Laços de Destruição

Capitulo 1: Inocentes

-Posso ficar com ele ? Posso, posso, posso, POR FAVOR !

O único olho azul mirou os olhos acastanhados da criatura, depois os verdes cristalinos que esperavam com ansiedade, e esperança, uma resposta. Conhecendo o filho como acreditava que conhecia, Odin tinha a impressão que sua negativa não impediria o pequeno Loki de tentar criar o filhote em seus braços. A pelagem farta em preto e cinza da criatura sendo prensada pelos braços pálidos do filho que o mantinham contra o peito, as unhas de branco marfim nas patas peludas se destacavam compridas e afiadas. Porem o que realmente incomodava o "Pai de Todos" eram os olhos do animal, uma crueldade estranha brilhava neles, sedenta por sangue.

-Não, Loki.

-Mas pai, ele estava ferido, eu só encontrei a trilha pra casa de novo porque ele me ajudou, deixa! – choramingou o filho mais novo de Odin.

-Meu filho, é um animal selvagem! Ele não foi feito para ser domesticado.

-Eu não vou prendê-lo dentro de casa, eu só quero permissão para cuidar dele... de vez em quando.

-Loki... –Odin suspirou cansado, pelo que via somente um milagre iria fazer o pequeno desistir.

-Se fosse o Thor pedindo o senhor já teria deixado. Eu me responsabilizo por ele. Posso cuidar de mim e dele também, deixeee! _ Loki disse tudo de modo rápido e choroso, deixando o pai à beira da loucura enquanto tentava entender.

-Isso é perigoso Loki, ele vai crescer, vai se tornar selvagem, realmente selvagem. Alem disso duvido que tenham iguais á ele em Asgard.

-Mas ele ainda é um filhote, ele pode se acostumar comigo. O senhor abandonaria um ser indefeso apenas por que ele é diferente de ti pai ?

A pergunta foi feita de modo inocente, apenas mais um argumento que a astuta criança achará para tentar dissuadir o pai para que este lhe desse a permissão que almejava. Loki não tinha como saber, como poderia? Como poderia imaginar o efeito de suas palavras sobre o poderoso Odin, que á séculos vinha travando uma intensa batalha entre contar a verdade sobre a origem do filho ou protegê-lo de toda a dor que aquela traria. A resposta para pergunta do menino entalada na garganta, pois ela mesma se encontrava na sua frente.

-Esta bem! Porem ele não ira ficar perto das áreas habitadas, quero ele longe de qualquer um que não seja você, com a companhia de um guarda armado, você também não ira contar nada á seu irmão ou ele vai me enlouquecer também, e quero que você me prometa, ME PROMETA , que se essa coisa machucar qualquer um ou algum dos animais do palácio, você irá se livrar dele, ou então eu prometo Á VOCÊ que eu irei fazê-lo.

-OBRIGADO pai! –Loki apertou tanto o pobre bicho em seus braços que este soltou um pequeno gemido.- Ah, eu prometo sim.

-Que eu não me arrependa disso... – comentou com sigo mesmo, enquanto via Loki correndo feliz com seu novo 'amigo'. Odin tinha o pior pressentimento, o animal em si lhe assustava, o fato do mesmo ser tão afável com seu filho o apavorava. Mesmo Loki não tendo seu sangue nas veias, o Pai de Todos amava-o, era seu filho e jamais deixaria que ninguém duvidasse disso.

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-Vamos, na ala norte do palácio tem as ruínas de alguns templos, ali fica perto da floresta e por ser considerado um local sagrado, a varias passagens que levam dali pra dentro do palácio. –Loki conversava animado com seu novo amigo, quando parou. – Você ainda não tem nome, não é? – o moreno segurou o filhote na altura dos olhos, quase como que esperando uma resposta.- Não se preocupe, vou achar um nome bem bonito pra você e ele será imponente também.

Loki abriu a enorme porta com dificuldade, era velha e o fato dela ser , pelo menos, quatro vezes maior que ele não ajudava. Olhou ao redor, não era um lugar muito bonito, escuro e com cheiro de pó que vez seu nariz torcer. Os anos de abandono apagaram parte do grande brilho do chão e dos moveis, algumas partes do templo estavam, literalmente, no chão. A luz que entrava era por uma fenda grande numa das paredes pela qual se via a floresta.

Distraído, ele não ouviu a porta atrás de si se abrir novamente.

-Príncipe Loki ?

-Tyr !

Tyr já havia sido um grande caçador e poderoso general de batalha de Asgard, porem as mortes de tantos amigos e entes queridos incluindo seu único filho o fez se desgostar da batalha, virando então um dos tratadores de animais do palácio.

