Bem, antes de qualquer coisa, os personagens de Saint Seiya, não me pertencem ( risada malévola porque se pertencessem a história tinha sido outra...oh se tinha ! ), são todinhos do tio Kurumada e da Toei Animation e mais qualquer outro que lucra com isso.
Essa fic não possui nenhum fim lucrativo.
Aviso aos navegantes: Eu estava ensaiando essa fic, faz muiito tempo, mas algumas foram passando na frente dela, mas essa idéia sempre ficou martelando na cabeça e agora finalmente ela vai sair. Obrigada a todos (alguém????) que lerem, podem elogiar, xingar, enfim hehehe!
Obs. Frases com inicio de reticências e em itálico são pensamentos dos personagens.
Cap.I – Neve
"Os verdadeiros sonhos são sempre
os que demoram mais para morrer...
berrando em vozes baixas e angustiadas
no fundo da memória."
Galhos ressecados pelo tempo farfalhavam com o vento, uma noite fria de inicio de inverno, logo começaria a nevar. O jovem rapaz fechou os olhos e puxou o cobertor cobrindo a cabeça, tentando dormir. A cabeça rodava, o jantar revirava-se no estômago. Encarou o teto e levantou-se depois de perceber que não conseguiria dormir tão facilmente.Saiu do quarto cruzando o corredor escuro com passos silenciosos.
...Quando isso vai acabar?
Adentrou uma sala escura com móveis antigos e cortinas aveludadas e pesadas que não permitiam a entrada da luz da Lua. Reencostou-se numa poltrona, os olhos perdidos num ponto qualquer do cômodo, os cabelos aloirados caindo nos ombros, tentava recordar trechos de um sonho que havia lhe tirado o sono.
Vira claramente no sonho, o orfanato que vivera a infância, as formas e as cores. Todos seus amigos brincando juntos, pulando nas camas antes de dormir, travesseiros sendo atirados para todos os lados, até entrar uma das moças do orfanato ordenando-lhes que parassem a bagunça, pois já tinha passado da hora deles estarem dormindo. Todos ficaram em silêncio e foram para as suas respectivas camas entre risadinhas abafadas até o som noturno invadir o quarto e todos caírem no sono.
Mas havia um garotinho acordado, um garotinho que dormia no mesmo beliche que ele. Da cama de baixo veio um sussurro: "Você já dormiu?". Ele já esperava essa pergunta, ele sempre esperava por essa pergunta.Todas as noites. E sempre respondia: "Ainda não...".Ouviu os passinhos subindo a escada do beliche acompanhados de uma voz chorosa: "Então posso dormir aí com você? Estou com medo do escuro". E ele concordou, levantou o cobertor dando espaço para o garoto menor de olhos esverdeados aconchegar-se na cama, e enlaçou as mãos do outro nas suas e exclamou: "Muito obrigado, com você eu me sinto seguro!". Sorriram e adormeceram juntos, embalados pela respiração um do outro.
Afundou-se um pouco mais na poltrona, recordava-se de todos os detalhes do sonho, tudo era tão real e intenso, podia até sentir o aroma de lavanda dos cabelos do outro garoto.
...Seria só um sonho ou uma lembrança?Depois de muitos anos, as lembranças tornam-se um tosco rascunho do que realmente aconteceu, tão incerto e impreciso quanto um sonho.
Porém mesmo tendo essa certeza, havia perdido o sono, algo lhe martelava a mente, as pálpebras pesadas de sono, mas a mente trabalhava compulsiva, era como uma angústia afagando-lhe o pescoço, sentado na poltrona, os dedos encostados, pousados junto ao queixo, divagando entre pensamentos.
...Nem sempre o mesmo sonho, mas sempre a mesma pessoa.
Foi despertado de seus pensamentos ao ouvir um farfalhar de um robe acetinado passando entre os móveis. Delgados braços enlaçaram seu pescoço e um aroma de flores invadiu suas narinas.
- Acordou por quê? Aconteceu algo?
- Nada.Só um sonho – respondeu sem encarar os olhos verdes que o olhavam.
- Venha.Volte para cama.
- Vá na frente, vou daqui a pouco.
A mulher de cabelos avermelhados baixou o rosto e pousou um pequeno beijo nos lábios do rapaz e deixou a sala.
Apalpou um dos bolsos de seu robe aveludado e retirou um maço de cigarros, levando um até os lábios acendendo-o, tragou devagar e ficou observando a fumaça esvaecer-se no ar, ao contrário de seus pensamentos que permaneciam intactos, a lembrança insistente do sonho. Um choro ecoando na mente.
... Fui eu quem fez ele parar de chorar. Eu o abracei até acalma-lo e ele adormecer.
Permaneceu sentado ali a noite toda, acendendo um cigarro após o outro, olhando além das cores noturnas que aos poucos davam lugar às luzes matinais. O céu ainda era pálido, quando deu por si, largou no cinzeiro a ultima ponta de cigarro e dirigiu-se em direção ao seu quarto a passos lentos.
...Gostaria que tudo tivesse passado de um sonho ou pesadelo de uma noite mal dormida.
