Sei que todas as minhas antigas leitoras devem está com vontade de me matar agora, pelo menos se eu estivesse no lugar de vocês estaria! Afinal eu fiquei cerca de dois anos sem postar "Na ponta dos pés" e quando resolvo atualizar vocês encontram apenas os dois primeiros capitulo. É pra ficar com muita raiva mesmo, mas juro que posso explicar o que aconteceu.
Bom nesse tempo que eu fiquei sem postar minha fic eu não tinha conseguido escrever muita coisa. Estava sofrendo do mal da falta de criatividade e, para piorar, o ano passado foi de longe um dos mais estressantes daminha vida. O tão temido ano do vestibular, então já viram, né? Não tinha tempo pra fazer quase nada a não ser estudar pra a porcaria do ENEM, mas graças a Deus ele terminou, já passei no vestibular e agora é só esperar as aulas começarem.
Agora vocês devem está se perguntando: e por que ao em vez de um capítulo novo eu to repostando o primeiro... Bem, nessas férias eu decidir parar para reler tudo o que eu já havia escrito antes e cheguei a conclusão que eu não conseguiria continuar escrevendo de onde parei, pois não estava feliz com o que eu já tinha postado, afinal eu comecei a postar essa fic quando eu tinha uns catorze anos eu acho e, de lá pra cá, eu amadureci muito. Então eu decidir parar para reescrevê-la, tem capítulos que mudaram mais que outro, acrescentei e cortei muita coisa, por isso aconselho as leitoras que já acompanhavam "Na ponta dos pés" antes, releiam.
Pra finalizar, só quero pedir desculpar a todas que acompanhavam a fic, pelo tempo que fiquei afastada e quero também agradecer pelas reviews que recebi no último capitulo. Agora aproveitem a fic.
Na ponta dos pés
Capitulo 1: A aposta.
- Sakura-chan... Sakura-chan! – o nome chamado pertencia a uma pequena criança com idade próxima aos cinco anos. Por alguns instantes a garotinha de cabelos róseos ignorou a pessoa que pronunciava o seu nome, pois estava concentrada em uma imagem distante vista da janela de seu quarto.
A menina, concentrada, observava a partida de um carro e, somente quando não conseguiu enxergar mais nenhum sinal do veículo, virou-se para encarar a mulher que a chamara.
- Okaa-san? – Sakura possuía um semblante confuso no rosto.
- Vim ver como você estava... – Sachiko aproximou-se mais da filha. – Você não quis se despedir de seu pai?
Ao escutar a pergunta feita pela mãe, a pequena garota apenas balançou a cabeça em um sinal de negação e desviou os olhos da figura materna a sua frente. Por um momento ficou encarando um ponto qualquer, tentando reunir coragem para fazer a pergunte que viria a seguir.
- Okaa-san? – a pequena Sakura voltou a direcionar seus olhos para Sachiko. – Por que Otou-san não vai mais morar com a gente?
Sachiko ficou pensativa por um instante. Sabia que alguma hora Sakura faria essa pergunta e, como consequência teria a responsabilidade de respondê-la. Mas como explicara a sua filha de cinco anos que ela e o marido estavam se separando?
- Sakura... – Sachiko passou os braços ao redor da filha. – Às vezes coisas que pensamos que durarão para sempre, não dão certo... E quando isso ocorre é melhor dar um fim a elas. – Sakura fez uma cara de quem não havia compreendido o que a mãe havia lhe dito e Sachico permitiu-se abrir um discreto sorriso. – Você irá compreender melhor quando estiver mais velha. – concluiu por fim.
As duas, mãe e filha, ficaram por mais alguns minutos sem trocar uma única palavra, apenas abraçadas, até que Sachiko lembrou-se de algo que talvez tirasse aqueles pensamentos da cabeça da filha.
- Ah! Sakura-chan, já estava esquecida! Tenho algo para lhe contar... – Sakura, curiosa, olhou para a mãe. - Você lembra quando me disse que queria fazer aulas de ballet? – a garota apenas assentiu com a cabeça. – Bom... Eu te matriculei na classe de ballet em sua nova escola!
Ao escutar a novidade que sua mãe lhe contara, a pequena Haruno, pôs um sorriso doce em sua boca, o primeiro e único que dera naquele dia.
Haruno Sakura não sabia bem porque aquela lembrança que ocorrera há onze anos viera a sua cabeça justamente agora. A Sakura atual, apesar de ter as mesmas madeixas rosa, não era mais a mesma. Com dezesseis anos completo o corpo, apesar de bastante magro, muito mais do que o normal, já se aproximava do de uma mulher. Os traços infantis estavam cada vez mais invisíveis em seu rosto e os olhos esverdeados, apesar de belos, traziam uma forte melancolia.