Odin sabia que a ele podia confiar seu filho, assim como podia confiar que o amor dele por animais não o impediria de matar aquela coisa. Caso necessário, claro.

-Seu pai me mandou alteza. Informou-me que estaria aqui. Disse que precisava de minha ajuda mestre Loki.

-Tyr, você vai me ajudar a cuidar dele. – Falou erguendo o pequeno animal , que mesmo assim não atingiu a cintura do guerreiro. O principezinho era novo ainda, sua aparência frágil lhe dava uns sete anos ou menos.

-E ele já tem nome ? – perguntou o homem que achou graça na forma com o qual o pequeno carregava o animal, como se fosse uma boneca. Loki voltou seus olhos verdes para os castanhos de seu novo amigo, vozes distantes começaram a sussurrar em seus ouvidos, baixo demais para serem compreendidas, aumentando o volume á medida que a concentração e a cumplicidade de ambos cresciam, ate chegarem alto o suficiente a sua boca. Ao saírem o nome veio baixo como se o súbito aumento de voz pudesse quebrar aquele momento em pedaços.

-Fenrir...

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Os passos ecoavam vagos no enorme corredor, com apenas 13 anos Loki já não era mais a criança tola que trouxera um bichinho para casa, o jovem começava a sentir o peso de sua escolha ainda sim sem qualquer arrependimento da mesma.

Os braços magros carregavam frasco, dois ou três livro, um caldeirão, alguns tecidos e uma capa longa cobriam seu corpo e ainda arrastando-se, ocultando-o na escuridão do corredor, era noite e um som triste o despertou, não demorou para que seus temores fossem confirmados, já era pelo menos a quarta vez naquele mês, a preocupação de Loki era maior a cada vez que aquilo se repetia.

Chegou as enormes portas do antigo templo, deu três lentas batidas, a porta se abriu rangendo. A primeira coisa que o jovem príncipe viu foi Tyr tentando se aproximar de Fenrir. O lobo ferido rosnava e se acuava num canto o sangue manchando ainda mais o mármore velho e um tanto empoeirado.

Mesmo Loki tendo tentado arrumar o local, os muitos anos de degradação e abandono não seriam tão facilmente vencidos.

-Como ele esta Tyr ?

-Bem, meu príncipe, os ferimentos não são tão profundos, mas ele não permite que eu me aproxime.

Loki colocou as coisas que trouxeram sob a metade de um pilar caído, que por vez ou outra era usado de mesa, ainda com o caldeirão em mãos, o moreno foi se aproximando cautelosamente de Fenrir, o animal desviou sua atenção do homem e começou a seguir os passos do garoto, seu rosnar diminuindo, o olhar tão agressivo se pacificando e quando Loki se ajoelhou diante de si acariciando seu focinho, o lobo já era manso.

Tyr observava á tudo quieto, ate onde tinha conhecimento, Fenrir jamais havia visto outro asgardiano alem dele e de Loki, e mesmo sendo o antigo guerreiro quem passava mais tempo com a fera, esta não lhe era tão amigável. Nos primeiros anos, o guerreiro tivera que alimentá-lo, coisa que era feita sem problemas ainda sim algo parecia errado ali. Fenrir parecia apenas tolerá-lo com certa indiferença, Tyr não se incomodava com Fenrir, então Fenrir não se incomodava com Tyr.

-Meu príncipe?

-Hum? – Loki amarrava algumas faixas de tecido ao redor do ferimento que vinha limpando enquanto o guerreiro divagava.

-Como soube que Fenrir estava ferido?

-O ouvi uivar.

Os olhos azulados se estreitaram, do quarto de Loki ele obviamente não podia ter ouvido o uivo que Fenrir dera quando desmoronou no chão frio do templo. A ligação entre eles, Lobo e o menino, se fortalecia, preocupantemente...

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Tyr dormia, o cansaço vencendo o guerreiro, que após noites e mais noites mal dormidas, se rendia ao sono dos justos. Loki ainda estava cuidando de Fenrir, zelando com carinho a fera, claro que o pequeno disse que acordaria o Deus da guerra quando saísse. Porém Loki não tinha qualquer intenção de se retirar antes de deixar tudo pronto. Os olhos verdes encontraram os castanhos assim que ele terminou o curativo. A luz de uma mágica lua crescente entrava pelo buraco que ligava as ruínas do templo á antiga floresta.

