazer as coisas que o personagem principal fazia com a mocinha da história. Depois disso nunca mais liguei para ela.

–Tenho uma consulta marcada com a Dra. Swan. –eu disse para a mulher que ainda me olhava bobamente

–Ah sim, a Dra. vai atendê-lo daqui a alguns minutos. Posso te oferecer algo para beber? –perguntou num tom profissional.

–Estou bem, obrigado.

Sentei em um confortável sofá marrom e peguei uma revista que estava jogada sobre o sofá, sobre as fofocas das celebridades.

Eu estava tão distraído que me assustei quando uma porta se abriu num rompante. Olhei espantado para o homem que deixava a sala com os olhos marejados.

Caramba! A psicóloga deveria ser um bruxa mesmo para fazer um marmanjo daquele tamanho chorar.

–Tchau Ângela. – homem disse passando ela recepcionista.

–Até semana que vem Mike. –ela disse para o homem que batia a porta de entrada do consultório atrás de si.

Eu ainda tinha um ar assustado pela recente cena que acabara de presenciar.

–Não se preocupe isso acontece sempre. –a recepcionista de nome Ângela disse para mim.

–Ah claro. –eu disse com a voz carregada de sarcasmo fazendo Ângela rir e então atender ao telefone que tocava em sua mesa.

–Sr. Cullen, o senhor já pode entrar a Srta. Swan o aguarda. –ela se levantou de sua mesa encaminhando-se até a porta, onde digitou algo em um painel numérico ao lado do batente da porta e então um clique indicou a porta sendo destravada.

–Isso é mesmo necessário? –perguntei enquanto passava pela porta.

–Sim, para maior segurança dos pacientes. Tenha uma boa consulta. –Ângela disse e então ouvi a porta se fechar atrás de mim.

–Bom dia Sr. Cullen. –ouvi uma voz suave e ergui meu olhar a procura de sua dona.