Kizuna

Introdução - Fotos

Era uma manhã calma e ensolarada. Um rapaz de pele clara, cabelos negros que dependendo de como a luz do sol batia pareciam azulados, olhos azuis e serenos, tirava pó dos livros na estante que ficava em um canto na sala de seu apartamento. Um suave sorriso brincava em sua face jovem. Estava sozinho em casa, já que seu amante havia saído para trabalhar. Após alguns minutos limpando os livros reparou em um papel escondido entre dois livros. O puxou, mas o papel estava preso. Retirou o livro que segurava o papel no lado direito e o papel caiu em sua mão livre. Em questão de segundos vários papéis caíram do mesmo lugar.

Nowaki olhou confuso para o vão que o livro que retirara havia deixado. Havia vários papéis ali, assim como no chão. Olhou para o papel em sua mão, o primeiro a cair e se surpreendeu. Não era um simples papel. Era uma foto. Antiga pelo que parecia. A foto havia sido tirada em um lugar com muita neve, ainda podia se ver a neve caindo na foto. Ao fundo estava uma antiga mansão coberta pelas sombras que a noite formava. Em primeiro plano estava Hiro-san. O atual professor estava sentado na neve, estava bem mais jovem do que atualmente e atrás de si uma mulher o abraçava. Essa mulher possuía cabelos longos, lisos e vermelhos, olhos em tom de verde escuro e pele bem pálida. Era tão jovem quanto Hiro-san. Ambos sorriam. Pareciam bem felizes. Instintivamente Nowaki virou a foto e viu uma legenda atrás da foto: "Shizuka e Hiroki - Milão, Itália - 28 de dezembro de 1998". Isso explicava porque Hiro-san parecia tão novo na foto, estava com apenas 18 anos na época. (1)

Nowaki se abaixou e começou a mexer nos papéis no chão. Também eram fotos. De Hiro-san e da mulher na foto. Todas com praticamente a mesma legenda: "Shizuka e Hiroki - Milão, Itália - 1998". Os papéis que permaneceram na estante também eram fotos com o mesmo tipo de legenda.

Aquilo intrigou Nowaki, despertando-lhe uma espécie de ciúme da mulher na foto. Ela aparecia com Hiro-san em todas as fotos, sempre sorrindo, abraçando ou beijando Hiro-san na face. O que mais intrigava o jovem, porém, era o fato das fotos estarem escondidas em meio aos livros de Hiro-san. Por que Hiro-san as esconderia? Será que ele não queria que Nowaki as visse? Nowaki respirou fundo e tentou afastar esses pensamentos de sua mente. Não queria ser dominado por pensamentos infantis, mas mesmo assim... Não conseguia tirar aquelas fotos da cabeça...

------

Em uma conceituada universidade, um professor lia um livro distraidamente. Estava em uma das áreas abertas do campus aproveitando o clima ameno daquela manhã. O vento batia suavemente balançando seus curtos cabelos castanhos enquanto seus olhos permaneciam atentos às linhas do livro. Uma suave, porém alta melodia foi ouvida. Melodia que o professor reconheceu como o aviso de seu celular de que havia recebido uma mensagem. Fechou o livro e pegou o celular. Procurou pela mensagem. Quando a achou e a leu, sua face calma se tornou tensa e até mesmo assustada. A mensagem era curta e simples:

Voltei para o Japão. Espero poder ver-te logo. Estou com muita saudade.

Amo-te, Shizuka.

------

O clima ameno continuou até a noite. No hospital, Nowaki se preparava para começar seu trabalho quando o diretor veio chamá-lo. Dissera-lhe que teria uma nova responsável, uma nova senpai. E no exato momento, ele estava acompanhando o diretor até a UTI Pediátrica onde a sua nova senpai atendia um paciente. Durante todo o percurso Nowaki ouviu o discurso do diretor sobre a médica recém chegada. Dizia que ela estudara em uma universidade muito famosa do Japão, que estudara e trabalhara durante oito anos na Alemanha, entre outras coisas.

Ao chegarem à UTI Pediátrica, o diretor parou na porta e pediu a uma das enfermeiras:

- Chame Matsumori-san.

- Sim, senhor.

A enfermeira entrou novamente na UTI e pela porta, Nowaki a viu conversar com uma mulher. Não conseguiu ver o rosto da mulher, mas algo lhe dizia que a conhecia, principalmente quando viu os cabelos longos e vermelhos.

A mulher dispensou a enfermeira, retirou as luvas, as jogou fora e foi de encontro ao diretor na porta.

- Me chamou senhor?

- Matsumori-san, lembra-se que lhe disse que ficaria responsável por um residente?--ela concordou--Pois bem, aqui está o residente. --o diretor apontou Nowaki. --Kusama Nowaki, esta é Matsumori Shizuka sua nova responsável.

A médica sorriu.

- É um prazer conhecê-lo, Kusama-san. --estendeu a mão.

Nowaki aceito a mão ainda atordoado. Matsumori Shizuka possuía longos cabelos lisos e vermelhos, pele pálida e profundos olhos em um tom de verde escuro. Nowaki não podia acreditar. À sua frente, naturalmente mais velha, mas não menos bela, estava à mulher das fotos de Hiro-san.

------

Obs: (1) Levando em consideração que a fic se passa no ano de 2009 e o Hiroki tenha 29 anos. n.n