Um estranho silencio cercava todo local. Loki sorriu de forma enigmática quando sussurrou a Fenrir,: "Só mais uma noite Fenrir. Eu prometo, só mais uma noite, e amanhã você será apenas o caçador, jamais a caça. A lua testemunha minhas palavras. "

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Anos depois

-Sabe irmão, eu realmente não ficaria surpreso se um dia você ficasse amarelado e cheio de letrinhas na cara, de tanto ler esses livros.

O deus do trovão se sentou ao lado do irmão, tentando ver sobre o que tratava o enorme livro que ocupava todo o colo do caçula. Ambos já eram homens formados aquela altura.Tão diferentes e ainda sim, tão próximos.

-Lendo o que?

-Um livro. - respondeu o moreno sorrindo.

-Sobre o que lê ?

-Sobre as feras de Midgard, a semelhança das feras deles com as de Asgard é interessantes. Você já viu um Lobo Thor? Viu como são pequenos comparados as daqui irmão?

-Então você também soube Loki?

-Soube o quê ?

-Do torneio de caça! Acontece apenas de tempos em tempos, não acontecia um torneio de caça desde que nosso pai era jovem Loki, já que somos da família que julgará o melhor caçador não podemos participar, mas imagine! –Thor àquela altura já havia se levantado andando ao redor do irmão e gesticulando com as mãos. – eu vou falar com o pai, preciso pelo menos presenciar isso de perto.

- Você não irá interferir não é ? Sabe como nosso pai é rigoroso com essas coisas Thor, ele não aceitaria.

-Ora, não se preocupe Loki. E você? Virá conosco, não é ? Nas poucas vezes que fomos caçar você se mostrou habilidoso irmão. Nós poderíamos caçar algo, claro que sem a intenção da vitoria, já que não podemos participar.

-Não é uma idéia de todo mal. Converse com nosso pai Thor, depois me diga o que ele decidiu.

-Aonde vai? – o loiro viu seu irmão se levantar indo em direção a porta.

-Me preparar. Afinal,vamos caçar.

Thor não sabia bem explicar porque, mas o pior dos pressentimentos o assombrou no momento em que viu o brilho nos olhos verdes de Loki.

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-Tyr.

-Principe Loki, é raro vê-lo aqui á essas horas.

-Tyr, eu vou lançar um feitiço em torno do templo e parte da floresta. O torneio de caça que meu pai esta realizando é uma ameaça a Fenrir, tenho que fazer algo rápido.

-Crê que Odin aprovará sua escolha ?

-Prometi que cuidaria de Fenrir e estou longe de permitir que essa promessa seja quebrada, Tyr.

Um momento de silencio, a determinação do filho de Odin se chocando com a preocupação do guerreiro. Um suspiro cansado declarando o rendimento, antes de dizer:

-Esperarei suas ordens, jovem Loki.

-Obrigado. E antes que você pergunte, sim, informarei meu pai sobre isso. – "no momento certo , é claro" completou em pensamento.

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-Caros convidados, velhos amigos, povo de Asgard. Eu os reuni aqui para dar inicio á mais um épico torneio de caça. Agora lhes apresento seus campeões! Das montanhas gélidas do norte desse pais:

-Beleaf ! – Um homem forte, cabelos castanhos e uma barba grande e grossa como a de Vosltagg ergueu um machado, seu rugido feroz estimulando a platéia que aplaudiu.

-Um navegante dos nove reinos, acostumado aos mistérios do profundo universo: Kalico! – a aparência forte se repetiu em um homem mais ou menos da altura de Hogun, a face também lisa e muito bronzeada destacam ou hora escondiam o cabelos grosso e curto num tom acaju.

-E finalmente, o campeão de Asgard: Gladsheim. – eis ai, O Homem. A platéia gritou e chamou por seu nome, ele rugiu ferozmente em resposta, erguendo um machado afiado.

-A partir de hoje asgardianos, estes são teus campeõ um deles terão que trazer duas criaturas das grandes florestas. Eu , Tyr e Amora, seremos os juízes desta grandiosa disputa. Eles terão três dias para impressionar á todos! Cada um seguirá por uma trilha, já determinada. Tudo que eles puderem carregar poderá ser utilizado, os cavalos devem ser apenas transporte. Qualquer tipo de magia e feitiço esta expressamente proibida. Que a Caçada Comece!

-Sim, que comece.


Continua

Gente esse é meu primeiro capitulo e minha primeiríssima fic do Loki (e do Thor e de qualquer personagem nórdico também XD) tenho lido sobre mitologia com certa avidez desde que vi o filme, amei o Loki *-*.

Depende de vocês leitores um próximo capitulo ou não.

Comente! Se expressar faz bem e não mata ninguém =^^=