Ela se encontrava dentro de uma pequena sala de dança que a pertencia, já que havia sido construída ao lado de seu quarto para que ela pudesse praticar a dança que tanto amava quando bem entendesse. Todas as vezes que pisava ali era para dançar, porém pela primeira vez não conseguia, nem sentia vontade executar os movimentos de ballet.
O corpo que exibia a maior parte de seus ossos não permitia que ela tivesse o mesmo pique de antes, não sem a ajuda de um estimulante, porém o que mais a impedia de dançar era o seu psicológico. Não tinha mais força para encarar o ballet, a paixão que sentia não era o suficiente para superar tudo o que passara, por causa dessa maldita dança! A dança que tanto amava estava a destruindo.
Perdida em seus pensamentos, a garota, não notou a entrada de uma pessoa na sala até escutar seu nome ser pronunciado.
- Sakura... – ao ouvir a voz que a chamara Sakura sentiu seu corpo estremecer. Sabia muito bem a quem pertencia, por isso hesitou bastante antes de criar coragem de virar-se para encarar o par de olhos ônix.
Cinco meses antes:
Naquele dia a Senju Gakuen, uma das escolas mais renomeadas de Tóquio, estava abrindo as portas para o início de mais um ano letivo. A primeira parte das aulas, relacionadas as chamadas "matérias comuns", já havia sido encerrada dando lugar ao que fazia daquela escola tão diferente das outras: as famosas aulas ligadas as artes cênicas e a música.
Nesse período do dia os corredores da Senju costumavam ficar lotados de alunos andando, alguns correndo, de um lado a outro para chegarem às salas destinadas. Dentre todos esses alunos estava Haruno Sakura. A garota de madeixas rosa chamava atenção dentre a multidão. E não era pela estranha coloração de seu cabelo, mas sim pela grande empolgação demostrada por ela.
Como todos os anos Sakura sentia uma enorme ansiedade no primeiro dia de aula, afinal odiava ficar afastada das suas aulas de ballet por tanto tempo. A dança estava presente a tanto tempo em sua vida que não conseguia imaginar como viveria sem ela. A cada ano que se passava, o ballet tornava-se um objetivo mais importante para garota, era quase uma obsessão.
Durante as férias, para não perder o ritmo e a forma, ela sempre dava uma jeito de praticar. Procurava cursos de férias e, quando não achava nada que a interessasse exercitava-se sozinha. Sempre dizia que se um dia quisesse se tornar uma grande bailarina precisava sempre manter uma regularidade nos seus treinos.
Nessas últimas férias não havia sido diferente, passara o verão fazendo um curso de ballet moderno em Nova Iorque. No entanto, por mais incrível que tivesse sido o curso, sentia falta das suas aulas regulares. E quando finalmente colocou os pés na sala que já estava acostumada a ter suas aulas sorriu satisfeita, porém estranhou a presença de uma pessoa.
A pessoa estranha àquela turma era Yuuhi Kurenai, uma jovem professora que havia começado a dá aulas na Senju há cerca de dois anos. Apesar de ser uma professora de ballet, Kurenai nunca havia dado aula para uma turma tão adiantada quanto aquela, pois como não tinha muita experiência havia pego só as turmas de um grau mais a baixo.
A professora parecia levemente inquieta com a situação que se encontrava. Tinha vários olhares interrogativos sobre si, enquanto esperava que a turma ficasse completa.
- Bem, vocês devem está estranhando minha presença aqui... – Kurenai iniciou o seu discurso notando que, pela hora, todos os alunos já deveriam ter chegado. – A professora de vocês, Rangiku-san, está passando por alguns problemas de saúde, nada muito grave, mas terá que se ausentar por alguns meses de sua atividade na escola, por isso foi pedido a mim que pegasse parte das suas turmas durante esses meses.
Assim que Kurenai terminou suas explicações, vários comentários discretos, é claro, encheram a sala fazendo com que a professora ficasse ainda mais nervosa do que se encontrava. Entretanto, como uma boa profissional, tinha que passar por cima do que estava sentindo.
- Todos na barra para marcar nossa primeira sequência. – ordenou a morena, vendo os bailarinos a obedecerem se posicionando em seus devidos lugares. Logo ela começou a marcar um aquecimento leve com *¹pliés e *²gran pliés.
Naquela mesma tarde, na Senju Gakuen, um grupo de alunos, formado apenas por garotos, passava pelos corredores, bem mais vazios agora, discutindo sobre diversos assuntos sem muita importância.
