Você se lembra? Você se lembra de toda aquela época?

( Seu rosto está molhado por lágrimas, lágrimas que recolho com beijos. )

Você se lembra de como eu sempre fui fascinado em você? Minha primeira palavra, foi seu nome, não foi?

( —Não...— você murmura. Abraçando-te, sussurro que sim. Você sabe que é errado... porque se nega? )

Você se lembra, que sempre era você que estava lá? Papai e mamãe diziam que me amavam, mas não... só você me amava, não é?

( —Eu te amo.— você disse, entre soluços e abraços. —Eu sei.— é a minha resposta. )

Sim. Só você me amava. Era você quem ficava acordado quando eu tinha febre. Era você que me dava colo quando eu caia e chorava. Era você que me dava lugar ao seu lado, na cama, em noites de pesadelo.

( Te ponho no meu colo, balançando-te, suavemente. Murmurando uma canção de ninar. Tão igual á nossa infância... )

Você me dava a mão quando eu tinha medo. Você secava minhas lágrimas. Depois de as fazer cair.
Mentira. Tudo mentira, eu descobri, na noite que você foi embora, deixando-me. Eu, agora um corpo vazio. Sem alma.

( —Durma.— sussurro, suave. Pouso um singelo beijo em sua testa, vendo seus olhos se fechando. Oh, a quanto tempo não vejo isso acontecer? )

Me mandava cartas, perguntando se eu estava bem. Dizia que não pensaria duas vezes em vir á meu encontro se algo ruim estivesse acontecendo ou se eu precisasse. Eu não deixei de acreditar, nem por 1 segundo.

( Sua expressão serena, agora é manchada por minhas lágrimas. Abraçando-te mais forte, beijo seus lábios. Lábios tão conhecidos por mim. )

—Você me ama?— perguntei, quase num sussurro, fazendo-te acordar. Afrouxando o abraço e resmugando, você responde, com a voz rouca e arrastada —É claro que sim, que besteira! Volte a dormir, pirralho!—
Sorri, percebendo que poderia voltar a dormir, pois, você se lembra.