Blá... Black Cat não me pertence (eu nem queria mesmo)

Resposta ao XV Desafio MRS


Doce Canto

O silêncio daquele telhado era um refúgio para seus temores e lembranças, ousaria defini-lo como "acolhedor". Não que gostasse daquele silêncio apenas quebrado, vez ou outra, pelo miado de seu companheiro, simplesmente não havia escolha.

Estava sozinho, e sozinho deveria permanecer. Sem vozes, gritos ou lamúrias.

Talvez ele gostasse dessa condição, talvez se sentisse seguro e protegido pela solidão... E pelo silêncio.

Deste modo não deveria ser surpresa se ele se incomodasse com certa pessoa que quebrasse suas certezas. Que o resgatasse daquele silêncio desolador e... Triste. No entanto não foi exatamente deste modo.

Ela cantava como se estivesse exibindo-se ao público, com a graça de um beija-flor, o qual canta para si mesmo sem se importar com os demais. E o gato negro a ouvia cantar, surpreso, atônito.

Sua voz era doce. Doce demais para seus ouvidos tão acostumados a pedidos de misericórdia, a gritos de desespero. Doce, sutil... Intocável...

"... Mushi no habataki

Insetos pulando.

Fuwa fuwa fururi

Luz e energia

Omoi nosete

Levando minhas esperanças com ela."

E, como se fosse natural, Saya voltou mais uma vez, e outra. Passou a fazer parte de sua vida. Todas as noites, naquele telhado, agora não mais silencioso. Preenchia a todos os cantos com sua voz entusiasmada. Era falante, empolgada, extrovertida, extravagante. Como um megafone em meio ao silêncio do deserto ela se fez presente e notada.

Enfim o gato solitário havia encontrado companhia em meio às noites. Havia encontrado quem aceitasse seus silêncios, quem ouvisse suas palavras, ainda que poucas, alguém que não mais o deixava sozinho.

Naqueles momentos em que passava na companhia dela, ele deixava de ser um assassino da Chronos, tampouco um agente numerado. Não precisava ser Black Cat, apenas Train Hartnett.

Ela não pediria explicações maiores. Saya entendia.

E a Train não restava muito a dizer, salvo seus comentários nada encorajadores sobre os modos e as roupas dela. Era sua maneira de exteriorizar o quando a notava.

Saya acostumou-se às suas poucas palavras, e foi vendo, a cada noite passada, essas poucas palavras se multiplicando, timidamente.

Porém não pode deixar de ficar surpresa ao ouvir a voz dele com tanta determinação e ansiedade:

- Eu te amo...

Nesse momento ela que permaneceu em silêncio. Um silêncio preenchido por seu doce sorriso.


Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiim... vai ser em capítulos

E não vão ser exatamente um continuação do outro..

Claaaro que eles tem sua ordem cronológica que eu não espero que entendam devidamente