- Eu to dizendo que vou tirar pelo menos sete nessa prova. – prometia um garoto loiro de olhos azuis com a voz em um volume bem exagerado.
- Duvido! – todos os outros garotos do grupo fizeram coro em resposta, com a exceção de Uchiha Sasuke, que estava um pouco mais à frente que os outros e havia parado na porta de uma das salas de dança, ocupada por bailarinos clássicos. O moreno observava, com um sorriso torto, uma garota de cabelo rosa fazer um belo solo no centro.
- Dobe – ele chamou o outro. – Se você tem tanta certeza que vai tirar sete na prova do Kakashi-sensei, que tal fazer uma aposta comigo?
- Aposta? – todos os garotos do grupo ficaram interessados no que o Uchiha iria propor.
- É. – Sasuke desviou o olhar da bailarina para o amigo. – Se você tirar sete, eu faço aulas de ballet... Até o final do ano letivo. – Naruto sorriu com a possibilidade de ver Uchiha Sasuke dançando ballet. – Mas se você tirar menos que isso é você que vai fazer. Então, você se acha capaz de tirar pelo menos sete numa prova fácil como aquela?
- Claro que consigo! – o loiro tentou mostrar um pouco de confiança.
- Então aceita a aposta? – Sasuke ainda mantinha o mesmo sorriso no rosto.
Naruto se negava a dizer não, ali, na frente de todos, tinha que aceitar mesmo aquela sendo uma aposta perigosa. Extremamente perigosa, afinal, mesmo que não admitisse, ele não tinha um histórico muito vitorioso de apostas contra o Uchiha.
- Vá se preparando para usar colant, Teme! – exclamou o loiro abrindo um sorriso largo e tão maldoso quanto o do colega.
O Uchiha pensou em dizer alguma coisa em resposta, porém deixou que o amigo curtisse o curto momento de felicidade, afinal, no dia seguinte, o loiro muito provavelmente perderia a aposta mais humilhante que já havia feito.
Todos voltaram a caminhar, já falando sobre outro assunto qualquer, mas Sasuke, antes de acompanhar os amigos, olhou mais uma vez para sala, procurando rapidamente a garota que observava antes, agora conversando com uma colega. É... Ela ficava melhor dançando, pensou antes de seguir em frente.
A aula de Sakura havia acabado há pouco, mas a garota ainda continuava na sala a pedido da sua mais nova professora. Ela havia estranhado quando Kurenai a chamou e pediu que ela ficasse mais um pouco após o término da aula. A primeira coisa que passou por sua cabeça era que o solo que tinha feito mais cedo não havia agradado à professora, mas se fosse isso ela teria falado na hora. Certo?
- Sakura... – Kurenai chamou sua aluna que parecia um pouco distraída. – Você deve está bem curiosa para saber o motivo de eu ter pedido que ficasse mais um pouco. – a professora sorriu o que deixou Sakura um pouco mais calma, afinal as pessoas não costumavam sorrir antes de darem más notícias. – Bom, como eu já falei mais cedo, eu assumi parte das turmas de Rangiku-san e, assim não poderei ficar com todas minhas antigas turmas... – Sakura começou a desconfiar aonde a Yuuhi queria chegar, mas não quis se precipitar. – Precisarei que alguém assuma no meu lugar e como vai ser uma situação temporária, Rangiku-san disse que algumas alunas podiam cuidar disso e entre as alunas indicadas por elas estava você.
- Kurenai-sensei, você está falando sério? – Sakura ainda não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
- É claro que sim! – Sakura sorriu orgulhosa com a resposta que teve. – Então... Você aceita o cargo?
- Claro! É uma honra para mim! – a garota não conseguia esconder a felicidade.
- Fico feliz que tenha aceitado. – Kurenai olhou o relógio na parede. – Gostaria de poder lhe explicar agora como irá funcionar suas aula, mas daqui a pouco outra turma estará chegando aqui, então não poderei conversar com você agora... Será que você teria como me encontrar aqui após a minha próxima aula?
- É claro! – Sakura ainda estava eufórica com a novidade. – Eu encontrarei com você aqui. – após dizer isso a aluno se despediu da professora, deixando a sala.
Já do lado de fora, uma cena curiosa chamou sua atenção. Seu professor de matemática estava escorado na parede ao lado da porta da sala de dança que ela acabar de deixar. A garota cumprimentou-o rapidamente e foi em direção ao vestiário.
