E no fim era você ou ele, Paris era pequena demais para os dois, ou Valjean ou Javert, apenas um. E haviam perguntas que você não conseguia deixar de se fazer: Que homem era aquele? Anjo ou demônio?

Você era a lei e da lei não se zomba, não se escapa, aquilo era tudo o que você sabia. E então veio ele, 24601, Jean Valjean, o homem que mudou tudo, que fez o seu coração de pedra tremer.

Por mais de vinte anos você não teve piedade, era duro e irredutível em se tratando de fazer cumprir a lei. Não haviam desculpas, não haviam ladainhas, não havia perdão, todos os homens nasciam no pecado, não haviam inocentes para Javert. Até ele chegar. Ele teve oportunidade de lhe desgraçar duas vezes e não o fez. Ele teve oportunidade de ser livre, mas não puxou o gatilho. Por quê?

Seria ele apenas um infeliz subjugado pela fome num momento de desespero ao invés de um criminoso perigoso? Seriam justos dezenove anos por roubar um pedaço de pão? Você não sabia as respostas, mas sabia que essas dúvidas seriam sua ruína.

Ele não sabia, mas ao te salvar a vida condenou-te do mesmo jeito, pois você não aguentou descobrir que o mundo não era preto no branco afinal, mas sim preenchido por uma infinidade de nuances cinza.

Você pulou!