Surprise
Charlotte e Peter
Surpresas parecem nos acontecer todos os dias e nem ao menos percebemos o quão comum elas estão presentes em nosso cotidiano. Uma surpresa pode ser boa ou ruim, ou os dois ao mesmo tempo, nossas expressões são - na maioria das vezes - deprimentes e muitíssimo engraçadas para aqueles que nos assisti, não vou tentar descrever como foi minha expressão à surpresa que tive nesta tarde, mas vou tentar exprimir o que aconteceu comigo e que surpresa eu tive ao entardecer.
O sol brilhava da minha janela e fazia minha pele cintilar quando acordei, Peter deveria ter saído e a esquecido aberta, levantei-me em menos de um segundo e procurei por algum sinal de onde Peter poderia ter ido, ele nunca saia sem dizer para onde iria, em menos de um minuto vasculhei a casa inteira sem o encontrar depois me deparei na cozinha e observei a mesa que estava pronta - eu e Peter sempre gostávamos de ser parecido com humanos, então tudo na nossa casa os imitava, até mesmo arrumávamos a mesa em ocasiões especiais, mesmo sabendo que não iríamos comer, a sensação de se parecer com um humano é muito bom, mas mil vezes melhor é ser um deles - fiquei assustada ao ver a mesa arrumada e mais ainda porque só fazíamos isso em ocasiões especiais, será que naquele dia havia alguma ocasião especial? Impossível! Eu certamente me lembraria, mas mesmo assim dei uma conferida no calendário, só para ter mais certeza, e eu estava certa, era 23 de julho de 2123, não tinha nada de especial naquela data, então por que Peter tinha feito àquela mesa tão bela? Por que ele tinha saído sem me avisa? Será que aconteceu alguma coisa com ele? Enquanto as perguntas passavam pela minha cabeça, troquei de roupa em meio segundo, não parei para me olhar no espelho como de costume, peguei a chave do carro e sai batendo a porta atrás de mim, o sol fazia minha pele brilhar, fora do normal para qualquer humano, mas nossa casa ficava longe alguns quilômetros da vizinhança para não corrermos o risco de ser descobertos, ao passa a chave do carro e entra com uma velocidade desnecessária, vi Peter com o peito nu que se formava em mil fragmentos de arco-íris nos feixes brilhantes do sol, ele sorria para mim com meu sorriso predileto que por um segundo me fez esquecer porque eu estava tão preocupada, sem percebe eu já havia saído do carro e estava ao seu lado em menos de meio milésimo, eu o encarei firme, mas ele não se intimidou e continuou sorrindo para mim como se nada estivesse acontecido, então quebrei o silêncio, transformando minhas preocupações em palavras
- Peter pode me dizer onde você estava? Sabe que fiquei muito preocupada? Porque não me avisou para onde foi? E por que você colocou a mesa? Por acaso temos algo para comemorar? – As perguntas saíram tão rápidas e minha voz era tão baixa que um humano não escutaria nem que sua audição fosse dez vezes melhor do que a de um cachorro, mas eu sabia que Peter me escutava e ainda sim sorria com naturalidade para mim, enquanto eu o encarava, já furiosa, ela pegou minha mão e me direcional para a casa e antes que eu pudesse contestar ele sussurrou em meu ouvido:
- Tudo bem meu amor! Só fui dar uma caminhada! Desculpe por não ter lhe avisado, é que você estava tão bem "dormindo"!
- Sabe muito bem que eu não durmo! – Resmunguei para o chão enquanto seus braços fortes me conduziam para casa.
- Eu sei querida, me perdoe! Mas mesmo assim você estava tão bem fingindo que eu não quis acordá-la! Mas é impossível você se distrair porque eu não demorei nem meia hora! – Ele falava com sua voz suave e calma de costume o que me confortou, mas tinha me convenci totalmente.
- E a mesa preparada? O que eu achei mais estranho foi isso? Achei que eu estivesse esquecido alguma data especial! – enquanto eu levantava os olhos para fita-lo, sua expressão ficou presunçosa e por um momento perdi seu olhar ao entra na nossa sala de jantar, quando voltei a olhá-lo sua expressão já havia voltado ao normal.
- Bem, não há nada de especial é só que hoje, mais do que nunca, eu senti que queria ser humano e viver como humano, talvez possa, com o passar dos tempos, me alimentar de comidas para humano! – Olhei para seu rosto inexpressivo e vazio enquanto ele falava me senti muito mal com suas palavras, eu amava Peter demais e me doía muito vê-lo sofrer daquele jeito, eu daria tudo para ele ser um humano e levar uma vida normal, nossa vida era quase perfeita, mas ainda éramos vampiros e tínhamos que conviver com suas regras e seu modo de viver.
