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Causas Nobres
(esquecidas por ideais egoístas)
[ Yagami Raito ]
Do we focus on the shiver?
The shiver?
Raito sempre acreditou no que fazia.
Seus pensamentos não eram levianos – estavam acima de tudo aquilo que um adolescente jamais poderia ter pensado – e ele tinha a força necessária, a presença de espírito, a retidão para levar seu ideal como bandeira ostentada até o fim.
E ele faria o que fosse preciso. Não dizia assim Maquiavel? Os fins justificam os meios por mais injustificáveis que estes possam parecer? Ou talvez não fosse bem isso que ele dizia, mas Raito estava cansado de esperar.
Podia assistir pelo noticiário assassinos saírem impunes de julgamentos, com um tapa nas costas e um bom sorriso de veja-lá-o-que-vai-fazer-meu-jovem, e não era assim que as coisas deviam ser. Via homens subornando juízes e promotores, desembargadores e a acusação e comprando seu caminho à liberdade. Via presidiários fazendo fugas facilitadas por um guarda ou dois. Então ele apanhava uma caneta no meio da noite e escrevia. E escrevia. E escrevia. Ele os caçava, e os achava e os fazia pagar. E, inevitavelmente, eles pagavam. Em quarenta segundos.
Raito condenava. E condenava. Culpados e inocentes, justos e ímpios, ambos caíam pelo poder de suas mãos. Mas os sacrifícios eram justificáveis. Sempre justificáveis. Ou assim dizia Maquiavel. Ou assim dizia ele mesmo.
Se era assim que devia ser, então assim seria. Porque ele era forte e também o era seu ideal. Quem, além dele, possuía o poder de ir em frente, o poder de mudar o mundo? Se não fosse por suas mãos, nada seria feito. O mundo permaneceria a mesma esfera negra e pútrida e suja, lavada de sangue e dor e medo. Mas Raito iria mudá-lo à força. Iria mostrar-lhe a verdadeira justiça divina. E era isso o que era, não? O poder de um deus que viera parar em suas mãos. O poder de decidir quem morre, quem vive e por quê. E, se seguisse o pensamento, ele era Deus agora.
Deus.
A palavra soava tão bem aos seus ouvidos, mesmo agora que era caçado pela polícia e por um detetive enclausurado em alguma base secreta.
Soava bem, principalmente porque podia ver o futuro (e eis aí outro dom divino). Um futuro onde reinasse soberano. Onde sua dita palavra fosse lei, onde as pessoas o seguiriam e cultuariam e abraçariam sua causa (que causa?). E ele pensava na glória acima da bondade, nas honras acima do dever, na beleza da imponência acima do bem maior quando assinava – numa letra caprichosa, comprida e desenhada – nomes de policiais, e de agentes, e de detetives. E quando os via cair um a um a sua frente ele pensava e ria para si mesmo ao imaginar-se dizendo tal coisa em voz alta:
"E seja feita a vontade de Deus".
Porque Raito era Deus agora.
(Mas deuses não deveriam sangrar)
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N/A:
Senseless. Pointless. Parte de um gigantesco projeto pessoal. Um beijo.