Não demorou muito para chegar ao local. Como já fazia alguns minutos que sua aula havia encerrado o lugar era ocupado por poucas colegas de classe, entre elas estava Ino, sua melhor amiga. As duas sempre estudaram juntas na Senju e desde a primeira aula de ballet que Sakura fizera ela estava lá.
No começo elas se odiavam, sempre estavam competindo para ver quem dançava melhor, mas não demorou muito para que as "rivais" começassem a se tornar amigas e, durante todos os anos de amizade só haviam tido uma única briga feia. O desentendimento, na opinião de Sakura, havia sido por um motivo muito estúpido: um garoto, mais especificamente, Uchiha Sasuke, mas isso é assunto para outra hora.
- Testuda que felicidade toda é essa? – perguntou Ino assim que notou a presença da amiga.
- Kurenai pediu para eu pegar uma das turmas dela! – respondeu animada.
- Você vai ser professora? – Sakura assentiu ainda sorrindo. – Nossa! Isso é muito incrível... Mas eu confesso que eu pensei que o motivo de sua felicidade era outro...
- O que seria? – Sakura indagou curiosa.
- Vai me dize que você não viu quem tava te observando hoje, na aula? – Ino estava com um sorriso levemente malicioso, o que incomodou um pouco a Haruno.
- A não ser que seja algum representante de uma grande companhia de dança... Não me interessa.
- Uchiha Sasuke. – Ino respondeu, ignorando o que a amiga havia lhe dito.
Por um instante, muito rápido, Sakura arregalou os olhos com surpresa, porém suavizou a expressão logo em seguida.
- Porquinha eu falei que não estava interessada... – prenunciou a Haruno serrando os dentes. – Além do mais... – prosseguiu agora com a expressão mais suavizada. – Duvido muito que o Uchiha tenha olhado para mim, provavelmente ele estava apenas passando...
- Não mesmo... – Ino balançou a cabeça negativamente. – Ele ficou parado, tipo uns dois, três minutos te encarando!
- Como você pode ter tanta certeza? Tem um monte de garotas que fazem ballet com a gente. Ele podia muito bem estar olhando para qualquer uma dessas garotas, se é que ele estava olhando para alguém... – Sakura deixou transparecer certo nervosismo na voz, divertindo a amiga.
- Testuda, ele tava olhando para você! – Ino riu da teimosia da Haruno. – Eu tenho certeza, porque foi bem na hora do seu solo e os olhos dele estavam na sua direção... Aceite os fatos.
Sakura revirou os olhos com o comentário da amiga. Não estava interessada em chamar a atenção de garoto algum, muito menos de Uchiha Sasuke. Ou melhor, não podia se dar ao luxo de se envolver com garotos, não se quisesse conquistar um lugar na Julliard daqui a dois anos.
No dia seguinte, uma das turmas do segundo ano da Senju esperava que o professor de história, atrasado como de costume, chegasse logo para entregar à prova.
As provas de Kakashi costumavam ser uma das mais difíceis. A maioria se dava mal, com algumas poucas exceções, mas aquela última havia sido muito fácil para os níveis de Kakashi e, portanto, todos estavam animados em recebê-la.
Depois de quase quinze minutos de aula perdidos, Kakashi resolveu aparecer, com a desculpa de que teve que parar no meio do caminho para resgatar um gato em cima de uma árvore e devolvê-lo à velhinha que era sua dona.
O professor foi chamando nome por nome, até chegar ao de Naruto. O garoto se levantou bem nervoso, afinal aquela prova ia decidir se ele iria ou não ter que se humilhar na frente do todos que conhecia.
Depois de receber a prova, o Uzumaki olhou-a rapidamente, mas manteve completo silêncio. Em seu lugar, Sasuke se permitiu um familiar sorriso vitorioso. Ele sabia que Naruto não iria conseguir.
O garoto loiro caminhou lentamente na direção de seu lugar, parando perto da mesa do amigo, tendo o olhar de todos os outros colegas sobre si.
- Acho que as garotas vão adorar ver você fazendo ballet, né, Naruto? – O Uchiha falou, convencido de que ganhara a aposta.
Entretanto, Naruto, abriu um sorriso largo e malvado, erguendo a prova.
- Eu não sei... Mas acho que você elas vão adorar, né, Sasuke-teme?
- Ta brincando? – soltou Sasuke descrente.
- É isso mesmo. – O Uzumaki mostrava a nota com exagero. – Eu tirei sete na prova! – começou a gargalhar alto. – Boa sorte na aula de ballet, teme!
Uchiha Sasuke não podia acreditar no que estava vendo. Nunca havia perdido para Naruto em coisa alguma.
Por que aquilo tinha que acontecer justo agora?
